segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Dívida pública cai 4% em janeiro e totaliza R$ 1,925 trilhão

A dívida pública federal registrou uma queda, em termos nominais, de 4,09% em janeiro de 2013 e fechou o mês em R$ 1,925 trilhão, segundo nota do Tesouro Nacional divulgada nesta segunda-feira. Em dezembro, esse estoque estava em R$ 2,008 trilhões, fechando o ano dentro da banda estabelecida pelo Plano Anual de Financiamento (PAF).
Para 2013, o PAF prevê que a dívida pública vai oscilar entre R$ 2,1 trilhões e R$ 2,24 trilhões. A queda em janeiro era prevista em função de um volume elevado de vencimento de títulos.
Segundo o Tesouro, é comum haver um grande volume de resgate de títulos, principalmente, os de tipo prefixados, em meses de janeiro. “Esses resgates de títulos já eram programados e já faziam parte da estratégia do Tesouro Nacional. Eles devem ser compensados por emissões líquidas em vários outros meses do ano”, disse Fernando Garrido, coordenador de operações da divida pública do Tesouro.
“Ainda vai se observar ao longo do ano um crescimento desse estoque da dívida pública federal”, afirmou Garrido.
A dívida pública mobiliária interna teve seu estoque reduzido em 4,12% ao passar de R$ 1,916 trilhão em dezembro do ano passado para R$ 1,837 trilhão em janeiro.
Já a dívida federal externa somou R$ 88,04 bilhões (US$ 44,28 bilhões), o que representa um recuo de 3,55% na comparação com os números de dezembro.

Resgates
Em janeiro, as emissões da dívida pública federal corresponderam a R$ 25,58 bilhões, enquanto os resgates somaram R$ 123,75 bilhões, o que resultou em um resgate líquido de R$ 98,18 bilhões.
Desse total líquido, R$ 96,1 bilhões referem-se a regaste líquido da dívida interna e R$ 2,07 bilhões de resgate líquido da dívida externa.

Composição
A fatia de títulos pós-fixados na dívida pública interna avançou para 24,02% em janeiro, ante 22,76% em dezembro do ano passado, de acordo com o relatório mensal do Tesouro. Esses títulos são basicamente vinculados à taxa básica de juros, a Selic, e são conhecidos como de taxa flutuante.
A parcela da dívida de papéis atrelados a índice de preços registrou uma expansão, passando de 35,48% no último mês de 2012 para 37,7% em janeiro.
Por outro lado, houve recuo na participação de títulos prefixados no período, para 37,7% em janeiro, ante 41,18% em dezembro.
A partir de fevereiro, o Tesouro informa que haverá um “aumento de participação de títulos prefixados”.
De acordo com o PAF de 2013, o Tesouro prevê fechar o ano com uma participação entre 41% e 45% de papéis prefixados na dívida pública federal.

Participação de investidores
A participação do investidor estrangeiro na dívida interna voltou subir em janeiro de 2013 e marca novo recorde histórico. A participação avançou para 14,41%, de 13,72% em dezembro do ano passado, mês que marcou a primeira retração na participação do estrangeiro desde julho de 2012.
As instituições financeiras encerram o primeiro mês do ano respondendo por 26,71% da dívida, contra 30,09% em dezembro. Os fundos de investimento ampliaram participação, de 24,65% para 25,24%. As instituições de previdência fecharam janeiro com 17,14% da dívida, contra 15,98% em dezembro. O governo também ampliou sua fatia de 7,3% para 7,82%. E as seguradoras aumentaram participação de 3,92%, para 4,12%.

Fonte:http://www.valor.com.br/financas/3021208/divida-publica-cai-4-em-janeiro-e-totaliza-r-1925-trilhao#ixzz2LwlwVhwH

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Gasto no exterior soma US$ 2,29 bi em janeiro, maior valor desde 1947


Despesas de brasileiro no exterior seguem elevadas apesar de dólar alto.
Segundo economistas, aumento do emprego e da renda influenciam valor


Os brasileiros nunca gastaram tanto no exterior. Segundo dados do BC, em janeiro deste ano, as despesas no exterior somaram US$ 2,29 bilhões – valor que representa novo recorde histórico para todos os meses. A série da autoridade monetária para este indicador tem início em 1947.
O alto valor de gastos de brasileiros no exterior aconteceu em um mês de férias escolares. O recorde anterior havia sido registrado em julho de 2011, no valor de US$ 2,23 bilhões, período também de recesso nas escolas. Em janeiro do ano passado, as despesas de brasileiros no exterior somaram US$ 2 bilhões.
O aumento dos gastos no exterior está relacionado, segundo economistas, com a continuidade do crescimento do emprego e da renda no Brasil, mesmo com um ritmo menor de expansão da economia brasileira.
"O brasileiro continua viajando ao exterior de uma maneira frequente. Isso reflete o crescimento da renda do brasileiro nos últimos anos. A massa salarial real do brasileiro continua subindo, assim como o emprego", declarou Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.
Alta do dólar e preços no exterior
Os números do BC mostram que as despesas cresceram fortemente em janeiro deste ano apesar da alta do dólar – fator que encarece passagens e despesas em moeda estrangeira e desestimula o gasto lá fora.
Em janeiro deste ano, o dólar oscilou entre R$ 1,98 e R$ 2,04. No primeiro mês de 2012, a moeda norte-americana estava cotada entre R$ 1,73 e R$ 1,86. Em julho de 2011, a cotação estava muito baixa: ao redor de R$ 1,60. Todas as cotações foram obtidas pela Ptax (taxa média). "A despeito do câmbio, comparativamente ao que já foi em 2011, o brasileiro continua viajando", afirmou Maciel, do BC.
Segundo ele, um fator que tem contrabalançado um pouco a alta do dólar é o preço dos serviços de turismo no exterior - que têm registrado recuo em moeda norte-americana. Isso acontece, em sua visão, porque os países para os quais os brasileiros estão viajando ainda estão "fragilizados" pela crise finaneira internacional. 
Histórico de gastos no exterior
Em 2012, os gastos no exterior somaram US$ 22,2 bilhões e bateram recorde para um ano fechado. Em 2011, as despesas de brasileiros lá fora haviam somado US$ 21,2 bilhões. Deste modo, o crescimento, de 2011 para 2012, foi de 4,5%.
Até 1994, quando foi editado o Plano Real, que conteve a hiperinflação no Brasil, os gastos de brasileiros no exterior não tinham atingido a barreira dos US$ 2 bilhões. Naquele ano, somaram US$ 2,23 bilhões. Entre 1996 e 1998, as despesas no exterior oscilaram entre US$ 4 bilhões e US$ 5,7 bilhões.
Com a maxidesvalorização cambial de 1999, com o dólar subindo para acima de R$ 3 em um primeiro momento, as despesas no exterior também ficaram mais caras. Com isso, os gastos no exterior voltaram a recuar e ficaram, naquele ano, próximos de US$ 3 bilhões.
As despesas de brasileiros no exterior voltaram a atingir a barreira de US$ 5 bilhões por ano somente em 2006. Desde então, têm apresentado forte crescimento. Em 2007, 2008 e 2009, por exemplo, atingiram, respectivamente, US$ 8,2 bilhões, US$ 10,9 bilhões e US$ 10,8 bilhões.
Fontehttp://g1.globo.com/economia/noticia/2013/02/gasto-no-exterior-soma-us-229-bi-em-janeiro-maior-valor-desde-1947.html

Os economistas


Resolvi juntar algumas linhas que escrevi a respeito dos economistas, suas teorias, convicções e previsões. No estouro da crise financeira, as maledicências sobre economistas, suas teorias, crenças e previsões corriam soltas, à velocidade da peste nos centros financeiros do mundo. Mas, passado o susto, os que fracassaram em suas antecipações já sobem o tom de suas arrogâncias e voltam a trovejar sua cambaleante sabedoria.
A reputação dos economistas e o prestígio de sua arte de antecipar tendências variam na mesma direção dos ciclos do velho, resistente, mas talvez nem tão surpreendente capitalismo. Quando os negócios vão bem, as previsões mais otimistas são ultrapassadas por resultados formidáveis. É a festança dos consultores: o noticiário da mídia não consegue oferecer espaço suficiente para os profetas e oráculos da prosperidade eterna. Na era da informação a coisa é ainda pior: em tempo real, os meios eletrônicos regurgitam uma fauna variada de palpiteiros e adivinhões. Todos ou ao menos a maioria tratam de insuflar a bolha de otimismo.
Quando desabou a tormenta, as certezas dos analistas mais certeiros entraram em colapso. Em pleno estado de oclusão mental diante da derrocada dos preços dos ativos e da violenta contração do crédito, um gênio da finança global proclamava na televisão: “Os investidores são racionais, mas estão em pânico”. Imaginei que antes da emboscada do subprime e de outros créditos alavancados, os investidores racionais estivessem apenas no exercício de sua peculiar racionalidade.
O pânico dos mercados induziu à pane na razão. O ineditismo dos acontecimentos abalroou seus modelos e fez naufragar suas previsões. Desconcertados, os sábios de ontem embarcam em hipóteses exóticas e peregrinas, como as que atribuem responsabilidade aos devedores Ninja (No income, no job, no asset), gente irresponsável que não deveria aceitar os empréstimos gentilmente oferecidos por bancos generosos. Ainda na quarta-feira 13, o republicano da Flórida, Marco Rubio, descarregou a culpa da crise no governo e nos políticos que estimularam os créditos predatórios.
Em sua crueldade, as maledicências maltratam a labuta persistente dos economistas acadêmicos, sempre dedicados à construção de teorias e modelos sofisticados (lembro que sofisticado vem de sophoi, cognato de sofista) que em vez de explicar como funcionam as engrenagens do capitalismo, cuidam zelosamente de falsificar seu modo de funcionamento.
O economista Willem Buiter desancou a revolução novo-clássica das expectativas racionais, associada aos nomes de Robert Lucas e Thomas Sargent, entre outros. A teoria econômica, diz ele, “tornou-se autorreferencial… impulsionada por uma lógica interna e por quebra-cabeças estéticos, em vez de motivada pelo desejo de compreender como a economia funciona… Assim, os economistas profissionais estavam despreparados quando a crise eclodiu”.
Nos idos de 2009 relatei aos leitores de CartaCapital uma proeza de Robert Lucas que  exibe em suas prateleiras acadêmicas o Prêmio Nobel. Em setembro de 2007, Lucas publicou noWall Street Journal o artigo “Hipotecas e Política Monetária” (“Mortgage and Monetary Policy”). Àquela altura do campeonato, o preço das residências despencava com grande estrondo. Até mesmo os mais fanáticos crentes na  eficiência dos mercados estariam incomodados com o barulho, para não falar da pulga que percorria insistemente a parte posterior de suas respeitáveis orelhas. Suspeito que Lucas tenha baixa sensibilidade nesta região do corpo humano. Mas ele não é apenas um crente, é um sacerdote. 
Escreveu no Journal: “Sou cético a respeito do argumento que sustenta haver risco de contaminação de todo o mercado de hipotecas pelos problemas surgidos na faixa subprime. Tampouco acredito que a construção residencial possa ser paralisada e que a economia vá deslizar para uma recessão. Cada passo nessa cadeia de argumentação é questionável e nada foi quantificado. Se aprendemos alguma coisa da experiência dos últimos 20 anos é que há muita estabilidade embutida na economia real”.
As recomendações e análises dos economistas (inclusive as minhas), mesmo quando prestadas em boa fé, estão eivadas de valorações e pressupostos não revelados, para não falar de ostentações de rigor e cientificidade incompatíveis com a natureza do objeto investigado. Esse incidente, o desacordo entre o método de investigação e a natureza do objeto investigado, é quase sempre ignorado pelos praticantes da Ciência Triste. Isso não lança necessariamente dúvida sobre a honestidade intelectual dos economistas, mas os obriga a explicitar as “visões” (como dizia Schumpeter) que antecedem e fundamentam suas análises. Essas cautelas tornam-se ainda mais imperiosas quando as sabedorias dos interesses subjugam os interesses pelo conhecimento.
Fonte:http://www.cartacapital.com.br/economia/os-economistas/

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A distribuição da renda dez anos depois

Após dez anos de governos do PT, pode-se detectar uma importante melhora no perfil da distribuição da renda no País. Não vivemos em nenhum paraíso. Muito longe disso. Mas, em contrapartida, a situação é muito melhor que a do final dos anos 1990 e início dos anos 2000.
Fonte: SCN/IBGE
Fonte: SCN/IBGE

O índice de Gini foi reduzido. Este índice mede a distribuição da renda e varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade e quanto mais próximo de zero, maior a igualdade. O Gini brasileiro caiu de 0,585, em 1995, para 0,501, em 2011. Contudo, este é um número que ainda está distante dos índices de países tais como França (0,308) ou Suécia (0,244).
No início dos anos 1960, o Brasil possuía um Gini inferior a 0,5. Entretanto, os governos militares (1964-1985) adotaram um modelo de crescimento econômico com concentração de renda. O Gini subiu. Em meados dos anos 1990, com a queda da inflação, o índice de Gini sofreu uma redução.
O índice de Gini é calculado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE. Mais de 96% das rendas declaradas na Pnad correspondem às remunerações do trabalho e às transferências públicas. Sendo assim, a desigualdade medida pelo Gini/Pnad não é adequada para revelar a distribuição da renda entre trabalhadores, de um lado, e empresários, banqueiros, latifundiários, proprietários de imóveis alugados e proprietários de títulos públicos e privados, de outro. O índice de Gini não revela a participação das rendas do trabalho e do capital como proporção do Produto Interno Bruto (o PIB, que é o valor de todos os serviços e bens que são produzidos).
Além do Gini, é preciso analisar a distribuição funcional da renda: capital versus trabalho. O processo de desconcentração da renda que está em curso no Brasil vai além da redução do índice de Gini. Ocorre, principalmente, devido ao aumento da participação dos salários como proporção do PIB.
Fonte: IBGE
Fonte: IBGE

Houve uma trajetória de queda da razão salários/PIB de 1995 até 2003, quando caiu a um piso de 46,23% (incluindo as contribuições sociais dos trabalhadores e excluindo a remuneração de autônomos). A partir de então, houve uma inflexão na trajetória, que se tornou ascendente. O último dado divulgado pelo IBGE é de 2009. Neste ano, a participação dos salários alcançou 51,4% do PIB superando a melhor marca do período 1995-2003, que foi 49,16%.
São variadas as causas do movimento positivo de aumento da participação dos salários no PIB. O rendimento médio do trabalhador teve um aumento real significativo entre 2003 e 2012.  Houve um vigoroso aumento real do salário mínimo nos últimos dez anos. E houve redução dos juros pagos pelo governo aos proprietários de títulos públicos e redução dos juros cobrados das famílias pelos bancos.
O índice de Gini/Pnad e a participação percentual das remunerações dos trabalhadores no PIB são medidas complementares. Ambas representam dimensões da desigualdade e do desenvolvimento socioeconômico do país. As duas medidas mostram que o desenvolvimento socioeconômico brasileiro está em trajetória benigna desde 2003-4. Elas mostram também que no período anterior (1995-2003) as rendas do trabalho perdiam espaço no PIB para as rendas do capital.
A recuperação do poder de compra dos salários foi o principal pilar da constituição de um imenso mercado de consumo de massas que foi constituído no Brasil nos últimos anos. Foi a formação desse mercado que possibilitou ao Brasil sair apenas com pequenos arranhões da crise de 2008-9. O desenvolvimento econômico e social brasileiro depende, portanto, do aprofundamento do processo distributivo em curso. Não existirá desenvolvimento sem desconcentração de renda.

Fonte - http://www.cartacapital.com.br/economia/a-distribuicao-da-renda-dez-anos-depois/

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

E, portanto, se move…


Estamos apenas começando 2013 e não há nada determinado sobre o que vai ser o ano econômico. Cada um de nós tem as suas expectativas. Há condições de fazer um crescimento um pouco melhor do que em 2012 e isso depende fundamentalmente da capacidade de o governo convencer o setor privado a ampliar seus investimentos. É preciso que os empresários aceitem inicialmente participar dos leilões que serão oferecidos, que disputem as oportunidades de trabalhar na melhora de nossa infraestrutura e tomem as decisões de investir para resolver os problemas que temos na logística de transportes, na transmissão de energia e nas comunicações em geral.
O consumo pode crescer um pouquinho mais, certamente não muito mais do que no ano passado. Então, o desenvolvimento se dará mesmo pelo aumento dos investimentos da iniciativa privada. A contrapartida que se espera do governo é que não faça crescer as despesas de custeio e utilize os recursos, por sua vez, para aumentar o investimento público. O saldo em contas correntes este ano provavelmente será muito pequeno, de forma que não há nenhuma outra alavanca para acelerar o crescimento do que a reconquista da confiança dos empresários brasileiros e o estabelecimento de relações mais amigáveis entre eles e o governo.
É sensível que as relações estão melhorando com os esforços que a presidenta Dilma Rousseff vem fazendo, conversando com as pessoas para mostrar o campo de ação do governo, ampliando esses contatos, que são indispensáveis e devem ser permanentes. Isso me leva a renovar a esperança de que vamos crescer mais. Melhorou o clima e não há muitas vozes divergentes de que esse é um bom caminho. Na minha perspectiva, o melhor, senão o único.
Deve-se reconhecer que o governo começou o ano com duas iniciativas importantes, extremamente inteligentes, com a medida de antecipar a desoneração da carga fiscal sobre os salários e com a redução nas tarifas de energia. No caso da desoneração salarial, não há uma renúncia para o Tesouro, mas uma transferência para os preços e depois os recursos são colocados de novo no INSS, como se fossem salários. Foi uma escolha importante porque, além de desonerar as folhas de salários propriamente, reduz o custo para as empresas. Com o câmbio constante, significa reduzir o preço dos salários em dólares, o que é um fator de estímulo à exportação. Aumenta a procura externa e também a demanda doméstica, porque o crescimento das exportações se espalha por toda a economia. O resultado da substituição de custos salariais sobre os níveis de preços tem um efeito significativo na composição da estrutura da oferta.
A ideia de o governo generalizar as desonerações é fundamental, pois estamos mesmo precisando de medidas mais horizontais que beneficiem todo o sistema econômico e não façam discriminação entre os setores. É um esforço grande na direção correta para a retomada das exportações, pois significa uma valorização cambial para as empresas que são alcançadas nesse processo.
A substancial redução nas tarifas de energia trouxe inegável benefício para os consumidores domésticos e alcança desde o mais abonado ao mais pobre dos lares. Para as empresas em geral tem consequências notáveis em termos de economia de custos e da lucratividade, o que deve estimular os investimentos. Em setores especiais da indústria, de alto consumo de energia como a de alumínio, a medida representa a sobrevivência: sem o corte agora determinado na tarifa, somente permaneceriam no negócio as que têm geração própria.
Para toda a economia, a redução dos altos custos será fundamental no estímulo a novos investimentos. Se compararmos as tarifas da época em que o Brasil crescia muito depressa, isso já faz mais de 30 anos, o custo da energia, em dólares, era menos que um décimo do preço cobrado hoje. O Brasil tinha os menores preços do mundo quando se instalou a Alcoa e vendíamos a energia de Tucuruí, a primeira grande hidrelétrica no Rio Tocantins.
Para todos os setores da economia os benefícios da redução das tarifas serão formidáveis, além do efeito na produção do alumínio, onde é imediato.

Escândalos, perda de fiéis e de dinheiro ameaçam o Vaticano


A investigação por lavagem de dinheiro envolvendo o Banco do Vaticano, as revelações feitas pelo mordomo Paolo Gabriele, os escândalos de pedofilia e o número decrescente de fiéis e doações são alguns dos problemas mais graves de uma igreja que, segundo uma investigação da revista inglesa 'The Economist', gastou em 2010 cerca de 171 bilhões de dólares. A reportagem é de Marcelo Justo, de Londres.


Londres - O Papa Bento XVI abandona o navio em meio a sérios problemas financeiros e com a credibilidade da igreja no chão. A investigação por lavagem de dinheiro envolvendo o Banco do Vaticano, as revelações feitas pelo mordomo Paolo Gabriele, os escândalos de pedofilia e o número decrescente de fiéis e doações são alguns dos problemas mais graves de uma igreja que, segundo uma investigação da revista inglesa The Economist, gastou em 2010 cerca de 171 bilhões de dólares. 

No momento em que o catolicismo está perdendo terreno em todo o mundo (tem menos seguidores que o islamismo), o legado ideológico do Papa Joseph Ratzinger é uma pedra a mais no caminho. O Papa atacou sistematicamente a teologia da libertação e afastou todos os prelados que mantinham algum vínculo com sua doutrina, dinamitando uma ponte com os pobres que foi novamente capitalizada pelas igrejas evangélicas, de presença crescente na América Latina. 

A cada vez que teve que escolher, o Papa não teve dúvidas. No caso dos quatro bispos ordenados pelo dissidente e fundamentalistas Marcel Lefebvre – o bispo que resistiu nos anos 60 a deixar de celebrar a missa em latim e desafio a prédica modernizadora e progressista de Paulo VI – Bento XVI decidiu em julho de 2009 revogar sua excomunhão. “Com essa decisão tento eliminar o impedimento que poderia colocar em perigo a abertura de um diálogo para convidar os bispos da “Sociedade de São Pio X” a redescobrir o caminho da plena comunhão com a igreja”. A Sociedade de São Pio, fundada por Lefebvre, apoiou os regimes fascistas de Francisco Franco na Espanha e de Salazar em Portugal, assim como mais tarde fez com Augusto Pinochet no Chile e Jorge Rafael Videla na Argentina. Na França, o político favorito da Sociedade é o ultradireitista Jean Marie Le Pen. 

Bento XVI deixa seus delfins em postos chave. A continuidade conservadora estaria garantida a não ser pelo precário estado da igreja em nível mundial, terreno fértil para as rebeliões internas. As finanças são um dos calcanhares de Aquiles de um projeto continuísta. As suspeitas de lavagem de dinheiro respingam há muito tempo no Instituto para as Obras de Religião (IOR), o Banco do Vaticano. Em 2010, o Banco Central da Itália confiscou 30 milhões de dólares do IOR e a polícia iniciou uma investigação de seu diretor Ettore Gotti Tedeschi. A soma pertencia a uma transferência para o JP Morgan Chase e para outro banco italiano, o Banco de Fucino. Violando a lei, a origem do dinheiro não estava declarada. 

O comunicado do Vaticano expressou “perplexidade e assombro” ante a investigação, mas pouco depois criou a Autoridade de Informação Financeira, uma agência independente para supervisionar todas as atividades monetárias e comerciais do Vaticano, incluindo o próprio IOR. No ano passado, a efetividade da Autoridade foi posta em dúvida. O escândalo do mordomo do Papa, Paolo Gabrieli, batizado pela imprensa como Vatileaks, terminou com um julgamento que trouxe novamente à luz do dia a roupa suja do Vaticano. Gabrieli, condenado a 18 meses de prisão, justificou o roubo e a entrega do material a um jornalista, Gianluigi Nuzzi, porque “queria recolocar a igreja no caminho correto”. O Vatileaks deixou claro uma coisa. O organismo supervisor não era mais do que um modesto tapa-buracos da igreja: as contas do Vaticano não estavam em ordem. 

Um informe de Moneyval, um grupo que combate a lavagem de dinheiro na Europa, assinalou que em 7 das 16 áreas consideradas essenciais para a transparência do Vaticano, seguiam aparecendo problemas. Ettore Gotti Tedeschi, que era diretor do IOR quando se iniciou a investigação judicial, perdeu seu posto por “não cumprir com as funções primárias de seu trabalho” e está sendo investigado por lavagem de dinheiro. Tedeschi decidiu colaborar com a investigação e tem em seu poder um arquivo de correspondência comprometedora a respeito do manejo das finanças papais. 

O fantasma do Banco Ambrosiano está no ar. A misteriosa morte, em 1978, de João Paulo I, o papa que reinou 33 dias, foi vinculada à uma investigação do Banco Ambrosiano, cujo acionista mais importante era o Vaticano. O Ambrosiano estava envolvido em operações financeiras ilegais da Máfia e da Loja Fascista P-2 que terminaram com o descalabro multimilionário da entidade. No melhor estilo da máfia, o presidente do banco, Roberto Calvi, apareceu enforcado debaixo da ponte de Blackfriars, em Londres, em 1982. 

Financiando o aparato 
O tema das finanças é chave para o funcionamento da igreja em nível mundial. Segundo um informe da The Economist, publicado no ano passado, os gastos do Vaticano de 2010 superavam os 170 bilhões de dólares. Uma fonte essencial do financiamento da igreja vem das doações dos fiéis, mas a queda em nível mundial do número de católicos praticantes está colocando essa fonte em perigo. Uma investigação da revista The Week, nos Estados Unidos, mostra que desde a década de 60 para cada quatro pessoas que deixam a igreja apenas uma se soma a ela. Na Irlanda, país ultracatólico por excelência, só 50% das pessoas seguem assistindo a missa, um número bastante inferior aos 84% do início dos anos 90. 

Os escândalos sexuais aumentam ainda mais a erosão do prestígio da igreja e, ao mesmo tempo, são uma fonte constante de perda de divisas. Somente três países – Brasil, México e Filipinas – têm uma comunidade católica numericamente superior a dos Estados Unidos, que conta com cerca de 100 milhões de integrantes. Desde que iniciaram os escândalos sexuais nos anos 80, a igreja estadunidense desembolsou cerca de 3 bilhões de dólares em indenizações. A onda de escândalos se estendeu a Irlanda, Canadá, Austrália, Bélgica, Reino Unido, Holanda, Noruega e vários países latino-americanos, entre eles o Brasil (denúncias da Conexão Repórter), Chile e Argentina (o sacerdote Julio César Grassi foi condenado a 15 anos de prisão). 

A Alemanha é um caso peculiar. Vários dos mais de 300 casos de abusos sexuais, que emergiram desde o início de 2010, estavam ligados ao Coro de Meninos do Colégio “Regensbug Domspatzen” que, durante mais de 30 anos, foi dirigido pelo irmão do papa, Monsenhor Georg Ratzinger. 

Tradução: Katarina Peixoto 

Inadimplência do consumidor cai 1,5% em janeiro


or Flávia Albuquerque*
Com os preços altos e crédito menos acessível o consumidor cortou compras e a indústria reduziu a produção
Com os preços altos e crédito menos acessível o consumidor cortou compras e a indústria reduziu a produção
São Paulo – A quantidade de consumidores que não honraram suas dívidas caiu 1,5% em janeiro de 2013, na comparação com dezembro de 2012. De acordo com a consultoriaSerasa Experian, esse foi o terceiro recuo mensal consecutivo. Quando comparado com o mesmo período do ano passado, a inadimplência teve crescimento de 12,9%.
Os principais responsáveis pela queda do indicador no mês foram as dívidas não bancárias (com operadoras de cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica, água etc.), que tiveram variação negativa de 0,5%, e a inadimplência com os bancos, que caiu 3,3%. A contribuição dos dois itens para o indicador chegou a 0,2% e 1,5%, respectivamente.
Segundo os economistas da Serasa, os principais motivos para a queda de 1,5% do indicador em janeiro são o aumento das renegociações de dívidas, os juros reduzidos, o desemprego baixo, além do menor ritmo de crescimento do endividamento no ano passado. “Como a inadimplência do consumidor está seguindo uma trajetória decrescente, este é um bom momento para o consumidor colocar sua vida financeira em ordem”, analisam os economistas.
O valor médio da inadimplência não bancária caiu 53,5% em janeiro de 2013 quando comparado com o mesmo mês do ano anterior. Já os cheques sem fundos, os títulos protestados e as dívidas com os bancos tiveram alta de 11,5%, 5,6% e 2,3%.
*Publicado originalmente em Agência Brasil.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Governo vai decidir onde serão criadas escolas de medicina




A partir de agora, o governo federal vai passar a determinar em que cidades poderão ser abertos novos cursos de medicina no país.
As novas faculdades deverão estar em localidades em que há carência de cursos e profissionais, o que tende a beneficiar Estados do Nordeste, como Bahia e Maranhão.
Isso será feito por meio do lançamento de editais de chamamento público já neste semestre. Cada edital deve listar as cidades onde há demanda por vagas e estrutura para receber os alunos --por exemplo leitos de hospital e residências médicas de áreas prioritárias, como ginecologia e pediatria.


Na prática, o governo poderá vetar novas faculdades em áreas já saturadas, como o Rio.O objetivo é favorecer a fixação de médicos onde hoje há carência e evitar a saturação de vagas numa cidade.
Os ministérios da Educação e Saúde, com um grupo de especialistas, devem definir, nesta semana, estímulos para que hospitais e faculdades renomados sintam-se atraídos pelos editais.
"Gostaria que as melhores faculdades do Brasil, as excelentes privadas e eventualmente os hospitais de excelência --Einstein, Sírio Libanês e outros--, fizessem projetos para concorrer ao edital. Seria fantástico", afirmou à Folha o ministro Aloizio Mercadante (Educação).
As regras valem para instituições privadas e federais, que até o mês passado podiam solicitar diretamente ao Ministério da Educação a abertura do curso. A política não abarca as instituições estaduais de ensino, como a USP.
"Podem se preparar porque a ampla maioria dos pedidos [de abertura de cursos já feitos] será indeferida", diz o ministro.
VAGAS EXISTENTES
A demanda por vagas e médicos também vai nortear a ampliação de vagas em cursos já existentes, conforme portaria publicada no "Diário Oficial" da União ontem.
O texto afirma que as instituições interessadas em aumentar o número de vagas deverão comprovar a "demanda social por profissionais médicos na região de saúde do curso".
De acordo com o censo da educação superior de 2011, os 187 cursos de medicina no país oferecem pouco menos de 17 mil vagas em processos de seleção. Naquele ano, havia 108.033 alunos matriculados na graduação de medicina.
Além da má distribuição dos médicos no território nacional, o governo aponta carência desses profissionais no país, por isso a necessidade de estimular a abertura onde há demanda reprimida.
SÃO PAULO
Com as regras, o governo publicou a radiografia da quantidade de vagas e de médicos por Estado.
Enquanto a Bahia tem a pior proporção de vagas por habitantes, Rio de Janeiro e Tocantins aparecem como saturados. São Paulo aparece num meio-termo.
Folha apurou que o governo ainda enxerga brechas, por exemplo, em municípios como Osasco e Guarulhos, ambos na Grande São Paulo.






Aulas no laboratório de medicina da Universidade de Fortaleza
Aulas no laboratório de medicina da Universidade de Fortaleza



Emenda de Jucá aumenta abatimento do superávit primário


O senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator do projeto orçamentário da União para 2013, apresentou emenda ao projeto de lei de alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aumentando o abatimento do superávit primário em mais de R$ 20 bilhões. A emenda foi elaborada após entendimentos com o Ministério da Fazenda, como apurou o Valor PRO.

O projeto de lei de alteração da LDO (projeto de lei número 55 de 2012) e a emenda relativa ao superávit devem ser votados na sessão do Congresso Nacional destinada à votação do Orçamento da União. A sessão foi convocada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que também preside o Congresso, para o dia 19 de fevereiro.
A emenda de Jucá é curta. Determina que  “a meta do superávit a que se refere o artigo 2º pode ser reduzida em até R$ 65.200.000.000,00 (sessenta e cinco bilhões e duzentos milhões de reais) em face da realização dos investimentos prioritários de que trata o artigo 4º desta lei ou em virtude de desonerações de tributos".
Na justificação, o relator diz que o atual cenário de crise econômica global representa grande desafio para a política econômica no Brasil e que a competitividade da economia nacional, pressionada pela carga tributária do país, é fator que responde pela elevação dos custos de produção, “penalizando” a produção e o emprego.
"Nesse contexto, marcado pela retração da atividade industrial doméstica, entende-se oportuno sejam adotadas medidas que criem algumas das condições necessárias à retomada dos investimentos e da produção, eliminando obstáculos que impeçam a elevação da produtividade e da competitividade, bem como a recuperação do ritmo da atividade econômica”.
O relator conclui dizendo que a alteração do artigo 3º da LDO  “tem o propósito de permitir, caso se demonstre necessário, o abatimento, da meta de resultado primário, de até R$ 20 bilhões em desonerações tributárias”. O projeto de alteração da LDO autoriza a apresentação do projeto de lei de aumento dos servidores para depois de 31 de agosto de 2012.
A LDO limitava esse prazo, mas o governo só concluiu o entendimento em dezembro. A autorização da despesa foi incluída no orçamento por Jucá, no Anexo 5. A votação do Orçamento de 2013 ainda não foi possível por causa da polêmica em torno da tentativa do Congresso de deliberar sobre o veto da presidente Dilma Rousseff à mudança na repartição da arrecadação com petróleo (royalties e participações especiais).

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Violência Contra Mulheres Brasileiras Transpõe Fronteiras, Diz Ministra

Brasília – A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República, Eleonora Menicucci, disse que a violência contra as brasileiras transpõe fronteiras, ao falar sobre os dados do balanço da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 Internacional. Segundo a ministra, o Brasil tem condições de evitar que mulheres fiquem presas à violência, inclusive por questões burocráticas.

O serviço recebeu 80 ligações com denúncias no ano passado. De janeiro a dezembro de 2012, 26 telefonemas relataram violência física contra brasileiras no exterior. Desse total, em 66% dos casos houve alerta sobre o risco de morte e em 19% para o de espancamento.
Nas denúncias, em mais da metade foi possível identificar a origem da vítima no Brasil. O Sudeste lidera com 35%, depois vêm o Nordeste, com 30%, o Centro-Oeste, com 15%, o Sul, com 12,5%, e o Norte, com 7,5%.
No Nordeste, as vítimas, identificadas por meio das denúncias, saíram de Alagoas (três), do Ceará (cinco), do Maranhão (duas), de Pernambuco (uma) e da Bahia (uma). Do Centro-Oeste, cinco vieram de Goiás e uma do Distrito Federal. Do Sul, três mulheres vieram do Paraná e duas do Rio Grande do Sul. No Norte, duas saíram do Pará e uma é de Roraima.
Segundo os relatos, as denúncias mais frequentes são as agressões físicas seguidas pelas psicológicas e de ordem moral. Há, ainda, informações sobre cárcere privado e violência contra o patrimônio.
Na Espanha, as brasileiras vítimas de violência devem ligar para o número 900 990 055, fazer a opção 1 e, em seguida, informar à atendente (em português) o número (61) 3799-0180.
Em Portugal, devem ligar para 800 800 550, também fazer a opção 1 e informar o número (61) 3799-0180. Na Itália, podem ligar para o 800 172 211, fazer a opção 1 e, depois, informar o número (61) 3799-0180.
Ligue 180 Internacional foi criado em novembro de 2011. Para o Brasil, o serviço funciona desde 2005 e registra mais de 3 milhões de atendimento em todo o território brasileiro, segundo a secretaria.
Na última sexta-feira 1, a ministra Eleonora Menicucci e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informaram que duas quadrilhas que traficavam brasileiras para serem exploradas sexualmente no exterior foram desbaratadas nos últimos sete meses em decorrência de duas operações da Polícia Federal (PF). No total, as operações levaram ao resgate de 40 vítimas do tráfico internacional de mulheres, entre brasileiras e estrangeiras, que eram exploradas sexualmente na Espanha.
As prisões foram feitas em parceria com a polícia da Espanha a partir de denúncias colhidas pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 Internacional, e repassadas pelo Ministério da Justiça ao governo daquele país.

Fonte:  http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717455905867610688#editor/target=post;postID=3240508756640833866

Máfias e dinheiro fácil acabam com o esporte


Seriam 425 jogadores, árbitros, dirigentes e outros intermediários envolvidos no maior escândalo de manipulação de resultados na história do futebol. Nada menos do que 680 partidas disputadas principalmente no Velho Continente, mas também na África, Ásia e na América Latina, entre 2008 e 2011, teriam sido “compradas”, segundo a Europol.
    Foto: Franck Fife/AFP
Foto: Franck Fife/AFP
A sede dessa rede mafiosa, em Singapura, teria ramificações mundo afora.
Segundo a rede noticiosa BBC, somente no campeonato alemão foram injetados 16 milhões de euros, para um retorno de 8 milhões de euros.
E o quadro é ainda pior do que parece. Rob Wainwright, o diretor da Europol, diz que as últimas revelações são “apenas a ponta do iceberg”.
A Europol é a polícia da União Europeia que combate a criminalidade organizada.
No esporte mais popular do mundo, o mais importante é o dinheiro fácil. E aqueles injustos cartões vermelhos e gols anulados fazem sentido nesse campo comandado pelas máfias internacionais.
No entanto, sabemos que a corrupção rola solta no futebol faz tempo. De fato, o senhor Sepp Blatter, presidente da FIFA, poderia estar envolvido em mais este caso de corrupção: qualificações para a Copa do Mundo fariam parte desse esquema mafioso desmantelado pela Europol.
E na semana passada, o semanário francês France Football revelou que houve pouca transparência por parte da Federação Internacional de Futebol ao confiar a organização da Copa de 2022 ao Catar.
É claro, essa corrupção a permear o futebol não é de hoje. Antes de Blatter tivemos outros nebulosos administradores, como o brasileiro João Havelange.
Mais trágico ainda é o fato de que não são somente entusiastas do futebol a sofrer com essas revelações. Escassos dias atrás, vimos o ex-ciclista Lance Armstrong admitir com sua cara de jogador de poker que sem coquetéis de drogas jamais teria vencido sete Tours de France.
Lavagem de dinheiro, drogas e partidas “compradas”. Nós, mortais, nem sequer nos identificamos mais com os superatletas, quase todas e todos super drogados.
Somente agora as organizações de tênis se deram conta que os tenistas também poderiam estar tomando coquetéis de drogas. Os testes para esses atletas não têm sido tão rigorosos.
Diante de materiais que aumentam a velocidade da bola, tenistas cada vez mais parecidos com super-heróis, os quais, após partidas intermináveis, se recuperam para jogar no dia seguinte (e eles não têm como evitar esse ritmo, dado o crescente número de torneios e patrocinadores), cabe a seguinte pergunta: o tênis, como o ciclismo, o futebol e outros esportes não estaria também mergulhado nesse mundo no qual o vencedor é o empresário, ou mafioso, e não o torcedor em busca daquela jogada que o coloca em estado de êxtase?