Déficit
das contas externas é o maior para meses de outubro desde 1947
No
mês passado, déficit em transações corrente somou US$ 8,1
bilhões.
Em 12 meses até outubro, déficit somou 3,73% do PIB,
maior desde 2002.
O
déficit em transações correntes, que engloba a balança comercial,
os serviços e as rendas – e é um dos principais indicadores do
setor externo brasileiro – somou US$ 8,13 bilhões em
outubro, o pior resultado para este mês desde o início da série
histórica do Banco Central, em 1947.
O
chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, informou que o
déficit recorde das contas externas para meses de outubro se deve
"fundamentalmente" ao desempenho da balança comercial
brasileira, que registrou resultado negativo de US$ 1,17 bilhão no
mês passado. Em outubro de 2013, o déficit da balança comercial
havia sido menor (-US$ 230 milhoes).
"As
contas de serviços e de rendas seguiram sua evolução normal em
outubro. Não dá para atribuir isso [resultado de outubro] à conta
de serviços. Já a conta de rendas segue trajetória de expansão
moderada que a gente vem observando", acrescentou Maciel.
Acumulado
do ano e 12 meses até outubro
No
acumulado dos dez primeiros meses deste ano, o resultado negativo
somou US$ 70,69 bilhões, o que representa uma alta de 4,92% frente
ao mesmo período do ano passado (US$ 67,37 bilhões), de acordo com
informações do Banco Central.
Em
doze meses até outubro deste ano, o déficit em transações
correntes somou US$ 84,42 bilhões, o equivalente a 3,73% do Produto
Interno Bruto (PIB). Trata-se do pior resultado desde fevereiro de
2002, quando o déficit somou 3,94% do PIB. Economistas avaliam,
assim como o próprio BC, que esta é a forma mais correta de
comparação histórica.
Previsão
para este ano deve ser superada
Para
todo este ano, a expectativa do Banco Central para o déficit em
conta corrente permaneceu em US$ 80 bilhões – o equivalente a
3,52% do PIB.
O
Banco Central informou, porém, que estima um resultado negatido para
as transações correntes superior a US$ 8 bilhões em novembro deste
ano, de modo, que nos onze primeiros meses deste ano, o déficit
deverá somar quase US$ 79 bilhões.
Questionado
se a previsão de US$ 80 bilhões para todo este ano será superada,
o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, informou que
a autoridade monetária revisará a estimativa somente em dezembro.
Investimentos
estrangeiros diretos
O
BC informou ainda que os investimentos estrangeiros diretos somaram
US$ 4,97 bilhões em outubro deste ano e US$ 51,19 bilhões nos dez
primeiros meses deste ano. Isso representa um aumento de 4,08% frente
ao mesmo período do ano passado, quando somaram US$ 49,18 bilhões.
O BC manteve em US$ 63 bilhões sua previsão para o ingresso de
investimentos no Brasil em todo este ano.
Os
números da autoridade monetária mostram, portanto, que o resultado
negativo da conta de transações correntes, de US$ 70,69 bilhões na
parcial de 2014, não foi, novamente, "financiado" em sua
totalidade pela entrada de investimentos produtivos na economia
brasileira – algo que já aconteceu em 2013 e que, antes disso, não
ocorria desde 2001.
Quando
o déficit não é "coberto" pelos investimentos
estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como
ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos
buscados no exterior, para fechar as contas.
Economistas
alertam, entretanto, que em um cenário de crescimento menor do PIB e
menor disponibilidade de recursos nos mercados (com a sinalização
do fim das medidas de estímulo nos Estados Unidos), a atratividade
da economia brasileira também é menor, o que pode significar um
pouco mais de dificuldade no financiamento do déficit das contas
externas.
O
governo tem lembrado, entretanto, que as reservas internacionais
brasilerias, acima de US$ 370 bilhões, conferem tranquilidade na
administração das contas externas brasileiras.
Componentes
das contas externas
Dentro
da conta de transações correntes, as rendas, que incluem, por
exemplo, as remessas de lucros e dividendos ao exterior, registraram
um déficit de US$ 30,32 bilhões de janeiro a outubro deste ano -
contra um valor negativo de US$ 28,81 bilhões no mesmo período de
2013.
Para
todo este ano, a expectativa do BC para o déficit na conta de rendas
é de US$ 39 bilhões. As remessas de lucros e dividendos (parcelas
de lucros), por sua vez, somaram US$ 19,72 bilhões nos dez primeiros
meses de 2014, contra US$ 18,37 bilhões no mesmo período do ano
passado.
De
janeiro a outubro de 2014, ainda segundo informações do Banco
Central, a balança comercial brasileira registrou déficit de US$
1,87 bilhão, contra um resultado negativo de US$ 1,99 bilhão em
igual período do ano passado. Para este ano, a previsão do BC para
o superávit da balança comercial (exportações menos importações)
está em US$ 3 bilhões.
A
conta de serviços, por sua vez, que engloba os gastos de brasileiros
no exterior, registrou um déficit de US$ 39,95 bilhões nos dez
primeiros meses de 2014, contra um resultado negativo de US$ 39,42
bilhões no mesmo período do ano passado. Para todo este ano, o BC
prevê um déficit de US$ 46,5 bilhões para a conta de serviços.