quarta-feira, 27 de março de 2013

Brasil quer voltar a ser país dos imigrantes


O tema importação  de cérebros frequenta as discussões públicas brasileiras pelo menos desde o início dos anos 90, quando o fim da União Soviética provocou um êxodo de cientistas.
Na época, governo Collor, anunciaram-se algumas medidas visando atrair quadros, mas não se avançou.
Agora, a Secretaria de Ações Estratégicas – ligada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República – estuda uma estratégia para atrair a migração.
Em entrevista ao Miami Herald, o Secretário Ricardo Paes de Barros anunciou a intenção de retomar a migração especializada. “Estamos atrás de talentos e capital humano”, explicou.
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Historicamente, os imigrantes ajudaram a construir o Brasil. A grande imigração ocorreu na segunda metade do século 19.
Entre 1888 e 1929 – excluindo a I Guerra Mundial – o Brasil recebeu mais de 100 mil imigrantes por ano, liderados pelos italianos, seguidos de portugueses, espanhóis, alemães, do Oriente Médio, poloneses, russos e ucranianos.
Começaram trabalhando nas fazendas de café. Depois, com a industrialização, passaram para o chão de fábrica.
Nas décadas de 1920 e 1930 ocorreu a migração japonesa. Depois, temeu-se pela perda da identidade brasileira e criaram-se cotas de migração paralisando o movimento migratório.
Um século atrás 7,3% da população brasileira era nascida no estrangeiro. Atualmente, é de apenas 0,3%, contra 13% da população norte-americana, conforme o censo de 2010.
A metade da SEAE é chegar a pelo menos 2%, talvez 3%, dentro de alguns anos. O que corresponderia a 6 milhões de imigrantes.
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Outro ponto a estimular as novas políticas migratórias foi o declínio das taxas de fertilidade brasileiras. O Brasil ainda é relativamente jovem, diz Paes de Barros, mas vai começar a mudar a partir de 2025, com o aumento do percentual de idosos sobre a população economicamente ativa.
Por enquanto, os planos esbarram em problemas reais. Conseguir visto de trabalho no Brasil é operação complexa, que exige a apresentação de 19 documentos em consulados brasileiros. Além disso, existem muitas leis restritivas ao trabalho dos estrangeiros.
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Há algumas sugestões em curso. Como o de ampliar os visto de trabalho para os membros da família de estrangeiros. Ou reduzir os encargos quando se constatar que os estrangeiros não tem “similares” brasileiros. Alguns documentos já podem ser apresentados de forma digital.
Mas o ideal, segundo Paes de Barros, seria uma lei criando uma agência ou comissão com o objetivo declarado de estimular a migração.
Há um grupo de trabalho junto agências governamentais e universidades reunindo-se para rever a política de migração para as próximas décadas. E focando em especializações escassas no Brasil, como engenheiros de minas, de petróleo e também para os grandes projetos de infraestrutura rodoviária e de comunicações.
No ano passado, o Brasil deu 73.022 vistos para trabalhadores estrangeiros -, mas apenas 8.340 delas foram vistos permanentes.
Desse total, 9.209 foram para residentes nos EUA, seguidos por trabalhadores de Filipinas, Haiti, Reino Unido, Índia, Alemanha, China e Itália.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/economia/brasil-quer-voltar-a-ser-pais-dos-imigrantes/

Economia brasileira vive momento de recuperação cíclica, avalia Ipea


O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) avalia que a economia brasileira está em momento de “recuperação cíclica”. De acordo com a Carta de Conjuntura divulgada nesta terça-feira, 26, o ciclo atual é “bem distinto” do observado em outros anos e isso pode atrapalhar a previsibilidade política-econômica.
“Isso tem implicação em política [macroeconômica] importante porque torna essa tarefa mais complicada do que seria em ciclo típico”, disse o coordenador do Grupo de Estudos em Conjuntura, Fernando Ribeiro. Como exemplo, citou o impacto na taxa básica de juros, a Selic, que está em 7,25% ao ano.
“Em um ciclo típico, neste momento, o país estaria reduzindo o juro, como aconteceu em outros momentos. Na recuperação, você joga o juro para baixo para impulsionar a economia. Hoje, a gente tem a taxa de juro baixa e, por conta da pressão inflacionária, o Banco Central reconheceu que não há espaço para novas quedas, talvez, tenha necessidade em um aumento [da taxa]”, explicou.
O economista destaca que, apesar das pequenas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), nos últimos meses, não há aumento do desemprego, da inflação e queda da atividade nos setores da economia. “Há alguma desaceleração do consumo, mas mais discreta que em outros ciclos”, diz a carta.
“Difícil prever o que vai acontecer daqui para frente. Quando o ciclo é típico existe uma história, mais ou menos, padrão, que explica o que acontece na queda e na recuperação. Não é esse o caso”, reforçou Ribeiro.
Fonte:http://www.oeconomista.com.br/economia-brasileira-vive-momento-de-recuperacao-ciclica-avalia-ipea/

Por que o Brasil não produz aço?


O professor Wanderley de Souza, um dos mais notáveis cientistas brasileiros em atividade, contou-me, faz anos, episódio ocorrido no início dos anos 70, na FINEP,  a mais importante financiadora brasileira de pesquisa e inovação tecnológica. Estávamos, naquele então,  no auge do ‘milagre brasileiro’, quando  a agência  foi visitada por uma delegação de políticos, empresários e funcionários da Coreia do Sul, interessados em conhecer o ‘esplendoroso desenvolvimento industrial brasileiro’, para, eventualmente, aplicá-lo em seu país. Recebeu-os o presidente  José Pelúcio, exemplar homem público, a quem muito devemos, inclusive a criação do FUNTEC e do FNDCT. Ao cabo de sua exposição, centrada no sucesso da indústria automobilística brasileira, o coordenador da delegação visitante observou algo assim:
– Parece que o senhor não nos entendeu; não estamos interessados em atrair  montadoras estrangeiras, mas em criar  nossa própria indústria automobilística.
Naqueles anos 70 o Brasil produzia mais automóveis do que toda a Ásia, menos o Japão. Hoje, todos os asiáticos têm suas próprias marcas, e as exportam para o Brasil, a começar pela Coreia. Mas não é só. Os coreanos estão instalando no Brasil suas próprias montadoras! A Hyundai é uma delas. O mesmo está ocorrendo com a China que antes importava o Santana, calhambeque da VW montado aqui. Nos anos 80, a produtividade média da economia brasileira era igual à coreana.  Hoje, a da asiática é três vezes maior do que a nossa. Entre os oito líderes do setor automotriz se encontram Brasil e México, ambos em franca expansão. Mas são esses países, dentre aqueles oito, os únicos que não têm marca própria. As maquiladorasmexicanas (as peças fabricadas nos EUA atravessam a fronteira para serem montadas pela mão de obra aviltada) importam 75% dos insumos que processa (Esses dados estão em Gabriel Palma,  HTTP://.cartamaior.com.br/templetes/materiaMostrar.cfm?materia_id=19522 a quem igualmente devo a pergunta que utilizei como título deste artigo). Assim, o México será, sempre, uma dependência colonial dos EUA.
Dir-se-á que nosso fracasso na indústria de transformação é compensável pelo sucesso do agronegócio (a agricultura cresce mais do que a maior parte dos setores da economia brasileira há mais de uma década) catapultado  pelas pesquisas da EMBRAPA.  Em termos. A produção e comercialização  de sementes, herbicidas, fungicidas e mais isso e mais aquilo está nas mãos de multinacionais como a Monsanto, a Bayer e a Syngenta. Fenômeno similar se repete com o pró-álcool: a produção brasileira de etanol está crescentemente passando ao controle de multinacionais.
O que aqui chamamos de ‘tragédia de uma industrialização dependente’, tem suas raízes no modelo desenvolvimentista fundado no tripé empresa nacional-multinacionais-Estado, no qual se dá preferência às multinacionais, sem discutir nem a quantidade, nem a qualidade da tecnologia importada, modelo estabelecido por JK nos anos 50, e desenvolvido pela ditadura militar, a partir de Costa e Silva.  O paradigma volta a ser a indústria automobilística aqui instalada, obsoleta, e mesmo assim limitada a montadoras, sob o agasalho dos mecanismos protecionistas. Nenhuma produção ou transferência de tecnologia, esta concentrada nas matrizes das multinacionais, da informática aos tênis. A União investe fundamentalmente em infraestrutura e no financiamento das empresas, especialmente via BNDES. E investe em pesquisa, através das estatais ou do financiamento através de suas agencias de fomento. Mas o empresariado nacional entendia, como ainda agora, que mais barato e mais seguro é pagarroyalties. Com o Estado neoliberal de FHC, acabaram-se as  estatais e com elas o caro, demorado e arriscado investimento em pesquisa. Ficaram, além da EMBAPA e das universidades públicas,  empresas como a Petrobras, investindo em tecnologia, de que é exemplo seu sucesso em águas profundas. Mas desapareceram, estão desaparecendo, vendidas a capitais estrangeiros, as empresas brasileiras que poderiam operar no pré-sal. O risco é óbvio.
Outro exemplo de êxito na aplicação de tecnologia é a EMBRAER, iniciativa estatal (FAB) vitoriosa, vendida a capitais franceses com dinheiro do BNDES. Mas se a arquitetura das aeronaves é nossa, tanto quanto o planejamento empresarial e mercadológico, é preciso lembrar que o aço, a aviônica (os instrumentos de voo), as turbinas (que representam cerca de 30% do valor de um avião) e, em alguns casos, os trens de pouso, são importados dos EUA e as asas fabricadas na Espanha.
Quanto ficou de tecnologia para nós? Isso não é irrelevante. Como nossos aviões possuem componentes originários dos EUA, a grande potência pode embargar qualquer venda a país que não conste de sua lista de bons amigos. Assim, nossos aviões civis não puderam ser vendidos a Cuba, e os Tucanos não puderam ser vendidos à Venezuela. Dois exemplos em muitos. Aliás, o sucesso desses aviões na operação colombiana contra sítios das FARC no Equador, fizeram com que a EMBRAER se visse impedida de importar o equipamento norte-americano HONEYWELL 33 EGIR, que permite a informação inercial e informação para o altímetro radar, usados naquelas aeronaves (assim desvalorizadas), no caça F-5 (modernizado pela EMBRAER para emprego pela FAB) e no Caça A-1. São poucos exemplos num rol centenário.
Nosso atraso – na produção científica, na aplicação tecnológica e na inovação– tem uma medida: os investimentos em P&D. Os EUA investem 2,7% de seu PIB, a China 1,4% e o Brasil 0,9%.
Poderemos ser, amanhã, uma nova Austrália, alimentando o mundo rico (e os ricos desse mundo) com carne e grãos, mas jamais seremos um país soberano enquanto não formos uma potência tecnológica, aquela que domina o conhecimento científico e o sabe aplicar e o aplica autonomamente.
Por que a Ásia cresce o dobro que a América Latina, e cresce de maneira sustentada, enquanto a variação de nossos PIBs assemelha-se ao gráfico de um eletrocardiograma? Por que, enquanto engatinhamos, países que igualmente ingressaram tardiamente  na revolução industrial, como Coreia, Índia e China, nos superaram?
Por que o Brasil que pôde criar a EMBRAPA, a Petrobras e a EMBRAER, ou seja, promover avanços pontuais, como a produtividade do plantio de soja, não consegue estender essas experiências ao conjunto da economia?
Por que não conseguimos agregar valor à produção de grãos? Por que, exportando dois terços do ferro consumido pelo mundo, somos responsáveis por apenas 2% do comércio de aço? Por que importamos trilho –cuja produção não exige tecnologia avançada, inovações ou patentes– e manufaturas sofisticadas da China, país que há menos de 70 anos vivia num regime semi-feudal e que só há pouco mais de duas décadas iniciou seu processo de industrialização, para hoje ser reconhecido como a segunda potencia econômica do mundo?
Por que apenas em 2012 entrou em operação a primeira fábrica de chip do Brasil, e a Índia é, há mais de uma década, um dos maiores centros produtores de software? Essa mesma Índia, país teoricamente inviável — mal liberto do colonialismo inglês (1947), mal saído da perda do Paquistão (mantida, porém, a beligerância), dividido em castas, em centenas de línguas e seitas religiosas, e com território relativamente escasso em face de sua população– produz mais engenheiros e cientistas que toda a América Latina.
O que a experiência desses povos tem a nos ensinar?
Todos esses países que se desenvolveram tão rapidamente, conheceram o papel indutor do Estado. No Brasil dos dois Fernando, esse papel foi reduzido a quase nada, e o arcaísmo neoliberal impôs a desregulamentação, com nossa adesão (rompida no primeiro governo Lula) ao ‘consenso de Washington’. O desenvolvimento havia sido trocado por um não-desenvolvimento (em nome do combate à inflação) associado a profundo processo de desnacionalização, este, é preciso reconhecer, ainda não estancado.
Nesse mesmo período, os países asiáticos investiram  na base educacional de sua força de trabalho, de que é mero indicador a formação de engenheiros. O Brasil (praticamente 200 milhões de habitantes) forma 30 mil engenheiros por ano. A Coreia (50 milhões de habitantes) 80 mil.
Entre nós o ensino de primeiro e segundo graus é uma tragédia, e a massificação do ensino superior se faz através da escola privada mercantil de baixíssima qualidade e nenhum investimento em pesquisa (apenas um dado: 90% dos formados em Direito, um curso relativamente fácil e barato, são reprovados no exame da OAB). Se todas as profissões exigissem exame prévio…  Enquanto no Brasil a regra para o ingresso do capital estrangeiro foi e é a de porteira aberta e agradecida, na China, por exemplo, onde capital é benvindo mas é condicionado, ele precisa estar associado a um empreendimento local e tem que aportar tecnologia.
Apesar dos esforços e avanços recentes, é necessário reconhecer que ainda nos achamos a uma boa distância de nos tornarmos  um país de letrados e numerados (aí está o desempenho dos nossos egressos do ensino médio em português e matemática…), e no que tange a projeto nacional e planejamento de longo prazo (que implica opções estratégicas) não temos mais que fragmentos, esboços e intenções. Em tal quadro, pouco adianta pedir a norte-americanos, chineses e coreanos que se contenham na defesa dos seus próprios interesses.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/economia/por-que-o-brasil-nao-produz-aco/

sexta-feira, 22 de março de 2013

Gasto no exterior soma US$ 1,85 bi em fevereiro, recorde para o mês



No primeiro bimestre, brasileiros gastaram US$ 4,15 bilhões lá fora. 
Segundo economistas, aumento do emprego e da renda influenciam valor.



Os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,85 bilhão em fevereiro deste ano, informou nesta sexta-feira (22) o Banco Central. Segundo dados da autoridade monetária, isso representa novo recorde para meses de fevereiro.
Até o momento, o maior valor para despesas de brasileiros no exterior, no segundo mês de um ano, havia sido registrado em 2012, no valor de US$ 1,73 bilhão. A série histórica do BC para este indicador tem início em 1947.
No primeiro bimestre deste ano, ainda segundo dados oficiais, os gastos de brasileiros no exterior totalizaram US$ 4,15 bilhões, novo recorde histórico para o período, com alta de 10,5% frente ao mesmo período do ano passado (US$ 3,75 bilhões).
Renda, dólar alto e descontos
O aumento dos gastos no exterior neste ano está relacionado, segundo economistas, com a continuidade do crescimento do emprego e da renda no Brasil, mesmo com um ritmo menor de expansão da economia brasileira.
Os números do BC mostram que as despesas cresceram fortemente em fevereiro deste ano apesar da alta do dólar – fator que encarece passagens e despesas em moeda estrangeira e desestimula o gasto lá fora. Em fevereiro deste ano, o dólar oscilou ao redor de R$ 1,98, e, no mesmo mês do ano passado, estava próximo de R$ 1,73.
Segundo economistas, um fator que tem contrabalançado um pouco a alta do dólar é o preço dos serviços de turismo no exterior - que têm registrado recuo em moeda norte-americana. Isso acontece porque os países para os quais os brasileiros estão viajando ainda estão "fragilizados" pela crise finaneira internacional.
Histórico de gastos no exterior
Em 2012, os gastos no exterior somaram US$ 22,2 bilhões e bateram recorde para um ano fechado. Em 2011, as despesas de brasileiros lá fora haviam somado US$ 21,2 bilhões. Deste modo, o crescimento, de 2011 para 2012, foi de 4,5%.
Até 1994, quando foi editado o Plano Real, que conteve a hiperinflação no Brasil, os gastos de brasileiros no exterior não tinham atingido a barreira dos US$ 2 bilhões. Naquele ano, somaram US$ 2,23 bilhões. Entre 1996 e 1998, as despesas no exterior oscilaram entre US$ 4 bilhões e US$ 5,7 bilhões.
Com a maxidesvalorização cambial de 1999, com o dólar subindo para acima de R$ 3 em um primeiro momento, as despesas no exterior também ficaram mais caras. Com isso, os gastos no exterior voltaram a recuar e ficaram, naquele ano, próximos de US$ 3 bilhões.
As despesas de brasileiros no exterior voltaram a atingir a barreira de US$ 5 bilhões por ano somente em 2006. Desde então, têm apresentado forte crescimento. Em 2007, 2008 e 2009, por exemplo, atingiram, respectivamente, US$ 8,2 bilhões, US$ 10,9 bilhões e US$ 10,8 bilhões.


FONTE:  http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/03/gasto-no-exterior-soma-us-185-bi-em-fevereiro-recorde-para-este-mes.html

BC diz que economia está crescendo a um ritmo de 4% ao ano



O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta sexta-feira (22) que a economia brasileira está crescendo a um ritmo de 4% ao ano neste primeiro trimestre, o que indica aceleração em relação ao ano passado."Está em curso um processo de retomada do crescimento da economia do Brasil", afirmou.
Ele participa de evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil-França, em São Paulo.
Tombini disse ainda que há sinais de que o investimento cresceu novamente neste primeiro trimestre de 2013. No quarto trimestre, havia crescido 0,5%, após quatro trimestres seguidos de queda.
"Pelas informações disponíveis, o investimento também cresceu no primeiro trimestre de 2013, somando-se assim dois trimestres consecutivos de expansão", afirmou.
Segundo Tombini, isso se deve à expectativa de recuperação gradual do crescimento.
Entretanto, o presidente do BC reconheceu que "a demanda doméstica continua sendo o principal suporte da economia".
"A expansão moderada do crédito, a geração de empregos e a ampliação de renda continuam estimulando o consumo das famílias", afirmou.


FONTE:http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1250717-bc-diz-que-economia-esta-crescendo-a-um-ritmo-de-4-ao-ano.shtml

quarta-feira, 20 de março de 2013

Estudante tira nota 560 em redação do Enem com receita de miojo


O tema da redação desta edição do exame era "Movimento imigratório para o Brasil no século 21". A nota máxima é 1000

Um estudante escreveu uma receita de miojo em sua redação da última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e ainda recebeu a nota 560 de um total de 1000 pontos.  O tema da redação desta edição do exame era "Movimento imigratório para o Brasil no século 21", sobre o qual o aluno escreveu até o segundo parágrafo, quando fez mais um parágrafo descrevendo como preparar o macarrão instantâneo. As informações são do 'O Globo'.

“Para não ficar muito cansativo, vou agora ensinar a fazer um belo miojo, ferva trezentos ml’s de água em uma panela, quando estiver fervendo, coloque o miojo, espere cozinhar por três minutos, retire o miojo do fogão, misture bem e sirva”, escreveu o aluno no terceiro parágrafo do texto, continuando a tratar do tema proposto pelo exame nos parágrafos seguintes.

Em entrevista ao 'O Globo', o aluno Carlos Guilherme Custódio Ferreira, que escreveu esta redação, contou que fez a prova "por teste" e resolveu colocar a receita para ver se haveria, de fato, uma avaliação diferenciada, uma vez que falaram que a correção seria mais rigorosa. O estudante tem 19 anos e relatou que quando fez o Enem já estava na faculdade e gostando muito do curso. 

Carlos disse, segundo a publicação, que não queria debochar dos corretores e o intuito era testar a eficiência da correção do Enem. "Fiquei surpreso quando vi o resultado. No caso, era para eu zerar, porque fugi do tema. Confirmei o que desconfiava, que não corrigiam todas as redações direito, já que são muitas", disse o estudante ao "O Globo". 

O Ministério da Educação (MEC) informou, em nota enviada ao "O Globo", que os corretores detectaram a presença da receita no texto, o que foi considerada "inoportuna e inadequada, provocando forte penalização especialmente nas competências 3 e 4". Além disso, de acordo com a publicação, o MEC afirmou entender que o estudante não fugiu do tema e não teve a intenção de anular a redação, porque não utilizou palavras ofensivas e não feriu os direitos humanos.

Trote racista na UFMG causa polêmica na internet

Foto de estudante acorrentada e com a pele pintada foi publicada no Facebook


Reprodução/Facebook
trote
A UFMG ainda não se pronunciou sobre a imagem

Duas imagens de um trote de estudantes de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) causam polêmica na internet. Compartilhada no Facebook, uma das fotos mostra um “veterano” segurando uma estudante acorrentada, com a pele pintada e com um cartaz escrito “caloura Chica da Silva”. Em outra foto, estudantes amarram um calouro e fazem saudações nazistas.
Por meio de nota, o reitor Clélio Campolina e a vice-reitora Rocksane de Carvalho repudiaram "quaisquer atos de violência, opressão, constrangimento" em particular durante trotes. Segundo a UFMG, os procedimentos cabíveis "para apuração dos fatos e punição dos envolvidos" já foram iniciados.
Já o Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP) da Faculdade de Direito convocou uma reunião extraordinária para a manhã desta terça-feira (19) entre a diretoria, o Conselho de Representação de Turma, o Conselho de Representação Discente, a Associação Atlética e Acadêmica, o Centro Acadêmico de Ciências do Estado e o Diretório Central dos Estudantes.
A reunião, segundo o órgão, partiu da "necessidade urgente de  posicionamento em relação aos acontecimentos recentes em virtude do trote dos calouros e das calouras".
Na rede social, estudantes mostraram indignação com a foto. Veja alguns comentários:
"Todo trote ofensivo ou humilhante deve ser proibido. O argumento de que "participa quem quer" é ridículo, pois pressupõe uma falaciosa liberdade total de escolha do calouro. Mesmo dentro da FDUFMG ainda há quem ache graça em oprimir, submeter e achincalhar o colega. Debater o tema é urgente. Propor gincanas lúdicas e trotes solidários é o melhor caminho"
"A foto traz consigo toda uma lógica racista, um menino branco acorrentando uma suposta negra, já tem em si, todo um conteudo histórico e simbólico de subjugar o outro indivíduo pela sua cor e pela sua condição de mulher".
"Nenhuma intenção de brincadeira justifica ou pacifica o conteúdo claramente racista de algumas práticas de trote, realizadas em toda UFMG e por diferentes cursos. Naturalizar o preconceito é um passo perigoso para a desumanização".

UESB: Alunos de Medicina paralisam


Cartazes no módulo do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus de Vitória da Conquista, informam: “Estamos paralisados”. O movimento busca a abertura de debate com a Reitoria para investimentos no colegiado, tendo em vista uma possível transferência de vinte e sete alunos do campus de Jequié, por conta da falta de professores. Discentes de Vitória da Conquista e Jequié estão reunidos na Cidade Sol preparando as pautas que deverão ser apresentadas ao reitor Paulo Roberto Pinto Santos. Recentemente a UESB o curso de Medicina alcançou um desempenho que o deixou entre os trinta melhores do Brasil.

Pirataria não prejudica vendas legais de música digital, diz União Europeia


As vendas de música pela via legal na internet não são afetadas pelo compartilhamento de arquivos, diz um estudo do Centro Comum de Pesquisa da UE (União Europeia), divulgado nesta quarta (20).
A pesquisa, que monitorou os hábitos de 16 mil europeus durante um ano, também disse que serviços de "streaming", como Grooveshark e Spotify, impulsionam o comércio formal de música.
Folhapress
Pirataria não prejudica venda de música digital, diz estudo
Pirataria não prejudica venda de música digital, diz estudo
No estudo, intitulado "Consumo de música digital na internet: evidência dos dados de cliques" e assinado pelos pesquisadores Bertin Martens e Luis Aguiar, os autores dizem que, na ausência de opções gratuitas, as pessoas simplesmente não acessariam a música.
"Apesar de haver infração de propriedade intelectual, é provável que haja muito dano ao faturamento das empresas de música digital", dizem os autores.
A IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), representante das gravadoras,pronunciou-se sobre as conclusões, dizendo que o estudo é "enganador, tem falhas e é desconectado da realidade comercial."
"As conclusões sejam baseadas em uma visão limitada do mercado e se opõem a um grande volume de pesquisas independentes, que confirmam o impacto negativo da pirataria no mercado legítimo de música", diz o comunicado da organização.

A queda de um mito: salário mínimo x informalidade


No dia 1º de maio, comemora-se no Brasil o dia do Trabalhador, mas também é o dia da criação do salário mínimo. Em 1940, o presidente Getulio Vargas, em discurso no campo do Vasco da Gama, na cidade do Rio de Janeiro, anunciou a sua criação:
“…assinamos, hoje, um ato de incalculável alcance social e econômico: a lei que fixa o salário mínimo para todo o país. (…). À primeira vista, poderão pensar os menos avisados que a medida é prematura e unilateral, visto beneficiar, apenas, os trabalhadores assalariados. Tal, porém, não ocorre no plano do Governo. A elevação do nível de vida eleva, igualmente, a capacidade aquisitiva das populações e incrementa, por conseguinte, as indústrias, a agricultura e o comércio, que verão crescer o consumo geral e o volume da produção.”
Fontes: IPEA/IPCA/IBGE
Fontes: IPEA/IPCA/IBGE

A visão do Presidente Getulio Vargas não era que o salário mínimo seria um custo para os empresários, mas seria sim um elemento que impulsionaria a economia já que aumentaria o poder de compra da população.
Nos anos neoliberais (1995-2002), o salário mínimo foi considerado um custo para os empresários. Sendo um custo, estimularia a informalidade no mercado de trabalho, ou seja, trabalhadores seriam contratados sem a assinatura da carteira de trabalho. E, além disso, na condição de trabalhadores informais, não receberiam nem sequer o salário mínimo reajustado. Em documento oficial do Ministério da Fazenda do período Fernando Henrique Cardoso (disponível no site do Ministério), datado de 22 de março de 2000, avaliava-se que:
“…o aumento no valor do salário mínimo pode vir acompanhado de um aumento da informalidade e uma redução do grau de cobertura do salário mínimo, sem que se atinja, ao menos plenamente, o objetivo de promover um ganho real nos rendimentos dos trabalhadores com menor remuneração.”
Ainda assim, a recuperação do valor salário mínimo teve início no governo de FHC. Mas foi uma recuperação modesta porque consideravam, acima de tudo, que estariam aumentando custos empresariais. Diferentemente, o presidente Lula fez uma recuperação mais vigorosa do salário mínimo. A presidenta Dilma adotou a mesma regra. A partir de 2007, o salário mínimo passou a ser corrigido todos os anos pela inflação do ano anterior, somada à variação do PIB de dois anos atrás.
Fontes: PME/IBGE
Fontes: PME/IBGE

Contrariando a “teoria econômica” do Ministério da Fazenda de FHC, de 2003 a 2012, enquanto o salário mínimo aumentou, a informalidade caiu. Uma boa medida da taxa de informalidade no mercado de trabalho é a população empregada com carteira como proporção do conjunto de trabalhadores informais e formais (excluindo militares e funcionários públicos, já que a contratação para essas categorias não é influenciada diretamente por variações do salário mínimo).
A taxa de informalidade caiu de 50,3%, em 2003, para 38,6%, em 2012. Esses números se referem às seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. A informalidade no Brasil é um pouco maior. No mesmo período que a informalidade caiu, o salário mínimo foi valorizado 69% em termos reais. Em 2003, o salário mínimo era 200 reais, hoje, vale 678 reais, em valores correntes.
O salário mínimo é peça estratégica de um projeto de desenvolvimento social porque é um instrumento que promove a distribuição da renda. O valor do salário mínimo é um dos principais pilares da política de distribuição de renda: isto ocorre devido à influência sobre as remunerações do mercado informal de trabalho, porque estabelece um piso para o mercado formal e porque é também piso dos benefícios pagos mensalmente pela Previdência Social.

Líder da esquerda da Grécia diz que plano para Chipre é 'colonial'


O opositor Alexis Tsipras, líder do Syriza, a coalizão de partidos de esquerda da Grécia, insiste num debate parlamentar acerca do imposto sobre depósitos bancários e acusa o primeiro-ministro grego de ter "medo do Parlamento, medo do povo, medo da luz". Para ele, há margem para que os países em dificuldades financeiras possam provocar negociações mais duras com os credores.


Alexis Tsipras, o líder do principal partido de oposição na Grécia, pediu um debate parlamentar de emergência no parlamento grego acerca do plano de resgate dos bancos de Chipre. Tsipras acusou o primeiro-ministro grego Antonis Samaras, que até agora rejeitou o debate parlamentar de emergência, de "ter medo do parlamento, medo do povo, medo da luz".

O líder do Syriza considerou que o plano do Eurogrupo para Chipre é "colonial" e argumentou que a sua previsível rejeição pelo parlamento cipriota mostra que há margem para que os países em dificuldades financeiras possam provocar negociações mais duras com os credores. O Syriza convocou uma manifestação de solidariedade com os cipriotas para Atenas.

Plano pode ser chumbado
Na terça-feira (19), como previsto pelo presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, o parlamento não aprovou o projeto de lei que prevê o imposto extraordinário sobre os depósitos bancários. "A sensação que tenho é que o parlamento vai chumbar o plano, porque é injusto e vai contra o interesse dos cipriotas", disse Anatasiadis, antes da votação.

Entretanto, diante do temor de que o plano de Chipre provoque uma corrida aos bancos não só em Chipre, mas também noutros países da União Europeia, começou a haver um recuo na medida, cujo melhor exemplo foi a intervenção do maior defensor do plano, o ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble, que afirmou que este não é da Alemanha, é do governo cipriota, e que a Alemanha apoiará planos alternativos. 

A versão atual do plano já isenta do imposto as contas até 20 mil euros. Entre 20 mil e cem mil, os depositantes pagarão um imposto de 6,7%, e acima de cem mil euros, o imposto será de 9,9%. A alteração, porém, não parece ser suficiente para alterar a votação dos deputados cipriotas.

Partido da Esquerda Europeia também rejeita
O executivo do Partido da Esquerda Europeia rejeitou o plano para Chipre, acusando-o de querer "salvar os bancos condenado a sociedade" e prevendo a sua rejeição no Parlamento. O comunicado manifesta o apoio ao povo cipriota e ao partido AKEL (Partido Progressista do Povo Trabalhador), membro da esquerda europeia, e diz-se convencido que com o anterior governo do AKEL e o presidente Christofias uma política de tal forma injusta nunca teria sido tomada.



Pesquisa mostra Maduro está 18 pontos à frente de Capriles para eleições


Presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, durante abertura da feira do livro em Caracas, 13 de março, 2013. Foto: ©afp.com / Juan Barreto
Presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, durante abertura da feira do livro em Caracas, 13 de março, 2013. Foto: ©afp.com / Juan Barreto

CARACAS (AFP) – O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, tem uma vantagem de 18 pontos para o líder opositor Henrique Capriles para as eleições presidenciais de 14 de abril, segundo uma pesquisa divulgada nesta terça-feira 19 pelo instituto venezuelanoHinterlaces.
Segundo a pesquisa, 53% dos venezuelanos votariam em Maduro e 35%, em Capriles, que participará novamente das eleições presidenciais como candidato único da oposição depois de ter sido derrotado nas eleições de outubro para Hugo Chávez, falecido em 5 de março vítima de um câncer. Desde a morte de Chávez, o vice-presidente Nicolás Maduro assumiu interinamente à presidência da Venezuela.
Dos consultados, 10% não responderam à pesquisa. Na sondagem anterior, divulgada semanas antes da morte de Chávez, o instituto indicava que Maduro tinha 50% das intenções de voto contra 36% de seu adversário.
A pesquisa divulgada nesta terça foi realizada com 1.100 pessoas em todo o país entre 11 e 16 de março, tem margem de erro de 3%, indicou a empresa.
Hinterlaces foi uma das entidades que previram a vitória de Chávez em outubro, que com mais de 55% derrotou Capriles (44%), governador do estado de Miranda (norte). O líder opositor rejeita as pesquisas desta empresa.
Uma suposta pesquisa do instituto Datanálisis, divulgada pelo banco de investimentos britânicoBarclays, indicou que Maduro está 14,4 pontos à frente de Capriles, com 49,2% das intenções de voto contra 34,8% de seu rival, mas não indicou o percentual de indecisos.
Datanálisis também não divulgou os resultados da pesquisa porque seu fim é privado.
Campanha eleitoral
Os venezuelanos irão às urnas no dia 14 de abril, em eleições antecipadas devido à morte de Chávez, que três meses antes de falecer designou Maduro como seu herdeiro político e candidato do governo.
A disputa começará oficialmente em 2 de abril e terminará no dia 11, mas Maduro e Capriles já estão em pré-campanha, que se caracteriza por intensas trocas de farpas entre os candidatos.

terça-feira, 19 de março de 2013

Chipre tem Corrida a CaixasEletrônicos Após Resgate que Taxa Depósitos


A população do Chipre reagiu com espanto e uma corrida aos bancos à notícia de que uma taxa de até quase 10% será cobrada sobre os depósitos dos correntistas nos bancos do país, como parte de um acordo para ativar um pacote de resgate de 10 bilhões de euros (R$ 25,9 bilhões).
A criação da nova taxa foi proposta durante as negociações do pacote em Bruxelas com ministros da zona do euro e o FMI. Logo após o anúncio da aprovação do empréstimo, neste sábado, milhares de correntistas correram para as filas dos caixas eletrônicos na tentativa de retirar seu dinheiro antes da imposição da nova taxa.
O acordo marca uma ruptura radical com pacotes de ajuda internacionais anteriores - em nenhum outro caso havia sido criada uma taxa sobre os depósitos bancários. Ele foi defendido pelo presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, como um passo "doloroso" para evitar uma falência desordenada do país.
O líder cipriota, que foi eleito no mês passado com a promessa de enfrentar a crise da dívida, dará uma entrevista no domingo explicando as novas medidas.
Com a nova taxa sobre depósitos, aqueles que tiverem menos de 100.000 euros (R$ 259.000) no banco pagarão uma taxa de 6,75%. Os que tiverem mais, pagarão 9,9%.

Repercussão negativa

Apesar de o Chipre ser a terceira menor economia da zona do euro, a crise bancária no país poderia trazer repercussões negativas para outros países da região em dificuldades, como a Espanha e a Itália.
A taxa imposta sobre os depósitos visa servir como um alerta aos poupadores para que tomem mais cuidado onde depositam seu dinheiro e evitem bancos que oferecem retornos além de suas capacidades, como os bancos cipriotas vinham fazendo.
O Chipre é o quinto país, após Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, a recorrer à zona do euro por ajuda financeira durante a crise econômica europeia.
O país vinha enfrentando graves dificuldades desde o colapso da economia da Grécia, onde os bancos do Chipre tinham grandes investimentos.


O Dobro da Austeridade Resultou Em Quase o Dobro dos Défices Previstos


Questionado por um jornalista sobre se reconhecia algum erro na forma como o Governo e a troika definiram a estratégia de ajustamento para Portugal e a passaram à prática, Vítor Gaspar não foi capaz de identificar um. Preferiu falar antes de um "grande desapontamento": a subida do desemprego. Mas se há coisa que é difícil ao olhar para os resultados da sétima avaliação da troika a Portugal, apresentados na sexta-feira, é deixar de ver erros, erros de previsão.
Depois de 18 dias de encontros e debates, Governo e troika apresentaram aos portugueses um cenário totalmente diferente para a evolução da economia e da política orçamental. Para a economia a mudança é, tal como aconteceu nas avaliações anteriores, claramente para pior. A contracção da economia neste ano será, em vez de 1% como estava previsto, de 2,3%, uma previsão que ainda é pior do que os 1,9% que a Comissão Europeia, um dos membros da troika tinha apresentado há apenas três semanas atrás. Para 2014, continua agendado o crescimento, mas agora já de apenas 0,6%, contra 1,2% esperados anteriormente. Como consequência, o desemprego será mais elevado, chegando aos 19% no final deste ano.

Vítor Gaspar voltou a justificar a deterioração da conjuntura exclusivamente com a redução verificada a partir do final do ano passado na procura externa. No entanto, olhando para as novas previsões, verifica-se que não serão apenas as exportações (crescimento de 0,8% em 2013, contra os 3,6% antes previstos) a apresentarem um desempenho pior. O consumo privado vai cair 3,5% este ano, deixando para trás a anterior previsão de 2,2%. E o investimento mantém uma queda acentuada de 7,6%, não confirmando a descida de 4,2% que era prevista.

As novas metas
A conjuntura mais negativa forçou a troika a aceitar mudanças significativas nas metas orçamentais. De tal forma que se ficou agora a perceber que, apesar da dose de austeridade posta em prática durante os últimos dois anos ter sido muito mais forte do que a prescrita no início do programa, os défices orçamentais que serão atingidos vão ficar distantes das metas traçadas.

De acordo com os números disponibilizados pelo ministro das Finanças na sua apresentação, as medidas de consolidação orçamental (que incluem subidas de impostos e cortes de salários e pensões, por exemplo) executadas em 2012 e 2013 (os dois anos em que o Governo apresentou um orçamento para a totalidade do ano) ascenderam a 15.400 milhões de euros. Ou seja, um valor que é mais do dobro dos 7600 milhões de euros de austeridade previstas no memorando inicial assinado com a troika.

No entanto, com as revisões agora acordadas, o objectivo para o défice público deste ano passou para 5,5% do PIB, o que compara com a meta de 4,5% definida a partir de Setembro de 2012 e com os 3% projectados no início do programa. Para 2014, aponta-se agora para um défice de 4%, contra os 2,5% exigidos desde Setembro de 2012 até agora e os 2,3% do programa inicial. O défice de 2012 também ficou claramente acima do previsto, mas também pelo efeito de alterações impostas pelas autoridades estatísticas a algumas operações.

Para explicar estas revisões tão profundas nos objectivos do défice - que dão a Portugal mais tempo para consolidar as finanças públicas e que surgem a par de um alongamento até 2015 da aplicação do pacote de cortes nas despesas públicas - Vítor Gaspar assinalou novamente os "reflexos significativos para Portugal" das novas perspectivas para a economia europeia. E assinalou que o motivo para que as negociações com a troikativessem sido mais longas do que o habitual foi a dificuldade "encontrar o equilíbrio" entre duas questões fundamentais.

De um lado, o custo económico e social da consolidação orçamental, de outro, a necessidade de efectuar um ajustamento orçamental para garantir o acesso a financiamento e a sustentabilidade da dívida pública.

O ministro das Finanças insistiu ainda na ideia de que, para medir o nível de esforço orçamental que está a ser feito pelo país, o indicador mais usado deve ser, não o défice nominal, mas o défice estrutural, que, destaca Vítor Gaspar, tem sido reduzido a um ritmo muito forte nos últimos anos.

Os dados apresentados para este indicador (que não inclui receitas extraordinárias e leva em conta os efeitos da conjuntura económica) confirmam a existência de uma melhoria do saldo (de -8,8% em 2010 para -3,3% em 2013), mas mostram também que nem nos saldos orçamentais estruturais, Portugal se livrou de revisões em alta.

Para o saldo estrutural primário, por exemplo, previa-se no passado mês de Outubro, que chegasse aos 2,2% em 2013, mas agora a aprevisão é apenas de um saldo positivo de 1,1%.

Troika elogia
Apesar da revisão em alta dos objectivos do défice e da deterioração acentuada das condições económicas, a troika fez um comunicado bastante elogioso ao programa português, dizendo que a sua implementação"continua no bom caminho".

A Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional afirmam que "o objetivo estabelecido para o final de 2012 em matéria de défice orçamental foi cumprido, a estabilidade do setor financeiro foi preservada e a execução de um vasto leque de reformas estruturais está a avançar", salientando ainda que "o ajustamento externo continua a exceder as expectativas".

troika revela ainda que as receitas de privatizações vão ser uma das formas encontradas pelo Governo para garantir que, apesar de os défices serem mais elevados, não será preciso reforçar o envelope financeiro previsto no programa. "As autoridades estão empenhadas em cobrir as necessidades de financiamento suplementares resultantes dos objetivos em matéria de défice orçamental revistos, incluindo através das receitas das privatizações", afirma o comunicado da troika.

Apesar dos elogios, para que a avaliação seja considerada positiva e seja dada autorização para a entrega de mais uma tranche do empréstimo (de cerca de 2000 milhões de euros), a troika diz que irá ainda esperar pela apresentação, até Maio, do relatório com a estratégia orçamental detalhada de médio prazo, o documento onde o Governo dará a conhecer quais as medidas de redução permanente da despesa que irão ser implementadas em 2013, 2014 e 2015.

A Luta de Classes Na Cultura


O casal que espera a chegada de um filho pode não saber que, nos próximos 21 anos, terá de desembolsar entre R$ 200 mil e R$ 1 milhão, dependendo de sua condição econômica e disposição para investir no futuro herdeiro. O cálculo, feito pelo professor da ESPM e presidente do Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent), Adriano Maluf Amui, leva em conta gastos básicos com alimentação, educação, saúde e lazer.
Na hora de fazer as contas, é preciso levar em consideração as despesas essenciais, os gastos dispensáveis e, no longo prazo, a necessidade de uma poupança. Para o educador financeiro e presidente da consultoria DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos, o ideal é que o custo do filho não ultrapasse 30% da renda média líquida do casal. Do contrário, o padrão de vida pode mudar drasticamente.
Com planejamento, especialistas mostram que é possível fazer um cálculo aproximado das despesas com o filho em cada fase da vida, da gestação à vida adulta. Entram na conta, ainda, os gastos não previstos, como festas de aniversário e passeios. E, se o orçamento apertar, há duas alternativas: fazer dívidas ou rever prioridades com o supérfluo.
DA GESTAÇÃO AOS CINCO ANOS DE IDADE
Confirmada a gravidez, surgem os primeiros gastos. “O casal começa a pensar na decoração do quarto e na compra de roupas, fraldas e itens de higiene”, enumera Domingos, da DSOP. O chá de bebê é a primeira chance para economizar. Os presentes devem ser calculados conforme a quantidade necessária.
Exames de pré-natal costumam ir além do ultrassom. Mesmo que o casal já pague plano de saúde, os hospitais oferecem serviços adicionais, como coleta de sangue do cordão umbilical e exame de audição do bebê, como aponta Amui, da Invent. “Um DVD para entreter os pais, com o ultrassom em 3D do feto, pode custar até R$ 450”.
Mas é quando a criança nasce que as despesas pode ir além do planejado. “Os pais nunca se lembram da festa de aniversário, que pode ter bufê e palhaço, e das festas de amiguinhos, que demandam a compra de presentes”, lembra o presidente da DSOP. Ele orienta que tais gastos podem ser compensados com uma reserva financeira. Se as despesas imprevistas não couberem no bolso, o melhor é optar por alternativas mais baratas, como fazer a festa em casa.
Para o presidente do Invent, brinquedos não precisam ser caros. “O importante é que sejam estimulantes”. Outra forma de economizar, segundo ele, é com as vacinas, que são encontradas na rede pública com facilidade. Comprar muitas roupas, para o profissional, é desnecessário, porque o bebê cresce rápido e elas são descartáveis. Da mesma forma, há gastos importantes e, quase sempre, esquecidos. “Itens de segurança, como telas de proteção para janela, protetores de tomada e travas de gaveta devem entrar na conta”, completa.
Gastos essenciais : Berço, fraldas, roupas, carrinho, exames pré-natal, obstetra, pediatra, remédios, vacinas, mobília do quarto, itens de segurança na casa.
Gastos opcionais : festa em bufê, decoração, babá eletrônica, coleta de sangue do cordão umbilical, presentes de aniversário, brinquedos.
DOS CINCO AOS 10 ANOS DE IDADE
Nesta fase, a criança passa a ter desejos materiais mais concretos. “A geração atual é educada digitalmente e conhece os aparelhos eletrônicos. Também gosta de copiar os amigos, como os que viajam à Disney”, comenta Domingos. Para o professor Amui, há uma pressão social entre os pais. “Eles gostam de mostrar o que oferecem aos filhos”. Outro investimento que pesa são os cursos extracurriculares, como de idiomas ou esportes.
Quando as vontades do filho elevam os custos, o educador Domingos lembra que os pais fazem malabarismos, contraem dívidas ou trabalham mais. Na visão dele, em vez de atender aos impulsos de consumo da criança, o pai pode fazer uma “faxina financeira” em casa, derrubando gastos em excesso.
“Com reuniões familiares, ele deve criar na criança um desejo de realização. Se ela quer um videogame, deve saber quanto precisa economizar de água, luz e telefone para comprar o aparelho”. Assim, introduz a ideia de que toda realização exige um sacrifício.
Gastos essenciais: escola, material escolar, uniforme, saúde, alimentação, roupas, transporte escolar.
Gastos opcionais : aparelhos eletrônicos (videogames, celulares, tablets), viagens, cursos livres (idiomas e esportes, por exemplo).
DOS 10 AOS 15 ANOS DE IDADE
Perto da adolescência, os custos com educação pesam em cerca de 40% dos gastos totais, segundo o professor da ESPM. Ao desembolsar mais com escola, há oportunidade de reduzir outros gastos. “As despesas com telefonia diminuem quando o jovem passa mais tempo nos meios digitais, com sistemas Wi-Fi”. Por outro lado, a forte ligação do adolescente com computadores e celulares exige que os pais contratem serviços de internet, conexão 3G, e façam planos de telefonia móveis, pré ou pós pagos.
Lazer e entretenimento também engordam as despesas nesta faixa etária. Nos casos de gastos supérfluos, os pais podem dar ao filho uma mesada e passar a ele a responsabilidade de custear a diversão, recomenda Amui. Se ele gastar tudo antes do fim do mês, fica sem o lazer. Daí, ele conhece o valor de poupar. “A poupança terá um mecanismo educador e também de segurança para planos futuros”, completa o especialista.
Adriano Amui acrescenta, ainda, que viagens ao exterior podem ser reduzidas para custear o essencial, no caso de aperto financeiro entre as classes A e B. “O plano de um intercâmbio no exterior pode ser postergado por um ou mais anos”.
Gastos essenciais: escola, material escolar, alimentação, transporte escolar, vestuário, internet, aparelhos eletrônicos.
Gastos opcionais : entretenimento (cinema, festas, passeios), viagens de imersão, cursos extra- curriculares, acessórios, mesada, conta de telefonia móvel, festa de debutante.
A PARTIR DOS 15 ANOS
Com mesada ou até poupança no banco, o adolescente passa a escolher uma carreira. Na opinião do presidente do DSOP, pais que interferem nesta escolha podem pagar caro. “Obrigá-lo a seguir uma profissão porque dá mais dinheiro pode criar frustração”. Há um risco maior de abandonar a faculdade e iniciar outra. Aí, o desembolso também aumenta.
Pais com boa condição financeira devem avaliar a possibilidade de um intercâmbio no exterior, recomenda Domingos. “Este investimento abre muitas portas”. Criar uma poupança com anos de antecedência é uma saída para famílias com este sonho, porém menos abastadas.
Quando o filho completa 18 anos, muitos pais querem presenteá-lo com um carro. Neste caso, é bom planejar a compra com antecedência, em vez de fazer um longo financiamento. O professor Amui dá a dica. “Se você investir R$ 100 por mês desde o nascimento do seu filho, com renda de 10% ao ano, terá poupado R$ 57.670 em 18 anos”.
Durante a faculdade, o jovem tem o estágio como oportunidade de renda e aprendizado. “É essencial nesta fase e pode ser um trampolim profissional”, comenta Domingos. Se o jovem chegar à formatura sem experiência, pode ter dificuldade em conseguir trabalho. Daí, é provável que o pai tenha que custear uma pós-graduação.
Entre as famílias com renda mais baixa, o adolescente costuma perceber a necessidade de trabalhar para ajudar nas despesas de casa. “Para este público, há programas de aprendiz nas escolas públicas para jovens da classes D, que garantem renda e aprendizado precoces”, explica Domingos.
Há ainda o jovem que, mesmo trabalhando, permanece na casa dos pais – alguns até depois dos 30 anos. Para que ele conquiste a independência financeira mais cedo, os pais também pode ajudar. “É possível criar um plano B para o filho desde cedo, um projeto de vida, como economizar para comprar o próprio imóvel”, conclui Domingos, do DSOP.
Gastos essenciais : faculdade, pós-graduação, transporte, alimentação, roupas.
Gastos opcionais: intercâmbio no exterior, carro, entretenimento (baladas, cinema, shows).

Quanto custa um filho

Gastos totais de uma família com renda mensal de R$ 4 mil (valores em R$)