quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O PET realiza amanhã, 29, mais uma edição do nosso Prosa com Pesquisadores, quando receberemos com muita alegria a presença do Prof. Eurelino Coelho da Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS.

Contamos com sua participação!


segunda-feira, 25 de agosto de 2014


Boatos eleitorais animam Bovespa; 


Petrobras ganha 5%

Por Téo Takar | Valor
SÃO PAULO  -  A euforia eleitoral volta a dar as cartas na Bovespa. Circulam rumores de que Marina Silva (PSB) estaria à frente de Aécio Neves (PSDB) com larga vantagem, encostando na presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT). 
O mercado aguarda a divulgação de pelo menos duas pesquisas nesta semana, Ibope amanhã e Datafolha na sexta. As ações do “kit eleições” – mais sensíveis à intervenção do governo, como Petrobras, bancos e elétricas, concentram os ganhos. E o Ibovespa avança em direção ao nível dos 60 mil pontos.
O cenário externo também colabora, com investidores reagindo às declarações do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, no fim da semana passada, durante o encontro de banqueiros centrais em Jackson Hole, nos Estados Unidos. Draghi sinalizou que o BCE poderá lançar mão de medidas de estímulo para ativar o crescimento da economia europeia.
Às 15h50, o Ibovespa subia 2,04%, aos 59.598 pontos, com volume de R$ 4,1 bilhões. Petrobras ON (5,07%,a R$ 20,72) liderava os ganhos do índice, seguida por Petrobras PN (5,16%, a R$ 22,00). Os bancos também estão no topo: Banco do Brasil ON (3,90%, a R$ 31,41), Santander Unit (2,94%, a R$ 15,73), Itaú PN (2,21%, a R$ 38,31) e Bradesco PN (2,36%, a R$ 38,49).
“Enquanto a empolgação com o BCE ajuda os mercados lá fora, aqui novamente o mercado sobe com expectativas sobre pesquisas eleitorais, que devem vir mais favoráveis a Marina Silva”, comenta o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. Em Nova York, o índice Dow Jones sobe 0,46%, o Nasdaq ganha 0,38% e o S&P 500 avança 0,47%.
As ações de construção também estão entre os destaques de alta: Rossi ON (3,96%), Cyrela ON (3,39%) e Gafisa ON (2,47%). Segundo o gesto da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, o forte ajuste para baixo nas taxas de juros futuras favorece o setor, que é dependente de financiamentos de longo prazo.
Apenas 10 ações do Ibovespa estão no vermelho neste momento, entre elas, Oi PN (-1,63%), Bradespar PN (-1,41%) e Vale PNA (-0,78%). Segundo Galdi, da SLW, as ações da Vale e da Bradespar sentem a queda do preço do minério no mercado chinês. A commodity recuou 2,1% hoje e fechou a US$ 89,20 por tonelada, muito próxima da mínima do ano, de US$ 89, registrada em 16 de junho. 
“A falta de crescimento da demanda chinesa deixa o sentimento mais pessimista. E o aumento da produção [global de minério de ferro] está maior do que o previsto anteriormente”, disse ao Valor a analista Melinda Moore, do Standard Bank, sobre as razões para as quedas dos preços da commodity.

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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Bancos Lucram 25% a mais com economia desaquecida

O lucro líquido somado dos três maiores bancos privados do País - Itaú, Bradesco e Santander - aumentou 25,3%, passando de R$ 14 bilhões para R$ 17,6 bilhões no trimestre.

 Por  O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://economia.estadao.com.br/noticias/geral%2cbancos-lucram-25-a-mais-com-economia-desaquecida%2c1540298O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://economia.estadao.com.br/noticias/geral%2cbancos-lucram-25-a-mais-com-economia-desaquecida%2c1540298Cley Scholz - O Estado de S. Paulo

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      Os bancos ficaram mais conservadores na hora de conceder empréstimos e esticar o limite dos cheques especiais dos brasileiros como resposta à desaceleração da economia nos últimos meses.

Um balanço dos resultados do segundo trimestre divulgados pelas instituições financeiras nos últimos dias mostra que os três principais bancos privados brasileiros adotaram uma estratégia conservadora como prevenção contra a atual conjuntura econômica.

Com isso os bancos conseguiram manter a lucratividade. O lucro líquido somado dos três maiores bancos privados do País - Itaú, Bradesco e Santander - aumentou 25,3%, passando de R$ 14 bilhões para R$ 17,6 bilhões.

Segundo uma análise feita pelo economista Erivelto Rodrigues, presidente da consultoria Austin Rating, os bancos deram prioridade a linhas de crédito mais seguras e fizeram uma 'limpeza' das carteiras de crédito.
Os bancos conseguiram reduzir a inadimplência e melhorar a eficiência. Além disso, fizeram esforços para recuperar empréstimos em atraso e buscaram mais liquidez.

O estudo considera que o resultado pode ser considerado surpreendente à primeira vista, já que o crescimento do crédito apresentou um ritmo modesto, de 7,4%, na comparação entre junho de 2014 e junho de 2013. Ficou aquém das estimativas dos próprios bancos, que trabalhavam, no início do ano, com alta entre 12% e 15%.

"O que aconteceu é que os bancos mostraram flexibilidade e agilidade para se adaptar à mudança de cenário, buscando outros caminhos para garantir desempenho", destaca Erivelto.

"A melhora da margem financeira, com o aperto da política monetária, foi também um fator de contribuição para o resultado dos bancos. Segundo dados do Banco Central, o spread também teve ligeira alta, passando de 10,9% para 12,9% ao ano".

Uma decisão importante, segundo o economista, foi a utilização de mais reservas que estavam na provisão de devedores duvidosos, pela redução das despesas com devedores duvidosos, principalmente no caso do Itaú.

"O Itaú, que anunciou lucro recorde, foi o banco que mais se beneficiou dessa linha para ampliar seus resultados", destaca o estudo do economista. "As despesas de provisão foram reduzidas em 15%, o que determinou impacto de R$ 1,2 bilhão em termos nominais. Foi o banco que teve o maior volume de redução, saindo de R$ 7,5 bilhões, no primeiro semestre de 2013, para R$ 6,3 bilhões, no mesmo período de 2014. O Santander reduziu essas despesas em 18% e o Bradesco em 2,6%".

O economista destaca a melhora consistente dos indicadores de eficiência, que passaram de 52,9%, em junho de 2013, para 43,7% em junho deste ano.
"O Bradesco foi o que apresentou o melhor índice de eficiência com 41,9%, segundo pelo Itaú com 43,7% e o Santander com 61,5%. As despesas administrativas dos três bancos privados tiveram alta de 5,1%, abaixo da inflação do período. Mas o Itaú apresentou despesas acima dessa média, crescendo 10,4%, ante alta de 3,2% do Bradesco e de 1% do Santander".

A rentabilidade (lucro líquido sobre patrimônio líquido) dos três bancos melhorou, passando de 13,6%, em junho de 2013, para 15,9%, em junho de 2014. O Itaú foi o banco com a maior rentabilidade com 21,7%, seguido pelo Bradesco com 18,8% e o Santander com uma rentabilidade muito baixa de 3,6%.

Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral%2cbancos-lucram-25-a-mais-com-economia-desaquecida%2c1540298




A questão do método

Por Saul Leblon

Há duas formas de se definir a travessia para o novo ciclo de desenvolvimento requerido pelo país. Uma, implica a construção democrática das linhas de passagem para um novo estirão de crescimento ordenado pela justiça social. A outra preconiza  simplificar a tarefa, terceirizando o timão  à ‘racionalidade’ dos livres mercados.

A escolha conservadora dispensa o penoso  trabalhos de coordenação da economia pelo Estado, ademais de elidir  a intrincada mediação dos conflitos inerentes  às escolhas  do desenvolvimento. O automatismo econômico de qualquer forma é mais um rótulo de fantasia. Na verdade, tecnocratas  organicamente conectados  aos detentores da riqueza manejariam grandes ferramentas macroeconômicas , arbitrando  quem vai ganhar e quem vai pagar a conta.

Variáveis de aparência técnica  –como a taxa de câmbio, o nível dos juros e as tarifas de importação  — fariam o ‘serviço sujo’ de limpar os trilhos para que  a ‘eficiência’ do mercado reinasse  em sua plenitude.

Desnecessário lembrar que foi essa livre eficiência na alocação dos recursos, estendida à atividade bancária, a partir dos anos 80, que levou o capitalismo ao seu maior desastre desde 1929.  O que o conservadorismo pleiteia nas urnas de outubro é uma carta branca para salgar o mercado brasileiro com essa lógica, purificando-o do intervencionismo estatal  petista.

A mãe de todas as batalhas, portanto,  gira  em torno dessa questão.

A questão do método.

Qual é, afinal, a lógica que vai assegurar  coerência macroeconômica à transição para um novo ciclo de crescimento econômico?

O conservadorismo avalia que o legado recente é incompatível com o  futuro desejado.

Daí a necessidade de proceder ao desmonte do edifício erguido pelo ‘lulopopulismo’.

A saber.

Fortemente ancorada na ampliação do mercado de massa, a economia avançou nos últimos anos apoiada em ingredientes daquilo que a emissão conservadora denomina ‘Custo Brasil’.

O salário mínimo teve una elevação do poder de compra de 70%, acima da inflação.

Entre outros,  14 milhões de aposentados e pensionistas foram beneficiados pelo inédito aumento de poder aquisitivo.

Ao contrário do que se previa, porém,  o ganho na base da pirâmide não gerou desemprego, tampouco explodiu as contas da Previdência Social.

Ao contrário.

Cerca de 20 milhões de vagas foram abertas  no mercado de trabalho, regidas pela regulação da era Vargas. A mesma que FHC prometera abduzir: carteira assinada; férias; 13º; previdência social, reajuste anual.

O déficit da Previdência caiu e só voltou a crescer agora, por conta das desonerações da folha de pagamento  –uma reivindicação antiga da cartilha do ‘Custo Brasil’.

Políticas sociais destinadas a mitigar a fome e a miséria completaram a espiral ascendente de ampliação do mercado interno: o Bolsa Família, por exemplo,  atinge 50 milhões de pessoas.

O período de fastígio das matérias-primas  enlaçou o conjunto com um cinturão de segurança de US$ 370 bilhões em reservas internacionais: quase 10 vezes o legado do PSDB.

Sem  elas o país não teria atravessado a crise mundial com geração  de empregos e ganhos trimestrais ininterruptos  na renda das famílias.

A avaliação divergente do ponto de vista conservador  afirma que é imperativo corroer esse conjunto para reduzir custos empresariais, aliviar o gasto fiscal do Estado e viabilizar uma queda nas taxas de juros.

O desmonte  supostamente ‘baratearia o investimento’, deflagrando um salto dos negócios rumo a um novo ciclo de expansão da economia.

A pedra no caminho, como tem dito Carta Maior, remete ao  personagem histórico nascido nesse entrecho de ‘lulointevencionismo’.

Composto por  dezenas de  milhões de brasileiros recém egressos da pobreza, ademais de outros tantos milhões que ascenderam na  pirâmide de renda, os novos protagonistas formam hoje a maioria da sociedade.

A novidade  histórica de consequências políticas ainda não totalmente amadurecidas é resumida  em uma chave  fúnebre pela síntese conservadora: ‘ O PT fez uma política voluntarista de crescimento baseada na consumo de massa’.

É mais sério que isso.

Ao trazer 60 milhões de novos consumidores para a fila do caixa, os governos Lula e Dilma  redesenharam  as  referências estratégicas da produção, da demanda e da política nacional .

O conjunto esburacou o chão político do projeto conservador.

A nova  macroeconomia do desenvolvimento brasileiro terá que ser buscada sob o pano de fundo dessa emergência das grandes massas populares que invadiram a economia e a cidadania na última década.

A escolha é fazê-lo em negociação permanente com elas.

Ou contra elas.
O desconforto do sistema político é diretamente proporcional à sua falta de aderência com o que se passa na sociedade e nas ruas.

Não por acaso as sirenes conservadoras  dispararam decibéis estridentes  diante da Política Nacional de Participação Social instituída por decreto pela Presidenta Dilma.

O medo de que o novo rompa o dique do caduco tremula na respiração das narinas conservadoras.

A escolha progressista, porém,  tampouco  é isenta de desafios, entre os quais se inclua a travessia de um Rubicão até aqui apenas ensaiada  pelo PT.

Definitivamente, se o objetivo for aprofundar a aderência entre crescimento e cidadania,  a democracia brasileira não pode mais  se resumir a uma visitação esporádica às urnas. 

Uma reforma política que dê consistência à representação partidária e favoreça as consultas populares constitui um ingrediente tão importante de um novo ciclo de investimento quanto o capital que ele requer.

Um das escolhas cruciais  do próximo período, por exemplo, é resgatar ou não  o celeiro  fabril brasileiro,  atrofiado por  décadas de valorização cambial.

A definição vai depender da correlação de forças que emergir das urnas de outubro.
 
E do que for feito dela para  dilatar a participação da sociedade nas decisões cruciais do seu desenvolvimento.

Hoje o país importa quase 25% das manufaturas que consome.

O preço baixo dos importados ajuda no controle da inflação.

Mas vaza empregos para a China.

Faz mais. Desequilibra as contas externas, enfraquece os sindicatos, atrofia o operariado fabril,  aborta  o surgimento de novos contingentes de ‘lulas’ pelo país.

Não é uma ameaça distante. Está acontecendo agora.

Num Brasil quase às portas do pleno emprego, vive-se um paradoxo:  há mais desempregados qualificados do que não qualificados, alerta  o IPEA.

Explica-se:  o setor que paga os melhores salários na economia e irradia progresso técnico ao restante do sistema  –requisito fundamental do excedente capaz de dilatar a fronteira da cidadania--   está atrofiando no Brasil.

Não é um palpite, é uma conta.

E ela não para de crescer: o déficit comercial da indústria  este ano vai atingir um valor equivalente a   30%  das reservas cambiais.

O cenário eleitoral carrega as cores de uma mudança de época.

O Brasil tem agora o mercado de massa preconizado por Celso Furtado.

Quem vai atendê-lo?

Um aggiornamento seletivo da base industrial semeada por Getúlio ou a rendição total às  linhas de montagem asiáticas?

Voltamos ao ponto de partida.

O conservadorismo acha que tanto faz ter ou não indústria.

Seu método para resolver o impasse é conhecido: “a industrialização  brasileira deve provar sua pertinência submetida a  uma purga de eficiência com derrubada geral de tarifas de importação”, sustentam os sábios de bico longo.

‘É tempo de murici, que cada um cuide de si’, repercute  o colunismo econômico abestalhado de tanta toxina  neoliberal.

Entre os sobreviventes do salve-se quem puder não estarão aqueles setores que dependem de uma política desenvolvimento  industrial para inovar e se fortalecer.

Tampouco os que se beneficiam dos índices de nacionalização de serviços e equipamentos demandados pelo ciclo de exploração do pré-sal, por exemplo  --que representa hoje apreciáveis 10% de todo o  investimento brasileiro.

O desemprego correspondente ao saque contra o futuro  guarda  funcionalidade com a meta de reduzir o ‘Custo Brasil’ convocando o arrocho  para comandar o ataque do time conservador.

Como colar as trincas de uma economia em que a soma das partes já não cabe na moldura  de um crescimento que liberou potencialidades e demandas superiores à sua capacidade de resposta?

Repactuando democraticamente as linhas de passagem da transição em curso.

Inclua- se aí metas, sacrifícios, prazos, ganhos e salvaguardas subjacentes à travessia.

Método e meta se fundem assim nas perguntas e respostas a serem escrutinadas nas urnas de outubro.

Para que o resultado seja consequente, o eleitor deve ter o discernimento dessa vinculação.

Ela lhe atribui um protagonismo que não se esgota mais na cabine do voto.

Essa é a novidade, a grande novidade, diga-se, do período que se anuncia.

Os avanços e retrocessos da era PT

Por Claudia Safatle

O governo Lula foi um sucesso. A gestão Dilma Rousseff é mal avaliada. A era FHC foi dramática. Isso é o que diz o senso comum. Mas um foi bom e os outros não foram comparados a quê?
Para sair da costumeira confrontação entre os anos PT e a administração do PSDB, de 1995 a 2002, tentar ir mais fundo e considerar as conjunturas internas e externas de cada período, os economistas tomaram emprestado um método corriqueiro das ciências laboratoriais - onde o contrafactual é imitado através da produção de dados experimentais. Para tanto, criam "países gêmeos artificiais" que servirão para comparar com o país real pesquisado que foi submetido a importantes mudanças.
Três economistas - Vinicius Carrasco (PUC-RJ), João Manuel de Pinho Mello (Insper) e Isabela Duarte (PUC-RJ) - fizeram o primeiro estudo dessa natureza para avaliar o Brasil no período Lula e nos dois primeiros anos do governo Dilma. Os autores construíram um país "gêmeo" para cada variável a ser cotejada e extraíram dos dados a comparação entre qual poderia ter sido e qual foi o desempenho do Brasil entre 2003 e 2012. O método, segundo Carrasco e Mello, "é agnóstico". Ou seja, independe das preferências dos autores.
Diante de um "irmão gêmeo", o país poderia ter feito muito mais

Para confrontar a performance do PIB per capita do Brasil, por exemplo, o estudo buscou nos dados ponderados dos países da América do Sul, da Tailândia, da Turquia e da Ucrânia a síntese do "melhor grupo de comparação" ou "grupo de controle sintético".

 
O gráfico abaixo mostra que o PIB per capita vinha mais ou menos em linha com esse grupo de 1995 a 2002, durante o governo de FHC, e começou a se descolar dele a partir do governo Lula em 2003.
O estudo estabelece o comparativo de 85 variáveis macro e microeconômicas e setoriais. Abarca do PIB à mineração, da taxa de homicídios aos termos de troca. Os resultados são: o Brasil cresceu, investiu e poupou menos; recebeu menos investimento estrangeiro direto, adicionou menos valor na indústria, teve inflação mais alta, perdeu competitividade e produtividade e piorou a qualidade regulatória. Isso ocorreu mesmo tendo recebido "um maná externo", dado pelo boom das commodities e outro "maná interno", da demografia.
"Se tivéssemos crescido em linha com os melhores grupos de comparação, estaríamos pelo menos 10% a 15% mais ricos atualmente", sugerem os autores. Por ter o Brasil ficado aquém das suas possibilidades, eles ousaram no título do trabalho - "A Década Perdida: 2003 a 2012" -, que traduz um julgamento político do período considerado. O estudo não se estendeu a 2013 por ausência de dados sobre os países dos grupos de comparação, informam os autores. Como a economia brasileira se deteriorou em termos relativos, os indicadores devem ter piorado em 2013 e 2014, sublinha Mello.
É inegável, porém, que o Brasil avançou nas questões sociais e andou em linha com seu "irmão gêmeo" na distribuição da renda, no combate à subnutrição e na saúde. Na educação, ficou aquém mesmo elevando o gasto.
E foi substancialmente melhor no mercado de trabalho. "Nesse caso, porém, colhemos as frutas que estavam baixas na árvore: colocamos as pessoas para trabalhar, o que aumentou a massa salarial e a renda dos trabalhadores", salientam os autores. Esse avanço, no entanto, não foi acompanhado de aumentos da produtividade e dos investimentos em capital físico e humano.

Uma das constatações mais importantes, destacam, é a piora na qualidade regulatória do Brasil de 2003 para cá. "Nesse quesito, pioramos em termos absolutos", informa Carrasco. "Comprometemos inutilmente as bases da prosperidade futura piorando o arcabouço institucional do país, enquanto o melhor grupo de comparação melhorou ao longo da década". A qualidade regulatória, identifica Carrasco, começou a se deteriorar em 2003, quando o governo Lula abriu uma polêmica com a Anatel por causa da autorização de aumentos nas tarifas telefônicas de até 41,7%. Desde então a autonomia das agências reguladoras foi comprometida.

 
O risco regulatório seria uma das razões para o aumento do custo do capital e suas consequências, como a redução dos investimentos e prejuízos para o crescimento do PIB per capita e da distribuição da renda, indica o estudo.
A intermediação financeira, telecomunicações e a produção de petróleo andaram em linha com o melhor grupo de comparação ou foram além.
Desenvolvida na década passada, essa metodologia foi aplicada na avaliação da performance, antes e depois, de países que entraram na União Europeia, mas seu uso não é pacífico entre economistas. E vem se disseminando na medição dos mais distintos objetivos, seja dos efeitos do uso da maconha nos índices de criminalidade no Colorado (EUA) ou dos danos do terrorismo para a economia dos países bascos.
O Brasil avançou de 2003 para cá na área social. Isso não está em questão. Mas poderia ter avançado muito mais. E se atrasou em outras áreas relevantes. Aí começa a discussão sobre o futuro. Não por outra razão, o texto está subsidiando a discussão no núcleo das campanhas eleitorais dos candidatos das oposições.





Fonte: http://www.valor.com.br/brasil/3645058/os-avancos-e-retrocessos-da-era-pt#ixzz39p8wCN3Y