quarta-feira, 17 de dezembro de 2014


Cerca de 250 trabalhadores temporários devem ser efetivados no comércio de Conquista



Os meses finais de cada ano são o momento das contratações temporárias. Uma ótima oportunidade para quem quer conquistar seu lugar no mercado de trabalho. Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Comerciários de Vitória da Conquista, Guimarães Viana, até o fim do ano devem ser contratados mais de 1000 profissionais para as vagas temporárias.
“Nós temos uma grande região que recebe gente de todas as partes. Aqui, é o centro de comércio para uma região de dois milhões de habitantes”, disse Viana. Segundo ele, o comércio local atrai compradores e também gente de cidades pequenas que quer trabalhar. Do total de contratos temporários desta época, “espera-se que em torno de 25% sejam efetivados”.
Segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), estes novos profissionais estão distribuídos em seis setores: vestuário, eletroeletrônico, perfumaria e cosméticos, joias e bijuterias, artigos para o lar e calçados.

http://www.blogdorodrigoferraz.com.br/v1/2014/12/16/cerca-de-250-trabalhadores-temporarios-devem-ser-efetivados-no-comercio-de-conquista/


Potências comerciais participarão de queixa da UE contra o Brasil



GENEBRA  -  As principais potências comerciais pediram para participar como “terceiras partes com interesses” na disputa aberta pela União Europeia (UE) contra o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), que poderá se tornar o maior litígio comercial enfrentado pelo país nos últimos tempos.
Como previsto, a OMC aprovou nesta manhã a abertura do painel  — comitê de especialistas — que examinará a queixa europeia. Estados Unidos, Japão e Coreia estão entre os países que também vinham reclamando do Brasil. Além disso, participarão China, Rússia e Índia, parceiros do grupo BRIC, bem como Argentina, Austrália, Turquia e Taiwan.
Os europeus se queixam de vários programas para os setores automotivo e de tecnologia da informação, entre outros, com isenção fiscal para produtos domésticos que acabariam por significar discriminação contra os importa dos. “Essas medidas são discriminatórias e visam substituir importações, na medida em que são vinculadas a exigências de uso de conteúdo local”, aponta a UE na OMC.
A União Europeia diz que a disputa deve examinar desonerações fiscais para companhias no Brasil que também alcançam certas metas de exportações, o que considera uma violação das regras sobre subsídios à exportação.
Os europeus se dizem inquietos com a “contínua expansão dessas medidas para cobrir um crescente número de setores”, citando o caso do Inovar-Auto, que substituiu um programa temporário anterior que seria  igualmente discriminatório contra o produto estrangeiro. “É importante que o Brasil respeite as regras da OMC”', diz a UE.
Por sua vez, a delegação brasileira, chefiada pelo embaixador Marcos Galvão, lamentou a abertura do caso diante dos árbitros da OMC, insistindo que os programas são consistentes com as regras internacionais.
Conforme o embaixador, os programas visam reforçar a inovação e a formação de mão de obra mais qualificada no Brasil e, ao mesmo tempo, ampliar o comércio e promover uma “interação dinâmica” entre investimentos, os setores envolvidos e os fluxos de comércio.
Para  o Brasil, as companhias estrangeiras, especialmente as europeias, estabelecidas no Brasil “tê m sido positivamente afetadas por esses programas, que não têm efeito que deprime importações”.
A delegação brasileira reiterou que os programas questionados pela UE procuram posicionar melhor o Brasil nos setores de alta tecnologia no mercado global, e não isolar o país do resto do mundo. Para o Brasil, a UE faz uma interpretação ampla demais das regras da OMC sobre tratamento nacional e conteúdo local que, se aceita, afetaria a capacidade dos membros da OMC de promover desenvolvimento social e tecnológico.
Um exemplo é de que o Recap, programa para compra de bens de capital para empresas exportadoras, e o PEP são simplesmente mecanismos para melhorar a administração tributária e facilitar a devolução de impostos  pagos em excesso.




http://www.valor.com.br/internacional/3826692/potencias-comerciais-participarao-de-queixa-da-ue-contra-o-brasil

EUA e Cuba fazem acordo sobre troca de presos



WASHINGTON  -  Cuba libertou nesta quarta-feira um prisioneiro americano que permanecia detido há cinco anos no país – Alan Gross, que aparentemente tinha problemas de saúde  –, em iniciativa qualificada como um gesto “humanitário”.
A expectativa é de que o presidente dos EUA, Barack Obama, faça um pronunciamento sobre a questão ainda nesta quarta-feira.
Gross era um prestador de serviços da Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA e foi acusado de espionagem pelo governo cubano ao tentar fornecer serviços de internet a cidadãos cubanos.
A expectativa é de que a iniciativa do governo cubano contribua para a normalização das relações entre a ilha e os Estados Unidos. Como parte do acordo para a libertação do cidadão americano, o governo americano estaria disposto a revogar muitas das restrições a viagens e transferências de dinheiro que afetam hoje Cuba.
Em retribuição, os EUA devem transferir à ilha três pessoas condenadas por espionarem para Cuba. Ainda em conformidade com o acordo, de acordo com uma fonte do governo americano, Cuba libertará 53 prisioneiros políticos e os Estados Unidos farão uma revisão do status de Cuba, atualmente incluída na lista dos EUA de países que apoiam o terrorismo.


http://www.valor.com.br/internacional/3827484/eua-e-cuba-fazem-acordo-sobre-troca-de-presos

Crise na Rússia balança emergentes


O agravamento da crise cambial na Rússia, que levou o rublo a cair 12% ante o dólar ontem, contribuiu para piorar o cenário para os mercados emergentes. A maioria das moedas tem mostrado fortes perdas, diante da combinação de queda nos preços das commodities, enfraquecimento da economia chinesa e expectativa de alta de juros nos EUA. Com esse pano de fundo, o real fechou no menor nível desde março de 2005, a R$ 2,7341 por dólar, e o mercado futuro de juros chegou a embutir uma aceleração no ritmo de elevação da Selic. O presidente do BC, Alexandre Tombini, por sua vez, sinalizou a continuidade do programa de swaps cambiais.
Ainda é cedo para avaliar se a crise russa tem o potencial de arrastar outros mercados. A percepção inicial é que o contágio é limitado porque o mau humor vem de fatores muito específicos: alta dependência de receitas do petróleo, tensão política com o Ocidente que resultou em uma série de sanções, além da desconfiança com a política local.
Outro fator que limitaria a extensão da crise a outras economias é o fato de hoje as posições em câmbio estarem menos alavancadas. Os investidores têm reduzindo a exposição a moedas de emergentes desde o ano passado diante da perspectiva de aumento dos juros nos EUA em 2015, diz Flavia Cattan-Naslausky, estrategista de câmbio para América Latina do Royal Bank of Scotland (RBS).
"Estamos vendo um 'sell-off' [venda generalizada de ativos] controlado. O problema é que a liquidez nos mercados está muito baixa, com os investidores adotando uma postura mais cautelosa, evitando aumentar as posições."
Para Paulo Vieira da Cunha, diretor de pesquisa do ICE Canyon, fundo de Los Angeles especializado em emergentes e ex-diretor do Banco Central, é cedo para falar em uma crise na Rússia na intensidade vista em 1998.
A forte queda do preço do petróleo afeta principalmente os países com a economia atrelada à commodity. A perspectiva, segundo Cunha, é que depois de um forte ajuste, o preço do óleo se estabilize a partir do segundo semestre de 2015. "O que acontece é que em momentos de maior volatilidade e queda abrupta do preço do petróleo, as moedas de países considerados mais vulneráveis, muito dependentes de financiamento externo, sofram mais como Turquia, Indonésia e África do Sul."
Apesar de não sofrerem com tensões do lado geopolítico, moedas de países como Colômbia, México, Malásia e Venezuela, também grandes exportadores de petróleo, evidenciam algum nível de vulnerabilidade devido à exposição das receitas fiscais aos preços do petróleo.




http://www.valor.com.br/financas/3826362/crise-na-russia-balanca-emergentes

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014


15/12/2014
Cantareira volta a cair e Sabesp não informa
dados sobre Alto Tietê
O sistema Cantareira voltou a registrar queda nesta segunda-feira (15). De acordo com dados da Sabesp, a companhia de saneamento de São Paulo, o reservatório opera com apenas 7,2% de sua capacidade. Ontem (14), era 7,3%. Já o Guarapiranga caiu de 44,8% para 35,8% de domingo para segunda.
No balanço divulgado diariamente pela Sabesp, o sistema Alto Tietê aparece sem indicação da quantidade de chuva e da capacidade do reservatório. Procurada, a Sabesp informou que não tem como passar essa informação por conta de "problemas técnicos" e que os dados estarão disponíveis somente no final do dia.

A Sabesp informou no domingo (14) que obteve autorização do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo) para "captar mais 39,46 milhões de metros cúbicos da represa Ponte Nova, representando mais 6,6% ao volume útil. Esse acréscimo de volume não necessita de bombeamento, sendo possível a retirada através da descarga normal", disse a estatal. No domingo, o sistema operava com 4,1% e, como o volume adicional, estava com 10,7%. Os dados desta segunda-feira ainda não foram divulgados.

O reservatório Alto Tietê, que abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da Grande São Paulo, está em uma situação crítica. De acordo com especialistas, o Alto Tietê depende de chuva intensa nas próximas semanas para não entrar em colapso em janeiro, antes mesmo do Cantareira.

A Sabesp diz que foi realizada uma batimetria (medição da profundidade) que permitiu ajustar a capacidade do Alto Tietê aproveitando a estrutura existente. Afirma ainda que bastou, para isso, a autorização do DAEE, sem ser preciso aval de órgãos federais, como a ANA (Agência Nacional de Águas).

Roberto Kachel, engenheiro especialista em hidrologia e membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, diz estranhar a utilização desse volume morto pela Sabesp sem a realização de nenhum tipo de obra.

Para ele, um ajuste feito só a partir da batimetria indicaria um erro grosseiro de cálculo sobre a real capacidade do reservatório até então. "Não é possível um erro dessa ordem. Errar meio metro na batimetria é um absurdo em termo de engenharia. Isso seria uns quatro a cinco metros de erro de batimetria. Se fosse meu aluno, faria dependência por no mínimo três anos. É algo absolutamente impossível", diz Kachel, professor da Universidade de Mogi das Cruzes.

Antonio Carlos Zuffo, professor da Unicamp, afirma que, diante do atual quadro, a Sabesp irá captar a "água que tiver".



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15/12/2014

Inflação do varejo no IGP-10 foi a mais intensa em 11 anos, diz FGV


Por Alessandra Saraiva

Pressionada por serviços ainda em alta e reajustes em preços administrados, a inflação do varejo em 2014 no âmbito do Índice Geral de Preços -10 (IGP-10) foi a mais forte em 11 anos. O alerta partiu do Superintendente Adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros.
Ele considerou que o resultado anual do IGP-10 de 2014, anunciado nesta segunda-feira e que mostrou alta de 3,88% no ano — a menor desde 2009 —, corrobora previsões anteriores, de que a família dos Índices Gerais de Preços (IGPs) terminarão o ano com taxas anuais abaixo de 4%, menores do que as de 2013, quando terminaram o ano com resultados acima de 5%. Mas frisou que a evolução de preços varejistas inspira cuidados, principalmente a persistência na inflação de serviços — que deve encerrar 2014 em torno de 8,5%.
Isso, na prática, é prejudicial para o contexto inflacionário de 2015, visto que esse segmento mostra persistência de aumento de preços que não está diminuindo ritmo de avanço, com o passar do tempo, admitiu o técnico.
O economista detalhou que, em 2014, o Índice de Preços ao Consumidor 10 (IPC-10) terminou o ano com alta de 6,64%, acima de 2013 (5,47%); e a mais elevada taxa desde 2003 (9,86%). A inflação do varejo foi pressionada por energia elétrica mais cara em 2014 — um item que, no ano passado, passou por redução de tarifa; mas voltou a subir esse ano, comentou ele.
Porém, uma das classes de despesa que mais contribuiu para esse resultado foi Educação, Leitura e Recreação que mostrou inflação de 8,72% em 2014, acima de 2013 (7,09%). “Entre as oito classes de despesa usadas para cálculo do IPC-10, essa é a que possui maior concentração de preços de serviços”, lembrou o técnico, considerando que a atividade de serviços há anos mostra desempenho anual acima de 8%, no âmbito dos IGPs — e 2014 não será diferente.
Outro aspecto que contribuiu foi a inflação dos alimentos. Embora tenha finalizado o ano com alta de 7,95%, menos intensa do que a de 2013 (9,28%), não significa que sua influência foi inócua na formação da inflação do varejo em 2014, salientou o especialista.
Esse comportamento de varejo com preços em alta com certeza será notado no resultado anual do IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo] em 2014”, disse o especialista, citando o indicador oficial do governo, usado para cálculo de meta inflacionária, e que será anunciado em janeiro de 2015.
A trajetória de preços do varejo em 2014, que representam 30% dos IGPs, foi bem diferente da observada pelos preços atacadistas, que têm fatia de 60% nos resultados totais dos indicadores. A inflação do atacado subiu 2,51% esse ano, menos da metade da registrada em 2013 (4,97%), devido a um comportamento mais favorável nos preços das commodities, principalmente minério de ferro – cujo preço caiu 36,22% em 2014, ante 2013, no âmbito do IGP-10.
Ao comentar a evolução mensal do indicador, Quadros explicou que a aceleração na taxa, de novembro para dezembro (de 0,82% para 0,98%), foi causada por repasses de aumentos em matérias-primas brutas, ocorridos em novembro, em produtos finais tanto no atacado quanto no varejo. O impacto do reajuste de gasolina, em novembro, também pressionou a taxa mensal do índice, acrescentou ele. “Mas esperamos uma desaceleração [do IGP-10] em janeiro, em comparação com dezembro”, disse, considerando que a influência do reajuste não deve ser mais percebida no primeiro IGP-10 mensal de 2015.



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Shopping Conquista Sul: 600 mil consumidores são aguardados neste final de ano

Foto: Blog do Anderson
Com expediente especial, a expectativa é de um aumento entre 12% e 14% nas vendas no Shopping Conquista Sul, em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo Cézar Zolim, superintendente do Shopping, até o final de dezembro são esperados 600 mil consumidores. “Tudo isso se deve ao incremento de renda das pessoas através das parcelas de 13º salário, mas também ao o Shopping Conquista Sul e as lojas estarem em uma promoção que sorteará um carro para cada R$ 100 em compras. Basta reunir os tickets de varias lojas e concorrer a um Etios”, disse Zolim.


http://www.blogdoanderson.com/2014/12/15/shopping-conquista-sul-600-mil-consumidores-sao-aguardados-nesge-final-de-ano/

Indústria japonesa está mais cautelosa quanto ao futuro, mostra tankan

Tomohiro Ohsumi/Bloomberg
TÓQUIO  -  Os industriais japoneses estão se tornando mais cautelosos sobre o futuro, apesar da queda dos preços do petróleo e de outros fatores favoráveis, mostra a pesquisa tankan, do Banco do Japão (BoJ), divulgada nesta segunda-feira, um lembrete oportuno do frágil estado da economia para o primeiro-ministro Shinzo Abe, um dia depois de sua decisiva vitória na eleição parlamentar.
O sentimento entre os grandes fabricantes manteve praticamente otimista sobre as condições econômicas atuais e as projeções de gastos de capital e os lucros das empresas para o ano corrente permaneceram robustas.
Mas qualquer ascensão no humor das empresas do Japão a partir das medidas adicionais de flexibilização do BoJ, um iene mais fraco e os preços de combustível mais baixos parece ter sido anulada pela preocupação com a orientação futura da economia, enquanto elas se esforçam para superar uma depressão induzida pela crise fiscal.
A sondagem trimestral tankan do Banco do Japão, realizada junto a mais de 10 mil empresas, mostrou que o índice que mede o humor de grandes fabricantes foi a +12, um ponto abaixo do levantamento anterior, de setembro. O valor é calculado subtraindo-se o percentual de entrevistados dizendo que as condições de negócio são ruins daqueles dizendo que eles são bons. O resultado foi um pouco menor do que a previsão média de +13 feita por 16 economistas consultados pelo “The Wall Street Journal”. A pesquisa demonstrou que os números para março devem cair para +9.
A tankan segue uma série de indicadores que sugerem que a terceira maior economia do mundo não está ainda fora de perigo depois que um aumento do imposto nacional sobre vendas em abril provocou uma recessão por minar os gastos dos consumidores. A queda do Japão coincide com uma desaceleração na Europa e na China, colocando sobre os EUA a maior parte do ônus para impulsionar o crescimento global. Os preços do petróleo mais barato, a decisão de Abe de suspender o aperto fiscal e a surpreendente decisão do BoJ de expandir suas medidas de estímulo ainda não demonstraram qualquer efeito perceptível sobre o sentimento do japonês.
A grande queda na moeda japonesa provocada pela flexibilização monetária adicional do BoJ em outubr o beneficiou os exportadores, através do aumento do valor de ienes de seus lucros no exterior. Mas isso tem gerado preocupação de que podem afetar negativamente as empresas não-manufatureiras e as menores, que dependem mais de vendas no mercado interno, elevando os preços das importações de que necessitam.
Apesar dessas preocupações, o índice para grandes não-fabricantes inesperadamente subiu três pontos, para +16. Economistas esperavam +12.
As grandes empresas revisaram para cima seus planos de investimento de capital para o ano até março para um aumento de 8,9%, ante a projeção anterior de crescimento de 8,6%, em um sinal encorajador de que as empresas estão dispostas a aumentar seus investimentos no atual clima econômico.
O comportamento empresarial detém a chave para o sucesso das estratégias de crescimento do plano Abenomics, que visam acabar com anos de deflação e gerar inflação sustentável de 2%. Abe está levando as empresas a utilizar melhor seus crescentes ganhos e o enorme estoque de dinheiro em outros lugares, como o aumento dos salários e mais investimentos.
(Dow Jones Newswires )

http://www.valor.com.br/internacional/3822516/industria-japonesa-esta-mais-cautelosa-quanto-ao-futuro-mostra-tankan

Nada será como antes, amanhã...

Nesse quadro de instabilidade, não há espaço para vacilos esquerdistas e voluntaristas, considerando uma correlação de forças desfavorável.



Carlos Ocké (*)
Agência Brasil


Apesar do aumento da taxa de juros, Dilma não capitulou, tampouco está paralisada.

Joaquim Levy não será o Czar da economia e além da aplicação de medidas econômicas anticíclicas, como injetar R$ 30 bilhões no BNDES e reduzir os encargos financeiros da dívida dos estados e dos municípios, uma das suas primeiras iniciativas foi sentar com as centrais sindicais para definir uma pauta de negociação entre o governo e os trabalhadores.

Agora, considerando que se trata de um governo em disputa, o bloco histórico progressista deve construir os pressupostos econômicos, políticos e ideológicos para abrir um novo ciclo de desenvolvimento e para criar janelas de oportunidade no quadro das transformações que ocorrem no mundo.

Para unificar e para combinar as ações deste bloco no Estado e na sociedade, precisamos avançar nos planos teórico e estratégico em direção ao alargamento da democracia, à redução da desigualdade, à superação da dependência e à afirmação da ética pública, bem como precisamos enfrentar quatro grandes desafios no plano tático:

(i) derrotar a tentativa de impeachment articulada pela oposição no contexto das denúncias seletivas da operação lava jato;

(ii) consolidar uma frente ampla política e eleitoral, ensaiada no segundo turno das eleições presidenciais, para lutar pela reforma política que vete o financiamento empresarial de campanha e pela democratização da mídia;

(iii) superar o reducionismo do tripé macroeconômico (sistema de meta de inflação, superávit primário e câmbio flutuante);

(iv) abrir um novo ciclo de desenvolvimento assentado no pré-sal, na industrialização, no dinamismo do mercado interno e externo, na universalização das políticas sociais e na sustentabilidade ambiental.

Seu objetivo central deve ser a melhoria da qualidade de vida material e cultural da juventude, dos trabalhadores e dos cidadãos brasileiros.

Primeira análise

O governo Dilma continua em disputa.

Com toda energia, devemos criar uma frente ampla política e eleitoral para construir pressupostos que permitam o governo abrir um novo ciclo de desenvolvimento.

O PT, os partidos do campo democrático, popular e socialista, os setores progressistas do PMDB, do PSB e do PROS, as centrais sindicais, os movimentos sociais e as universidades têm uma responsabilidade gigantesca na atual conjuntura histórica.

A frente tem a dupla tarefa de sustentar o governo contra a direita e de pressionar o governo para avançar à esquerda, mas as condições são muito piores do que há 12 anos.

Por exemplo, a diferença eleitoral em favor do PT nas eleições presidenciais caiu de 22% dos votos validos em 2002 para 3,3% em 2014 e as bancadas sindical e social perderam 50% de seus parlamentares.

Dilma precisa de apoio popular em torno da reforma política e da democratização da mídia para enfrentar as contradições da sociedade brasileira – a reforma agrária, a reforma urbana e a melhoria da mobilidade urbana estão na boca do povo –, mas esse congresso é o mais conservador desde a redemocratização.

Dada essa correlação de forças no Estado, ela precisa mediar na economia para garantir a governabilidade, mas isso não significa que ela adotou o programa econômico recessivo dos tucanos.

O novo ministro da fazenda sinalizou que a meta do superávit primário será de 1,2% do PIB em 2015, o menor dos últimos 17 anos. Ou seja, o ajuste fiscal será feito de forma gradual para preservar os avanços sociais dos últimos 12 anos.

Além do mais, com a desnacionalização da economia promovida pelo PSDB entre 1994 e 2002, as restrições internacionais passaram a constranger o espaço para as políticas redistributivas e para ampliação do mercado interno, tornando necessária a aprovação de medidas anticíclicas – como a flexibilização da meta do superávit em 2014 – para garantir o emprego, manter o salário e fomentar o investimento em infraestrutura.

Um ajuste fiscal moderado e a aprovação de pontos da reforma tributária serão insuficientes para atender as reivindicações da nossa base social, mas podem acelerar a retomada do crescimento e sustentar a âncora salarial, caso não se perca de vista a redução do estoque da dívida pública e o alongamento de seus encargos financeiros para sedimentar o caminho da universalização das políticas sociais.

A construção de uma frente ampla política e eleitoral

Na atual conjuntura, devemos combinar uma tática defensiva no Estado (economia) com uma estratégia contraofensiva na sociedade (política, ideológica e organizativa).

Com apoio da mídia, os conservadores cresceram nas últimas eleições e produziram uma direita avessa ao jogo democrático. Ora a oposição assopra, pressionando Dilma para aplicar o programa dos tucanos, ora a oposição morde, apostando no impeachment e na destruição do PT.

Nesse quadro de instabilidade, não há espaço para vacilos esquerdistas e voluntaristas, considerando uma correlação de forças desfavorável no Estado e as debilidades da esquerda, dos setores populares e do próprio projeto socialista na sociedade.

Podemos resistir à ofensiva udenista e suas ameaças de blackout. Podemos mudar esse quadro e fazer um governo reformista, mas Dilma, Lula e o PT não fecharam seus olhos para essa fragilidade no campo institucional.

Com base no programa disputado nas urnas, procuram fortalecer a aliança com o PMDB, refrear o centro e dividir a direita e a própria reforma ministerial levará em conta a necessidade de realizar um presidencialismo de coalizão pressionado e chantageado por um congresso fisiológico.

Do lado da frente, o pulo do gato é compreender que a capacidade de negar e de superar a tática defensiva no campo econômico dentro do Estado reside na sustentação e na pressão dos partidos, das burocracias, das centrais sindicais, dos movimentos sociais e dos estudantes alinhados ao campo democrático, popular e socialista.

Do lado do Estado, o problema é compreender que, a depender do tamanho do aperto monetário e do ajuste fiscal diante da pressão do capital financeiro nacional e internacional, a estratégia contraofensiva política, ideológica e organizativa dos setores progressistas pode se desmobilizar, minando sua governabilidade popular, bem como sua margem de manobra para criar um novo ciclo de desenvolvimento.

O PT tem a responsabilidade de fazer essa mediação, cumprindo um papel importante nas negociações da frente ampla com o governo Dilma. No seu V Congresso, o próprio partido deve fazer um balanço da sua crise de hegemonia, em sentido democrático e socialista, para debater o “reformismo fraco” do lulismo e fazer uma autocrítica de seus erros nos últimos 12 anos. Se necessário deve promover mudanças substantivas em sua direção política e no tipo de construção e organização partidárias para combater o antipetismo no parlamento, na rua e na internet.

O momento é histórico e exige grandeza e unidade para atrair a base aliada à Marina Silva e os descontentes com o sistema de representação política do campo da esquerda. Para contrabalançar a correlação de forças, será decisiva a consolidação desta frente em torno da reforma política e da democratização da mídia, fortalecendo a capacidade política e ideológica do governo para abrir um novo ciclo de desenvolvimento.

Diferenças existem e devem ser demarcadas e respeitadas, sem sectarismo dentro da frente e em sua relação com o governo. Será um processo cheio de lutas, tensões e negociações, contudo a frente política progressista tem a dupla tarefa de sustentar o governo contra a direita e de pressioná-lo no avanço à esquerda, apostando na organização, conscientização e mobilização da juventude, dos trabalhadores e dos cidadãos, ora mediando, ora avançando no curso da luta de classes e da disputa de hegemonia, dentro e fora do Estado.

Tripé macroeconômico superado: um novo ciclo de desenvolvimento

No campo socialista, somos críticos ao estalinismo e ao social-liberalismo – esse último apoiado na macroeconomia do “socialismo neoliberal” dos anos 80/90.

Diante da crise internacional, o recuo social-liberal na política econômica (Estado) não deve impedir que o bloco histórico progressista (sociedade) debata os erros e os acertos do neodesenvolvimentismo petista, bem como discuta a necessidade de negação e de superação do tripé macroeconômico (meta de inflação, superávit primário e câmbio flutuante) como pré-condição para o governo abrir um novo ciclo de desenvolvimento.

Dos 46 bancos centrais que estabeleceram metas de inflação, 30 estão abaixo da meta, preocupados agora com os efeitos devastadores da deflação na Europa. O consenso dos analistas, não necessariamente de esquerda, é que a zona do euro precisa reestruturar a dívida para ampliar os investimentos públicos, renegociando o principal e os períodos de carência, reescalonando os encargos financeiros e, se constatada irregularidades, anulando parcialmente a dívida.

No Brasil, aplicar um ajuste fiscal gradual para reduzir inflação a fim de baixar juros e tornar o câmbio competitivo deve, também, pressupor a redução e o alongamento do estoque da dívida pública no longo prazo. O próprio FHC, em entrevista concedida à revista Primeira Leitura, em julho 2004, defendia que o Brasil lidasse com a dívida interna de outra maneira.

Como nos ensinou Kalecki, sozinhos, dificilmente os capitalistas garantirão o pleno emprego no longo prazo. Hoje, sem dúvida a retomada do crescimento depende da ampliação do investimento privado e público, sendo decisiva a ação dos governos, bancos públicos e fundos de pensão institucionais, para permitir o reposicionamento da indústria nas cadeias globais do mercado externo e para reduzir o déficit da balança de pagamentos.

De qualquer forma, esse exame precisa ser aprofundado por todos os aliados do governo Dilma, pois a crítica ao tripé macroeconômico poderá ter desdobramentos teóricos e estratégicos significativos para criação de um novo ciclo de desenvolvimento assentado no pré-sal, na industrialização, no dinamismo do mercado interno e externo, na universalização das políticas sociais e na sustentabilidade ambiental.

Nesse sentido, uma opção seria atualizar e adaptar o modelo sueco de pleno emprego, considerado um paradigma para os críticos da experiência soviética (estalinista) e estadunidense (liberal); outra opção seria olhar para a própria experiência da esquerda latino-americana reformista e revolucionária.

Mas seja no modelo keynesiano, seja no modelo de capitalismo de Estado, uma vez fortalecido o padrão de financiamento público e a formação bruta de capital fixo, a âncora salarial (carteira assinada, renda e crédito no mercado interno) e os direitos sociais serão duas pedras fundamentais para arquitetura desse novo ciclo de desenvolvimento.

Em particular, a universalização das políticas sociais tem um potencial transformador civilizatório nos países da periferia capitalista. Em nosso caso, a depender da sua extensão e da sua profundidade, pode permitir com mais rapidez a consolidação da posição política da frente ampla progressista no Estado em várias dimensões, a saber: construir uma ética pública e solidária na sociedade; desprivatizar o Estado, democratizando o acesso ao fundo público; atacar a pobreza, a desigualdade, os baixos níveis educacionais e culturais e a violência social nas metrópoles; produzir renda, produto, emprego e inovação tecnológica; aumentar a produtividade da força de trabalho e reduzir o índice de inflação do setor de serviços.

Sinônimo de democracia e de uma “economia de mercado socialmente regulada” (termo cunhado pela socialdemocracia alemã antes da ascensão do nazismo), esse ciclo pode garantir crescimento econômico, sem descuidar da soberania brasileira na nova geopolítica mundial, visando à melhoria da qualidade de vida material e cultural da juventude, dos trabalhadores e dos cidadãos brasileiros.

Nada será como antes para a esquerda brasileira, que deve repensar suas divisões e seus romantismos, na crítica dialética do seu “horizonte de expectativa”. A vitória de Dilma foi uma vitória contra o retrocesso, saudada em toda América Latina. Se quisermos avançar, unidade é a palavra-chave para superar a tática defensiva no Estado (economia) e para avançar concretamente na estratégia contraofensiva na sociedade (política, ideológica e organizativa), fortalecendo o governo em sua promessa de mudar para melhor a qualidade de vida dos brasileiros.


(*) Carlos Ocké é economista e membro do conselho consultivo do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes).
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Nada-sera-como-antes-amanha-/4/32441

Silêncio dos militares traz dúvidas sobre volta da ditadura, diz Dallari



O coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro Dallari, criticou ontem o silêncio das Forças Armadas sobre o relatório entregue pelo grupo à presidente Dilma Rousseff na quarta-feira e disse que é preciso reconhecer a responsabilidade pelos crimes cometidos durante o regime militar (1964-1985). Para Dallari, a atitude dos militares gera insegurança na sociedade e traz dúvidas sobre a volta da ditadura no país.

 
No relatório da CNV, a comissão pede a punição de 377 agentes públicos por violação dos direitos humanos durante o período militar, entre eles cinco generais que presidiram o Brasil.
"As Forças Armadas precisam reconhecer a sua responsabilidade institucional, pelo bem da reconciliação nacional", afirmou Dallari. "É necessário que as Forças Armadas se posicionem em relação a isso. O silêncio poderá passar a impressão de que as Forças Armadas ainda estão de acordo com o que foi feito no passado e poderiam especular com a possibilidade de voltar a fazer no futuro", afirmou. Dallari participou ontem de uma audiência pública no Senado, na Subcomissão Permanente da Memória, Verdade e Justiça, para debater o relatório.
O coordenador da CNV disse que a democracia brasileira precisa ter "absoluta segurança" de que as atrocidades ocorridas na ditadura nunca mais voltem a acontecer. E para isso, insistiu, é preciso que os militares reconheçam as violações cometidas no regime militar.
Dallari disse que as Forças Armadas têm recebido apoio do parlamento e da sociedade brasileira e citou como exemplo a aprovação do Orçamento com recursos para a compra dos jatos suecos Gripen. "Esse gesto de apoio não está sendo retribuído. A reconciliação nacional só virá com esse reconhecimento".
Em audiência na Câmara também para debater o tema, o coordenador do projeto Direito à Memória e à Verdade da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Gilney Viana, disse que "com o relatório o Estado brasileiro diz: tortura nunca mais, ditadura nunca mais".

http://www.valor.com.br/politica/3814384/silencio-dos-militares-traz-duvidas-sobre-volta-da-ditadura-diz-dallari