Índice
de riqueza inclusiva diz que Brasil cresceu só 2% em duas
décadas
Crescimento
do PIB no período de 1992 a 2010 foi de 40%. Além da produção de
riqueza, cálculo alternativo considera também os capitais natural e
humano de um paíspor
Deutsche
Welle —
publicado 11/12/2014 09:21, última modificação 11/12/2014 09:22
O
Brasil cresceu apenas 2% entre 1992 e 2010, segundo o Índice de
Riqueza Inclusiva (Inclusive
Wealth Index ou
IWR), medido pelo Instituto Mahatma Gandhi de Educação para Paz e
Desenvolvimento Sustentável, ligado à Unesco. Na medição do
Produto Interno Bruto (PIB), a alta foi de 40%.
O
relatório divulgado nesta quarta-feira 10, na Índia, leva em conta
não apenas o crescimento da economia, como faz a medição do PIB,
mas também o que chama de capital humano (nível de educação e
formação da mão de obra) e capital natural (florestas e recursos
naturais, por exemplo).
O
índice foi criado em 2012 como uma alternativa ao Produto Interno
Bruto e é calculado para 140 países. No cálculo final, o capital
humano representa 23% do total, e o capital natural, 57%.
Segundo
Lígia Costa, professora do Departamento de Fundamentos Sociais e
Jurídicos da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP, o
índice mede de uma forma muito mais eficiente a qualidade de vida da
população dos países analisados. "O PIB não mostra nenhum
tipo de melhoria na qualidade de vida e é muito limitado",
avalia.
No
período analisado, a riqueza global inclusiva cresceu apenas 6%,
considerando alterações no capital humano, no capital natural e no
capital produzido, os três pilares da avaliação do IWR. A alta do
PIB, que leva em conta apenas o desempenho econômico, foi de 50% em
uma escala global.
Costa,
que é uma das colaboradoras do estudo, considera que o
desenvolvimento econômico e sustentável não pode se basear só no
PIB. "Apenas considerando o PIB, o Brasil chegou a ser a sexta
economia do mundo, passando a Inglaterra, mesmo sem os investimentos
necessários em educação e saúde", pontua.
De
acordo com o relatório, 42 países que tiveram resultado positivo do
PIB apresentaram desempenho negativo no índice medido pela Unesco,
como Indonésia, Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Venezuela. O
mau desempenho da economia, apesar dos ganhos de capital, se explica
pelo níveis negativos de capital humano (educação, principalmente)
e pelas perdas de recursos naturais.
Segundo
o estudo, o aumento populacional e a escassez de recursos naturais
influenciaram negativamente o crescimento da riqueza mundial. O
documento destaca que o Brasil tem a segunda maior cobertura vegetal
do mundo, com 56% do território cobertos por florestas, mas foi um
dos países que mais perdeu capital natural, assim como Nigéria e
Indonésia.
Para
Partha Dasgupta, uma das responsáveis pelo Índice de Riqueza
Inclusiva, o crescimento da economia global é "anêmico".
Enquanto a economia da China teve um avanço de 523% entre 1992 e
2010, a riqueza inclusiva do país cresceu 47%.
"Esse
relatório desafia a perspectiva restrita que é dada pelo PIB",
afirmou Dasgupta. "Isso ressalta a necessidade de integrar a
sustentabilidade à avaliação econômica e ao planejamento de
políticas."
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