Ao anunciar demissão, Hage diz que cumpriu seu dever
Após
colocar o cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff, como
outros ministros, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU),
Jorge Hage, disse que não quer continuar no próximo mandato da
petista. "Minha pretensão é não ter minha nomeação
renovada. Estou pedindo demissão. Já cumpri meu dever. São 12 anos
na Controladoria. Nove deles como ministro. Acho que já dei minha
contribuição. Está na hora de descansar", declarou em evento
de comemoração do Dia Internacional contra a Corrupção, frisando
que a carta foi entregue em novembro.
Questionado se o secretário-executivo da
Casa-Civil, Valdir Simão, vai assumir o cargo de ministro da CGU no
próximo governo, como o apontado em reportagens da imprensa, ele
respondeu: "Não sei".
Hage confirmou também que um grupo de trabalho
entre "órgãos públicos repressores" - Advocacia-Geral da
União (AGU), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade),
Ministério Público Federal (MPF) e a própria CGU - vai mediar
acordos de empresas investigadas na operação Lava-Jato da Polícia
Federal (PF).
"Eu tenho, sim, notícia do entendimento que
se busca entre os órgãos públicos repressores [...] no sentido de
articularem suas ações de modo a que a empresa que eventualmente
venha ter interesse em propor um acordo de delação premiada ou
acordo de leniência possa saber se ela, acordando com um órgão,
não será punida pelo outro", informou.
Ele lembrou que a CGU abriu cerca de 20 processos
contra diretores, ex-dirigentes e empregados da Petrobras, além de
ações contra nove empresas supostamente envolvidas no esquema de
corrupção.
Questionado se o órgão de fiscalização vai
abrir algum processo contra a Odebrecht, Hage disse que, até o
momento, não há informações suficientes para fazer isso,
destacando que nenhum dirigente da empresa chegou a ser preso pela
PF. "No momento em que isso [provas] vier, sem dúvida nenhuma o
caminho será o mesmo", completou.
Hage também já pediu, na semana passada, ao juiz
federal Sergio Moro, que comanda a investigação do caso em
Curitiba, acesso à planilha com cerca de 750 obras supostamente
envolvidas no esquema de desvio de dinheiro público. Segundo ele,
esses projetos não são apenas federais, pois há empreendimentos
estaduais e até estrangeiros. "Tenho certeza que ele [Moro] vai
nos compartilhar essa prova", afirmou.
Para o ministro, as obras supostamente irregulares
não serão paralisadas. "As penas da lei prevê não implicam
necessariamente na interrupção de obras que estão em andamento.
Implicam no impedimento de licitar ou contratar novas obras. [...] É
possível continuar o contrato? Entendemos que sim. Desde que sejam
expurgadas as todas as gorduras que é de onde vem a propina",
opinou.
O escândalo revelado pela Operação Lava-Jato
talvez seja o maior caso de corrupção da história do país, na
avaliação do subprocurador-geral da República Nicolau Dino, que
também discursou no evento.
Mas, segundo ele, as instituições estão atuando
com o rigor necessário para que "esse escândalo possa ser
submetido a julgamento com punição e condenação de todos os
responsáveis desse escândalo que, certamente, sem exagerou, é um
dos maiores casos de corrupção da história brasileira".
Corrupção é algo complexo e multifacetado, que
"compromete o desenvolvimento social e econômico [...] e
pode-se dizer, sem nenhum medo ou exagero, a corrupção mata"
e, para combatê-la, é necessário que "haja grande aliança de
instituições", disse ele, ao lado do ministro Hage.
O dia internacional
contra a corrupção é hoje, mas o evento de ontem, em Brasília,
serviu para abrir uma série de atividades sobre o tema a serem
realizadas pelo governo.
http://www.valor.com.br/politica/3809082/ao-anunciar-demissao-hage-diz-que-cumpriu-seu-dever
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