quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


Ao anunciar demissão, Hage diz que cumpriu seu dever



Após colocar o cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff, como outros ministros, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, disse que não quer continuar no próximo mandato da petista. "Minha pretensão é não ter minha nomeação renovada. Estou pedindo demissão. Já cumpri meu dever. São 12 anos na Controladoria. Nove deles como ministro. Acho que já dei minha contribuição. Está na hora de descansar", declarou em evento de comemoração do Dia Internacional contra a Corrupção, frisando que a carta foi entregue em novembro.
Questionado se o secretário-executivo da Casa-Civil, Valdir Simão, vai assumir o cargo de ministro da CGU no próximo governo, como o apontado em reportagens da imprensa, ele respondeu: "Não sei".
Hage confirmou também que um grupo de trabalho entre "órgãos públicos repressores" - Advocacia-Geral da União (AGU), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Ministério Público Federal (MPF) e a própria CGU - vai mediar acordos de empresas investigadas na operação Lava-Jato da Polícia Federal (PF).
"Eu tenho, sim, notícia do entendimento que se busca entre os órgãos públicos repressores [...] no sentido de articularem suas ações de modo a que a empresa que eventualmente venha ter interesse em propor um acordo de delação premiada ou acordo de leniência possa saber se ela, acordando com um órgão, não será punida pelo outro", informou.
Ele lembrou que a CGU abriu cerca de 20 processos contra diretores, ex-dirigentes e empregados da Petrobras, além de ações contra nove empresas supostamente envolvidas no esquema de corrupção.
Questionado se o órgão de fiscalização vai abrir algum processo contra a Odebrecht, Hage disse que, até o momento, não há informações suficientes para fazer isso, destacando que nenhum dirigente da empresa chegou a ser preso pela PF. "No momento em que isso [provas] vier, sem dúvida nenhuma o caminho será o mesmo", completou.
Hage também já pediu, na semana passada, ao juiz federal Sergio Moro, que comanda a investigação do caso em Curitiba, acesso à planilha com cerca de 750 obras supostamente envolvidas no esquema de desvio de dinheiro público. Segundo ele, esses projetos não são apenas federais, pois há empreendimentos estaduais e até estrangeiros. "Tenho certeza que ele [Moro] vai nos compartilhar essa prova", afirmou.
Para o ministro, as obras supostamente irregulares não serão paralisadas. "As penas da lei prevê não implicam necessariamente na interrupção de obras que estão em andamento. Implicam no impedimento de licitar ou contratar novas obras. [...] É possível continuar o contrato? Entendemos que sim. Desde que sejam expurgadas as todas as gorduras que é de onde vem a propina", opinou.
O escândalo revelado pela Operação Lava-Jato talvez seja o maior caso de corrupção da história do país, na avaliação do subprocurador-geral da República Nicolau Dino, que também discursou no evento.
Mas, segundo ele, as instituições estão atuando com o rigor necessário para que "esse escândalo possa ser submetido a julgamento com punição e condenação de todos os responsáveis desse escândalo que, certamente, sem exagerou, é um dos maiores casos de corrupção da história brasileira".
Corrupção é algo complexo e multifacetado, que "compromete o desenvolvimento social e econômico [...] e pode-se dizer, sem nenhum medo ou exagero, a corrupção mata" e, para combatê-la, é necessário que "haja grande aliança de instituições", disse ele, ao lado do ministro Hage.
O dia internacional contra a corrupção é hoje, mas o evento de ontem, em Brasília, serviu para abrir uma série de atividades sobre o tema a serem realizadas pelo governo.
http://www.valor.com.br/politica/3809082/ao-anunciar-demissao-hage-diz-que-cumpriu-seu-dever

Nenhum comentário:

Postar um comentário