segunda-feira, 15 de dezembro de 2014


Indústria japonesa está mais cautelosa quanto ao futuro, mostra tankan

Tomohiro Ohsumi/Bloomberg
TÓQUIO  -  Os industriais japoneses estão se tornando mais cautelosos sobre o futuro, apesar da queda dos preços do petróleo e de outros fatores favoráveis, mostra a pesquisa tankan, do Banco do Japão (BoJ), divulgada nesta segunda-feira, um lembrete oportuno do frágil estado da economia para o primeiro-ministro Shinzo Abe, um dia depois de sua decisiva vitória na eleição parlamentar.
O sentimento entre os grandes fabricantes manteve praticamente otimista sobre as condições econômicas atuais e as projeções de gastos de capital e os lucros das empresas para o ano corrente permaneceram robustas.
Mas qualquer ascensão no humor das empresas do Japão a partir das medidas adicionais de flexibilização do BoJ, um iene mais fraco e os preços de combustível mais baixos parece ter sido anulada pela preocupação com a orientação futura da economia, enquanto elas se esforçam para superar uma depressão induzida pela crise fiscal.
A sondagem trimestral tankan do Banco do Japão, realizada junto a mais de 10 mil empresas, mostrou que o índice que mede o humor de grandes fabricantes foi a +12, um ponto abaixo do levantamento anterior, de setembro. O valor é calculado subtraindo-se o percentual de entrevistados dizendo que as condições de negócio são ruins daqueles dizendo que eles são bons. O resultado foi um pouco menor do que a previsão média de +13 feita por 16 economistas consultados pelo “The Wall Street Journal”. A pesquisa demonstrou que os números para março devem cair para +9.
A tankan segue uma série de indicadores que sugerem que a terceira maior economia do mundo não está ainda fora de perigo depois que um aumento do imposto nacional sobre vendas em abril provocou uma recessão por minar os gastos dos consumidores. A queda do Japão coincide com uma desaceleração na Europa e na China, colocando sobre os EUA a maior parte do ônus para impulsionar o crescimento global. Os preços do petróleo mais barato, a decisão de Abe de suspender o aperto fiscal e a surpreendente decisão do BoJ de expandir suas medidas de estímulo ainda não demonstraram qualquer efeito perceptível sobre o sentimento do japonês.
A grande queda na moeda japonesa provocada pela flexibilização monetária adicional do BoJ em outubr o beneficiou os exportadores, através do aumento do valor de ienes de seus lucros no exterior. Mas isso tem gerado preocupação de que podem afetar negativamente as empresas não-manufatureiras e as menores, que dependem mais de vendas no mercado interno, elevando os preços das importações de que necessitam.
Apesar dessas preocupações, o índice para grandes não-fabricantes inesperadamente subiu três pontos, para +16. Economistas esperavam +12.
As grandes empresas revisaram para cima seus planos de investimento de capital para o ano até março para um aumento de 8,9%, ante a projeção anterior de crescimento de 8,6%, em um sinal encorajador de que as empresas estão dispostas a aumentar seus investimentos no atual clima econômico.
O comportamento empresarial detém a chave para o sucesso das estratégias de crescimento do plano Abenomics, que visam acabar com anos de deflação e gerar inflação sustentável de 2%. Abe está levando as empresas a utilizar melhor seus crescentes ganhos e o enorme estoque de dinheiro em outros lugares, como o aumento dos salários e mais investimentos.
(Dow Jones Newswires )

http://www.valor.com.br/internacional/3822516/industria-japonesa-esta-mais-cautelosa-quanto-ao-futuro-mostra-tankan

Nenhum comentário:

Postar um comentário