segunda-feira, 15 de dezembro de 2014


15/12/2014

Inflação do varejo no IGP-10 foi a mais intensa em 11 anos, diz FGV


Por Alessandra Saraiva

Pressionada por serviços ainda em alta e reajustes em preços administrados, a inflação do varejo em 2014 no âmbito do Índice Geral de Preços -10 (IGP-10) foi a mais forte em 11 anos. O alerta partiu do Superintendente Adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros.
Ele considerou que o resultado anual do IGP-10 de 2014, anunciado nesta segunda-feira e que mostrou alta de 3,88% no ano — a menor desde 2009 —, corrobora previsões anteriores, de que a família dos Índices Gerais de Preços (IGPs) terminarão o ano com taxas anuais abaixo de 4%, menores do que as de 2013, quando terminaram o ano com resultados acima de 5%. Mas frisou que a evolução de preços varejistas inspira cuidados, principalmente a persistência na inflação de serviços — que deve encerrar 2014 em torno de 8,5%.
Isso, na prática, é prejudicial para o contexto inflacionário de 2015, visto que esse segmento mostra persistência de aumento de preços que não está diminuindo ritmo de avanço, com o passar do tempo, admitiu o técnico.
O economista detalhou que, em 2014, o Índice de Preços ao Consumidor 10 (IPC-10) terminou o ano com alta de 6,64%, acima de 2013 (5,47%); e a mais elevada taxa desde 2003 (9,86%). A inflação do varejo foi pressionada por energia elétrica mais cara em 2014 — um item que, no ano passado, passou por redução de tarifa; mas voltou a subir esse ano, comentou ele.
Porém, uma das classes de despesa que mais contribuiu para esse resultado foi Educação, Leitura e Recreação que mostrou inflação de 8,72% em 2014, acima de 2013 (7,09%). “Entre as oito classes de despesa usadas para cálculo do IPC-10, essa é a que possui maior concentração de preços de serviços”, lembrou o técnico, considerando que a atividade de serviços há anos mostra desempenho anual acima de 8%, no âmbito dos IGPs — e 2014 não será diferente.
Outro aspecto que contribuiu foi a inflação dos alimentos. Embora tenha finalizado o ano com alta de 7,95%, menos intensa do que a de 2013 (9,28%), não significa que sua influência foi inócua na formação da inflação do varejo em 2014, salientou o especialista.
Esse comportamento de varejo com preços em alta com certeza será notado no resultado anual do IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo] em 2014”, disse o especialista, citando o indicador oficial do governo, usado para cálculo de meta inflacionária, e que será anunciado em janeiro de 2015.
A trajetória de preços do varejo em 2014, que representam 30% dos IGPs, foi bem diferente da observada pelos preços atacadistas, que têm fatia de 60% nos resultados totais dos indicadores. A inflação do atacado subiu 2,51% esse ano, menos da metade da registrada em 2013 (4,97%), devido a um comportamento mais favorável nos preços das commodities, principalmente minério de ferro – cujo preço caiu 36,22% em 2014, ante 2013, no âmbito do IGP-10.
Ao comentar a evolução mensal do indicador, Quadros explicou que a aceleração na taxa, de novembro para dezembro (de 0,82% para 0,98%), foi causada por repasses de aumentos em matérias-primas brutas, ocorridos em novembro, em produtos finais tanto no atacado quanto no varejo. O impacto do reajuste de gasolina, em novembro, também pressionou a taxa mensal do índice, acrescentou ele. “Mas esperamos uma desaceleração [do IGP-10] em janeiro, em comparação com dezembro”, disse, considerando que a influência do reajuste não deve ser mais percebida no primeiro IGP-10 mensal de 2015.



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