Crise na Rússia balança emergentes
O agravamento da crise cambial na Rússia, que
levou o rublo a cair 12% ante o dólar ontem, contribuiu para piorar
o cenário para os mercados emergentes. A maioria das moedas tem
mostrado fortes perdas, diante da combinação de queda nos preços
das commodities, enfraquecimento da economia chinesa e expectativa de
alta de juros nos EUA. Com esse pano de fundo, o real fechou no menor
nível desde março de 2005, a R$ 2,7341 por dólar, e o mercado
futuro de juros chegou a embutir uma aceleração no ritmo de
elevação da Selic. O presidente do BC, Alexandre Tombini, por sua
vez, sinalizou a continuidade do programa de swaps cambiais.
Ainda é cedo para avaliar se a crise russa tem o
potencial de arrastar outros mercados. A percepção inicial é que o
contágio é limitado porque o mau humor vem de fatores muito
específicos: alta dependência de receitas do petróleo, tensão
política com o Ocidente que resultou em uma série de sanções,
além da desconfiança com a política local.
Outro fator que limitaria a extensão da crise a
outras economias é o fato de hoje as posições em câmbio estarem
menos alavancadas. Os investidores têm reduzindo a exposição a
moedas de emergentes desde o ano passado diante da perspectiva de
aumento dos juros nos EUA em 2015, diz Flavia Cattan-Naslausky,
estrategista de câmbio para América Latina do Royal Bank of
Scotland (RBS).
"Estamos vendo um 'sell-off' [venda
generalizada de ativos] controlado. O problema é que a liquidez nos
mercados está muito baixa, com os investidores adotando uma postura
mais cautelosa, evitando aumentar as posições."
Para Paulo Vieira da Cunha, diretor de pesquisa do
ICE Canyon, fundo de Los Angeles especializado em emergentes e
ex-diretor do Banco Central, é cedo para falar em uma crise na
Rússia na intensidade vista em 1998.
A forte queda do preço do petróleo afeta
principalmente os países com a economia atrelada à commodity. A
perspectiva, segundo Cunha, é que depois de um forte ajuste, o preço
do óleo se estabilize a partir do segundo semestre de 2015. "O
que acontece é que em momentos de maior volatilidade e queda abrupta
do preço do petróleo, as moedas de países considerados mais
vulneráveis, muito dependentes de financiamento externo, sofram mais
como Turquia, Indonésia e África do Sul."
Apesar de não sofrerem com tensões do lado
geopolítico, moedas de países como Colômbia, México, Malásia e
Venezuela, também grandes exportadores de petróleo, evidenciam
algum nível de vulnerabilidade devido à exposição das receitas
fiscais aos preços do petróleo.
http://www.valor.com.br/financas/3826362/crise-na-russia-balanca-emergentes
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