BC vê inflação elevada em 2015, mas indica 'parcimônia' na alta de juros
Inflação
deve ir para 4,5% só em 2016, avaliou instituição na ata do
Copom.
Avaliação de que o BC deve se manter 'especialmente
vigilante' foi mantida.
Alexandro
MartelloDo
G1, em Brasília
A
inflação tende a permanecer elevada em 2015, segundo o Banco
Central, mas deve entrar "em longo período de declínio".
A avaliação está na ata da reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) do BC, divulgada nesta quinta-feira (11). Na
reunião, realizada na semana passada, o BC
elevou para 11,75%
a
taxa básica de juros, a Selic.
O
Banco Central também avalia que a inflação só deve ir para 4,5%
(o valor central da meta do governo) em 2016.
"O
Copom destaca que, em momentos como o atual, a política monetária
[definição de juros para conter a inflação] deve se manter
especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis
elevados de inflação, como o observado nos últimos doze meses,
persistam no horizonte relevante para a política monetária [até o
fim de 2016]", informou o Banco Central, na ata do Copom.
Com
taxas maiores, a instituição busca reduzir o crédito disponível
e, assim, o dinheiro em circulação. Dessa forma, é possível
diminuir a quantidade de pessoas e empresas dispostas a consumir bens
e serviços, e, teoricamente, os preços tendem a cair ou parar de
subir.
No
documento, o BC indicou ainda que novas altas de juros devem ser
feitas como moderação: considerando os "efeitos cumulativos e
defasados da política monetária" [altas de juros já
implementadas até o momento], o "esforço adicional de política
monetária [próximos aumentos de juros] tende a ser implementado com
parcimônia".
PIB
patina, mas inflação segue alta
A aceleração do aumento de juros, conduzida na semana passada pelo Banco Central, aconteceu em um cenário de estagnação da economia brasileira, mas com inflação ainda resistente. O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas, avançou somente 0,2% de janeiro a setembro deste ano. No terceiro trimestre, a economia brasileira saiu da recessão técnica registrada na primeira metade do ano, mas com uma alta de somente 0,1% no PIB.
A aceleração do aumento de juros, conduzida na semana passada pelo Banco Central, aconteceu em um cenário de estagnação da economia brasileira, mas com inflação ainda resistente. O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas, avançou somente 0,2% de janeiro a setembro deste ano. No terceiro trimestre, a economia brasileira saiu da recessão técnica registrada na primeira metade do ano, mas com uma alta de somente 0,1% no PIB.
Ao
mesmo tempo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a
inflação oficial do país, somou 6,56% em doze meses até novembro,
completando quatro meses acima do teto de 6,5% do sistema de metas de
inflação brasileiro. A meta, porém, vale somente para anos
fechados. O mercado e o Ministério da Fazenda acreditam que a
inflação ficará abaixo do teto de 6,5% neste ano.
"Para
o Copom, o fato de a inflação atualmente se encontrar em patamares
elevados reflete, em parte, a ocorrência de dois importantes
processos de ajustes de preços relativos na economia –
realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais
[alta do dólar] e realinhamento dos preços administrados em relação
aos livres [aumento de tarifas, como energia, e gasolina, por
exemplo]. O Comitê considera ainda que, desde sua última reunião,
entre outros fatores, a intensificação desses ajustes de preços
relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação
menos favorável", informou o Copom nesta quinta-feira.
Próximos
passos do BC nos juros
Ao subir os juros na semana passada, o Banco Central já havia informado que as próximas elevações da taxa Selic seriam feitas com "parcimônia", conforme foi reafirmado na ata da reunião divulgada nesta quinta. O mercado financeiro já prevê, com isso, uma desaceleração no ritmo de alta da taxa básica da economia, para 0,25 ponto percentual, em janeiro – para 12% ao ano.
Ao subir os juros na semana passada, o Banco Central já havia informado que as próximas elevações da taxa Selic seriam feitas com "parcimônia", conforme foi reafirmado na ata da reunião divulgada nesta quinta. O mercado financeiro já prevê, com isso, uma desaceleração no ritmo de alta da taxa básica da economia, para 0,25 ponto percentual, em janeiro – para 12% ao ano.
Permanece,
entretanto, a dúvida sobre qual será o tamanho do ciclo de alta dos
juros, ou seja, quantas elevações serão feitas. Até a semana
passada, a expectativa dos economistas dos bancos era de que o BC
promoveria mais três aumentos seguidos de 0,25 ponto percentual –
até 12,5% ao ano – em abril de 2015.
O
Copom
avaliou
ainda que a demanda agregada tende a se apresentar relativamente
robusta no horizonte relevante para a política monetária, ou seja,
até o fim de 2016.
"De
um lado, o consumo das famílias tende a registrar ritmo moderado de
expansão, devido a efeitos de fatores de estímulo como o
crescimento da renda e a expansão moderada do crédito; de outro,
condições financeiras relativamente favoráveis, concessão de
serviços públicos, ampliação das áreas de exploração de
petróleo, entre outros, tendem a favorecer a ampliação dos
investimentos. Por sua vez, as exportações tendem a ser
beneficiadas pelo cenário de maior crescimento de importantes
parceiros comerciais e pela depreciação do real", informou.
Segundo
o Banco Central, esses elementos citados, assim como "os
desenvolvimentos no âmbito parafiscal" (superávit primário
feito pelo setor público) e no mercado de ativos (preço do dólar,
por exemplo), são "partes importantes do contexto no qual
decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas
a assegurar a convergência da inflação para a trajetória de
metas, que, na visão do Comitê, tende a ocorrer em 2016".
Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/12/bc-ve-inflacao-alta-em-2015-mas-indica-parcimonia-na-alta-de-juros.html
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