terça-feira, 30 de abril de 2013

FUSÃO...


Novas formas de fusões e aquisições…
Na charge de Duke




quarta-feira, 24 de abril de 2013

UESB realiza Semana de Integração nos três campi


A Semana de Integração da Uesb tem como objetivo recepcionar os novos alunos, promovendo sua interação com toda a comunidade acadêmica e familiarização com o ambiente universitário.  Neste semestre, as atividades acontecem nos dias 29 e 30 de abril nos três campi; sendo que em Vitória da Conquista elas se estendem também durante os dias 2 e 3 de maio.
Em Jequié, a solidariedade será colocada em prática com a doação de sangue. Haverá também ações esportivas, oficina e mostra de atividades das entidades estudantis. O lazer e descontração estarão presentes na prática do slak line.
A I Gincana Universitária da Uesb levará atividades de caráter acadêmico, cultural e social para o campus de Itapetinga. Com o intuito de conhecer e integrar, cada equipe terá que, obrigatoriamente, ser formada por calouros e veteranos do mesmo curso, sendo permitida a participação de docentes e funcionários também como membros das equipes. As disputas envolverão temas de conhecimentos gerais e entretenimento. As inscrições para a Gincana podem ser feitas até o dia 25 de abril.
Já no campus de Vitória da Conquista, uma série de oficinas, minicursos e rodas de conversa pretendem apresentar aos calouros os cursos e seus respectivos Centros Acadêmicos (CA). Palestras e discussões sobre variados temas também compõem a programação. Além disso, haverá atividades lúdicas, como prática de esportes, exibição de filmes, dentre outras.
Outras informações podem ser obtidas na Gerência de e Assistência e Assuntos Estudantis (Geea) e suas coordenações, pelos telefones (77) 3424-8657, campus de Vitória da Conquista; (77) 3261-8664, campus de Itapetinga; ou (73) 3528-9716, campus de Jequié. 


Assessoria de Comunicação

Fonte:http://www.uesb.br/ascom/ver_noticia_.asp?id=9526

Desemprego em sete regiões sobe para 11% em março, diz Dieese/Seade


A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) e da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), mostrou que a taxa de desemprego no conjunto de sete regiões metropolitanas do país subiu para 11% em março, ante 10,4% em fevereiro. No mesmo período do ano passado, o desemprego atingiu 10,8%.

O contingente de desempregados no conjunto das sete regiões foi estimado em 2,439 milhões de pessoas, 128 mil mais que em fevereiro. A população economicamente ativa (PEA) das sete regiões ficou em 22,076 milhões de pessoas, 87 mil menos que em fevereiro.

O levantamento é realizado nas regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza e no Distrito Federal.

Na passagem de fevereiro para março, o desemprego cresceu em todas as regiões pesquisadas, com destaque para Salvador (de 18,6% para 19,7%), Recife (de 12,9% para 13,5%) e Belo Horizonte (de 6,2% para 7%). No Distrito Federal, a taxa oscilou de 12,8% para 13,3%; em Fortaleza, de 8,5% para 8,9%; em Porto Alegre, de 6,2% para 6,5%; e em São Paulo, de 10,3% para 10,9%.

Setores

Na comparação de fevereiro com março, o setor que mais demitiu foi a indústria de transformação, com 103 mil postos de trabalhos a menos (-3,5%). Ele foi seguido pela construção, que fechou 44 mil vagas (-2,8%), e pelo comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (- 75mil, -1,9%).O emprego manteve-se estável no setor de serviços.

Renda

Em fevereiro, no conjunto das sete regiões pesquisadas, o rendimento médio real dos ocupados caiu 0,3%, para R$ 1.578, em relação a janeiro. Já o rendimento médio real dos assalariados ficou em R$ 1.617, alta de 0,3% ante janeiro.

Na comparação com fevereiro do ano passado, o rendimento médio real dos ocupados cresceu 0,9% e o dos assalariados recuou 0,5%.

A massa de rendimentos dos ocupados nas sete regiões diminuiu 1,4% em fevereiro ante janeiro, enquanto a massa dos assalariados reduziu 0,3%. Ante fevereiro do ano passado, a massa de rendimento dos ocupados cresceu 2,1%, e a dos assalariados subiu 1,2%.

Na pesquisa do Dieese/Seade, os dados relativos à renda referem-se sempre ao mês anterior ao do levantamento.


Brasil tem déficit nas contas externas de US$ 6,873 bilhões em março


(Atualizada às 12h40) As transações correntes com o exterior geraram para o Brasil déficit de US$ 6,873 bilhões em março, informou nesta quarta-feira o Banco Central (BC). No acumulado do primeiro trimestre, o saldo entre receitas e despesas internacionais do país com comércio, serviços, transferências de renda e transferências unilaterais também foi negativo, em US$ 24,858 bilhões - mais do que o dobro do déficit de US$ 12,061 bilhões registrado nos três primeiros meses de 2012.
Em 12 meses, esses gastos superaram as receitas em US$ 67,027 bilhões, o equivalente a 2,93% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado para o período.
Para o mês, o BC esperava déficit de US$ 6,3 bilhões - um pouco menos acentuado, portanto, que o verificado. O valor líquido das despesas internacionais correntes foi em parte coberto pelo ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED), cujo fluxo alcançou US$ 5,739 bilhões em março, já descontadas repatriações de capital aos países de origem.
O déficit brasileiro em transações correntes com o exterior cresceu tanto no mês quanto no trimestre, na comparação com iguais períodos de 2012, quando foi de, respectivamente, US$ 3,283 bilhões e US$ 12,062 bilhões.
A piora na comparação dos acumulados de cada ano até março reforça a projeção do BC para 2013. A autoridade monetária projeta para este ano inteiro déficit de US$ 67 bilhões, ante US$ 54,246 bilhões em 2012.
Ao detalhar a composição das transações correntes de março, o BC informou que foram gastos liquidamente no mês US$ 2,732 bilhões em remessas de lucros e dividendos  ao exterior e US$ 1,271 bilhão com viagens internacionais. A balança comercial, por sua vez, teve superávit de US$ 161 milhões.
No trimestre, as remessas de lucros e dividendos do Brasil ao exterior atingiram US$ 6,974 bilhões e o resultado negativo da balança comercial saltou para US$ 5,156 bilhões.
O chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel, atribuiu a piora da balança comercial, em boa medida, à situação da economia internacional. O baixo crescimento global reduziu a demanda e fez com que o volume de exportações brasileiras caísse de US$ 55,080 bilhões para US$ 50,837 bilhões, ainda na comparação dos primeiros trimestres de 2012 e 2013.

Ao mesmo tempo, uma melhora do nível da atividade econômica doméstica provocou aumento das importações, ajudando a piorar a balança comercial. As compras de produtos do exterior elevaram-se de US$ 52,659 bilhões para US$ 55,992 bilhões.
Tulio Maciel observou que cresceram não só importações de combustíveis. “As compras de bens intermediário também mostram crescimento”, disse.
A retomada da economia doméstica em 2013 também influenciou o aumento das remessas de lucros e dividendos ao exterior, destacou. As empresas multinacionais puderam gerar melhores resultados, o que se refletiu em mais distribuição de lucros e dividendos. Também entram nessa conta lucros propiciados por empresas que, embora de controle brasileiro, têm alguma participação estrangeira no capital  adquirida em bolsa de valores.
O chefe do Depec acrescentou que também influenciam as remessas de lucros e dividendos a taxa de câmbio e o aumento do fluxo de investimentos estrangeiros diretos nos últimos anos. Isso elevou a base de remuneração do capital estrangeiro aplicado no país.
O balanço de pagamentos externos do Brasil como um todo, que considera também o fluxo de capitais, de estrangeiros e brasileiros, foi superavitário em US$ 3,314 bilhões no mês. Além de trazer investimentos diretos, os estrangeiros contribuíram com ingressos de US$ 2,388 bilhões na forma de investimentos em ações e de US$ 1,513 bilhão como investimentos em títulos de renda fixa.
(Mônica Izaguirre e Murilo Rodrigues Alves | Valor)


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Brasileiros têm maior gasto em viagens internacionais em março desde 1969


Os gastos dos turistas brasileiros no exterior somaram US$ 1,870 bilhão em março deste ano, informou o BC (Banco Central) nesta quarta-feira (24).
É o maior resultado da série histórica para meses de março desde 1969.
O recorde para todos os meses do ano foi registrado em janeiro deste ano (US$ 2,293 bilhões).
No acumulado de 2013, os turistas brasileiros gastaram US$ 6,022 bilhões, o maior valor já registrado pelo BC.
Em 2012, os brasileiros gastaram US$ 5,380 bilhões.
ESTRANGEIROS
Os turistas estrangeiros, por sua vez, deixaram US$ 599 milhões no Brasil em março, menos que os US$ 630 milhões em 2012.
Com isso, a diferença entre o que os turistas brasileiros gastaram no exterior e o que os estrangeiros deixaram no Brasil foi de US$ 1,271 bilhão no mês passado, bastante acima dos US$ 997 milhões do ano passado.
Para o acumulado deste ano, a autoridade monetária espera uma saída de US$ 16,3 bilhões por esse canal.
Em 2012, o deficit na conta de viagens ficou em US$ 15,588 bilhões.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Prisões brasileiras têm um ‘Carandiru’ a cada três anos


A superlotação do presídio do Carandiru foi apontada como uma das causas do massacre ocorrido em 1992 – em que 111 detentos foram mortos pela Polícia Militar durante uma rebelião. Mais de 20 anos depois, os crimes enfim começaram a ser julgados, mas o sistema penitenciário brasileiro segue sucateado e, segundo especialistas, continua um barril de pólvora.
Celas superlotadas, quadro de funcionários insuficiente, falta de condições de higiene e de atendimento médico, abuso por parte de agentes penitenciários, além de violência por parte de militares dentro dos presídios. A lista de problemas é extensa e, pelo menos a médio prazo, parece não ter solução.

Dados não oficiais estimam que a cada três anos, o sistema carcerário brasileiro mata o mesmo que o massacre do carandiru. Foto: Marcelo Camargo/ABr
Dados não oficiais estimam que a cada três anos, o sistema carcerário brasileiro mata o mesmo que o massacre do carandiru. Foto: Marcelo Camargo/ABr

“Em 1992, quando houve o massacre, as condições de encarceramento não eram tão ruins como nos dias de hoje. Na última década, o Brasil quadruplicou sua população carcerária e temos, atualmente, cerca de 500 mil pessoas presas, das quais cerca de 200 mil no Estado de São Paulo”, explica Bruno Shimizu, o defensor público e coordenador do Núcleo Especializado de Situação Carcerária da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
Para Shimizu, desde aquela época houve mudanças mais cosméticas nas prisões, tais como a criação de um grupo de elite militarizado em São Paulo chamado de Grupo de Intervenções Rápidas (GIR) – que substituiu a Polícia Militar nas incursões dentro de prisões paulistas, mas que, segundo ele, também pratica abusos contra os presos.
“Em números não oficiais, cerca de 120 pessoas morrem dentro de penitenciárias brasileiras a cada três anos, de 1992 até hoje, vítimas de violência [das forças de segurança]. Isso significa que temos um massacre do Carandiru a cada três anos no Brasil. Se formos incluir outras causas de mortes, como a falta de atendimento à saúde, esse número é estratosférico”, acrescenta.
Juízes contribuiriam para superlotação
Especialistas ouvidos pela DW dizem que a legislação brasileira não é o grande problema, mas o sistema judiciário. Por questões culturais, afirmam, os juízes brasileiros não contribuem para a melhoria da situação nas penitenciárias do país ao tentar adotar penas alternativas – e usam o encarceramento como única solução.
Shimizu diz que o foco do problema do encarceramento em massa é o poder judiciário – composto, segundo ele, principalmente por pessoas da classe média que trazem uma ideologia específica que vai ser reproduzida nas decisões judiciais. Muitos, afirma, acabam analisando os casos não segundo a Constituição, mas por sua própria moralidade.
“Há também a incapacidade do Estado e das famílias de impedirem que os jovens sejam cooptados pelo crime, principalmente por conta do narcotráfico. O sistema educacional é falido e não consegue atrair a juventude. Sem mudanças estruturais, há a tendência do crescimento da violência e do número de presos”, frisa Antonio Flávio Testa, especialista em segurança da Universidade de Brasília (UnB).
População carcerária quadruplicou em dez anos no Brasil
População carcerária quadruplicou em dez anos no Brasil. Foto: Antonio Cruz/ABr
Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, diz que a população carcerária brasileira está entre as maiores do mundo e que cerca de 40% das pessoas estão em prisão temporária, sem ainda nem terem sido julgadas. Dessa forma, muitas ficam presas por mais tempo do que se fossem condenadas pelo crime cometido.
“Claramente o Brasil não tem uma política inteligente de penalização de delitos que não mereceriam prisão e que poderiam ser tratados de outra maneira. Parece que o Estado brasileiro responde a uma situação de expectativa da sociedade de combate ao crime com uma estratégia de encarceramento”, explicou Roque.
O especialista da Anistia Internacional Brasil afirma que o Estado precisa agir em três níveis: rever o sistema de penalização, para não colocar todos na prisão; rever as condições de vida dentro do sistema carcerário; e, também, criar um sistema que favoreça a reabilitação dos presidiários.
“As condições terríveis só produzem ódio e horror nos presos, por causa das condições indignas. E é terrível que isso seja feito em nome da sociedade”, acrescenta Roque.
Facções criminosas
A situação prisional brasileira e a violência policial – alvos constantes de críticas por parte da ONU – favoreceram a criação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, em meados de 1993 – portanto, menos de um ano depois do massacre do Carandiru.
Camila Nunes Dias, professora de políticas públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC) e pesquisadora associada do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), diz que a violência policial e prisional são elementos ideológicos para justificar a criação do grupo. “O Estado age como inimigo de parte da população, e pobres veem a polícia como ameaça e repressão e não como garantidor de segurança.”
Mas o PCC tem uma atuação mais simbiótica do que de contraposição ao sistema prisional brasileiro – o número de rebeliões caiu, o crack não entra mais em presídios dominados pela organização e o estupro de novatos, muito comum antes da hegemonia da facção, não ocorre com tanta frequência como no passado.
“Isso significa que, por conta do PCC, a população prisional, mesmo em condições piores do que em 1992, ficou mais calma. Isso porque o detento deve obediência absoluta a essa facção e faz com que ninguém tome uma atitude na cadeia, como matar algum desafeto, sem autorização de uma liderança interna do PCC”, destaca Shimizu.
Porém, há o outro lado da moeda. Ao mesmo tempo, surge aí a dificuldade de se reintegrar o preso à sociedade, pois o PCC faz com que ele seja mais estigmatizado. Segundo Shimizu, o cárcere cria problemas de identidade em relação ao preso e, pelo fato de ele ser coagido para entrar nessa facção criminosa, a deteriorização de sua identidade é aprofundada. “Mas é assim que o sistema ainda se segura.”

Onda de protestos pós eleição deixa sete mortos na Venezuela


Opositora de Maduro protesta nas ruas de Caracas nesta terça-feira 16. Foto: ©afp.com / Raúl Arboleda
Opositora de Maduro protesta nas ruas de Caracas nesta terça-feira 16. Foto: ©afp.com / Raúl Arboleda
CARACAS (AFP) – O governo e a oposição se acusaram mutuamente pela violência que já deixou pelo menos sete mortos na Venezuela. As mortes são decorrentes de uma grave crise política desencadeada por uma onda de mobilizações convocadas pelo opositor Henrique Capriles contra a proclamação do chavista Nicolás Maduro como presidente eleito. Maduro, herdeiro político do falecido Hugo Chávez, venceu Capriles nas últimas eleições presidenciais do dia 14 por apenas 1,8 ponto percentual.
O presidente eleito afirmou na terça-feira 16 que as mortes foram provocadas por grupos fascistas e acusou Henrique Capriles de orquestrar um golpe de Estado ao convocar protestos contra o resultado das eleições. ”O governo é quem está por trás de todos esses episódios de violência”, respondeu Capriles. O opositor reclama que o governo impede a oposição de realizar uma recontagem de votos.
Apesar disso, Capriles, de 40 anos, disse estar “disposto a abrir um diálogo para que a crise seja resolvida nas próximas horas” e suspendeu a convocação que tinha feito por uma manifestação nesta quarta 17 em Caracas diante da sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). “Amanhã não vamos nos mobilizar e eu peço a todos os meus seguidores que se recolham; quem sair está do lado da violência, quem sair está fazendo o jogo do governo, o governo quer que haja mortos aqui no país”, disse Capriles.
Maduro, 50 anos, havia advertido na terça que não permitiria mais marchas opositoras na capital. “Vocês não vão ao centro de Caracas enchê-lo de morte e de sangue”, sentenciou.
Os protestos começaram na segunda-feira 15 depois de o CNE ter proclamado Maduro como presidente eleito, com 50,75% dos votos contra 48,97% de Capriles. Contudo, apesar de ter suspendido a convocação de passeatas em Caracas, Capriles considerou “ilegítima” a proclamação de Maduro e pediu panelaços, principalmente na sexta-feira 19, data da posse de Maduro.
Na noite desta terça-feira, milhares de pessoas voltaram a bater panelas das janelas e varandas de suas casas, enquanto os chavistas soltavam fogos em uma contramanifestação. Maduro havia convocado um “foguetaço” para responder ao “panelaço” da oposição.
Em cadeia de rádio e televisão, Maduro acusou a oposição de orquestrar um “golpe de Estado” com as convocações de protestos e afirmou que um pequeno grupo de militares está sob investigação por ter mantido contato com opositores.
“Façam o que quiserem fazer, não vou permitir. Vou usar mão dura frente ao fascismo e à intolerância. Se quiserem me derrubar, venham atrás de mim, com um povo e uma força armada aqui estou”, ressaltou Maduro, referindo-se ao breve golpe de Estado da oposição, que em 2002 derrubou Chávez por pouco tempo.

Discurso de Dilma sobre juros causa mal-estar no BC


Os comentários da presidente Dilma Rousseff sobre juros e inflação, feitos no primeiro dia de reunião do Copom, causaram certo mal-estar no Banco Central, mas a avaliação é que as declarações pelo menos não chegaram a ser ruins nem "engessam" a decisão a ser tomada hoje sobre a taxa Selic.
Segundo a Folha apurou, a equipe do BC considera que o "ideal" seria que ninguém do governo, inclusive a presidente, fizesse avaliações sobre taxa de juros durante os dois dias de reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) por causa de riscos de interpretações erradas pelo mercado.
Principalmente num momento em que o próprio governo admite que o Banco Central tem sua credibilidade questionada pelo mercado e precisa reafirmá-la para recuperar seu poder de coordenador das expectativas sobre os rumos da inflação.
O tom das declarações da presidente, contudo, gerou uma leitura "até favorável" pela equipe do BC. Foi destacada a frase de Dilma em que ela diz que irá atacar "sistematicamente" a inflação.
Além disso, no discurso feito em Belo Horizonte, técnicos consideram que a presidente sinalizou não descartar um aumento de juros agora ao dizer que "qualquer necessidade de combate à inflação será possível fazer num patamar menor", numa referência ao tamanho de uma eventual alta dos juros.
Durante sua passagem pela capital mineira, a presidente Dilma fez questão de dizer a interlocutores que o BC terá autonomia para decidir o que fazer com a taxa Selic.
O Planalto, apesar de preferir que os juros não subam, trabalha com essa possibilidade e torce para que a alta, se for decidida, seja de 0,25 ponto percentual e não ultrapasse um ponto percentual ao longo do ano, o que levaria a taxa dos atuais 7,25% para 8,25%.

terça-feira, 16 de abril de 2013

O cabo de guerra e a manobra do juro


Por Antonio Delfim Netto

A atitude cautelosa do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem gerado ferozes críticas por parte do mercado financeiro. Elas vão desde: 1) a suposta leniência com o combate à inflação, que derivaria da crença ideológica (severamente rejeitada por toda a experiência histórica) de que "um pouco mais de inflação estimula um pouco mais de crescimento"; 2) passa pela crença de que o governo que estimulou, e se empenhou politicamente na baixa da taxa real de juros, não aceitaria o seu aumento, mesmo quando fosse a solução recomendável, devido à impopularidade que provocaria; e 3) termina numa dúvida moral sobre a autoridade monetária, que não teria autonomia para manobrar o seu único instrumento de ação horizontal: a taxa de juro real. Nenhuma delas faz sentido.
A crítica de que há leniência com a inflação por motivos ideológicos é, ela mesma, "ideológica". Apoia-se em velhas crenças, incorporadas aos programas do PT e do PDT, quando eles não haviam amadurecido. Na verdade, o que ela revela é a compreensão que a inflação brasileira tem causas mais complexas e a sua solução não pode ser reduzida à fórmula simples de aumentar a taxa de juro real.
O governo sabe que o namoro inflacionário duradouro com a banda superior da meta (5,8% nos oito anos de governo Lula e 6,2% nos dois anos do governo Dilma) é um convite à sua persistência. Isso deteriora as expectativas e reintroduz a incerteza na fixação dos salários. Com a dramática experiência inflacionária que temos escondida em nosso subconsciente, todos sabemos que isso acabará levando à indexação ainda maior da nossa economia. E sabemos, também, como isso termina...
Visão do BC tem se mostrado mais ajustada à realidade
A segunda crítica faz pouco da inteligência do governo. Quando as condições objetivas mudam, a política muda. Da mesma forma como foi correto reduzir a taxa de juro real absurda, à qual sobrevivemos durante as últimas décadas por equívocos da política monetária, será correto, se o Copom achar necessário, elevá-la com a mesma moderação que usam todos os países.
Antes de prosseguir permita-me recusar o terceiro argumento. Ele é ridículo. Faz uma imensa injustiça a um economista altamente qualificado, o ministro Tombini. Basta olhar para sua tranquila firmeza, para a sua formação acadêmica e a sua história como pesquisador, para entender que não é "pessoa para fazer o que mandam".
O que existe mesmo entre a autoridade monetária e os seus críticos, principalmente os economistas mais ligados ao sistema financeiro, é uma percepção diferente da realidade nacional e das incertezas que a cercam. Essa diferença cognitiva não significa uma diferença "científica", se é que se pode dar tal realeza às visões diferentes da relação relativamente tênue, mesmo no curto prazo (e inexistente no longo), entre a variação da taxa de inflação e a variação do nível de desemprego. A autoridade monetária estaria tecnicamente inferiorizada diante dos bem apetrechados profissionais que assessoram as finanças privadas.
Com relação à qualidade do conhecimento, experiência e sutilezas de funcionamento desse mercado fugidio, que é o financeiro, nem nossos mais sofisticados economistas daquele setor, ou da academia, podem competir com as informações armazenadas nas cabeças dos profissionais que habitam o Departamento de Estudos e Pesquisa (Depep) do Banco Central. Quem tiver alguma dúvida, deve comparar a "ciência" das assessorias financeiras privadas e da academia, com a "ciência" do Depep, revelada, por exemplo, no "Using a DSGE Model to Assess The Macroeconomics Effects of Reserve Requirements in Brazil" (Working Paper Series - 303, Jan., 2013), dos competentes economistas Waldyr Areosa e Christiano Coelho.
Ele explora as diferenças das respostas das variáveis macroeconômicas das manobras nas reservas bancárias e na taxa de juros utilizando um "Dynamic Stochastic General Equilibrium Model" (DSGE). E conclui que uma redução da relação de reserva tem o mesmo efeito qualitativo de uma redução da taxa de juros do Banco Central, ainda que seu efeito quantitativo seja menor, como era mesmo de esperar.
É preciso reconhecer que uma taxa de inflação anual de 5,9% nos últimos dez anos (30% sistematicamente acima da meta) já deveria ter mobilizado governo e sociedade para reduzi-la. A taxa de inflação é o radiador que dissipa o calor produzido pelos atritos no funcionamento dos mercados. E 4,5% é seguramente maior do que os 2,5% a 3,5% que parecem estabilizar as expectativas e fazê-los funcionar razoavelmente bem, na grande maioria dos países.
É mais do que óbvio, entretanto, que produzir esse resultado está fora do alcance da política monetária. Ele será consequência de uma política social e econômica, que tenha por objetivo continuar a manter a inclusão social com o suporte de medidas que reforcem as instituições e produzam mudanças estruturais, que estimulem a competição e reduzam os atritos.
Acreditamos que a visão do Banco Central tem tanta consistência quanto a do "mercado", o que recomenda sua cautela na manipulação da taxa de juros real. Até agora, a visão do primeiro tem se revelado a mais ajustada à nossa realidade e mais antenada com a situação da economia mundial. Se o que o Copom previu para o futuro próximo não se realizar - e a realidade mostrar a necessidade de uma manobra que sancione o aumento da taxa de juro real -Tombini a fará com a mesma tranquilidade e autonomia com que tem recomendado a "cautela". Quem viver, verá.
Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras

segunda-feira, 15 de abril de 2013

LUIZ ALBERTO MACHADO: "ECONOMIA BRASILEIRA ESTÁ FAVORÁVEL PARA ESTUDANTES DE ECONOMIA"


Em entrevista ao portal O Economista, o vice-presidente do Cofecon, Luiz Alberto de Souza Aranha Machado, afirma que cenário econômico brasileiro é bom para quem quer exercer a profissão de economista, apesar dos desafios sociais e estruturais a serem superados no país.
Faltando pouco mais de um ano para a Copa do Mundo no Brasil, o país vive um bom momento para aqueles que querem seguir a profissão de economista. É o que acredita o vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Luiz Alberto de Souza Aranha Machado. Graduado pela Universidade Mackenzie, especialista em Desenvolvimento Latino Americano pela Boston University, Criatividade pela Creative Education Foundation, Aprendizagem Acelerada pela International Alliance for Learning e em Tecnologia Educacional pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), Machado também é membro do Conselho do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial e do Conselho Superior da Ordem dos Economistas.
Segundo ele, a estabilização da economia nacional, os eventos internacionais que vêm para o país e a atração que o Brasil ainda exerce internacionalmente “torna o cenário muito favorável para quem está se formando”. Na entrevista concedida ao portal O Economista, ele fala ainda sobre ensino de economia na formação escolar, sobre o endividamento das famílias e a relação do brasileiro com a economia: “Essa garotada que está chegando hoje na maioridade já cresceu com a estabilidade, então eles não têm o mesmo tipo de preocupação que aquela geração [passada] teve”, acredita.
E – Na entrevista com o colunista do Estadão, José Paulo Kupfer, ele nos disse que o brasileiro aprendeu a fazer conta por necessidade, principalmente nas épocas de grandes transformações econômicas, como no tempo de promessas de crescimento na ditadura, o Plano Collor, as trocas de moedas. Com isso, é possível afirmar que o brasileiro entende de economia? Será que um dia o brasileiro se preocupou com o assunto e essa nova geração, em contrapartida, está mais desatenta a isso?
Machado – Não tenho dúvida. Naquele período não tinha muita escolha. Eu lembro de um artigo que eu escrevi no começo dos anos 80,Open, Over e Otras Cositas Mas, e que eu fiquei impressionado: eu tinha ido a um casamento e ouvi a conversa de um garçom com um tirador de chopp –  os caras estavam discutindo o que fazer com o salário. Um sugerindo que podia indicar para o outro onde poderia aplicar, porque tinha um frequentador daquele restaurante que era dono de uma corretora e eu fiquei impressionadíssimo, porque pessoas de um padrão relativamente modesto falavam desse assunto com bastante conhecimento de causa, o que me fez ver que era uma necessidade. Não era um luxo, uma escolha. Quem não fizesse isso perdia muito dinheiro. Então, realmente, naquela época os brasileiros acabaram se importando, buscando informação, no dia a dia estavam atentos ao que acontecia. Acho que isso hoje não ocorre porque essa garotada que está chegando na maioridade já cresceu com a estabilidade, então eles não têm o mesmo tipo de preocupação que aquela geração teve.
E – Então você acredita que a economia deveria ser uma disciplina básica, de ensino fundamental, médio. Seria uma forma de mostrar a importância da profissão, a necessidade de se investir neste tipo de educação atualmente?
Machado – Claro que eu adoraria que fosse assim, mas eu tenho sérias dúvidas. Porque o mesmo raciocínio que vale para a economia, vale para uma série de outras coisas. Então eu acho que não dá pra você inundar o ensino médio com um número enorme de disciplinas, o que vai fazer com que você deixe de aprofundar naquilo que tem que ser visto. Então quer dizer, os indicadores internacionais mostram que os resultados dos brasileiros são muito fracos. Português, matemática, ciências são disciplinas básicas. O que eu acho que poderia acontecer, por exemplo, num curso de matemática do ensino médio, são que problemas econômicos deveriam fazer parte do roteiro dos professores. Então quer dizer, seria uma forma de eles aprenderem matemática através de problemas do mundo real que despertariam maior interesse dos alunos do que com problemas abstratos que às vezes eles nem conseguem enxergar a aplicação. Acho que essa solução seria muito mais adequada do que você criar uma disciplina, porque nós já vimos aí recentemente a tentativa de criar filosofia, de criar espanhol, de criar não sei o quê, depois você não tem professor pra dar [aula], isso redunda numa diminuição da carga horária das matérias chamadas básicas. O que eles não aprendem de matemática vai fazer falta depois quando entram na faculdade, então acaba invertendo os papéis.
E – Então essa falta de preparo das pessoas mais jovens e da sociedade como um todo atualmente, a gente pode dizer que é por conta disso, que por essa falta de conhecimento e busca pelas informações sobre economia, que estão dessa forma os índices de inadimplência, endividamento. São reflexos dessa falta de educação?
Machado  Eu acho que aí nós estamos misturando coisas diferentes. Eu acho que no caso da inadimplência, o endividamento deve-se à explosão do crédito que se deu no Brasil depois de muito tempo. Você teve um crédito represado e depois de muitas décadas você teve uma liberação muito grande do crédito, um estímulo muito grande ao crédito, que é uma forma, inclusive, que o governo encontrou para que o Brasil não fosse tão afetado pela crise. Então eu acho que são coisas diferentes. Não é um problema de despreparo.
E – Então não tem a ver com a compreensão de economia essas pessoas comprarem impulsivamente diante de uma abertura de crédito?
Machado  Eu acho que depois de o Brasil ter muitos anos de inflação, em que você tinha ilusões de rentabilidade, você tinha orçamentos fictícios, você tinha ganhos financeiros maiores que ganhos operacionais, quer dizer, aquela inflação maluca que nós tínhamos tirou o país do eixo. Isso mexe totalmente com a estrutura da sociedade. Não é só com a economia. Isso mexe com os princípios individuais, isso derruba o caráter da solidariedade, cada um pensa no próprio umbigo, todo mundo pensando no dia seguinte, só se pensa no curto prazo. E foram mais de duas décadas assim. Então isso gerou uma cultura inflacionária e aquela geração foi muito marcada por isso. Depois você teve a estabilidade. Com a estabilidade veio um período de, necessariamente, aperto de cinto, enfim, uma política monetária rígida. Então você teve uma inserção muito grande de gente que vivia marginalizada e entrou na economia e essas pessoas puderam, pelo menos, ter acesso a coisas básicas que eu não sei como elas faziam antes. Passado algum tempo, uns dez anos, o Brasil entrou numa fase em que ele alterna alguns crescimentos altos com alguns períodos de estagnação. Então isso gera uma certa incerteza. A sorte é que o emprego e a renda tem sido mantidos em alta, então isso neutraliza um pouco a percepção negativa das pessoas. Agora, justamente pra manter isso é que você teve aí duas coisas que foram favoráveis. Uma é que o Brasil pegou carona no bom desempenho do mundo até 2008/2009. Então isso mais o crédito elevado fizeram com que muita gente saísse desesperadamente às compras e quem não mudou esse comportamento quando a conjuntura mudou, está enfrentando problemas.
E – Saindo agora dessa área histórica e da educação de economia no Brasil e olhando mais para o futuro e a própria profissão do economista: como você avalia hoje o preparo das escolas de economia diante das necessidades do Brasil com essas transformações econômicas no mundo e especificamente com os eventos esportivos que o Brasil vai trazer nos próximos anos, a Copa, as Olimpíadas?
Machado – Eu acho que o curso de economia é muito adequado para o período que nós vivemos e para a exigência do mercado profissional, do mercado de trabalho. É um curso abrangente, é um curso que combina uma visão teórica muito forte, uma visão histórica e com formação e métodos quantitativos, o que dá ao economista uma flexibilidade muito grande, uma capacidade de adaptação muito grande. O economista tem a possibilidade de atuar em várias ocupações. Aliás, um dos resultados do último Censo é justamente esse: o economista, o administrador e outras profissões que exigem muito na formação, o engenheiro, sobretudo o engenheiro de produção, eles têm depois uma capacidade de ocupar vários campos de trabalho, ao contrário, por exemplo, de um veterinário, de um dentista, que têm opções muito restritas. Então eu acho que isso é um dado muito positivo. Agora, você tem um preço a pagar. Não é um curso fácil. É um curso que exige muito e é por isso que vejo que muito estudante foge do curso de economia. Mas aqueles que seguem, que fazem economia e fazem bons cursos, este seguramente tem um futuro muito bom pela frente.
E – Então diante disso como é que você vê o perfil daqueles estudantes que estão entrando e principalmente aqueles que estão saindo do curso de economia hoje em dia?
Machado – É isso que eu te falei. Claro que eu reconheço que nem todos os cursos de economia têm a mesma qualidade. Mas aqueles que se formam em cursos bons, estão se formando muito bem e estão tendo muitas oportunidades. O mercado, hoje, atrai economistas como há muito tempo não atraía. E não é só economista. Engenheiro vive a mesma situação, um bom gestor vive a mesma situação, ou seja, o fato de a economia estar pelo menos estabilizada com um nível de emprego em alta, com os eventos internacionais que o Brasil vai fazer, com o processo de internacionalização da economia brasileira, com a atração que o Brasil exerce ainda com investidores estrangeiros, tudo isso torna o cenário muito favorável pra quem está se formando e o que se espera é que isso inspire mais gente a fazer economia, estimule mais gente a fazer o curso de economia.
E – Você acha que o Brasil está sabendo aproveitar, do ponto de vista econômico, esse desenvolvimento que esperamos com os eventos que estão vindo para o Brasil, com essas transformações econômicas e com a realidade do Brasil diante do mundo?
Machado – Lamentavelmente, não. Eu acho que falta muita coisa. Eu acho que estruturalmente o país tem problemas, a máquina está montada de uma forma que não favorece. É um absurdo pra mim o Brasil ter 37 Ministérios. Isso torna o custo da máquina extremamente alto, exige um nível de arrecadação que torna o Brasil um país muito caro, então hoje nós estamos perdendo oportunidades. O resultado que saiu, por exemplo, do turismo explica bem isso. Os brasileiros gastaram US$ 22 bilhões no exterior e os estrangeiros gastaram US$ 6 bilhões no Brasil [em 2012]. Por que? É muito caro viajar para o Brasil. Eu acho que isso não é culpa nem de crise internacional, nem de exploração de A, B ou C. Isso é um problema nosso, é falta de fazer lição de casa. O custo Brasil é um custo hoje assustador. E não só para o estrangeiro. É um custo que torna os nossos produtos pouco competitivos, torna o custo de vida no Brasil muito alto, então eu acho que o Brasil deveria ter um custeio muito mais baixo, liberando recursos para investimentos, sobretudo na infraestrutura porque nós sabemos que, o meu medo da Copa, Olimpíada, não é com os estádios. Os estádios vão ficar prontos, de um jeito ou de outro eles vão ficar prontos. Meu medo maior é com relação à infraestrutura. É uma vergonha o que acontece no Brasil ainda.
E – A questão de transportes e aeroportos, tudo o mais, não?
Machado – Sobretudo o transporte. Mas mesmo hospedagem. Não é que nós não tenhamos hotéis, mas é que hoje os preços dos hotéis no Brasil equiparam-se aos hotéis mais caros do mundo. Em algumas cidades é muito difícil o cidadão, hoje, fazer turismo, ou mesmo viajar a trabalho. É muito caro hoje. Eu tenho um dado: até algum tempo atrás os alunos brasileiros que queriam fazer intercâmbio pensavam duas, três vezes porque tinham dificuldades de se manter lá fora. Hoje é o contrário. Hoje a dificuldade é trazer estudante estrangeiro para o Brasil porque o custo de viver no Brasil é muito alto comparado com o que eles têm para viver nos seus respectivos países. Então isso pra mim é um custo interno que nós não estamos enfrentando, não estamos tendo a coragem de enfrentar. Isso vale para todos os níveis porque, no fundo, não é só o governo federal que tem culpa, não. Você tem Estado que mantém um número de secretarias absurdo, uma máquina gigantesca para custear e quem acaba pagando o preço disso é a população comum, é o consumidor, é o contribuinte.

Economia brasileira: ''Os problemas acumulados começaram a vir à tona''. Entrevista especial com Plínio de Arruda Sampaio Jr.

“Há 500 anos a economia cresce e os problemas do povo brasileiro permanecem sem solução”, declara o economista.

Confira a entrevista. 
https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&gs_rn=8&gs_ri=psy-ab&cp=10&gs_id=2o&xhr=t&q=economia+brasileira&bav=on.2,or.r_qf.&bvm=bv.44770516,d.eWU&biw=939&bih=537&um=1&ie=UTF-8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi&ei=WBBjUavtOYjm8QTy04HQCA#imgrc=U8KO5E5bI52x4M%3A%3Bcj2WWy0uUrKa-M%3Bhttp%253A%252F%252F3.bp.blogspot.com%252F--7O3CGM6e_w%252FTvPWSfQmVqI%252FAAAAAAAACF0%252FPogy7cCJh0A%252Fs1600%252Feconomia_brasileira.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fjoaorocha2.blogspot.com%252F2011%252F12%252Feconomia-do-brasil-ultrapassa-o-reino.html%3B400%3B300

“A desindustrialização da economia brasileira é a prova inequívoca da perversidade da política econômica”, diz Plínio de Arruda Sampaio Jr. (foto abaixo) à IHU On-Line. Na avaliação dele, dando continuidade à política econômica anterior, o governo adotou, nos últimos dez anos, “uma política econômica temerária. Os efeitos catastróficos dessa política aparecerão em toda a sua plenitude quando os fluxos especulativos de capitais inverterem a sua rota e voltarem para as economias centrais. É só uma questão de tempo”, adverte.

Ao analisar a estagnação da economia brasileira e adesindustrializaçãoSampaio Jr. assinala que, em lugar de enfrentar os desafios abertos pela crise econômica mundial, o governo “optou pela política de administrar a crise, apostando na hipótese de que os problemas seriam temporários e se resolveriam sozinhos. Acabou enredado nas armadilhas que ele mesmo criou e, agora, vê sua capacidade de ação comprometida”. Diante da impossibilidade de elevar o PIB, acrescenta, “as autoridades recorrem a estratagemas desesperados que revelam a gravidade das pressões recessivas presentes na conjuntura e a falta de criatividade das autoridades econômicas para enfrentá-las. O IPI reduzido para veículos, que era para ser uma medida temporária, parece ter se transformado numa espécie de ‘bolsa montadora’”, ironiza.

Na entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, o economista enfatiza que enquanto o ambiente econômico se mantiver incerto, a redução dos juros não será suficiente para “animar a economia”. E dispara: “nessas condições, à economia brasileira só resta o caminho da competitividade espúria, baseada na superexploração do trabalho e na depredação do meio ambiente”.

Plínio de Arruda Sampaio Jr. é livre docente do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas – IE/Unicamp e membro do conselho editorial do jornal eletrônico Correio da Cidadania.

Confira a entrevista. 

IHU On-Line 
 A equipe econômica do governo recebe críticas por conta do baixo crescimento da economia e da impossibilidade de manter a meta da inflação. Diante deste contexto, que avaliação faz da política econômica? Quais têm sido os principais erros e acertos da equipe econômica? https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=plinio+de+arruda+sampaio+junior&bav=on.2,or.r_qf.&biw=939&bih=537&pdl=300&um=1&ie=UTF-8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi&ei=6xBjUd7GBJDY9QSb0IHABg#imgrc=XPolicim4ZBRRM%3A%3BMQJp4Gn1nFisTM%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.pucrs.br%252Fmj%252Ffotos-entre%252Feset2005.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.ihu.unisinos.br%252Fentrevistas%252F509442-neodesenvolvimentismo-uma-estrategia-de-propaganda-dos-governos-lula-e-dilma-entrevista-de-plinio-de-arruda-sampaio-jr%3B140%3B140

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
– A política econômica deve ser avaliada pelo seu impacto de longo prazo sobre o desenvolvimento nacional e não apenas pelos seus efeitos conjunturais sobre o crescimento e a inflação. É fundamental não deixar que a aparência dos fenômenos oblitere a compreensão de sua essência, que é, em última instância, definida pela capacidade de a sociedade subordinar o progresso material à necessidade de resolver os problemas fundamentais da população. Afinal, há 500 anos a economia cresce e os problemas do povo brasileiro permanecem sem solução.

Vista dessa perspectiva, a política econômica tem sido desastrosa. A estratégia de administrar as graves contradições provocadas pela crise mundial pela linha de menor resistência, sancionando a bolha especulativa gerada pelo excesso absoluto de capital sem perspectiva de investimentos produtivos, que perambula pelo mundo afora à cata de oportunidades de negócios, aprofundou a impotência do Brasil para defender os interesses nacionais e proteger a economia popular dos efeitos devastadores da lógica especulativa que impulsiona as operações de conquista e pilhagem do capital internacional sobre as economias periféricas. O aumento da liberalização financeira e o aprofundamento da internacionalização da economia brasileira, que redundaram em elevação exponencial do passivo externo, diminuíram ainda mais o raio de manobra das autoridades econômicas. O fenômeno fica patente quando se constata a crescente dificuldade de se recorrer às políticas fiscal, monetária e cambial para estimular a expansão do mercado interno e defender o parque produtivo nacional. A desindustrialização da economia brasileira é a prova inequívoca da perversidade da política econômica. Como na época do famigerado “milagre econômico”, o Brasil adotou uma política econômica temerária. Os efeitos catastróficos dessa política aparecerão em toda a sua plenitude quando os fluxos especulativos de capitais inverterem a sua rota e voltarem para as economias centrais. É só uma questão de tempo.

IHU On-Line 
 Quais são os fatores estruturais que ainda provocam inflação? A inflação é preocupante ou o percentual é aceitável para os padrões brasileiros?

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
 Ao contrário do que se imagina, após décadas de propaganda ostensiva sobre as conquistas do Plano Real, a economia brasileira permanece altamente vulnerável a pressões inflacionárias. O sistema de preços encontra-se submetido a uma dupla pressão. Por um lado, o crescente aumento do grau de abertura da economia brasileira deixa a oferta agregada vulnerável a choques cambiais e a aumentos especulativos dos preços das commodities. Por outro, a crescente heterogeneidade do parque produtivo sujeita a economia a inúmeros pontos de estrangulamento na cadeia produtiva que, num contexto de expansão, geram choques de custos que tendem a se generalizar. Em outras palavras, a economia brasileira combina problemas típicos de “inflação estrutural”, relacionada com a presença de desequilíbrios estruturais entre a oferta e a demanda e de conflitos distributivos daí decorrentes, com problemas modernos de “inflação financeirizada”, provocada pelos movimentos especulativos do capital financeiro internacional. Nesse contexto, a estabilidade de preços implica na asfixia do mercado interno, na criminalização das lutas sindicais e na crescente submissão da economia brasileira aos ditames do capital internacional. Quem transforma a “estabilidade” em prioridade absoluta, que se sobrepõe de maneira imperativa sobre todos os outros objetivos de política econômica, faz o jogo do grande capital e dos rentistas da dívida pública, externos e internos.

IHU On-Line  Os economistas têm posições divergentes em relação aos rumos da economia brasileira. Quais são as correntes econômicas mais influentes e suas propostas para a economia nacional?

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
– O debate econômico brasileiro é paupérrimo. Não há espaço para a crítica. Com o apoio incondicional dos grandes meios de comunicação, a cantilena neoliberal é massificada sem o contraponto do contraditório. Os problemas fundamentais da Nação – a discussão sobre a superação da dependência externa e da segregação social – estão banidos do debate público. O status quo naturalizou a posição dominante do capital internacional na economia brasileira e a necessidade orgânica da superexploração do trabalho.

A discussão convencional polariza-se entre dois polos do neoliberalismo: as correntes mais ortodoxas, apoiadas em manuais liberais de macroeconomia, e as menos ortodoxas, apoiadas em manuais com pálido matiz neokeynesiano, ambos escritos por economistas estrangeiros consagrados e perfeitamente integrados (e premiados) pelo status quo. Todos participam ativamente do circuito de consultorias internacionais, regiamente remunerados pelos organismos internacionais e pelo chamado “mercado”. São estes economistas que fazem a pauta do debate e que ditam os parâmetros da discussão. A controvérsia entre as duas alas da ordem – a mais à direita e a mais à esquerda – assume a forma de um braço de ferro entre “monetaristas” e “desenvolvimentistas”. Sem questionar o sentido mais geral das diretrizes que emanam do receituário neoliberal, as diferenças giram em torno da forma de calibrar a inserção subalterna do Brasil na “ordem global”: mais ou menos crescimento; mais ou menos política compensatória; maior ou menor austeridade fiscal; maior ou menor dependência externa.

IHU On-Line  Entre as medidas econômicas defendidas pela presidente Dilma está a de manter a taxa Selic reduzida em 7,25%. Quais os efeitos dessa medida para a economia? Por que os economistas divergem em relação à taxa de juros?

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
– Juro baixo é uma condição necessária – ainda que insuficiente – para o bom funcionamento da economia. Se a remuneração da moeda for baixa, há um desestímulo ao rentismo e um estímulo ao investimento e à geração de emprego. Essa é uma das lições básicas deixadas por Keynes. Contudo, se o ambiente econômico for de grande incerteza, como ocorre na atualidade, a redução dos juros não basta para animar a economia, pois os empresários não se sentem confiantes para investir. É o que está acontecendo. Os juros diminuem, mas os investimentos não reagem. O problema real é que não há clareza sobre quais serão as novas frentes de expansão da economia.

IHU On-Line – Baixar a taxa de juros não pode pôr o Brasil num patamar de competitividade internacional?

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
– Em primeiro lugar, é importante relativizar o poder das autoridades sobre a moeda nacional. Economias com alto grau de abertura externa, elevada liberdade de movimento de capitais, grandes desequilíbrios no balanço de pagamentos em conta corrente e elevado passivo externo perdem o controle sobre a política monetária e cambial. O problema relaciona-se com a armadilha que significa subordinar a estabilidade macroeconômica à entrada crescente de capitais externos e à valorização da taxa de câmbio. O poder do capital internacional materializa-se na ameaça de desestabilização representada por movimentos bruscos e maciços de fuga de capitais. O temor de despertar a ira do capital internacional ata as mãos das autoridades monetárias. Não por acaso, apesar do pífio desempenho da economia, o Banco Central, com a envergonhada cumplicidade do Planalto, já começa a sinalizar para o “mercado” que haverá elevação da taxa de juros.

Em segundo lugar, é necessário não alimentar ilusões em relação aos fatores objetivos que condicionam a competitividade da economia brasileira. Sem controle efetivo sobre a taxa de juros e de câmbio, sem um sistema financeiro voltado para o financiamento de investimentos, sem a presença de um sistema nacional de inovações, sem empresas com estrutura técnica e financeira para enfrentar os grandes conglomerados internacionais, o Estado não tem como fomentar a competitividade dinâmica da economia brasileira. Nessas condições, à economia brasileira só resta o caminho da competitividade espúria, baseada na superexploração do trabalho e na depredação do meio ambiente. As pressões para a desoneração da folha salarial e para uma ainda maior irresponsabilidade em relação à proteção do meio ambiente indicam que é esse o caminho adotado. O BNDES é o braço financeiro dessa operação.

IHU On-Line  O governo anunciou a manutenção do IPI reduzido para veículos até o
fim de 2013. Como vê o retorno dessa medida? 

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
– Sem armas para enfrentar a tempestade que se aproxima, as autoridades recorrem a estratagemas desesperados que revelam a gravidade das pressões recessivas presentes na conjuntura e a falta de criatividade das autoridades econômicas para enfrentá-las. O IPI reduzido para veículos, que era para ser uma medida temporária, parece ter se transformado numa espécie de “bolsa montadora”. A estratégia de jogar o ônus da política anticíclica no aumento do consumo não funciona mais porque o grau de endividamento das famílias atingiu o seu limite.

IHU On-Line  Por que a expansão do crédito e o aumento da renda salarial como receita para estimular a economia brasileira dão sinais de esgotamento? 

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
– Em vez de enfrentar os desafios abertos pela crise econômica mundial, o governo optou pela política de administrar a crise, apostando na hipótese de que os problemas seriam temporários e se resolveriam sozinhos. Acabou enredado nas armadilhas que ele mesmo criou e, agora, vê sua capacidade de ação comprometida. A manutenção da política de superávits fiscais inviabiliza a utilização do gasto público como política anticíclica. A incapacidade de debelar as incertezas em relação ao impacto da crise mundial sobre o Brasil compromete a recuperação dos investimentos privados. O elevado endividamento das famílias esgota a possibilidade de sustentar o mercado interno pelo aumento da propensão a consumir dos trabalhadores. A elevação das importações em ritmo superior ao das exportações implica em crescente redução do estímulo à demanda agregada oriundo dos superávits na balança comercial. Enquanto foi possível “surfar” na bolha especulativa internacional, as contradições dessa política permaneceram ocultas. Como a onda acabou, os problemas acumulados começaram a vir à tona.

O fato é que o deslocamento do centro dinâmico da economia para o exterior deixa o Brasil sem mecanismos endógenos para impulsionar o mercado interno. O avançado estágio do processo de desindustrialização faz com que parcela crescente dos efeitos multiplicadores de renda dos gastos internos acabe vazando para o exterior.

IHU On-Line  Em 2010, havia uma expectativa em torno do crescimento econômico
brasileiro, que chegou a mais de 7%. Hoje, no entanto, o PIB não cresce. Quais as razões disso?

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
– É uma ingenuidade imaginar que a economia brasileira possa sustentar elevadas taxas de crescimento e estabilidade dos preços. A inserção especializada na divisão internacional do trabalho implica necessariamente graves desequilíbrios estruturais – externos e internos – que bloqueiam um crescimento mais vigoroso. A contradição entre a expansão e diversificação do mercado interno e o processo de especialização das forças produtivas reforça a tendência estrutural a desequilíbrios no balanço de pagamentos em conta corrente. O reforço da heterogeneidade estrutural intensifica a vulnerabilidade da economia brasileira a choques inflacionários gerados pelo aparecimento de pontos de estrangulamento na cadeia produtiva. O regime de metas de inflação reforça o viés anticrescimento do modelo econômico à medida que cria uma oposição perversa entre crescimento e inflação, subordinando o primeiro à estabilidade do segundo. Por isso, à exceção de conjunturas excepcionais, o desempenho da economia brasileira tem sido particularmente medíocre. Quando posto em perspectiva de longa duração, temos crescido abaixo da média latino-americana.

IHU On-Line 
 A antecipação da campanha eleitoral pode influenciar na condução da política econômica no sentido de adiar medidas que seriam necessárias?

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
– Num ambiente de forte incerteza em relação às frentes de expansão da economia, a presença de uma grande massa de capitais em busca de oportunidades de negócio tende a fortalecer os segmentos mais ortodoxos que pleiteiam uma nova rodada de privatização – aeroportos, portos, rodovias, ferrovias e até a saúde pública – e que se opõem à redução da taxa de juros. O agravamento da crise econômica também leva a um aumento da pressão por medidas compensatórias que implicam ainda maiores transferências de renda para o capital, o grande e o pequeno. É essa conjuntura que explica o coro a favor de uma nova rodada de “reformas” econômicas. As chamadas “medidas necessárias” – reforma da previdência, reforma tributária, novas levas de privatização, desoneração da folha salarial, autonomia do Banco Central – representam uma nova ofensiva do capital. Porém, os ideólogos da burguesia sabem que seria um suicídio político adotar tais medidas às vésperas da eleição. O verdadeiro objetivo da campanha das “medidas necessárias” é pautar o debate eleitoral de 2014 e colocar a classe trabalhadora na defensiva.

IHU On-Line 
 Considerando os 10 anos do PT no poder, que considerações são
possíveis fazer em relação à condução da economia brasileira?

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
– Como seus antecessores do PSDBos governos do PT caracterizaram-se pela absoluta subserviência ao grande capital e fiel obediência às diretrizes do receituário neoliberal. A forma assumida pela política econômica adaptou-se às exigências da conjuntura externa e interna. Nos primeiros anos do governoLula, a gestão foi particularmente ortodoxa. Para ganhar a confiança do “mercado”, Palocci foi mais realista do que o rei, desdobrando-se para atender os pleitos do grande capital e afastar qualquer suspeita em relação ao risco de medidas que pudessem representar um passo atrás no processo de liberalização e privatização. O aumento despropositado do superávit fiscal (com a economia em plena recessão) e a Reforma da Previdência dos funcionários públicos são medidas emblemáticas desse primeiro momento. A partir de 2005, a mudança da conjuntura internacional abriu espaço para uma política econômica um pouco mais flexível. As autoridades econômicas aproveitaram a “bolha especulativa” para surfar na crise. São medidas emblemáticas desse segundo momento: o aumento do crédito ao consumo; a recuperação do salário mínimo; o desproposital acúmulo de divisas e a consequente valorização do cambio; a modesta redução dos juros; e a maior liberalização financeira que redundou na explosão do passivo externo. No final de 2011, a exaustão da estratégia de “surfar” na crise abriu uma terceira etapa. As autoridades econômicas reagiram à nova situação com medidas paliativas. Sem nenhum plano preventivo para proteger o país das tendências devastadoras que reforçam o processo de reversão neocolonial, o governo se atém a lançar mão de providências ad hoc, de curto alcance, que procuram atenuar as tendências recessivas pelo reforço dos mecanismos de transferência de renda do trabalho e do setor público para o capital. Estamos neste ponto.

IHU On-Line  Deseja acrescentar algo?

Plínio de Arruda Sampaio Jr. 
– A população brasileira precisa saber que, dentro dos parâmetros da ordem global, o raio de liberdade das autoridades econômicas para defender o Brasil dos efeitos da crise é mínimo. A decisão de dobrar as apostas no capital internacional como sujeito estratégico do processo de acumulação é um caminho sem volta que, como uma tragédia grega, tem o seu desfecho inscrito no próprio desenrolar da trama. Enquanto as oportunidades de negócios estimulam a entrada de recursos externos, o espectro do estrangulamento cambial permanece apenas latente, ainda que a custas de sua manifestação com força redobrada em algum momento futuro. Quando, por qualquer motivo, o movimento de capitais inverte a direção, não há como evitar crises agudas de estrangulamento cambial e o início de um longo e penoso processo de renegociação da dívida externa e ajustamento estrutural. Os dois momentos condicionam-se e reforçam-se reciprocamente. Na expansão, o capital internacional abocanha grandes negócios. Na fase de ajuste, aproveita a oportunidade para transformar passivo externo financeiro em ativos produtivos. O Brasil conhece bem essa história, pois foram assim que terminaram todos os ciclos econômicos impulsionados pelo capital internacional.
(Por Patricia Fachin)
FONTE: http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/economia-brasileira-os-problemas-acumulados-comecaram-a-vir-a-tona-entrevista-especial-com-plinio-de-arruda-sampaio-jr/519111-economia-brasileira-os-problemas-acumulados-comecaram-a-vir-a-tona-entrevista-especial-com-plinio-de-arruda-sampaio-jr