segunda-feira, 1 de abril de 2013

Economia aplicada ao futebol: a competitividade do Brasileirão

Há muito se convencionou que o campeonato brasileiro seria “o mais difícil do mundo”. Pode ser complexo superar o teor abstrato da afirmação, mas o fato é que ciência econômica possui artifícios capazes de mensurar o nível de competitividade dos torneios. Foi o que fez o professor Cristiano Machado Costa, Coordenador do Centro de Estudos e Análises Econômicas da FUCAPE Business School (Vitória/ES). O resultado confirmou que nenhum campeonato é, no mínimo, tão equilibrado quanto o Brasileirão.
Existe um índice chamado Herfindahl-Hirschman (ou simplesmente HHI) que mensura a concentração de mercado através da soma dos quadrados das parcelas (market share) de cada empresa. Por exemplo, se em um setor existem duas empresas e cada uma possui exatamente 50% das vendas, então o HHI é (0,5)² + (0,5)² =0,5. Já se no setor existem três companhias, uma com 50% e as outras com o restante (25% cada), então o HHI é (0,5)² + (0,25)² + (0,25)² = 0,375. Em suma, quanto mais competitivo um mercado, menor seu índice HHI.
Eis que este conceito, aparentemente complexo, pode ser perfeitamente adaptado ao futebol. Basta considerar que o market share de cada clube seja o número de pontos conquistado por ele dividido pelo somatório dos pontos de todos os participantes do torneio. Teríamos assim o Índice de Competitividade Futebolística (ICF)*. Em uma série histórica iniciada com o advento dos pontos corridos (2003-2012), o professor concluiu que o Campeonato Brasileiro há anos vem sendo o mais competitivo entre os principais do mundo:
*No limite da competitividade, todos os jogos terminariam empatados – levando ao menor ICF possível.
Nota-se que o Brasil foi o país que apresentou menor ICF ao longo dos últimos 10 anos – tendo 2007 como exceção (em detrimento do francês). As temporadas de 2005 (ICF 0,151) e 2009 (ICF 0,170) foram as de maior equilíbrio. Já o maior desequilíbrio se deu justamente em 2012 (ICF 0,313) – ano em que o Fluminense quase bateu recordes de pontuação máxima. Entre os torneios mais desequilibrados estão italiano e inglês, com alemão e espanhol em processo de concentração recente.
Um grande abraço e saudações!
Fonte: http://globoesporte.globo.com/platb/teoria-dos-jogos/page/3/

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