segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Mercado projeta inflação e juros mais altos em 2013


Por Ana Conceição | Valor
SÃO PAULO  -  
Analistas do mercado financeiro revisaram para cima suas estimativas para o dólar, para a inflação e, por consequência, as apostas para a taxa básica de juros brasileira. Ao mesmo tempo, as projeções para a atividade econômica voltaram a cair. 
O Boletim Focus, do Banco Central (BC), que compila estimativas de cerca de cem instituições, mostra que, na esteira da alta da moeda americana nos últimos dias, a mediana das estimativas para o dólar ao fim de 2013 saiu de R$ 2,30 para R$ 2,32. 
Consta do relatório que a mediana para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2013 saiu de 5,74% para 5,80%. Para 2014, passou de 5,80% para 5,84% de avanço. Em 12 meses, a previsão saiu de 5,97% para 6,08% de aumento. Na contramão, a projeção para a alta do IPCA em agosto foi de 0,29% para 0,26%.
Inflação mais salgada pode induzir os juros para cima - depois de ficar estável por sete semanas, a aposta para a taxa Selic ao fim deste ano foi ampliada de 9,25% para 9,50%. Os analistas veem o juro nesse patamar até o fim de 2014. 
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) informa sua decisão sobre Selic, que atualmente está em 8,50% ao ano. Espera-se aumento de 0,50 ponto percentual.
Enquanto veem inflação e juros maiores, os analistas estimam uma economia menos ativa. A mediana das projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi alterada de 2,21% para 2,20% em 2013 e de 2,50% para 2,40% em 2014.
Quanto à produção industrial, a expectativa é de um avanço de 2,11% neste ano, em vez de 2,08%, e de 2,90% em 2014, no lugar de 3%.
No caso da balança comercial brasileira neste ano, a projeção é de um superávit de US$ 3,40 bilhões, ante os US$ 4,35 bilhões estimados no documento anterior. Para 2014, o saldo positivo projetado passou de US$ 8 bilhões para US$ 9 bilhões.
Top 5 
Os analistas top 5 - aqueles que mais acertam as previsões – estimam agora IPCA de 5,57% em 2013, ante 5,47% na semana anterior. A estimativa para 2014 seguiu em 5,80%. Para a Selic, a aposta para este ano continuou em 9,75%, mas para 2014 saiu de 9,75% para 10,0%.
(Ana Conceição | Valor)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Dia do Economista

O Dia do Economista é comemorado no dia 13 de agosto. O economista é o profissional que compreende a forma que as sociedades usam seus recursos materiais e humanos, com vistas a produzir e distribuir bens e serviços, é o trabalho do economista, que atua basicamente em duas áreas: na macro e na microeconomia.

Origem do Dia do Economista

No dia 13 de agosto de 1951, o presidente Getúlio Vargas sancionou a lei 144, que criou a profissão de economista, por isso a data é celebrada nesse dia.
SÃO PAULO - O lucro anunciado hoje pelo Banco do Brasil no primeiro semestre de 2013, de R$ 10 bilhões, foi o maior da história entre os bancos brasileiros de capital aberto, além de ser o maior já alcançado pela instituição, segundo a consultoria Economática. O recorde anterior pertencia ao Itaú Unibanco, com lucro de R$ 7,2 bilhões.
Em coletiva de imprensa, o presidente do BB, Aldemir Bendine, disse que o semestre marca a estratégia que o banco adotou há cinco anos quando fez reorganização societária e mudança de atuação no ramo de seguros. "Fizemos o maior IPO do mundo em um momento que o cenário estava bastante adverso, com uma crise externa enorme. Isso prova a credibilidade do banco", destacou ele.
O resultado do Banco do Brasil do segundo trimestre de 2013 também é o maior da historia do setor bancário brasileiro com R$ 7,47 bilhões, ultrapassando o lucro do segundo trimestre de 2013 do Itaú Unibanco de R$ 3,74 bilhões. O Bradesco tem o oitavo maior lucro dos segundos trimestres da história dos bancos brasileiros de capital aberto.
O lucro do segundo trimestre representou um aumento de 148,4% em 12 meses, influenciado pela venda das ações da BB Seguridade, área de previdência, seguros e capitalização. O banco anunciou dividendos de R$ 2,177 bilhões, o que significa cerca de R$ 0,7769 por ação. O bônus será pago em 30 de agosto. 

Ranking no semestreBancoLucro no semestre (R$ bilhões)Ano
Banco do Brasil10,032013
Itaú Unibanco7,232013
Itaú Unibanco7,132011
Itaú Unibanco6,732012
Itaú Unibanco6,42010
Banco do Brasil6,262011
Bradesco5,872013
Bradesco5,632012
Banco do Brasil5,512012
10ºBradesco5,492011
Ranking no semestreBancoLucro no 2º tri (R$ bilhões)Ano
Banco do Brasil7,472013
Itaú Unibanco3,752013
Itaú Unibanco3,62011
Banco do Brasil3,332011
Itaú Unibanco3,32012
Itaú Unibanco3,162010
Banco do Brasil3,012012
Bradesco2,952013
Bradesco2,832012
10ºBradesco2,782011
Fonte: Economática
(Com Aline Bronzati, da Agência Estado)

Fome de lucro



A temporada de divulgação dos balanços das empresas relativos ao primeiro semestre começou e mais uma vez os lucros bancários chamam a atenção. As três maiores instituições privadas - Itaú, Bradesco e Santander - já ganharam juntas 15 bilhões de reais, valor 50% acima do recente corte de gastos anunciado pelo governo. O volume de crédito no País atinge níveis recordes, de 55% do PIB, e explica parte dos lucros. Mas o juro cobrado dos clientes continua o grande responsável pela boa vida do sistema financeiro – e um entrave ao desenvolvimento econômico brasileiro.
A taxa média exigida das pessoas físicas está em 24% ao ano e a das empresas, em 14%, segundo dados divulgados na semana passada pelo Banco Central (BC). As cifras resultam de uma pesquisa ampla feita mensalmente com todas as instituições financeiras atuantes no País. Mas este poder do BC de monitorar todo o sistema mascara a gula dos grandes bancos. Um outro levantamento mensal com foco em instituições maiores e tradicionais - ou seja, naquelas com as quais trabalha a maioria das pessoas e empresas comuns - mostra uma situação bem pior.
Em junho, o juro médio cobrado das pessoas estava em 89% ao ano e o das empresas, em 44%, de acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). “No Brasil, a pessoa compra um produto pagando quase o dobro do preço que ele custa. Nos países emergentes, essa taxa é de 10% ao ano”, diz o economista Amir Khair, colunista de veículos de comunicação e secretário de finanças da prefeitura de São Paulo nos anos 90.
O quadro era ainda mais favorável ao bancos até 2010. No início de 2011, o governo decidiu forçar uma certa redução no patamar de ganhos do setor botando as instituições públicas para competir cobrando taxas menores. Até então, o juro médio medido pela Anefac estava na casa de 120% anuais para pessoas comuns e de 60% para as empresas. Por conta dessa intervenção estatal, em junho passado, os bancos públicos respondiam por mais da metade do crédito do País, o que não acontecia desde a privatização de instituições estaduais na década de 90.
Um estudo anual do BC sobre o setor bancário também é revelador da fome de lucro escondida nos juros. Quando se decompõe a taxa para saber qual destino o banco emprestador dá ao que o cliente paga de volta, vê-se que o item “margem de lucro” é campeão. Pelo último estudo, de dezembro de 2012, 40% da taxa virava lucro limpo. Os impostos comiam 25% da taxa, a precaução contra calote ficava com 22% e o resto ia para encargos menores.
Apesar de ter ocorrido certa recalibragem no nível de juro, o ainda alto patamar atrapalha o Brasil, segundo Khair. Sobretudo depois de dois anos de crescimento pífio e da perspectiva de um 2013 igual. O consumo popular, diz, foi o motor do PIB nos últimos anos, mas está com poder de fogo limitado pelo juro alto. Se as pessoas pagassem taxas menores, comprometeriam uma parte menor da renda e poderiam gastar mais. “O endividamento das famílias é alto porque o juro é alto”, afirma. “O empresário que investe quer ter a perspectiva de que o produto dele será consumido.”
Ao defender o apoio ao consumo, o economista se coloca na contramão da maioria dos colegas ouvidos pela mídia e até de integrantes do governo, para quem o investimento deveria agora ser a locomotiva.
Em entrevista recente a CartaCapital, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo busca um meio termo. Daí estar incentivando, por exemplo, o investimento privado em obras de infraestrutura por meio de um pacote de transferência de bens públicos a empresas. “Apostar no investimento é um conto de fadas. O governo tem muita dificuldade para realizar investimentos, é um processo muito burocratizado. E o investimento das empresas também não é rapido”, diz Khair.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Inflação tende a subir após queda de julho, diz diretor do BC

BRASÍLIA  -  O diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, avalia que o melhor período da inflação ficou para trás. Segundo ele, apresentou o Boletim Regional em Belém, o número de julho do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi “o melhor momento” da inflação nas leituras mensais.
De agora em diante, disse Hamilton, as leituras mensais de preços tendem a aumentar, mas o acumulado em 12 meses vai seguir recuando. Parece paradoxal, mas isso é efeito da base de comparação.
Em julho, o IPCA apresentou alta de 0,03%, mas ainda acumula alta de 6,27% em 12 meses, acima do centro da meta de 4,5%.
Atividade econômica
Hamilton afirmou ainda que a retomada do ritmo de crescimento da economia brasileira está condicionada à recuperação da confiança das famílias e das empresas. Tese essa que o BC passou a defender na ata de sua última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Hamilton também apontou que o crescimento do crédito continua moderado e que o BC trabalha com moderação de ganhos salariais.
O BC também diz esperar o cumprimento do superávit primário em 2013 e 2014 conforme a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).


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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Greenwald: EUA espionam por vantagens comerciais

O jornalista americano Glenn Greenwald disse na terça-feira 6 durante uma audiência pública conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados, em Brasília, que os dados que divulgou até agora sobre os documentos secretos que recebeu do ex-consultor da CIA (serviço secreto americano), Edward Snowden, sobre um esquema de espionagem internacional dos EUA, não se restringem apenas ao combate ao terrorismo internacional.
Greenwald, que publicou as primeiras reglportagens sobre o programa de vigilância das comunicações eletrônicas da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, da sigla em inglês) a partir das informações do delator Snowden, ressaltou que, desde o ataque às torres do World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos têm usado o combate ao terrorismo como justificativa para muitas ações, incluindo as técnicas de espionagem.
Mas, para Greenwald, o principal objetivo do governo americano com a espionagem é a obtenção de informações comerciais e industriais, como na área de energia e petróleo. Segundo ele, está claro que essa é uma maneira de ganhar mais poder através da obtenção de dados sobre negociações econômicas, estratégias políticas e competitividade de empresas. "Em geral, o propósito desse programa é esse [de obter vantagem]."
Ele citou como exemplo a reportagem publicada na última semana pela revista brasileira Época – publicação para a qual Greenwald também escreve – que traz dados sobre como espionagem norte-americana de oito países, incluindo o Brasil, influenciou a aprovação de sanções contra o Irã em 2010 pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Esclarecimentos de empresas brasileiras
Na avaliação de Greenwald, que vive no Brasil desde 2005, é "difícil acreditar" que empresas de telecomunicações e de internet que atuam no Brasil não saibam o que acontece com os dados coletados no país. "É importante saber exatamente quais empresas americanas têm acessos a quais sistemas para olhar com mais atenção sobre o que está acontecendo exatamente com esses sistemas", opinou.
A coleta e a transferência de dados, segundo o relato do jornalista, são possíveis porque operadoras brasileiras de telecomunicações estariam trabalhando com uma grande empresa americana que fornece dados para a NSA. Greenwald ainda está investigando os fatos a respeito dessa cooperação.
Segundo a Agência Brasil, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) negou que as empresas do setor forneçam ou facilitem informações que possam quebrar o sigilo de seus usuários, a não ser que haja uma ordem judicial no âmbito da lei brasileira para isso.
O blogueiro e ex-advogado disse não ter como forçar as empresas brasileiras a fornecerem informações, mas que o Parlamento e os órgãos do Executivo podem fazê-lo. "Deve haver duas ou três opções de empresas de telecomunicações que podem estar nessa lista", afirmou Greenwald, ao ressaltar que essa é a informação mais protegida pela Agência de Nacional de Segurança. "O que a NSA está protegendo mais é a identidade das empresas que trabalham com eles (...). Eles estão usando codinomes para tudo."
Em resposta ao apelo do jornalista americano, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, senador Ricardo Ferraço, afirmou que já tem requerimentos aprovados para solicitar a presença dessas empresas em audiências públicas para prestarem esclarecimentos.
Ponta do iceberg
Greenwald ainda afirmou, durante a audiência no Senado, que as informações que divulgou a partir dos documentos que recebeu de Edward Snowden representam uma parte muito pequena do que ainda está por vir. O delator passou cerca de 20 mil documentos a Greenwald – este disse que os dados ainda estão sendo analisados.
"Estamos trabalhando com muitas organizações no Brasil e no mundo todo para publicar mais documentos. É difícil falar sobre os documentos que ainda não publiquei, mas com certeza vai ter muito mais revelações sobre a espionagem do governo dos Estados Unidos", disse o jornalista.
Durante o depoimento, Greenwald disse que precisa ser cuidadoso nas suas declarações por causa de ações judiciais contra Snowden nos Estados Unidos – por isso, tem restrições quanto ao teor das informações que pode divulgar.
Destituído do passaporte dos EUA, Snowden conseguiu, na semana passada, um asilo de um ano na Rússia, depois de um mês confinado na zona de trânsito do aeroporto Sheremetyevo, em Moscou.
Muito além dos metadados
Sobre a alegação, por parte do governo norte-americano, de que a NSA apenas acessa os chamados metadados – ou informações básicas sobre dia, horário e destinatário de mensagens –, Glenn Greenwald afirmou que os Estados Unidos têm capacidade de interceptar o conteúdo dessas mensagens se quiser.
"O governo americano tem sistemas para invadir muitos e-mails, não só metadados, mas coisas que você fala por e-mail, ou coisas que você está falando pelo telefone", disse Greenwald, ao classificar o sistema XKeyscore, programa de busca em bancos de dados de informações que circulam pela rede, como "assustador" e "o mais poderoso" sobre o qual ele já escreveu.
Uma grande preocupação de Greenwald é que o sistema é acessado por milhares de analistas que não ocupam cargos muito altos na hierarquia da NSA, o que deixa vulneráveis informações pessoais – isso tudo sem a necessidade de autorização judicial.
"Esse sistema vai mostrar quase tudo o que as pessoas estão fazendo na internet. É muito mais do que metadados. E o mais assustador, na minha opinião, sobre esse sistema é que ele é muito fácil de usar", afirmou.
A maior prova disso, exemplificou Glenn, é o que fez Edward Snowden. "Qualquer pessoa pode invadir uma informação muito privada sem justificar, e é muito difícil para descobrir. E a evidência disso é que Snowden tomou 15, 20, 25 mil documentos supersecretos e ninguém sabia, porque esse sistema é grande demais, é enorme e ninguém pode controlar isso", disse.
Autoria: Ericka de Sá, de Brasília
Edição: Renate Krieger 



FONTE: http://www.cartacapital.com.br/internacional/greenwald-diz-que-eua-espionam-por-vantagens-comerciais-7133.html

Balança comercial tem pior resultado da história para meses de julho

A balança comercial brasileira registrou déficit (importações maiores do que exportações) recorde tanto no mês de julho quanto no acumulado dos sete primeiros meses deste ano. De acordo com dados divulgados hoje (1°) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no mês passado, o saldo comercial ficou negativo em US$ 1,89 bilhão. É o pior resultado para meses de julho desde o início da série histórica do Banco Central, em 1959.
No período de janeiro a julho, o resultado ficou deficitário em US$ 4,98 bilhões, o mais fraco para o período desde 1995. Em junho, a balança teve superávit mensal de US$ 2,394 bilhões, mas acumulou déficit semestral recorde de US$ 3 bilhões.
De acordo com o governo, a queda nas exportações e a alta nas importações de petróleo são o principal motivo dos resultados deficitários. O atraso na contabilização das importações de petróleo, em função de instrução normativa da Receita Federal que aumentou o período para registro da compra de produtos a granel, contribuiu para que aquisições de combustíveis feitas há meses pela Petrobras só estejam sendo contabilizadas agora. Isso contribuiu ainda mais para o maior peso das importações na balança.
As exportações mensais alcançaram valor de US$ 20,8 bilhões em julho, com retração de 5,2% em relação ao mesmo mês de 2012 e de 14,4% em relação a junho de 2013, segundo o critério da média diária. As importações totalizaram  US$ 22,7 bilhões e média diária recorde para meses de julho, de US$ 987,1 milhões. Houve crescimento de 19,7% das compras no exterior com relação a julho do ano passado, e de 4,8% sobre junho de 2013, também levando-se em conta a média diária.
De janeiro a julho deste ano, as exportações somaram US$ 135,23 bilhões, com média diária de US$ 926 milhões e queda de 4,4% frente a igual período do ano passado. Por sua vez, as importações totalizaram US$ 140,21 bilhões, com média de US$ 960 milhões por dia útil e alta de 3,4% sobre igual período de 2012.
Publicado originalmente na Agência Brasil

FONTE:  http://www.cartacapital.com.br/economia/balanca-comercial-tem-pior-resultado-da-historia-para-meses-de-julho-3518.html

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Com inflação baixa em julho, Dilma critica 'estardalhaço' sobre preços

7.ago.2013 - A presidente Dilma Rousseff tira foto com alunos da Universidade Federal de Alfenas (Unifal)

07.ago.2013 - A presidente Dilma Rousseff tira foto com alunos da Universidade Federal de Alfenas (Unifal)

A presidente Dilma Rousseff aproveitou a divulgação dos números baixos de inflação de julho, feita nesta quarta-feira (7) pelo IBGE e na terça pelo Dieese, para reclamar de novo de quem critica a alta de preços.
Ela afirmou que tem havido "estardalhaço" sobre a inflação, e que alta de preços está "completamente sob controle". A declaração foi dada durante entrevista a emissoras de rádio de Varginha, no sudoeste mineiro.
Dilma tem falado várias vezes que a inflação está sob controle. Em julho, ela atacou os "pessimistas" e disse que a inflação "vai ficar na meta".
"Hoje, o IBGE divulgou o IPCA [inflação oficial] de julho, que mostra uma inflação bastante sobre controle, pelos seus níveis. O índice é de 0,03% e vem sistematicamente caindo. É um dos percentuais mais baixos para esse período. Ao mesmo tempo, para esse mesmo mês de julho, o INPC demonstra deflação de 0,13%. São preços em queda. A pesquisa da cesta básica mostra queda em todas as 18 capitais. Ou seja, a inflação está complemente sob controle", disse.
Ainda segundo a presidente, a queda de preço está atingindo todos os setores. "Serviços, alimentação, transporte, todos vêm reduzindo preços. Esse é um fenômeno que está se espalhando por todo o país. Temos muita tranquilidade de dizer isso. Fazem um grande estardalhaço quando os dados não apontam nesse sentido", afirmou.
Mesmo criticando a especulação, Dilma Rousseff admitiu que houve uma alta dos preços no início do ano, mas apresentou uma justificativa.
"Não foi pelo fator interno, mas pela oferta de preços agrícolas nos EUA, porque houve uma quebra de safra. Tivemos problemas aqui, que foi a seca, Mas a inflação, sob todos os aspectos, vem caindo mês a mês. No que se refere a isso, temos a garantia do governo de que o que estamos falando está se mostrando na prática", declarou.
Ainda sobre a economia, a presidente garantiu que o PIB (Produto Interno Bruto) "vem tendo um desempenho melhor."
"Diziam que ia ser em junho um PIB muito pequeno, mas o que estamos verificando demonstra que há uma recuperação do PIB", disse, citando fatores como concessões e investimentos privados como determinantes para o crescimento econômico em 2013.
A presidente disse, ainda, que a alta do dólar nas últimas semanas também está sob controle, e o país está pronto para novas variações cambiais.
"A variação do dólar se deve ao fato de os EUA estarem saindo de uma expansão monetária, e estão querendo ir para uma política menos expansionista, por medo da inflação e de outras coisas. Se isso ocorrer, vai ocorrer oscilação em todas as moedas e Bolsas do mundo. Mas nada a que o Brasil não tenha condições de resistir. Nós mantivemos no país oscilação dentro de limites claros", afirmou.

Dilma compara dados com os do governo FHC

A presidente voltou a comparar dados de seu governo com os do governo de Fernando Henrique Cardoso. "Criamos 826 mil vagas com carteira assinada nesse primeiro semestre, o que significa a quantidade de empregos em todo o primeiro governo do FHC. Em seis meses, foi criado o mesmo que em quatro anos."
Dilma "cutucou" aqueles que apontaram para uma tendência de aumento do desemprego no país, o que --segundo ela-- não se concretizou.
"Recentemente, nós vimos todo um barulho de que a taxa de desemprego tinha sido de 6%. Ela variou de 5,8%, foi para 5,9% e chegou a 6%. É uma variação absolutamente insignificante. Continuamos com a condição de criação de empregos, temos uma situação muito melhor que o resto do mundo", afirmou.
Mesmo criticando a especulação, Dilma Rousseff admitiu que houve uma alta dos preços no início do ano, mas apresentou uma justificativa.
"Não foi pelo fator interno, mas pela oferta de preços agrícolas nos EUA, porque houve uma quebra de safra. Tivemos problemas aqui, que foi a seca, Mas a inflação, sob todos os aspectos, vem caindo mês a mês. No que se refere a isso, temos a garantia do governo de que o que estamos falando está se mostrando na prática", declarou.
Ainda sobre a economia, a presidente garantiu que o PIB (Produto Interno Bruto) "vem tendo um desempenho melhor."
"Diziam que ia ser em junho um PIB muito pequeno, mas o que estamos verificando demonstra que há uma recuperação do PIB", disse, citando fatores como concessões e investimentos privados como determinantes para o crescimento econômico em 2013.
A presidente disse, ainda, que a alta do dólar nas últimas semanas também está sob controle, e o país está pronto para novas variações cambiais.
"A variação do dólar se deve ao fato de os EUA estarem saindo de uma expansão monetária, e estão querendo ir para uma política menos expansionista, por medo da inflação e de outras coisas. Se isso ocorrer, vai ocorrer oscilação em todas as moedas e Bolsas do mundo. Mas nada a que o Brasil não tenha condições de resistir. Nós mantivemos no país oscilação dentro de limites claros", afirmou.

Dilma compara dados com os do governo FHC

A presidente voltou a comparar dados de seu governo com os do governo de Fernando Henrique Cardoso. "Criamos 826 mil vagas com carteira assinada nesse primeiro semestre, o que significa a quantidade de empregos em todo o primeiro governo do FHC. Em seis meses, foi criado o mesmo que em quatro anos."
Dilma "cutucou" aqueles que apontaram para uma tendência de aumento do desemprego no país, o que --segundo ela-- não se concretizou.
"Recentemente, nós vimos todo um barulho de que a taxa de desemprego tinha sido de 6%. Ela variou de 5,8%, foi para 5,9% e chegou a 6%. É uma variação absolutamente insignificante. Continuamos com a condição de criação de empregos, temos uma situação muito melhor que o resto do mundo", afirmou.

Tomates e manifestações reduziram a inflação de julho

Tomates e manifestações reduziram a inflação de julho

A redução do preço dos alimentos, e das passagens de ônibus, ajudou a manter o índice sob controle
O preço do tomate caiu 27,25% em julho. O item “alimentação e bebidas” registrou deflação de 0,33%. Além disso, as manifestações reduziram as tarifas de ônibus em 6,78% no Rio; em 10%, em Goiânia; em 6,25%, em São Paulo e em 5,36%, em Belo Horizonte. O item “transportes” apresentou deflação de 0,66%. O resultado foi que a inflação de julho, medida pela variação do IPCA, foi de apenas 0,03%.
Gráfico inflação
A novidade para os economistas é que foi percebido que há um novo instrumento anti-inflacionário para combater preços estabelecidos por oligopólios (máfias) que pactuam com governos. Quando a concorrência não resolve e a regulação inexiste, as manifestações podem resolver.
Assim, a inflação de julho confirmou a tendência do ano. De janeiro a julho a trajetória tem sido de queda. No mês de abril houve um repique devido à forte variação dos preços dos alimentos. Naquele mês, “alimentos e bebidas” foram responsáveis por aproximadamente 40% da inflação de 0,55%.
A inflação acumulada do ano é de 3,18%. O limite máximo da meta de inflação é de 6,5% para o ano. A inflação de 2013 será provavelmente a menor dos últimos três anos. A maioria das previsões indica que a inflação do ano será de 5,75%. Portanto, a inflação está em queda e dentro da meta.

Existem brasileiros que nunca tiveram acesso a um médico

A opinião é de Augusto César, militante do MST e formado em medicina em Cuba. Para ele, a resistência à vinda de profissionais estrangeiros e a outras propostas do governo são meios encontrados pela classe médica para manter uma reserva de mercado nas áreas mais carentes de atendimento. Por José Coutinho Júnior, da Página do MST.


"Somos ricos, somos cultos. Fora os imbecis corruptos”. Com este grito, diversos médicos protestavam em frente ao ministério da saúde nesta terça-feira (30/07). A razão dos protestos é, principalmente, a oposição dos médicos brasileiros às propostas do governo em relação à saúde.

O programa Mais Médicos, lançado pelo governo federal com o intuito de aumentar o número de profissionais da saúde em áreas carentes causou polêmica ao propor a vinda de médicos estrangeiros para trabalhar no Brasil.

O processo de cadastramento do programa foi conturbado. Dados mais recentes apontaram que 3.891 médicos formados no Brasil com registro válido se cadastraram; no entanto, 1.631 destes médicos já desistiram do programa, e segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, 90% de todos os cadastros tinham registros inválidos, com sequências numéricas como 000 ou 111. A denúncia de boicote ao programa foi encaminhada à Polícia Federal, que investiga o caso.

A proposta de que médicos que cursam universidades públicas deveriam servir dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) para concluir o curso também foi fortemente atacada, o que fez com que o governo retrocedesse.

Para Augusto César, militante do MST e formado em medicina em Cuba, essa resistência aos programas do governo são meios encontrados pela classe médica para manter uma reserva de mercado nas áreas mais carentes de atendimento.

“A classe médica brasileira teme perder privilégios de reserva de mercado que eles exercem. Por faltar médicos, eles podem sugar das prefeituras preços salariais altíssimos. Por isso a oposição às medidas do governo”.

Falta de médicos

Andreia Campigotto, médica formada em Cuba e também militante do MST acredita que a proposta de trazer médicos estrangeiros é positiva.

“É uma maneira de acabar com essa injustiça social no país, que é a falta do acesso à saúde. Para fortalecer o SUS, precisamos resolver problemas de gestão e financiamento, mas também fortalecer os recursos humanos, com profissionais comprometidos com o sistema de saúde e que trabalhem para consolidá-lo”. 

De acordo com uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), o número de médicos no Brasil aumentou de 59 mil para 400 mil (aumento de 557%) nos últimos 40 anos. O país chegou a dois profissionais para cada 1.000 habitantes. No entanto, a distribuição é desigual. Enquanto a região Sudeste tem 2,7 médicos para cada mil habitantes, a região nordeste tem a metade desse número.

“Existem brasileiros que nunca tiveram acesso a um médico. E quando tem, só pagando. A vinda dos médicos é uma medida pontual, que deve ser acompanhada de outras iniciativas. No entanto, emergencialmente é a melhor maneira para resolver a falta de médicos, principalmente no interior e nas periferias das grandes cidades, onde poucos abrem mão do seu salário alto para ir”, diz Augusto.

Investimentos

Uma das principais reivindicações dos protestos ocorridos no Brasil é a melhoria da saúde pública, com a destinação de 10% dos recursos do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor. O SUS, apesar de gratuito, apresenta deficiências e ainda está longe de atender às necessidades dos brasileiros. 

Um dos gargalos é o subfinanciamento do SUS. Apenas 4% do PIB é investido na saúde pública, que atende 68% dos brasileiros, de acordo com pesquisa do Ibope. Países como Cuba, Noruega e Canadá investem pelo menos 10% do PIB em saúde pública.

Esse baixo investimento tem graves consequências para a saúde no país. “Os baixos investimentos, ao longo de mais de 50 anos, repercutem no sucateamento de toda a saúde, desde a formação dos médicos até a manutenção de equipes básicas, postos de saúde e de políticas que possam gerar e promover saúde no nosso país”.

Estrutura precária

Para as entidades de classe dos médicos, como o Conselho Federal de Medicina (CFM), as medidas planejadas pelo governo não resolvem o problema da saúde porque o principal gargalo se encontra nas estruturas precarizadas dos hospitais e nas condições de trabalho dos profissionais da saúde. Dados do conselho apontam que a maioria dos hospitais do país possui em média 50 leitos, quando o ideal seria entre 150 e 200.

Augusto acredita que existe uma meia verdade no discurso do CFM. “Construir hospitais não resolve o problema da saúde. Se isso não está casado com uma estratégia maior, não vai resolver. O que nós necessitamos urgentemente são investimentos na atenção básica de saúde, que vai desde os postos de saúde às unidades básicas, que são a porta de entrada capaz de curar mais de 80% dos usuários da saúde”, defende.

Apesar da estrutura precária ser um problema crônico da saúde brasileira, a falta e má distribuição de médicos é uma questão urgente e igualmente grave. “Melhorar a infraestrutura e condições de trabalho é fundamental, mas isso não é um impedimento para o nosso trabalho. No Nordeste, estamos num grupo de residência e medicina da família que atende 4000 pessoas. Vivemos na pele a carência de infraestrutura, mas continuamos a realizar um trabalho humanizado, tratando o paciente com atenção, amor e respeito. Conseguimos resolver de 80% dos problemas da área em que atendemos”, afirma Andreia.

“O debate sobre a vinda de médicos estrangeiros é importante para mostrar à população brasileira que o foco não está somente na falta de estrutura. A falta de médicos - comprometidos em sair das grandes cidades e ir para o interior, para municípios que nunca tiveram acesso à saúde por falta de profissionais dispostos - é um problema mais grave do que a falta de estrutura”, acredita Augusto.


A Economia do Boca-Livre

Nos EUA, pesquisa encontra fortes evidências de que parlamentares têm acesso a informações privilegiadas da Bolsa

Os verdadeiros donos do poder, aqueles que não se exibem nem nos parlamentos nem nos palácios, estão nas coxias a manejar os cordéis e a soprar as falas dos acadêmicos. Neste momento em que os sábios da academia se dedicam a vergastar a “democracia da meia-entrada”, vou falar sobre a Economia da Boca-Livre.
Nasdaq
Publicado em 2004 por John Kenneth Galbraith, 96 anos de coragem intelectual e lucidez política, o livro A Economia das Fraudes Inocentes oferece ao leitor ensaios curtos de grande profundidade analítica. Entre eles, o brasileiro, angustiado com as mazelas nacionais, encontraria alguma luz e talvez ainda mais desconforto na leitura de O Mito dos Dois Setores.
Para Galbraith, o capitalismo moderno é caracterizado pela subordinação do Estado aos interesses da grande empresa e da alta finança. “O papel dominante do setor privado no setor público é uma evidência. Seria melhor afirmar isso claramente.” Ele fala, obviamente, dos Estados Unidos, a economia capitalista mais avançada do planeta e, por isso mesmo, o país onde as relações entre o público e o privado se apresentam sob a forma mais evoluída. “A intrusão do setor nitidamente privado no setor público se generalizou. Dotados de plenos poderes na grande empresa moderna, é natural os executivos estenderem esse papel para a política e para o Estado.”
Na verdade, o peculiar caráter “liberal” do Estado americano, desde a sua constituição, está relacionado com o seu papel decisivo na promoção e incentivo da concorrência darwinista. A porosidade do poder político aos interesses privados deu origem a um Estado plutocrático, na medida em que não só os grupos econômicos mais poderosos se desenvolveram à sua sombra e sob o seu patrocínio, mas também se valeram da permissividade das instituições liberais.
Essa precariedade institucional e jurisdicional sustentou o avanço das sucessivas gerações de “barões ladrões” que governaram a economia e comandaram a política americana depois da Guerra de Secessão.
Assim como na Era Progressiva – entre o fim do século XIX e o começo do XX – o New Deal de Roosevelt, nos anos 30 e 40, tentou com grande apoio popular reequilibrar as forças entre o público e o privado no interior do Estado. Na Era Roosevelt, o poder econômico, acua-
do pela brutalidade da Grande Depressão, cedeu espaço às estratégias de defesa do interesse público e coletivo.
Os tempos eram outros. Na era Bush-Obama, Robert Kaizer, no livro So Damn Much Money, listou 188 ex-congressistas registrados oficialmente como lobistas em Washington. A pesquisa de Kaizer revela como funciona a porta giratória entre os grandes negócios e a política. Estudo realizado por um grupo de advogados associados no Public Citizen flagrou na nobre ocupação de lobistas metade dos senadores e 42% dos deputados que deixaram o Congresso entre 1998 e 2004.
No período 1998-2011, o setor financeiro gastou 84,5 bilhões de dólares com essa turma. Não escasseiam relatórios oficiais, depoimentos, documentários e livros de gente oriunda dos mercados a respeito da invasão da Haute Finance na cidadela da política e das políticas. A revista Business and Politics estampada no site Berkeley Eletronic Press publicou um artigo sobre os retornos excepcionais dos portfólios de ações adquiridos por deputados americanos entre 1985 e 2001. Os pesquisadores – Alan Ziobrowski, James Boyd, Ping Cheng e Brigitte Ziobrowski – já haviam investigado o desempenho dos rendimentos nos investimentos em ações adquiridos pelos senadores entre 1993 e 1998.
Elaborado com o cuidado e o rigor exigidos por tal empreitada, o estudo avalia a evolução dos rendimentos dos parlamentares ao longo do tempo-calendário e conclui que as ações adquiridas pelos membros da Câmara dos Deputados (House ofRepresentatives) geraram retornos “anormais” estatisticamente significantes. Os ganhos dos deputados com suas carteiras de ações bateram a evolução dos índices do mercado em torno de 6% ao ano.
Os rendimentos anormais obtidos pelos deputados foram, no entanto, substancialmente menores do que os obtidos pelos senadores, considerados os mesmos períodos. Segundo supõem os autores, o diferencial de rendimentos deve ser atribuído “à menor influência e poder dos deputados”. Seja como for, o estudo encontrou “fortes evidências de que membros da Câmara de Deputados têm acesso a algum tipo de informação não disponível publicamente, usada para ter vantagem pessoal”.
É a democracia direta em sua versão plutocrática combinada com a Economia da Boca-Livre.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Fome de lucro



A temporada de divulgação dos balanços das empresas relativos ao primeiro semestre começou e mais uma vez os lucros bancários chamam a atenção. As três maiores instituições privadas - Itaú, Bradesco e Santander - já ganharam juntas 15 bilhões de reais, valor 50% acima do recente corte de gastos anunciado pelo governo. O volume de crédito no País atinge níveis recordes, de 55% do PIB, e explica parte dos lucros. Mas o juro cobrado dos clientes continua o grande responsável pela boa vida do sistema financeiro – e um entrave ao desenvolvimento econômico brasileiro.
A taxa média exigida das pessoas físicas está em 24% ao ano e a das empresas, em 14%, segundo dados divulgados na semana passada pelo Banco Central (BC). As cifras resultam de uma pesquisa ampla feita mensalmente com todas as instituições financeiras atuantes no País. Mas este poder do BC de monitorar todo o sistema mascara a gula dos grandes bancos. Um outro levantamento mensal com foco em instituições maiores e tradicionais - ou seja, naquelas com as quais trabalha a maioria das pessoas e empresas comuns - mostra uma situação bem pior.
Em junho, o juro médio cobrado das pessoas estava em 89% ao ano e o das empresas, em 44%, de acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). “No Brasil, a pessoa compra um produto pagando quase o dobro do preço que ele custa. Nos países emergentes, essa taxa é de 10% ao ano”, diz o economista Amir Khair, colunista de veículos de comunicação e secretário de finanças da prefeitura de São Paulo nos anos 90.
O quadro era ainda mais favorável ao bancos até 2010. No início de 2011, o governo decidiu forçar uma certa redução no patamar de ganhos do setor botando as instituições públicas para competir cobrando taxas menores. Até então, o juro médio medido pela Anefac estava na casa de 120% anuais para pessoas comuns e de 60% para as empresas. Por conta dessa intervenção estatal, em junho passado, os bancos públicos respondiam por mais da metade do crédito do País, o que não acontecia desde a privatização de instituições estaduais na década de 90.
Um estudo anual do BC sobre o setor bancário também é revelador da fome de lucro escondida nos juros. Quando se decompõe a taxa para saber qual destino o banco emprestador dá ao que o cliente paga de volta, vê-se que o item “margem de lucro” é campeão. Pelo último estudo, de dezembro de 2012, 40% da taxa virava lucro limpo. Os impostos comiam 25% da taxa, a precaução contra calote ficava com 22% e o resto ia para encargos menores.
Apesar de ter ocorrido certa recalibragem no nível de juro, o ainda alto patamar atrapalha o Brasil, segundo Khair. Sobretudo depois de dois anos de crescimento pífio e da perspectiva de um 2013 igual. O consumo popular, diz, foi o motor do PIB nos últimos anos, mas está com poder de fogo limitado pelo juro alto. Se as pessoas pagassem taxas menores, comprometeriam uma parte menor da renda e poderiam gastar mais. “O endividamento das famílias é alto porque o juro é alto”, afirma. “O empresário que investe quer ter a perspectiva de que o produto dele será consumido.”
Ao defender o apoio ao consumo, o economista se coloca na contramão da maioria dos colegas ouvidos pela mídia e até de integrantes do governo, para quem o investimento deveria agora ser a locomotiva.
Em entrevista recente a CartaCapital, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo busca um meio termo. Daí estar incentivando, por exemplo, o investimento privado em obras de infraestrutura por meio de um pacote de transferência de bens públicos a empresas. “Apostar no investimento é um conto de fadas. O governo tem muita dificuldade para realizar investimentos, é um processo muito burocratizado. E o investimento das empresas também não é rapido”, diz Khair.

Adorador do mercado



Recentemente, a Bloomberg Businessweek publicou ótimo artigo sobre como um sujeito de um fundo hedge que adora Ayn Rand está afundando a Sears.
Uma peculiaridade, aliás, é ele não se reunir pessoalmente com seus chefes de departamento; é tudo por videoconferência. E olhe, eu já vi esse filme, provavelmente um original da Syfy, mas não me lembro (deve ter sido melhor que Sharknado, de qualquer modo). É claro que esse cara nem sequer existe, mas é um holograma gerado por computador manipulado por um sujeito maligno da TI.
Bem, voltando à economia: a grande ideia do presidente da Sears, Eddie Lampert, é que os mercados e a concorrência dominam, por isso ele está forçando as diversas partes da companhia a competir por recursos como se fossem firmas independentes, com a rentabilidade de cada departamento sendo o único critério para o sucesso. Segundo aBusinessweek, não está dando certo, mas o artigo não entrou muito em questões mais amplas.
A primeira questão que deveria surgir na cabeça de qualquer pessoa é: se os diferentes departamentos da Sears não têm interesses comuns, se o melhor modelo é a concorrência com unhas e dentes, por que a Sears existe? Por que não apenas romper a companhia em unidades sem motivos para não competir entre si? Nesse sentido, por que qualquer grande firma existe? Por que não ter apenas pequenas firmas, ou talvez apenas indivíduos, que fazem transações para tudo o que precisarem?
É claro, não é assim que fazemos as coisas. Podemos viver em um mar de mercados, mas esse mar é salpicado de ilhas chamadas de empresas, algumas delas bem grandes, nas quais as decisões são tomadas não por meio do mercado, mas da hierarquia – e até, você poderia dizer, do planejamento central. Claramente, há algumas coisas que você não quer deixar para o mercado decidir – o próprio mercado nos diz isso, ao criar essas ilhas de planejamento e hierarquia.
Agora, por que exatamente isso é verdade: por que algumas coisas são mais benfeitas por meio de mecanismos de mercado enquanto outras com pelo menos um pouco de comando e controle é uma questão profunda. O economista Oliver Williamson ganhou um Nobel por ajudar a elucidar alguns aspectos dessa questão.
Entretanto, o negócio é que para um verdadeiro crente no livre mercado o reconhecimento de que certas coisas é melhor não deixar para os mercados decidirem deve ser uma ideia perturbadora. Se as limitações dos mercados para fornecer certos tipos de serviços compartilhados são importantes o suficiente para justificar a criação de entidades de comando e controle com centenas de milhares, ou mesmo milhões, de trabalhadores, não poderia haver até alguns bens e serviços (“tosse” atendimento à saúde “tosse”) mais bem fornecidos por meios de não mercado, mesmo no nível da economia como um todo?
Por isso de certa maneira Lampert está sendo coerente: ele coloca seu dinheiro (na verdade, o de seus investidores) onde está sua ideologia, e aplica a adoração do mercado à administração interna de sua companhia. É claro que a pureza do experimento é mais ou menos estragada pela probabilidade de que, na verdade, essa pessoa não exista, que seja apenas um holograma. Mas, mesmo assim.
Há muito tempo me intriga o argumento de as viagens de longa distância, o comércio e assim por diante como algo novo. Você sabe: a época em que as pessoas viviam no mesmo lugar a vida inteira e só faziam negócios com seus vizinhos mais próximos. Cada aldeia era autossuficiente. Hoje estamos, contudo, num mundo da “globalização global”, e tudo isso.
Essa caricatura era fiel. Mas desde que entraram em cena a máquina a vapor e o telégrafo, houve muita migração e comércio internacionais. O valor do setor de manufaturas aumentou tremendamente nos últimos tempos, ligado à desintegração vertical da produção. Mas, fora isso, em que medida o mundo está realmente menor, ou mais plano, ou seja o que for?
Bem, há uma tendência que conhecemos que vai completamente contra a percepção habitual: nos EUA, pelo menos, as pessoas estão se mudando muito menos. Segundo os economistas Greg Kaplan e Sam Schulhofer-Wohl, a mobilidade interestadual diminuiu pela metade nos últimos 20 anos. Sugerem que isso ocorre em parte porque as regiões ficaram mais parecidas: cada vez mais partes diferentes do país produzem as mesmas coisas e empregam os mesmos tipos de pessoas.