quarta-feira, 14 de maio de 2014

A autonomia do Banco Central: o ouro de tolo da oposição


O Senador Aécio Neves e o ex-governador Eduardo Campos defenderam no fórum empresarial de Comandatuba a autonomia do BC como arma para combater a inflação.

Arquivo

O Senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador Eduardo Campos (PSB), ambos pré-candidatos à presidência da República, defenderam no fórum empresarial de Comandatuba a autonomia do Banco Central (BACEN) como arma para combater a inflação. No final do ano passado, muito se falou na imprensa da intenção (ademais nunca confirmada) do presidente do Senado de apresentar um projeto de lei garantindo a independência do Bacen.

Apesar de os  pré-candidatos de oposição à presidente Dilma usarem  os adjetivos independência e autonomia como sinônimos, eles podem representar desenhos institucionais razoavelmente distintos do papel do Banco Central na condução da política monetária. Da existência de mandatos de sua diretoria não coincidentes  com o mandato presidencial à mera autonomia operacional para atingir metas determinadas pelo governo, os termos, em um sentido amplo, podem inclusive descrever o funcionamento atual  de nossa autoridade monetária ao operar as metas inflacionárias.

O que quiseram então dizer os presidenciáveis de oposição ao defender a independência do Banco Central? A meu ver, sinalizar para os agentes econômicos, particularmente para o mercado financeiro que: 1) que dentre o conjunto de instrumentos de política econômica, a política monetária (leia-se, alterações na taxa Selic) terá estatuto  superior e que, consequentemente, 2) a política de estabilização de preços terá prioridade sobre  objetivos macroeconômicos, notadamente a geração de empregos e o nível da taxa de câmbio, fundamental para a sobrevivência da nossa indústria. As propostas de Aécio e Eduardo Campos têm importante repercussão programática e, caso algum dia se concretizem, terão graves consequências para o futuro do país.

No fundo, as teses de autonomia ou independência dos Bancos Centrais  partem de pressupostos comuns. Em ambos casos casos comungam de versões contemporâneas de teorias econômicas ultra-ortodoxas, típicas do século XIX, que acreditam que a tendência natural do capitalismo é o pleno emprego (ou, na sua versão tautológica, de uma taxa de desemprego em que a inflação seja estável) a partir do equilíbrio entre oferta e demanda dos diversos mercados em regime de livre concorrência. A existência de desemprego crônico ou de equilíbrios "sub-ótimos" normalmente é fruto de intervenção indevida de instituições (dentre elas o Estado) no livre funcionamento do mercado.

Entre essas intervenções "indevidas" estariam políticas de afrouxamento monetário – quedas nas taxas básicas de juros ou ampliação da base monetária – visando ao estímulo à atividade econômica e à geração de empregos, típicas do arroz com feijão keynesiano que vigorou como verdade inatacável desde o New Deal americano até o surgimento do neoliberalismo, no final da década de 1970.

Segundo os ortodoxos, tentativas recorrentes de estímulo monetário estão fadadas a gerar descontrole inflacionário, já que a moeda é neutra no longo prazo e têm efeito somente sobre a variação do nível de preços, sendo ineficaz na aceleração do nível do produto.

Portanto, a receita de política monetária advogada pelos economistas hoje articulados em torno de Aécio e Eduardo Campos é centrada na concepção de "um instrumento" para "um objetivo" de política econômica. O instrumento recomendado é a taxa de juros; o objetivo sugerido é o controle da inflação. Nestes termos, a política monetária, leia-se a gestão da taxa básica de juros da economia (Selic), deve ser orientada exclusivamente para o alcance de uma meta de inflação.

O argumento central para fundamentar a escolha deste modelo é que a adoção de uma meta para a inflação constitui uma âncora para as expectativas dos agentes econômicos quanto ao comportamento futuro da inflação. Expectativas bem ancoradas seriam capazes de ampliar os investimentos e favorecer o crescimento.

A ancoragem depende da reputação da autoridade responsável pela condução da política monetária. Esta reputação é determinada pelo compromisso político e a capacidade operacional referente à execução da política de metas.

Aqui reside o argumento "técnico" para justificar a "independência" do Banco Central. Esta independência diz respeito ao Poder Executivo. Mais especificamente, é independência em relação ao presidente da República, eleito pelo voto direto da população brasileira, em eleições realizadas dentro dos marcos constitucionais, sob condições de plena transparência e reconhecimento da comunidade internacional de países. Um argumento que, na realidade, é fundamentalmente, político.

Segundo seus adeptos, o bom funcionamento da política monetária de metas para a inflação, ao consolidar expectativas sobre a estabilidade da trajetória da inflação, reduz incertezas relacionadas ao comportamento futuro dos preços dos ativos de capital e dos fluxos de renda decorrentes da exploração econômica destes ativos. Ou seja, reduz as incertezas sobre a dinâmica do processo de acumulação de capital.

E qual o papel reservado aos objetivos de políticas econômicas relacionadas ao nível de emprego e da renda real dos trabalhadores? Bem, estes objetivos não são considerados no âmbito da política econômica dos Inocentes do Leblon. Para eles, a estabilidade da economia favorece o funcionamento dos mercados e, consequentemente, (sem necessidade de execução de medidas de política econômica) constitui condições favoráveis à expansão do emprego e da renda das famílias.

O governo do PSDB praticou taxas abusivas de juros e encerrou o mandato em dezembro de 2002 com Selic igual a 25% a.a. O governo da presidente Dilma Rousseff  praticou a menor taxa média de juros dos últimos 25 anos e opera atualmente uma Selic igual a 10,5%.

Apesar das taxas de juros abusivas, o governo de FHC conviveu com uma inflação média no período 1999-2002 de aproximadamente 8,8% a.a., chegando a 12,5% no último ano do mandato, em 2002. O governo da presidente Dilma manteve a inflação dentro da meta e, no período 2011-2013, a inflação média foi da ordem de 6% a.a.

Por fim, cabe ressaltar que o segundo governo do PSDB de Fernando Henrique Cardoso conviveu com taxas de desemprego médio de 10% a.a. e encerrou o mandato, em 2002,  com uma taxa batendo na casa dos 11%. O Governo da presidente Dilma, orientado num modelo de política econômica que valoriza a coordenação de políticas econômicas e objetiva competitividade e pleno emprego, alcançou as menores taxas de desemprego da série histórica calculada pelo IBGE, alcançando uma média anual de aproximadamente 4,6%a.a no período 2011-2013.

Estes dados são ainda mais expressivos quando consideramos que o PSDB governou o país sob condições internacionais muito favoráveis, e a Presidente Dilma governa o Brasil sob um cenário internacional adverso, que observa o sétimo ano consecutivo de turbulências (2008-2014) determinadas pela maior crise da economia mundial desde os anos 1930.

Uma política econômica que sustente um projeto democrático e popular não pode ser caolha e nem prescindir de um firme compromisso com o emprego e com a defesa dos interesses de nossa produção. Isso exige um grande esforço de coordenação macroeconômica a partir do Executivo e envolve, obviamente, o Bacen.  É o que demonstra nossa experiência recente, nos acertos de Dilma... e nos erros (reincidentes) da oposição.

(*) Deputado federal (PT-PA)

Pós-proletariado, a nova classe social das ruas

O precariado desconcerta a direita e a esquerda, diz Guy Standing, ex-diretor da OIT

Protesto em Madrid


Guy Standing é PhD pela Universidade de Cambridge e professor de Estudos do Desenvolvimento da Escola de Estudos Oriental e Africano da Universidade de Londres. O ex-diretor da Organização Internacional do Trabalho veio ao Brasil a convite da União Geral dos Trabalhadores e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp para falar sobre a nova classe produzida pelo neo-liberalismo, o pós-proletariado. Standing recorre a um neologismo, precariado (precariat em inglês) para sintetizar a dupla condição de proletários e precários dessa parcela da população. Com uma agenda de reivindicações surpreendente mesmo para governos progressistas, partidos de esquerda e sindicatos, ocupa as ruas e praças das metrópoles mundiais e se manifesta, no Brasil, nos movimentos espontâneos de rua desde junho. O autor do livro Precariado – A nova classe perigosa concedeu esta entrevista à CartaCapital:
CartaCapital: O que é o pós-proletariado?
Guy Standing: Pós-proletariado é a classe que está perdendo seus direitos culturais, civis, sociais, políticos e econômicos. São muitos milhões de pessoas ao redor do mundo sem uma âncora de estabilidade. Chamo-os também de precariado, uma combinação do adjetivo precário com o substantivo proletariado.
CC: Por que estas pessoas estão perdendo seus direitos?
GS: Parte se deve à globalização e parte às estratégias neoliberais. Uma quantidade enorme de cidadãos não obtém emprego na sua área de especialização e acaba trabalhando em funções nas quais eles não conseguem aplicar seu conhecimento. Desde que lancei o meu livro sobre o assunto, fui convidado a falar sobre o tema em mais de 200 lugares em 31 países. Isso porque milhões de pessoas começaram a sentir que pertencem a esse pós-proletariado. Para entendê-lo, é necessária uma abordagem marxista do fenômeno, mas não a do século XIX. Ele é fruto de uma estrutura de classes resultante da globalização. Essa estrutura gera uma plutocracia no topo da sociedade, com menos de 1% da população. Abaixo dela, estão os assalariados não integrantes da classe trabalhadora. São os privilegiados com boa renda, investidores do mercado acionário e donos de imóveis para alugar. Outro grupo que está emergindo é uma combinação de profissionais e técnicos. Essas pessoas são independentes, orientadas por um projeto. Elas não querem a segurança do trabalho, têm muito dinheiro. São parte do sistema. Abaixo, está o velho proletariado, com emprego estável e remunerado. Os partidos social-democratas, trabalhistas, os sindicatos eram orientados por essa classe, mas ela está diminuindo. Os sindicatos e os políticos progressistas têm de se reinventar, porque abaixo de tudo isso surgiu o pós-proletariado.
CC: Quais as características principais dessa nova classe?
GS: São três. A primeira é que seus integrantes têm empregos casuais. Mas essa é a parte menos importante. Sempre houve informalidade, precariedade. Mais relevante é esses cidadãos não terem identidade ocupacional, nem uma narrativa para dar às suas vidas e contar para os netos. Outra característica é precisarem fazer muitas coisas pelas quais não são pagas: preparar curriculum vitae, procurar emprego, passar por treinamento. Isso deixa os indivíduos inseguros. É também a primeira classe com nível de educação e qualificação acima do exigido pelo trabalho. A pessoa tem grau universitário, mas trabalha como garçom, por exemplo. Eles não têm acesso a benefícios além do salário, como pensões, seguro-saúde e licença-maternidade. Tampouco são assistidos pelo governo. Enquanto historicamente o proletariado lutava e conseguia mais direitos, os pós-proletários estão progressivamente perdendo direitos. Isso gera uma diminuta chance de mobilidade social.
CC: No Brasil, país com uma das menores taxas de desemprego do mundo, há pós-proletariado?
GS: O país tem baixo desemprego e programas sociais, como o Bolsa Família, desde o governo Lula. Mas, apesar da formalização e dos avanços, há milhões de pessoas não beneficiadas. Esse processo ocorre no mundo todo. A desigualdade no Brasil ainda é uma das maiores do mundo. O que está em curso é um processo de flexibilização do trabalho global.
CC: Qual a consequência política do crescimento desta nova classe?
GS: Muitos trabalhadores passam do proletariado para o pós-proletariado e são presas fáceis para partidos e governos fascistas e populistas, aproveitadores da insegurança e dos medos da população.
CC: O senhor vê governos populistas na América Latina?
GS: O populismo é um clássico na América Latina. Usa sempre o carisma, promete um Estado mais forte, paternalista. Mas sempre joga contra minorias - imigrantes, gays, mulheres, religiosos e principalmente com os imigrantes, que são nostálgicos, não têm um senso de lar e mantêm a cabeça baixa. Alguns Estados deliberadamente os perenizam na ilegalidade. Os populistas usam os ilegais como capital, porque são mão-de-obra barata. E os partidos políticos progressistas e os sindicatos ainda não entenderam o pós-proletariado, que não quer voltar a ser proletariado.  A esquerda parece ter esquecido da necessidade uma nova transformação em direção à maior igualdade e liberdade. A estratégia deve ser construída observando as aspirações dessa classe emergente, que não quer nem pode tomar o poder nas fábricas. Há necessidade de uma nova forma de ação. Os sindicatos hoje são vistos como algo para proteger privilegiados.
CC: A necessidade de uma nova forma de ação explica as jornadas de junho de 2013 no Brasil?
GS: Sim. A mobilização contra o aumento das tarifas de ônibus no Brasil foi uma fagulha, em processo semelhante ao das lutas em Istambul, Londres e Estocolmo. Foram dias de fúria. Vou me encontrar com alguns líderes importantes europeus preocupados em entender o que está acontecendo. Milhões de pessoas tentam compreender seu papel. A próxima luta vai ser por representação. Os manifestantes se diziam totalmente apolíticos, mas isso está mudando. A política é a essência da representatividade. No entanto, deve ser uma nova política. Tem de incorporar a agenda do pós-proletariado. Outra agenda é a da redistribuição. Não a do velho projeto socialista. Quais são os bens mais almejados? A segurança é um deles e transcende a garantia de renda, tem a ver com cidadania. O segundo é o controle do tempo. O terceiro é a redistribuição de espaços públicos de qualidade como parques, museus, banheiros. Por fim, educação de boa qualidade para todos e conhecimento financeiro, para manusear melhor a renda e o crédito disponíveis.

O ensino universitário distante do mercado de trabalho

Universidade x realidade corporativa

O ensino oferecido pelas universidades no Brasil está cada vez mais deslocado das reais necessidades do mercado. Os cursos em geral são muito teóricos, os conceitos são apresentados de maneira desconectada uns dos outros, e não são oferecidas atividades práticas que tragam vivências aos estudantes. Ao mesmo tempo, em todo meio que cerca esses estudantes, há um claro fortalecimento quanto às discussões e a busca por ações que fomentam e apoiam a geração de novos negócios.

Algumas universidades continuam com o pensamento de que o seu objetivo principal é formar pesquisadores, isto é, os alunos têm um vasto conhecimento teórico, mas que não se aplica, em sua maioria, à prática. Além disso, a forma como os cursos são avaliados no país acaba direcionando as instituições a buscarem professores com mestrado/doutorado, ao invés de profissionais com carreiras relevantes. Como as coisas não parecem tomar um rumo diferente em curto prazo, é importante para o estudante buscar alternativas que complementem a sua formação acadêmica.
No entanto, não vale colocar a culpa pelo insucesso apenas na graduação: como qualquer formação, ela também possui suas limitações, e o estudante que espera unicamente desta a preparação para bons resultados no mercado de trabalho, acaba não os alcançando.
Quando o estudante é desafiado a solucionar um problema real, aprende a organizar, priorizar e aplicar a teoria. Infelizmente, isso não acontece porque parte dos professores universitários perdem o vínculo com o mercado e passam a transmitir em sala de aula apenas os conteúdos dos livros. Aqueles que são mais “antenados” percebem cedo que isso não é suficiente e correm atrás por conta própria, participando de atividades extracurriculares, eventos e cursos.
Segundo Felipe Guedes, co-fundador e coordenador de Parcerias & Estratégias do Instituto Empreendedores Universitários, o aluno precisa ir além dos limites das instituições e buscar vivências que o desenvolva não apenas tecnicamente, mas principalmente em habilidades humanas que aprimorem seus resultados em equipe. Instituições estudantis como empresas juniores e centros acadêmicos, ou trabalhos voluntários em geral, são bons exemplos de meios para esse desenvolvimento.

O empreendedorismo universitário

Recentemente foi publicada uma matéria na revista Exame mostrando que 51% dos universitários brasileiros sonham em empreender nos próximos 6 anos. Em outro estudo, a Endeavor apresentou que aproximadamente 500 mil estudantes já atuam como empresários. Os números indicam que o interesse do jovem pelo tema é muito grande.
“A minha experiência com o público confirma isso. Em 2012 a Eureca! participou de 30 eventos em algumas das principais universidades do país. Nos conectamos presencialmente com mais de 3.500 jovens, e a conclusão é que quando o assunto é empreendedorismo, eles param para ouvir e dão atenção”, observa o fundador da startup Eureca! Atitude Empreendedora, Marcelo Vieira de Figueiredo.
Há algum tempo, quando se falava em empreendedorismo no meio universitário, se pensava em desenvolvimento da técnica, o conhecimento de como criar um plano de negócios e análises econômicas. Hoje, o foco está sendo ampliado e direcionado também para o desenvolvimento de atitudes e comportamentos, necessários para que as mudanças ocorram.
“Consequentemente, também é cada vez maior o número de universitários no país que sonham em ter um negócio próprio, e também os que assumem este risco antes mesmo de terminar seus estudos. Vejo o cenário atual como positivo e acredito que ainda temos um potencial muito grande neste aspecto”, salienta Felipe.

Relação universidade tradicional x realidade corporativa

Conforme dados fornecidos Instituto Empreendedores Universitários, no Brasil a relação instituição de ensino-empresa ainda é bastante incipiente, mas os dois meios são complementares, logo, as possibilidades de aprendizado entre ambos são bastante amplas.
As universidades podem buscar nas corporações conhecimentos sobre as necessidades reais do mercado para adequação dos seus programas de formação curricular, bem como de suas pesquisas, para que assim elas tragam à sociedade maiores retornos.
Já as empresas têm nas universidades uma das maiores fontes de geração de conhecimento, assim, elas não devem esperar apenas que estas batam à sua porta, mas também se aproximar e trabalhar para que esta relação seja mais forte e que ambos os lados se desenvolvam.
“Cabe às novas gerações de profissionais, acadêmicos e de mercado, trabalharem para que estas distâncias diminuam o mais rápido possível, visto que o país perde muito com isso e é o nosso papel trabalhar para que as coisas mudem para melhor”, conclui Felipe.


Fonte: O ensino universitário distante do mercado de trabalho | Portal Carreira & Sucesso 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

RS constrói maior complexo eólico da América Latina


Novo complexo eólico gerará energia para 3,7 milhões de pessoas e 8,9 mil novos empregos, possuindo 302 aerogeradores e 583 megawatts de capacidade.

Gustavo Gargioni/Especial Palácio Piratini

Porto Alegre - O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, visitou nesta segunda-feira o parque eólico de Geribatu, em Santa Vitória do Palmar, no extremo sul do Estado, que, junto com os parques Chuí e Hermenegildo passarão a formar o Complexo Eólico Campos Neutrais, que será o maior da América Latina.  Tarso Genro assinou a ordem de serviço para o início das obras do Parque Eólico do Chuí, destacando que o novo complexo simboliza o modelo de desenvolvimento econômico e social apoiado pelo governo gaúcho.

O novo complexo eólico gerará energia para 3,7 milhões de pessoas e 8,9 mil novos empregos, possuindo 302 aerogeradores, 583 megawatts de capacidade instalada e totalizando investimentos de R$ 3,5 bilhões.

"Este polo eólico tem o mesmo significado para o sul do Estado que o pré-sal tem para todo o Brasil", comparou o chefe do Executivo gaúcho. O prefeito de Santa Vitória, Eduardo Morroni, informou que as mudanças trazidas pelos parques eólicos já são visíveis, com os novos postos de trabalho criados, viabilizados por meio da capacitação técnica trazida pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego  (Pronatec). 

Instalado em uma área de 4.750 hectares, o Parque Eólico Geribatu está 30% construído e tem previsão de conclusão total das obras para outubro deste ano, quando deverá gerar energia para 1,6 milhão de pessoas e proporcionar 2,1 mil empregos diretos e indiretos. Do investimento total de R$ 3,5 bilhões no Complexo Eólico Campos Neutrais, R$ 2,7 bilhões são em geração e R$ 800 milhões em transmissão. Segundo o secretário de Infraestrutura e Logística, João Victor Domingues, o Grupo CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), parceiro do empreendimento na área de transmissão, já investiu R$ 200 milhões na metade sul do Estado. 

A previsão de conclusão do parque Eólico Chuí é para o primeiro semestre de 2015, onde estão sendo instaladas seis usinas com 72 aerogeradores, suficientes para gerar energia para 900 mil habitantes. Os investimentos de R$ 800 milhões também são uma parceria com o Fundo de Investimentos Rio Bravo e garantem a geração de 2,5 mil empregos diretos e indiretos. 

Já o Parque Eólico Hermenegildo, também localizado em Santa Vitória do Palmar, tem previsão de conclusão para o segundo semestre de 2015. Ele terá 101 aerogeradores, que garantirão energia para o consumo de 1 milhão habitantes e onde estão sendo investidos R$ 900 milhões em parceria com a Renobrax. No local, serão gerados 1,5 mil empregos diretos e indiretos. 

Recursos de cerca de R$ 800 milhões para o sistema de transmissão irão escoar energia gerada para seis instalações do Complexo Campos Neutrais. O sistema é uma parceria entre a Eletrosul e a CEEE e devem gerar mais 2,8 mil empregos. A Eletrosul será responsável por 51% e a CEEE, por 49% do sistema. Até 2018, dentro do Programa RS Eólica, estarão operando 88 parques no Rio Grande do Sul, com capacidade para gerar 1.978,9 megawattes, o que representa cerca de R$ 8,3 bilhões em investimentos no setor.

A seca não é mais um problema do agreste


A seca não é mais um problema do agreste
Izabella Teixeira, titular do ministério do Meio Ambiente, diz que crise paulista coloca segurança hídrica em debate nas grandes cidades
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou nesta quarta-feira 7 que a situação crítica do sistema Cantareira, em São Paulo, colocou o debate sobre a segurança hídrica na agenda nacional, passando a ser um assunto diário também das grandes cidades, e não mais apenas uma imagem distante do agreste nordestino. “De repente tenho a imagem do homem da seca e isso é comigo que moro aqui nos Jardins (região nobre na zona sul de São Paulo). As pessoas vão precisar perceber como é que isso afeta a qualidade de vida. Estamos falando de meio ambiente junto à qualidade de vida. Não estamos falando de salvar a floresta amazônica”, disse.
O sistema Cantareira, responsável por parte do abastecimento para milhões de moradores da Grande São Paulo, registrou 9,8% de nível de água, o pior índice histórico para o reservatório. O momento, de acordo com a ministra, pede serenidade, competência e transparência para informar a sociedade sobre as decisões tomadas. Ela ressaltou, no entanto, não caber ao ministério avaliar se há ou não a possibilidade de racionamento, já que o governo federal, diferentemente do que o ocorre com o sistema elétrico, por exemplo, não é responsável pela distribuição de água, atividade outorgada aos estados. “A situação requer um olhar estratégico por parte da população e por parte dos gestores dos recursos hídricos de alocação e de uso eficiente dessa água”, opinou. A ministra não crê em dificuldades técnicas para que a Sabesp implemente o uso do chamado volume morto do sistema Cantareira. “Não tem nada de assombroso. É uma solução técnica que o Brasil já adotou no Ceará, em 1996”.
Em sua fala, Izabella fez questão de lembrar os fenômenos meteorológicos e climáticos que enxugaram o Cantareira, evitando citar responsabilidades políticas e lembrou a proximidade entre as entidades paulistas e do governo federal. “Tivemos um verão com baixíssimas chuvas. Isso frustrou um reservatório que tinha mais de 50% no ano passado em função de um comportamento atípico de chuvas. É uma situação nunca vista”.

A conta vem primeiro
Pouco antes, durante sua fala na abertura do seminário Diálgos Capitais – Resíduos Sólidos. Embalagens pós-consumo, Izabella citou as dificuldades de transformar a agenda ambiental em projetos e convocou empresários, entidades de classe e a população em geral para participar do processo decisório e formular um novo processo de governança ambiental para o País. Ela comemorou a possibilidade de abertura de diálogo com cooperativas de reciclagem e a garantia de que eles participem das mesas de negociações junto aos empresários e o governo. “O Roberto (Laureano, do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis) é o catador mais cheiroso que eu conheço”, brincou, para arrematar em seguida. “Ministro não tem poder. Ministro do Meio Ambiente é um grande sedutor. Demorei para aprender isso. Ele precisa convencer as pessoas a dialogar com o futuro sendo que você paga a conta primeiro”, disse.

Pesquisa: 32% das mulheres e 24% dos homens casados mentem sobre dinheiro


Uma pesquisa feita nos EUA mostra que 32% das mulheres e 24% dos homens mentem ou escondem informações sobre dinheiro do parceiro, sendo duas vezes mais provável que a mulher tenha escondido alguma compra do marido do que o inverso.
A conclusão é de um estudo realizado pelo banco suíço UBS, respondido por 2.595 norte-americanos (casados ou que moram juntos) entre março e abril deste ano.
Outro dado da pesquisa é que, embora homens e mulheres dividam em pé de igualdade as decisões sobre a vida financeira, elas ainda ficam muito atrás quando o assunto são investimentos. 
De acordo com o levantamento, em um casal, algumas decisões são tipicamente masculinas ou femininas, e outras, normalmente, são divididas.
Por um lado, homens têm mais responsabilidade quando se trata de investimentos, planejamento de longo prazo e seguros. As mulheres têm tendência a gerenciar despesas cotidianas e doações à caridade.
A responsabilidade por pagar contas normalmente fica a cargo de um dos dois, e as chances de que seja o homem ou a mulher são muito parecidas. Decisões sobre compra de imóveis, grandes compras e reservas para a faculdade dos filhos são feitas em conjunto.
Os casais afirmam, ainda, que têm visões diferentes sobre a vida financeira a dois. Enquanto as mulheres são mais conservadoras e poupam mais, os homens têm mais propensão a buscar investimentos arriscados e de maior retorno.

Casais LGBT: investidores agressivos, otimistas - e separados

Diferentemente dos heterossexuais, os casais LGBT (de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) têm grande tendência a administrar seu dinheiro separadamente. De acordo com a pesquisa do UBS, o principal motivo para as contas separadas é a discordância entre as duas partes sobre as decisões de investimento.
De modo geral, os casais LGBT também têm uma propensão maior a buscar investimentos arriscados e com alto retorno, além de serem mais otimistas e confiantes financeiramente, conforme a pesquisa..

IBGE muda metodologia para produção industrial e anuncia queda em março


A produção industrial do país recuou 0,5% em março na comparação com fevereiro, e 0,9% na comparação com março do ano passado. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A divulgação dos números adota uma nova metodologia de cálculo para o indicador, mais abrangente, segundo o IBGE.
Em fevereiro, a produção industrial tinha subido 0,4% em relação a janeiro. Em relação a fevereiro de um ano antes, a alta foi revisada para 4,4%. No acumulado do 1º trimestre, a variação foi positiva em 0,4%.
O aumento recente dos juros prejudicou a indústria, aumentando os custos de produção e reduzindo a demanda, segundo especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters.
Os estoques nas fábricas de carros subiram para 48 dias de vendas, quando o ideal é 30 dias, de acordo com economistas do Banco Santander Brasil em relatório.

Nova metodologia

No final de abril, o IBGE anunciou a reformulação na pesquisa de produção industrial. A metodologia já tinha sido revisada em 1991 e 2004.
A reformulação tem por objetivo atualizar a classificação de atividades econômicas, segundo o IBGE, além de adotar critérios mais abrangentes.
Pela metodologia anterior eram pesquisados 830 produtos e 3.700 unidades locais; na nova versão, a amostra tem 944 produtos em cerca de 7.800 unidades locais.

Recuo de fevereiro para março foi puxado por veículos

As principais influências negativas para a queda da produção industrial entre fevereiro e março foram registradas pela baixa de 2,9% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias; e pelo recuo de 5,3% na produção de máquinas e equipamentos.
Em janeiro e fevereiro, a produção de veículos tinha dado um salto, acumulando alta de 12,4%; agora, em março, voltou a cair.
Outras contribuições negativas importantes sobre o total da indústria vieram da menor fabricação de alimentos, que caiu 1,2%; da produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, que recuou 3,6%; e metalurgia, com baixa de 1,2%.
Todas estas atividades tinham crescido em fevereiro.

Automóveis também são destaque na comparação anual

A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias caiu 13,6% em março em relação ao mesmo mês de 2013 e foi a maior influência negativa na média da indústria.
Segundo o IBGE, houve queda na produção de automóveis, veículos para transporte de mercadorias, caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques, motores diesel para ônibus e caminhões e autopeças. 
Também caiu a produção industrial de máquinas e equipamentos, em um ritmo de 7,8%. A fabricação de produtos de metal  recuou 8,2%; máquinas, aparelhos e materiais elétricos tiveram queda de 8,3%.
A fabricação de produtos químicos teve baixa de 2,9%; a de móveis recuou 11,6%; a de produtos têxteis perdeu 5,8%; e a de outros equipamentos de transporte caiu 5,8%. 
Por outro lado, entre as dez atividades que aumentaram a produção, os principais impactos foram observados em indústrias extrativas (8%), produtos alimentícios (5%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,3%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (9,6%), bebidas (6,3%) e metalurgia (2,1%).