quarta-feira, 14 de maio de 2014

O ensino universitário distante do mercado de trabalho

Universidade x realidade corporativa

O ensino oferecido pelas universidades no Brasil está cada vez mais deslocado das reais necessidades do mercado. Os cursos em geral são muito teóricos, os conceitos são apresentados de maneira desconectada uns dos outros, e não são oferecidas atividades práticas que tragam vivências aos estudantes. Ao mesmo tempo, em todo meio que cerca esses estudantes, há um claro fortalecimento quanto às discussões e a busca por ações que fomentam e apoiam a geração de novos negócios.

Algumas universidades continuam com o pensamento de que o seu objetivo principal é formar pesquisadores, isto é, os alunos têm um vasto conhecimento teórico, mas que não se aplica, em sua maioria, à prática. Além disso, a forma como os cursos são avaliados no país acaba direcionando as instituições a buscarem professores com mestrado/doutorado, ao invés de profissionais com carreiras relevantes. Como as coisas não parecem tomar um rumo diferente em curto prazo, é importante para o estudante buscar alternativas que complementem a sua formação acadêmica.
No entanto, não vale colocar a culpa pelo insucesso apenas na graduação: como qualquer formação, ela também possui suas limitações, e o estudante que espera unicamente desta a preparação para bons resultados no mercado de trabalho, acaba não os alcançando.
Quando o estudante é desafiado a solucionar um problema real, aprende a organizar, priorizar e aplicar a teoria. Infelizmente, isso não acontece porque parte dos professores universitários perdem o vínculo com o mercado e passam a transmitir em sala de aula apenas os conteúdos dos livros. Aqueles que são mais “antenados” percebem cedo que isso não é suficiente e correm atrás por conta própria, participando de atividades extracurriculares, eventos e cursos.
Segundo Felipe Guedes, co-fundador e coordenador de Parcerias & Estratégias do Instituto Empreendedores Universitários, o aluno precisa ir além dos limites das instituições e buscar vivências que o desenvolva não apenas tecnicamente, mas principalmente em habilidades humanas que aprimorem seus resultados em equipe. Instituições estudantis como empresas juniores e centros acadêmicos, ou trabalhos voluntários em geral, são bons exemplos de meios para esse desenvolvimento.

O empreendedorismo universitário

Recentemente foi publicada uma matéria na revista Exame mostrando que 51% dos universitários brasileiros sonham em empreender nos próximos 6 anos. Em outro estudo, a Endeavor apresentou que aproximadamente 500 mil estudantes já atuam como empresários. Os números indicam que o interesse do jovem pelo tema é muito grande.
“A minha experiência com o público confirma isso. Em 2012 a Eureca! participou de 30 eventos em algumas das principais universidades do país. Nos conectamos presencialmente com mais de 3.500 jovens, e a conclusão é que quando o assunto é empreendedorismo, eles param para ouvir e dão atenção”, observa o fundador da startup Eureca! Atitude Empreendedora, Marcelo Vieira de Figueiredo.
Há algum tempo, quando se falava em empreendedorismo no meio universitário, se pensava em desenvolvimento da técnica, o conhecimento de como criar um plano de negócios e análises econômicas. Hoje, o foco está sendo ampliado e direcionado também para o desenvolvimento de atitudes e comportamentos, necessários para que as mudanças ocorram.
“Consequentemente, também é cada vez maior o número de universitários no país que sonham em ter um negócio próprio, e também os que assumem este risco antes mesmo de terminar seus estudos. Vejo o cenário atual como positivo e acredito que ainda temos um potencial muito grande neste aspecto”, salienta Felipe.

Relação universidade tradicional x realidade corporativa

Conforme dados fornecidos Instituto Empreendedores Universitários, no Brasil a relação instituição de ensino-empresa ainda é bastante incipiente, mas os dois meios são complementares, logo, as possibilidades de aprendizado entre ambos são bastante amplas.
As universidades podem buscar nas corporações conhecimentos sobre as necessidades reais do mercado para adequação dos seus programas de formação curricular, bem como de suas pesquisas, para que assim elas tragam à sociedade maiores retornos.
Já as empresas têm nas universidades uma das maiores fontes de geração de conhecimento, assim, elas não devem esperar apenas que estas batam à sua porta, mas também se aproximar e trabalhar para que esta relação seja mais forte e que ambos os lados se desenvolvam.
“Cabe às novas gerações de profissionais, acadêmicos e de mercado, trabalharem para que estas distâncias diminuam o mais rápido possível, visto que o país perde muito com isso e é o nosso papel trabalhar para que as coisas mudem para melhor”, conclui Felipe.


Fonte: O ensino universitário distante do mercado de trabalho | Portal Carreira & Sucesso 

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