sábado, 31 de dezembro de 2011

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Strauss-Kahn pessimista quanto à Eurozona

O ex-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), o francês Dominique Strauss-Kahn, voltou nesta segunda-feira 19 à vida pública ao participar em um fórum econômico em Pequim, onde comparou a Zona Euro a um barco prestes a afundar.
Depois de mais de sete meses de escândalos pessoais, que o obrigaram a abandonar sua carreira política, Strauss-Kahn escolheu uma conferência sobre economia realizada na capital chinesa para recuperar seu status de especialista em macroeconomia.
“Vemos os países europeus passar de um plano (de resgate) a outro, de uma cúpula vista como a última oportunidade a outra, sem admitir as perdas, sem permitir uma reativação do crescimento e fracassando em recuperar a confiança”, afirmou Strauss-Kahn.


Strauss-Kahn, que foi convidado pelo grupo NetEase, um dos gigantes da internet na China, fez um discurso em inglês de 45 minutos em que se mostrou muito crítico quanto às medidas de resgate adotadas em Bruxelas.
“Com o último temporal, parece que o barco já não é tão resistente”, comentou a responder a uma pergunta sobre a situação da Eurozona.
“O fato de que o euro continue em meio ao rio e que a união orçamentária não está consolidada o torna muito vulnerável e o barco parece a ponto de afundar”, acrescentou.
“Não creio que (o presidente francês Nicolas) Sarkozy e (a chanceler alemã Angela) Merkel entendam bem e este é provavelmente um dos motivos que o sistema europeu tenha problemas para avançar”, assegurou.
Por outro lado, afirmou que o governo chinês atuou “particularmente bem durante a crise de 2008-2009″.

domingo, 18 de dezembro de 2011

O “fator China”

15 de dezembro de 2011 | 19h25
José Paulo Kupfer
O departamento de pesquisas econômicas do Banco Itaú, um dos maiores e mais aparelhados do País, acaba de divulgar um relatório sobre o impacto dos movimentos da China nos mercados globais de commodities. Assinado pela economista Giovanna Siniscalchi, a análise confirma que a evolução da economia chinesa apresenta alta correlação com os preços internacionais de commodities, podendo afetar a economia brasileira, favorável ou desfavoravelmente, por diversos canais.
Segundo o estudo, para cada 1% de queda no crescimento econômico na China, os preços das commodities recuam 5,3%. Mas o comportamento da demanda chinesa, nos diversos grupos de commodities – agrícolas, metálicas e energéticas – mostra-se “bastante distinto”.
Entre os mais sensíveis a desacelerações na economia chinesa estão os metais industriais, do qual a China é, de longe, o maior importador mundial. Nesse mercado específico, há risco mais visível de queda nos preços, pela forte correlação positiva com a evolução do PIB, caso a expansão econômica da China reduza um pouco o passo, como se prevê.
O Brasil, que responde por 30% das exportações mundiais de minério de ferro, poderia se ver frente a uma redução de receitas de exportação, causada por esfriamento na demanda chinesa. Lembra o estudo que a redução da demanda pela China já provocou queda expressiva nos preços do minério, o que deverá se refletir na balança comercial brasileira em 2012.
“Com relação à energia e às commodities agrícolas”, ressalta o relatório, “o crescimento da população chinesa deve impulsionar ainda mais as importações de bens agrícolas ao longo dos próximos anos.” A conclusão é a de que o Brasil pode ser beneficiado neste cenário, uma vez que é um dos poucos países com oferta de terras e água suficiente para fazer frente a estímulos para um aumento relevante de produção.
Mas não se pode esquecer que a sustentação dos preços internacionais nesses dois mercados também pode promover pressões inflacionárias internas, derivadas do contágio transmitido pelos preços internacionais para os preços domésticos.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/jpkupfer/

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011


ELEIÇÃO
PARA COORDENAÇÃO DO CURSO DE
CIÊNCIAS ECONÔMICAS – CCE
BIÊNIO 2011-2013

DIA 21 DE DEZEMBRO
QUARTA-FEIRA

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Itapetinga: audiência pública vai debater novas demissões na Azaléia


Por Rodrigo Ferraz
Informações: Ascom
A onda de demissões nas unidades da Vulcabras/Azaleia localizadas em 11 municípios do interior baiano fez com que o Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurasse inquérito para apurar o caso. Para que a empresa preste esclarecimentos sobre o caso, foi convocada uma audiência pública, que será realizada na Procuradoria Regional do Trabalho (PTM) de Vitória da Conquista, na próxima sexta-feira (16/12), às 14h. Além do procurador Marcos de Jesus, que conduz o caso, estará presente um analista na área de economia do MPT para avaliar as justificativas contábeis que a administração da fábrica de calçados apresentar.
De novembro deste ano até a presente data, a Vulcabras/Azaleia despediu cerca de 1.500 trabalhadores. Considerando que a empresa possui pouco mais de 16 mil empregados, o número é bastante expressivo, aproximando-se de 10% da força de trabalho atual. A empresa é o principal empregador da iniciativa privada dos municípios de Itapetinga, Itororó, Itambé, Potiraguá, Itarantim, Macarani, Maiquinique, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí e Caatiba.
O MPT, através da PTM de Vitória da Conquista, preocupado com a situação e o impacto negativo que as dispensas têm nas famílias e na economia dos municípios, está investigando se as demissões são arbitrárias. Caso se confirme essa hipótese, a empresa será convocada a parar imediatamente as dispensas e readmitir os ex-empregados.
Foram convidados para a audiência o sindicato dos trabalhadores, o secretário da Indústria e Comércio do Estado da Bahia, os deputados federais Daniel Almeida e Geraldo Simões, a deputada estadual Ângela Sousa, presidente da Comissão das Relações de Trabalho da Assembleia Legislativa da Bahia, e o deputado estadual Rosemberg Pinto, além de prefeitos de municípios envolvidos.

Bancos: lojas de dinheiro ou concentração de renda?


Desde cedo aprendi que bancos são como lojas de dinheiro. Um lugar onde “vendemos” o dinheiro que não vamos usar, através das aplicações, ou onde “compramos” o dinheiro que precisamos para alguma coisa, através dos empréstimos. É um processo relativamente simples, que se sofistica com a criação de inúmeras modalidades de aplicações ou de crédito, até chegar a coisas como os “derivativos”, onde os bancos buscam inovadoras fórmulas de engenharia financeira supostamente para maximizar seus ganhos e minimizar seus riscos. Mas não precisamos ir tão fundo para mostrar como funcionam os bancos.
é preciso repensar como essa estrutura bancária pode ser mais eficiente e menos pesada para a sociedade onde ela está inserida
No entanto, e as taxas de juros? Por que o Brasil ainda mantém a maior taxa de juros primários do mundo, pouco mais de 12% ao ano, enquanto a maior parte dos mercados mundiais opera com juros básicos muito próximos de zero? Mais, por que o brasileiro que recorre aos bancos para se financiar, seja através de cartões de crédito ou de cheque especial, chega a pagar mais de 150% ao ano, enquanto suas aplicações nos bancos sempre rendem menos de 1% ao mês, aliás, muito menos?
É neste cenário extremamente simplificado que evolui a discussão sobre “finanças sustentáveis”, em um processo onde as instituições financeiras em geral apontam o debate para o nível da responsabilidade socioambiental sobre os projetos que financiam, mas não fazem uma discussão séria sobre o spread (a diferença entre o que pagam para as aplicações das pessoas e o custo sobre o dinheiro que emprestam). Existem muitos motivos técnicos para que o spread seja tão alto no Brasil.
Um deles é que o governo é o maior tomador de empréstimos do país, criando a chamada dívida pública, que em fevereiro passado chegou a 1,67 trilhão de reais. Todo esse dinheiro saiu do “sistema financeiro” e é utilizado para financiar as despesas do setor público, incluindo juros para os próprios bancos. O pior é que o governo paga caro, o que empurra o “preço” do dinheiro para cima para toda a sociedade, incluindo ai as pessoas e as empresas. Afinal, por que emprestar a juros baixo se tem um cliente do tamanho do governo disposto a pagar muito mais pelo mesmo dinheiro? O mínimo que o governo paga são os 12% ao ano, que é a taxa de juro básica da economia.
Então, quando se discute finanças sustentáveis, fala-se em uso responsável do crédito, estimula-se o debate sobre impactos de grandes obras financiadas com recursos bancários, protocolos internacionais para estabelecer “responsabilidade compartilhada” entre tomadores de crédito para grandes investimentos que os bancos que financiam etc.
Mas não há uma discussão realmente aprofundada sobre o papel que as instituições financeiras devem ter para uma sociedade em desenvolvimento como a brasileira. Muito menos sobre os impactos que a transferência de renda, através dos juros, tem sobre essa sociedade.
Os programas de “uso consciente do crédito” têm dois lados: alertar as pessoas sobre o risco de se endividar demais e, por outro lado, reduzir o risco de inadimplência que pode ocorrer com esse excesso de endividamento. Os dois lados têm relevância justamente porque o dinheiro é caro.
Apenas no primeiro trimestre de 2011 os cinco maiores bancos de varejo que atuam no Brasil contabilizaram em seus balanços lucro de 12 bilhões de reais. É uma rentabilidade quase duas vezes maior do que a dos bancos que operam nos Estados Unidos.
Se por um lado isso pode ter ajudado na blindagem do sistema financeiro brasileiro em relação à crise financeira internacional de 2008/2009, também representa uma concentração desigual de recursos em relação a outros setores da economia.
Os debates sobre finanças sustentáveis deveriam ser mais abrangentes, entrando no mérito do custo do dinheiro para a sociedade, da capacidade das instituições financeiras em financiar processos, produtos, serviços ou modelos de gestão inovadores, que não são capazes de oferecer as tradicionais garantias de “histórico de desempenho” e de participar das discussões sobre o modelo de sociedade que tem real possibilidade de distribuir renda e incluir quase 4 bilhões de pessoas em direitos considerados universais, mas ainda muito longe de estarem universalizados.
Não se trata de demonizar os bancos, principalmente porque o mercado financeiro tem um papel estruturante na economia e para as pessoas. Os processos de inclusão bancária estão elevando o padrão de consumo de milhões de pessoas em todo o Brasil. No entanto, é preciso repensar como essa estrutura pode ser mais eficiente e menos pesada para a sociedade onde ela está inserida.
Assim como muitos outros setores da economia, da indústria ou dos serviços, o sistema financeiro também terá de se olhar a fundo e mudar, se adaptar a um planeta com limites claros e oferecer sua contribuição na transformação do modelo de desenvolvimento. E para isso não basta esverdear as bordas. Será preciso transformar o espírito do negócio.

Ação cobra que Chevron pague R$ 20 bi por danos e feche no Brasil


Ministério Público Federal vai à Justiça cobrar indenização bilionária e cancelamento das atividades da petroleira norte-americana por causa de desastre ambiental no início de novembro. Para procurador, empresa mostrou despreparo, cometeu erros e omitiu informações das autoridades. Valor da indenização representa metade do lucro mundial da Chevron em 2010.

BRASÍLIA – O derramento de óleo na costa brasileira no início de novembro vai custar à petroleira norte-americana Chevron, responsável pelo desastre ambiental, uma bilionária cobrança de indenização e uma tentativa de cancelar em definitivo as atividades da empresa no país.

O Ministério Público Federal vai apresentar à Justiça uma ação civil pública pedindo R$ 20 bilhões à empresa por danos ambientais e sociais decorrentes do vazamento de petróleo na Bacia de Campos, no litoral fluminense. E quer que a Chevron deixe o Brasil, caso ela seja condenada pela Justiça.

Segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público, o procurador que cuida do caso na cidade de Campos (RJ), Eduardo Santos de Oliveira, concluiu que a empresa mostrou falta de planejamento e gerenciamento para lidar com desastres. Dimensionou de forma errada o problema. E demorou para fechar o poço que vazou, como já havia informado Carta Maior.

A origem do derramamento de óleo foi uma situação inesperada ocorrida no dia 7 de novembro, durante a perfuração de um poço da Chevron. Não se sabe ainda, porém, qual a causa desse problema, chamado tecnicamente de “kick”, uma espécie de golfada do poço que está sendo perfurado. Pode ter sido resultado de erro de cálculo ou falha humana. A empresa diz que foi culpa da natureza.

No dia seguinte ao "kick", 8 de novembro, a Petrobras, que mantém operações próximas ao local do desastre, descobriu uma mancha de óleo no mar, e avisou a norte-americana. Mas a multinacional só foi verificar o poço do “kick” no dia 9, pois achou que o problema era da Petrobras.

O procurador também leva em conta na ação a omissão de informações por parte da Chevron à Agência Nacional do Petróleo (ANP), que se considerou enganada pela empresa.

Multas irrisórias

O pesado valor da indenização exigida da Chevron constrasta com os baixos valores aplicados em multas contra a empresa por uma série de órgãos públicos até agora, como a ANP e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), de cerca de R$ 250 milhões

A legislação brasileira limita as multas por danos ambientais a no máximo R$ 50 milhões, e o que o Estado tem feito até agora é tentar encontrar brechas para aplicar multas consecutivas, por motivos variados. A Chevron pode recorrer de todas elas.

A indenização pretendida pelo Ministério Público equivale a mais ou menos a metade do lucro da multinacional no ano passado, de US$ 20 bilhões. O faturamento dela foi dezes vezes maior.

A empresa ainda pode ser alvo também de ações penais, a partir de investigações do delegado da Polícia Federal Fabio Scliar. Ele abriu um inquérito para apurar responsabilidades individuais dentro da Chevron e também coletivas.

A Lei de Crimes Ambientais, de 1998, é a única que permite processar criminalmente uma pessoa jurídica no Brasil. As punições vão de multas até o fechamento dela.

Brasil quer discutir guerra cambial na reunião da OMC

Governo rejeita a proposta de países ricos, que insistem na determinação de um compromisso para impedir a elevação de tarifas e o congelamento dos impostos de aduanas



GENEBRA - Desafiando a resistência dos Estados Unidos e da China, o governo brasileiro vai levar a bandeira da "guerra do câmbio" à reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) que ocorre nesta semana em Genebra.
Nesta quarta-feira, os ministros de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, desembarcam em Genebra. O governo será fortemente pressionado por países ricos, que insistem que um compromisso deve ser fechado para impedir governos a elevar tarifas de importação e promover um congelamento dos impostos de aduanas nos níveis atuais. O Brasil rejeita a proposta.
A reunião ministerial da OMC, tida em outros momentos com um dos principais acontecimentos políticos a cada dois anos, é um evento que não consegue atrair nem mesmo ministros. No evento, nada será decidido e a negociação da Rodada Doha sequer entrará na agenda. Na última contagem feita pela organização, pouco mais de 60 dos 152 países que fazem parte da entidade mandariam seus ministros para Genebra.
Com a Rodada Doha em um impasse há anos e sem perspectivas de um acordo, muitos governos dão sinais de estarem ignorando a OMC. Mas as principais potências - como Brasil, UE, China e Estados Unidos - travam uma batalha para definir justamente qual será o perfil da OMC diante da constatação do enterro da Rodada Doha.
O governo brasileiro chega comprometido a mostrar que não há mais como ignorar a questão do câmbio e como a variação da moeda afeta a competitividade de exportações. O Itamaraty chegou a propor que o texto final da reunião ministerial tratasse do assunto, mas foi bloqueado por Washington e Pequim, dois governos que, por motivos opostos, não querem nem ouvir falar do assunto na OMC.
O real valorizado prejudicou as exportações nacionais e permitiu que produtos estrangeiros entrassem no mercado nacional a preços mais baixos. Vários outros governos vivem a mesma situação por causa da desvalorização do dólar. O Brasil conseguiu convencer a entidade a aprovar um plano para debater o assunto dentro da entidade. O primeiro passo seria a realização de um seminário em 2012, sem valor legal e que também não compromete a OMC de tomar decisões. Agora, Brasília vai aproveitar a reunião ministerial da OMC para mandar seu recado.
Congelamento
Mas o Brasil não chega a Genebra apenas para pressionar. A partir de amanhã, será fortemente colocado em alta tensão pelos países ricos. Europeus, americanos, australianos e outros governos da OCDE estão costurando uma aliança para garantir que 50 países usem a reunião da OMC para declarar seu compromissos com o congelamento de todas as tarifas de importação.
O Brasil e outros países emergentes defendem o direito de elevar impostos até as taxas autorizadas sempre que sentirem que a medida é necessária. O combate ao protecionismo tem sido uma das bandeiras da OMC e do G-20 e, desde as primeiras cúpulas, declarações foram feitas de que governos não recorreriam a barreiras como forma de solucionar crises. O problema é que ninguém cumpriu o prometido.
Agora, os países ricos, que sofrem uma estagnação preocupante, querem tentar estabelecer alguma garantia de que continuarão a ter acesso aos mercados dos países emergentes, os únicos que seguem crescendo.
Para o Brasil, porém, aceitar a proposta seria abrir mão de instrumentos que hoje pode usar de forma legal e sem violar as leis da OMC. Os impostos de importação aplicados pelo Brasil atualmente são de cerca de 12%. Mas o País manteve seu direito na OMC de elevar tarifas até 35%. Esse espaço foi defendido por anos como margem de manobra do governo e, recentemente, foi usado e permitiu que a elevação de barreiras promovidas não ferissem as regras internacionais.
Nos últimos dois anos, mais de mil linhas tarifárias foram elevadas no Brasil, de um total de 9 mil que o País conta. Mas nada disso pode ser questionado pelos parceiros comerciais, já que o novo nível ficou ainda dentro dos 35% autorizados pela OMC. Pela declaração proposta pelos americanos, esse direito seria abolido.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Minicurso de Econometria Espacial

O Colegiado do Curso de Ciências Econômicas e o Departamento de Ciências Sociais Aplicadas promoveram no último dia 14/12 um mini-curso sobre Econometria Espacial. O mini-curso foi ministrado pelo Prof. Dr. Gervásio Ferreira dos Santos, do Departamento de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ganhador do prêmio 2011 de melhor tese do BNDES.


O objetivo do mini-curso é apresentar o instrumental necessário para a análise econométrica com dados espaciais.

"A econometria espacial é uma área de estudos que lida com interações de estruturas espaciais, em modelos de regressão linear com dados seccionais (cross-section) e dados em painel (panel data). Sua metodologia é aplicada numa ampla gama de investigações empíricas, particularmente nas ciências regionais, mas também em áreas tradicionais como economia internacional, economia do trabalho, e economia do setor público. Cada vez mais a econometria espacial vem migrando para o mainstream do estudo da econometria uma vez que a idéia de uma agente isolado tomando decisões maximizadoras vem dando lugar a modelagens com interações diretas entre os agentes na forma de normas sociais, efeitos vizinhança, etc. Essas interações geram comportamentos coletivos padrões agregados diferentes dos obtidos sem a interação entre os agentes. Daí a importância de se estudar econometria espacial. "*

O mini-curso faz parte do projeto de atualização dos professores da área de Economia, que visa discutir temas e métodos contemporâneos da Ciência Econômica. Participaram da atividade professores, alunos e egressos do Curso de Economia da UESB.

* Fonte:http://www.unb.br/administracao/decanatos/interfoco/econometria_espacial_aplicada.php

Diminui participação do governo federal nos gastos em educação

Nos últimos 15 anos, diminuiu a participação do governo federal no gasto público em educação. Em 1995, a União era responsável por 23,8% dos investimentos na área, patamar que caiu para 19,7% em 2009. Já os municípios ampliaram a sua participação no financiamento de 27,9% para 39,1% no mesmo período. As informações fazem parte de um relatório sobre o tema divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A parcela estadual no total de investimento também caiu de 48,3% para 41,2%, considerando o mesmo período. O estudo do Ipea ressalta, entretanto, que os dados não significam que a aplicação de recursos em educação tenha diminuído, já que, em termos absolutos, houve aumento dos investimentos públicos em educação nas três esferas de governo.
De acordo com o documento, a mudança na dinâmica do financiamento, com crescimento dos gastos municipais, é resultado do próprio regime de colaboração que estrutura a oferta educação. Municípios são os responsáveis pelas matrículas de toda a educação infantil e o ensino fundamental, etapas em que houve grande inclusão de alunos nas últimas décadas. Os estados respondem apenas pelas escolas de ensino médio. Por isso a maior conta fica mesmo com as prefeituras.
O relatório destaca que houve uma ampliação real do gasto em educação pelas três esferas de governo entre 1995 e 2009, saindo de R$ 73,5 bilhões para R$ 161,2 bilhões, um crescimento de 119,4% em 15 anos. Também houve aumento dos investimentos na comparação com o Produto Interno Bruto (PIB), passando de 4% para 5% no período. O estudo ressalta, porém, que entre 1995 e 2005 não houve elevação dos gastos em educação que se mantiveram em torno de 4% do PIB. A expansão dos recursos se deu, portanto, entre 2006 e 2009.
"Portanto, em 11 anos, a política educacional dos diferentes entes federados elevou sua participação na renda nacional em apenas 1% do PIB. Isto evidencia que o crescimento do gasto durante a maior parte do período apenas acompanhou o crescimento da economia brasileira como um todo", explica o estudo.
O relatório foi lançado pelo instituto para subsidiar as discussões do Plano Nacional de Educação (PNE, que irá definir uma meta de investimento público na área a ser atingida nos próximos dez anos. O projeto de lei está em tramitação na Câmara dos Deputados.
Há divergência entre governo e entidades da sociedade civil sobre o patamar a ser aplicado. A meta definida pelo governo é ampliar o gasto público dos atuais 5% para 7% do PIB, mas entidades da área defendem um índice mais ambicioso de 10%. O Ipea, entretanto, não indica qual seria o investimento mínimo necessário para melhorar a qualidade do ensino e promover a inclusão da população que ainda está fora da escola, como prevê o plano.
"A atual capacidade de financiamento da educação consegue apenas cobrir o valor das necessidades apuradas para manter e possivelmente gerar avanços pequenos no atual nível educacional brasileiro. Este valor é distante daquele indispensável ao financiamento das necessidades para o cenário que representa as melhorias substantivas para educação", aponta o relatório.
Apesar de não dizer em quanto é preciso ampliar o investimento, o Ipea indica possíveis novas fontes de recursos para a educação. Entre as sugestões estão a criação de novos tributos, a melhoria da gestão das verbas, a destinação dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal para a área e o aumento da participação das três esferas de governo no financiamento público.
Atualmente, 18% da receita de impostos arrecadados pela União são vinculados à educação - o instituto sugere que esse percentual seja ampliado para 20%. Já os municípios são obrigados a aplicar 25% da arrecadação na área, patamar que poderia ser ampliado para 30%. Segundo o Ipea, a mudança criará um adicional de 0,7% do PIB em investimentos na área.

Economia e educação: um debate invertido

Estive recentemente, na condição de economista (pois as pessoas pensam que sou economista) em um congresso de educadores. Fiquei, desde logo, preocupado. Para defender a alocação de mais recursos para o setor, pessoas bem-intencionadas enfatizavam a influência positiva - a meu ver, bastante discutível - da educação sobre o crescimento econômico. "Que apoio a educação pode dar para a retomada do desenvolvimento?", foi a questão que me propuseram. Fugi dela. Pois, a meu ver, deveríamos perguntar exatamente o contrário: "Qual é o papel do crescimento econômico no apoio à educação?"
É claro que um projeto educacional exige meios, e isso envolve questões de economia. Mas, se colocarmos na balança o que é meio e o que é fim, não hesito em responder: economia é meio, educação é fim, e não o contrário. Em uma sociedade civilizada, o desenvolvimento econômico deve ser pensado como um estratagema útil e necessário, de que lançamos mão, para que as pessoas possam dedicar mais tempo de sua vida a buscar cultura, conhecimento, interação humana, prazer estético e transcendência.
A valorização dos espaços educacionais se tornou imprescindível para a própria sobrevivência da nossa espécie, o que nos remete a questões mais fundamentais. Não exagero. Ao longo da história, essa espécie tão frágil, que somos nós, que não voa, que não é especialmente ágil e veloz, que não vive em buracos, que não enxerga no escuro, que não é muito forte, essa espécie aprendeu a se proteger dos perigos externos - o frio, o calor, os predadores, a necessidade de encontrar alimentos -, que praticamente não a ameaçam mais. Para fazer isso, desenvolveu sua racionalidade técnica. Cada um de nós, colocado na frente de um urso ou um leão, não vale nada. Como portadores de uma técnica adequada, os derrotamos sem dificuldade.
O espetacular desenvolvimento da técnica permitiu que nos protegêssemos de todos os perigos. Ou melhor, quase todos. Porque uma espécie - e só uma - continua ameaçando seriamente a nossa existência. É a própria espécie humana. O risco que corremos no mundo contemporâneo não é o de sermos destruídos por causas externas. É sermos destruídos por nós mesmos, pela nossa incapacidade de viver juntos. Para enfrentarmos esse risco, a racionalidade técnica não vale de nada. Ao contrário, ela freqüentemente se volta contra nós. A bomba atômica e os fuzis AR-15 são filhos dela.
Uma sociedade que enfatiza excessivamente a técnica e perde a capacidade de dialogar - ou seja, de estabelecer valores comuns, acordos, pactos, fins compartilhados e legítimos - é uma sociedade que se destruirá. Hoje, dependemos muito menos da racionalidade técnica, já bastante desenvolvida, e muito mais de fortalecer nossa minguante capacidade de estabelecer regras e normas de uma convivência civilizada. Eis o papel insubstituível da educação e dos educadores. No mundo contemporâneo, os sistemas educacionais são um dos últimos espaços que restam, que podem ser espaços essencialmente comunicativos. Voltados para trabalhar valores e fins, para valorizar a comunicação dialógica e a própria linguagem centrada na palavra, a linguagem humana por excelência. Espaços em que as interações humanas continuam a existir sem que estejam dominadas pela unidirecionalidade e a velocidade, em que se formam grupos, em que se trabalha em escala controlável pela comunidade, em que se valoriza a memória, que são componentes essenciais de qualquer projeto civilizatório.
Se desejamos desenvolvimento, usemos a economia e a técnica, mas olhando para as pessoas. Elas são o centro de qualquer projeto sustentável. Os educadores é que sabem disso. Por isso, mais importante do que os economistas falarem para educadores, é que os educadores comecem a falar para economistas. Só merecerá ser chamada de civilizada uma sociedade que trate a educação como um direito subjetivo das pessoas, como uma prática voltada para alargar seus horizontes humanos, como um fim em si. E não como um instrumento para adequar as pessoas às necessidades de um mercado cada vez mais enlouquecido, porque dominado pelo fetiche das coisas.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

SEI lança Relatório de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio na Bahia

Fitch reduz previsão de crescimento do Brasil para 2,8% neste ano

Por Daniela Machado | Valor
SÃO PAULO - A agência de classificação de risco Fitch reduziu sua estimativa para o crescimento das principais economias até 2013 e, apesar de ter mantido a visão de um desempenho mais robusto para os países emergentes, cortou também as projeções para o Brasil.
Em relatório trimestral, a Fitch revisou sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 3,5% para 2,8% neste ano. O prognóstico para 2012 é de expansão de 3,2% e, para 2013, de 4,5%.
"A Fitch espera que o crescimento na zona do euro se enfraqueça ainda mais, para apenas 0,4% em 2012, com as novas medidas de austeridade fiscal e deterioração das condições no mercado financeiro se refletindo em condições de crédito mais apertadas", destacou em nota Gergely Kiss, diretor da equipe de ratings soberanos da Fitch.
A agência estima que o crescimento das principais economias será de 1,3% neste ano, 1,2% em 2012 e 1,9% em 2013. Para o grupo que forma o Bric, o prognóstico é de expansão de 6,3% em 2012 e de 6,6% em 2013.
"Mas, em linha com o ciclo econômico das principais economias, China e Rússia irão desacelerar nos próximos anos. Brasil e Índia já experimentaram um forte desaquecimento este ano e a expectativa é de que ganhem algum impulso até 2013", acrescentou a agência.
(Daniela Machado | Valor)
Fonte: http://www.valor.com.br/financas/1134156/fitch-reduz-previsao-de-crescimento-do-brasil-para-28-neste-ano

Fluxo de capital para países emergentes tem fraca recuperação

Por Assis Moreira | Valor
GENEBRA - O fluxo de capital para mercados emergentes se recuperou ligeiramente na semana passada, comparado a novembro, em meio ao otimismo sobre as decisões na zona do euro e especulação sobre a ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Europa.
O Royal Bank of Canada (RBC) mostra, em seu boletim de monitoramento do fluxo de capitais para os emergentes, que os titulos domésticos de dívida atraíram mais investidores do que para as ações nas últimas semanas.
Enquanto o fluxo para ações de emergentes sofreu nova saída de US$ 155 milhões na semana passada, os fundos de títulos dedicados a essas economias receberam um fluxo de US$ 163 milhões, confirmando expectativas nos mercados de que esses papéis voltam a ser mais atrativos no ambiente econômico atual.
No caso do Brasil, investidores promoveram uma entrada líquida de US$ 238 milhões na última semana, comparado à saida de uss 3,470 bilhões durante o mês de novembro, conforme o RBC.
Mas Nick Chamie, economista-chefe do RBC Capital para emergentes, estima que a falta de direção nos mercados globais continuará nos próximos meses.
Investidores estrangeiros vêm reduzindo suas posições nos emergentes desde o fim de agosto, na medida em que as perspectivas da economia global se deterioraram. Para Chamie, isso pode ter efeito no fluxo para emergentes no primeiro trimestre de 2012.
(Assis Moreira / Valor)
Fonte: http://www.valor.com.br/financas/1134244/fluxo-de-capital-para-paises-emergentes-tem-fraca-recuperacao

Em plebiscito, 66% dos eleitores do Pará rejeitam divisão do estado

Votação inédita realizada neste domingo (11) leva 3,6 milhões de paraenses às urnas. Criação dos estados de Carajás e Tapajós é reprovada por dois de cada três eleitores. Na reta final da campanha, governador tucano abandona neutralidade, prega voto contra divisão, mas reconhece que 'ausência do Estado' alimenta sentimento separatista.

BRASÍLIA – Em um plebiscito inédito no Brasil, a população do Pará rejeitou neste domingo (11) a proposta de dividir o estado em três, criando-se duas novas unidades, Carajás e Tapajós. Com a ida às urnas de 74% dos 4,8 milhões de eleitores paraenses, a votação barrou a separação com dois de cada três votos computados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A apuração foi concluída por volta da 0h40 da manhã desta segunda (12). Os 3.601.849 de eleitores que participaram do plebiscito votaram duas vezes, uma sobre cada estado. No caso de Tapajós, foram 2.344.654 votos contrários (66%) e 1.203.574 favoráveis (33%) - brancos e nulos somaram 1,45%. Resultado muito parecido no caso de Carajás, em que houve 2.363.561 votos “não” (66%), 1.185.546, “sim” (33%) e 1,45% de brancos e nulos.

Embora tenha mantido neutro na maior parte do tempo, na reta final da campanha o governador Simão Jatene (PSDB) posicionou-se publicamente contra a divisão. E, em entrevista coletiva depois da apuração, disse ter ficado satisfeito com o resultado.

Para ele, o separatismo, apesar de derrotado, encontra eco em parte da sociedade por culpa do Estado. “Existe sim uma distância e ausência, uma insuficiência do Estado brasileiro para com essas populações, o que está equivocado é o caminho [para resolver isso]."

Segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econônica Aplicada (Ipea), a criação de Carajás e Tapajós implicaria gasto público extra de cerca de R$ 2 bilhões por ano. OS defensores da separação diziam que isso seria compensado ao menos em parte com o aumento dos repasses federais referentes ao Fundo de Participação dos Estados (FPE).

O Ipea também estimou que, do ponto de vista político, o PT, entre os grandes partidos, seria o principal prejudicado com a divisão, já que possui políticos com votação mais espalhada pelo território paraense, o segundo maior do país. PSDB e PMDB, outros dois grandes partidos no Pará, perderiam menos.
fonte: Carta Maior

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

David Harvey / Capital - Parte 2

David Harvey fala sobre os rumos do capital


Projeto de Extensão Debates Sobre o Capitalismo Contemporâneo: Trabalhadores, Movimentos Sociais e as Reformas do Capital

Vitória da Conquista, 06 de dezembro de 2011

Prezados Correspondentes,

Convido-os e solicito divulgação para última atividade deste ano do Projeto de Extensão “Debates sobre o Capitalismo Contemporâneo: Trabalhadores Movimentos Sociais e as Reformas do Capital”, projeto vinculado ao Departamento de História da UESB e ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Trabalho Política e Sociedade – NETPS/CNPq (ver cartaz em anexo). A última programação de 2011 será um ciclo de debates, a se realizar em duas noites, nos dias 12 e 13-12, respectivamente no Auditório do Módulo 4 e Auditório 1 do Módulo Luizão (Campus de Vitória da Conquista-Ba).
 A primeira atividade, no Auditório do Módulo 4, às 19:00, será uma mesa com o tema “Capitalismo e Perspectivas da Esquerda no Brasil: a estratégia da frente partidária em debate”. O objetivo desta primeira atividade é discutir as formas de organização da esquerda brasileira e fazer uma análise crítica da estratégia da frente partidária. Participarão da mesa Milton Pinheiro (UNEB e Partido Comunista Brasileiro – PCB), Carlos Medeiros (Corrente Comunista Internacional – CCI) e Sebastião Carlos Pereira Filho (CSP Conlutas e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados – PSTU).
Na seção do dia 13, às 19:00, no Auditório 1 do Luizão, teremos a mesa “Capitalismo, Crise, Barbárie e Tendências do Século XXI”, com Plínio de Arruda Sampaio Jr. (Instituto de Economia da Unicamp) e Milton Pinheiro. Objetivo da mesa é discutir as possibilidades de desenvolvimento e os limites civilizatórios do capital.
Segue abaixo mais algumas informações sobre os palestrantes que estarão conosco no Ciclo de Debates.
Carlos Medeiros é militante da CCI, possui experiência junto à militância socialista e movimentos sociais.
Milton Pinheiro é militante do PCB, professor de Ciência Política da UNEB, editor da revista Novos Temas e autor/organizador dos livros Caio Prado Júnior - História e Sociedade (Quarteto), A Comuna de Paris 140 anos depois (Expressão Popular).
Sebastião Carlos Pereira Filho, o Cacau, é militante do PSTU, membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP Conlutas - Central Sindical e Popular. Possui formação em Direito, coordena o Coletivo Jurídico da Central. Membro do Instituto Latino-americano de Estudos Sócio-econômicos – ILEASE.
Plinio de Arruda Sampaio Jr. é professor do Instituto de Economia da Unicamp e militante do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL. Possui diversos artigos publicados sobre crise e economia capitalista. Autor deCapitalismo em Crise: A natureza e dinâmica da crise econômica mundial (Sundermman) e Entre a Nação e a Barbárie: Os dilemas do capitalismo dependente na era da globalização (Editora Vozes).
Em tempo, informo que em 2012 a programação desta edição do projeto de extensão terá continuidade nos meses de fevereiro e março.

Participem!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Brasil busca maior poder de barganha no FMI


A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira 6 o aumento das quotas brasileiras de participação no Fundo Monetário Internacional (FMI) em 0,533 ponto percentual, elevando-as para 2,316% na entidade. A ação, que agora será apreciada pelo Senado, alavancaria o Brasil da 14ª para a 10ª posição na lista dos maiores colaboradores da instituição. Segundo o relator da mensagem na Casa, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), o País teria maior peso nas decisões da instituição sem a necessidade de compromissos financeiros.
Amir Khair, ex-secretário de Finanças em São Paulo e especialista em contas públicas, aponta, porém, que a movimentação funcionaria apenas para fortalecer a imagem brasileira no exterior. “Essa medida não leva propriamente a maior influência interna no FMI. Contudo, pode eventualmente favorecer em decisões que levem em conta a participação em quotas.”
Maryse Farhi, doutora em Ciências Econômicas e especialista em países emergentes, discorda. “O Brasil ganha influência, mesmo que pequena”, diz. “No FMI, quanto maior a cota, mais impacto você tem.”
Segundo Khair, o aumento da participação nacional no FMI implica em gastos sem retorno financeiro efetivo, pois o processo leva à emissão de títulos com remuneração inferior ao que o País paga pelas quotas. “Por outro lado, essa ação serve para ganhar mais condições de conseguir um eventual empréstimo do Fundo, algo que o Brasil não precisa no momento.”
A resolução aprovada pelos deputados, adotada em dezembro passado, insere diversas reformas na estrutura de governança do FMI para fortalecer os países emergentes. Atualmente, os diretores-executivos dos cinco países com maiores quotas (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido e França) são indicados por seus respectivos governos, mas passarão a ser eleitos pelos governadores dos demais países a integrar o Fundo para mandato de dois anos de duração.
Uma abertura demasiadamente prolongada, diz Khair, que ganhou impulso com a crise europeia. De acordo com o analista, a turbulência no continente restaurou a relevância do Fundo, de onde devem sair os recursos para socorrer países necessitados. “Neste sentido, o Brasil, tendo uma participação maior, é possível que o País possa exercer maior influência interna. O risco é que o dinheiro vá todo para a Europa e não tenha retorno.”
Segundo o governo brasileiro, as mudanças na representação permitirão que os cinco maiores quotistas formem cadeiras com outros países, além de reduzir o número de postos comandados por países desenvolvidos. “Essas mudanças são tardias e ocorrem em grande parte por consequência da mudança da nossa situação internacional”, destaca Farhi. “Agora temos o dinheiro que os outros não possuem.”
Empréstimos
Na última semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o Brasil fará um novo aporte de recursos ao FMI para minimizar os efeitos da crise econômica mundial. O anúncio ocorreu após reunião em Brasília com a diretora-gerente da entidade, Christine Lagarde. “O Brasil está disposto a colaborar com o aporte”, declarou Mantega. “Acredito que a zona do euro possui instrumentos para superar a crise, mas enquanto isso não ocorre a situação se deteriora. Nossa preocupação não é só com os países europeus, mas principalmente com os países emergentes.”
Os valores devem ser definidos entre os Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) antes da reunião do G20, prevista para fevereiro. Além disso, o aporte está condicionado “à continuação de reforma de cotas que já foram acertadas nos dois últimos anos”, completou Mantega.
Uma postura de barganha, a exemplo daquela adotada pela China, que Farhi considera importante para conseguir maior espaço aos emergentes na estrutura e talvez até o comando do Fundo. “Esses países vêm aumentando a participação na economia mundial e é natural que sua capacidade de opinar e conduzir a política do FMI avance”, aponta, mesmo descrente que isso ocorra na próxima eleição do diretor-gerente da entidade.


Crise na zona euro: o movimento tardio da dupla "Merkozy"


Uma crise profunda e uma guerra quase aberta entre mastodontes do liberalismo planetário como são Estados Unidos e União Europeia combinam-se em momentos nos quais os dirigentes da União Europeia analisam o projeto de reforma promovido por França e Alemanha com o objetivo de superar a crise. Nicolas Sarkozy e Angela Merkel tomaram o timão de um barco em plena tormenta. Isso lhes valeu o apelido de « Merkozy ». Ambos preconizam uma « nova união para a estabilidade e o crescimento para os 17 países do euro ». O artigo é de Eduardo Febbro.

Uma crise profunda e uma guerra quase aberta entre mastodontes do liberalismo planetário como são Estados Unidos e União Europeia combinam-se em momentos nos quais os dirigentes da União Europeia analisam o projeto de reforma promovido por França e Alemanha com o objetivo de superar a crise. 

Justamente quando vai começar uma cúpula em Bruxelas destinada a salvar a eurozona, a agência de classificação de risco norteamericana Standard and Poor’s coloca diretamente sob vigilância a União Europeia, um fato sem precedentes até hoje, sobretudo entre jogadores do ultra-neoliberalismo. Especialistas, banqueiros, analistas e dirigentes do Velho Continente olham a década através de um prisma de caos, ajustes e recessão onde todas as alternativas são tangíveis, sobretudo as piores : o fim do euro deixou de ser uma coisa impossível, assim como o surgimento de uma Europa a duas velocidades, composta, por um lado, pelos países rigorosos e competitivos do Norte e, por outro, pelos do sul.

Citado pelo jornal Le Monde, Jean Pisani-Ferry, uma analista belga do grupo de reflexão Bureguel, reconhecia que as projeções catastróificas semalhantes à crise norteamericana de 1929 « não podem ser afastadas com um tapa ». Desde que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, se reuniram segunda-feira em Paris para defender um rigoroso plano de controle dos déficits, as más notícias despencaram como uma tempestade sobre o Velho Continente. 

Os principais golpes não vêm de dentro, mas sim dos Estados Unidos, o outro grande eixo liberal. Em três movimentos, a agência de classificação de riscos norteamericana Standard and Poor’s sentenciou antecipadamente a eficácia das medidas que poderão ser adotadas na cúpula de Bruxelas.
No início da semana, a Standard and Poor’s colocou sob uma perspectiva negatuva as notas dos países da zona Euro e pôs sob vigilância 15 dos 17 países da dita zona, incluindo Alemanha, Franca, Áustria, Luxemburgo, Finlândia e Holanda. 

No médio prazo, isso poderia se traduzir nos próximos meses por uma das sanções mais agudas : a perda da prestigiada nota AAA. Dois dias depois, a mesma agência sepultou o famoso fundo de resgate europeu criado especialmente para salvar da bancarrota os países da UE. A S&P anunciou que o fundo estava sob « supervisão negativa ». 

O último ato aconteceu um dia antes da cúpula de Bruxelas : a agência estadunidense colocou sob vigilância a dívida da União Europeia (que desde 1976 tem a nota AAA) e extendeu sua sanção ao sistema banário.

A S&P adiantou ainda que previa baixar a nota de vários bancos importantes da zona euro, entre os quais os franceses BNP Paribas, BPCE, Société Générale, BRED-Banque Populaire, Crédit foncier de France, Crédit Lyonnais, Crédit Agricole, os alemães Deutsche Bank e Commerzbank e o italiano UniCredito. Durante um encontro realizado com deputados de sua base de apoio, Nicolas Sarkozy ofereceu uma síntese realista da situação. 

O chefe do Estado francês não só disse que o « risco de uma explosão » é tangível, mas que, além disso, um dos maiores limites com os quais se choca a União Euopeia reside em que « a Europa precisa financiar sua dívida, mas os detentores dos empréstimos não tem confiança ». A eurozona é uma dama que perde seus encantos e está em pleno colapso.

Poucos episódios refletem melhor esse nervosismo como as reações provocadas pela visita do Secrtetário do Tesouro norte-americano, |Timothy Geithner. O ex-presidente francês Valery Giscard d’Estaing (1974 e 1981) qualificou-a de « inoportuna » e « insuportável ». O ex-presidente julgou inclusive que essa visita só contribuirá para que a Europa seja uma vítima entregue a todos os sacerdores mundiais ». Giscard também impugnou o papel desempenhado por agências de classificação de risco como a S&P. Em outros tempos essas agências eram aliadas do liberalismo europeu, mas agora não é o caso. 

Os analistas se perguntam como se chegou a um desastre tão profundo. As respostas não são tão convergentes como o quadro que se pinta no caso de o euro desaparecer do mapa. Os especialistas já se adiantaram nos cálculos : inflação, fuga de capitais, deavalorização, instabilidade, etc., etc. Se as moedas nacionais voltassem a circular, os países do Sul teriam que desvalorizar suas moedas entre 30 e 40%, ao mesmo tempo que os cidadãos perderiam cerca de 40% de seu poder aquisitivo, sem que isso fosse uma garantia de estabilidade.

Jean Pisani-Ferry, autor do livro « O despertar dos demônios », lembra nas páginas do Le Monde o território de areias movediças que ameaça os países da Europa em caso de desaparição do euro e destaca o que acontecer na Argentina com a crise de 2001.O ensaista assinala que em janeiro de 2002 o dólar custava 1,4 pesos e que, seis meses mais tarde, a moeda perdeu três quartas partes de seu valor. Na Grã-Bretanha, onde o euro não circula, o portal de apostas online William Hill revelou que as apostas (três contra um) em torno do euro vão em uma única direção : sua desaparição.

Nicolas Sarkozy e Angela Merkel tomaram o timão de um barco em plena tormenta. Isso lhes valeu o apelido de « Merkozy ». Ambos preconizam uma « nova união para a estabilidade e o crescimento para os 17 países do euro ». Esse plano preconiza uma férrea austeridade orçamentária para absorver os déficits e castigo para quem não cumprir com ela. O voluntarismo oportunista do eixo franco-alemão não é analisado como uma salvação, mas sim como um tardio movimento dos setores políticos para ter influência na enlouquecida corrida de um sistema que se mutilou a si mesmo a força de excessos e impunidade.

Tradução: Katarina Peixoto