quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Copom deve subir juro para 10% ao ano na 6ª alta seguida, prevê mercado


Decisão será anunciada nesta quarta-feira após as 18h pelo Banco Central. Alta do dólar e preços administrados motivam elevação, dizem analistas.


Selic 9,5 - matéria (Foto: Arte/G1)

A taxa básica de juros da economia brasileira deve voltar aos dois dígitos nesta quarta-feira (27). A estimativa da maior parte dos analistas do mercado financeiro é que a Selic, hoje em 9,5% ao ano, subirá 0,5 ponto percentual, para 10%. A nova taxa será anunciada após as 18h pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável por fixar os juros básicos da economia.
Se confirmada, será a sexta elevação consecutiva da Selic, que não alcançava os dois dígitos desde o início de março de 2012.
A discussão sobre a capacidade de o Brasil ter uma taxa de juros abaixo de 10% ao ano permeou o debate econômico no passado.
A taxa, porém, foi atingida somente quando o BC afrouxou a política de juros para combater os efeitos da crise financeira em 2009, entre junho daquele ano e janeiro de 2010.
Posteriormente, novamente por conta dos efeitos da segunda "onda" da crise financeira, os juros abaixo de 10% ao ano voltaram a ser registrados desde 7 março de 2012. O Brasil é um dos poucos países que está subindo os juros neste ano.
Novos aumentos em 2014
A expectativa do mercado financeiro é de que a alta dos juros, prevista para esta quarta-feira, não seja a última do governo Dilma Rousseff. A previsão dos economistas dos bancos é de que aconteçam dois novos aumentos em 2014. Segundo a estimativa do mercado, os juros subiriam para 10,25% ao ano em janeiro do ano que vem, patamar no qual permaneceriam até dezembro de 2014 - quando avançariam para 10,50% ao ano.
Metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem afirmado, porém, que a inflação teria queda neste ano frente ao patamar registrado em 2012 (5,84%) e novo recuo no ano de 2014.
Discurso da presidente Dilma
A subida recente dos juros e o possível retorno ao patamar de dois dígitos, nesta quarta-feira, segundo analistas, não está em consonância com uma das principais marcas, até então, do governo Dilma Rousseff na área econômica. Mesmo defendendo o controle da inflação, a presidente da República destacou, por diversas oportunidades nos últimos anos, a queda dos juros básicos e também pressionou os bancos a reduzirem suas taxas ao consumidor.
Fatores que pressionam a inflação
De acordo com economistas, alguns fatores seguem pressionando a inflação, apesar de o Banco Central já ter subido os juros básicos em cinco oportunidades desde abril deste ano, quando a taxa estava em 7,25% ao ano.
Segundo o gestor de investimentos da Lecca, Carlos Haber, a alta do dólar registrada neste ano vai ser cada vez mais sentida em 2014 nos preços (importados mais caros terão seus preços elevados), além da expectativa de crescimento dos preços administrados (como gasolina e transporte urbano) - que foram contidos neste ano por conta das manifestações populares.
"O governo não promoveu um forte ajuste fiscal [conteção de gastos]. Dificilmente isso vai se concretizar [em 2014] tendo em vista a eleição no próximo ano. O BC não vai ter muita opção e vai ter de continuar subindo os juros. A política fiscal [de gastos públicos] não vai ajudar muito. Ano de eleição tem muito gasto público. O governo não vai conseguir fazer um ajuste fiscal [nas despesas] da forma como deveria", avaliou Carlos Haber.
Flávio Combat, do Departamento Econômico da corretora Concórdia, avaliou que também existe pressão inflacionária por conta do aumento dos salários acima dos ganhos de produtividade e devido ao crescimento do consumo das famílias (sustentando pela expansão da renda). A Concórdia lembra ainda que o BC deve considerar em seus modelos, ainda que veladamente, a perspectiva de um iminente reajuste nos preços dos combustíveis - que pode ser postergado para dezembro, com impacto relevante sobre a inflação somente em 2014.

Brasil precisa estudar mudanças na China e preparar nova estratégia


Em entrevista à Carta Maior, o professor Wu Guoping, da Academia de Ciências Sociais de Beijing, analisa as perspectivas da missão do governo do RS a China

Londres - A China que o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, visitará a partir de 28 de novembro, com uma comitiva de empresários, políticos e acadêmicos, não só tem o maior nível de reservas em dólares do mundo e um dos maiores fundos soberanos do plano, como também é uma economia em transformação que busca girar de um modelo exportador com baixos salários para um baseado mais no consumo doméstico e na produção de bens sofisticados.

A China é o destino hoje de 17% das exportações totais do estado do Rio Grande do Sul, uma clara indicação de sua importância para a economia da região. O problema é que quase 100% dessa exportação para o gigante asiático é de soja. Esse tipo de intercâmbio pode parecer a primeira vista a velha armadilha colonial de fornecer matérias primas em troca de produtos manufaturados, mas realmente é assim?

A Carta Maior conversou com o economista Wu Guoping, professor do Instituto Latino-americano da prestigiosa Academia de Ciências Sociais de Beijing para analisar as perspectivas dessa visita do governador do Rio Grande do Sul.

Qual a sua avaliação sobre o estado atual da relação entre China e Brasil?

Estou escrevendo um artigo sobre o desenvolvimento econômico do Brasil e sua inserção no comércio internacional. O que vi é que, por um lado, o Brasil está muito interessado em participar do mercado chinês, da Índia, da Rússia, por isso também tem o interesse de participar do grupo BRICS. Por outro lado, tem uma política protecionista para suas empresas. Há uma contradição. Com a China a relação diplomática é muito boa, mas em relação aos produtos chineses é protecionista e aplica muitas políticas antidumping.

Mas a China também impõe travas ao ingresso ou investimento de empresas de outros países na China.

É certo. As empresas brasileiras vão encontrar também dificuldades e diferentes normas. Por isso, ultimamente, a China quer mudar. Em Shangai temos uma zona franca de comércio que oferece mais liberdades para as empresas estrangeiras.
Esta zona franca, que abriu em setembro, oferece muitas facilidades. Uma empresa estrangeira pode operar livremente nessa zona desde que não atue em uma lista de serviços básicos que estão reservados ao Estado chinês. Esta é uma clara tendência para o futuro da economia chinesa. O plenário do congresso do Partido Comunista acaba de aprovar novas medidas que vão na mesma direção, ou seja, na direção de uma maior abertura.

No Brasil e em países da América Latina existe a impressão de que está se reproduzindo o velho esquema colonial no qual a América latina exporta matéria prima e a China produtos manufaturados. O Rio Grande do Sul, por exemplo, vende muito a China, mas vende praticamente só soja.

Este não é um problema da China, mas sim do Brasil. Na pesquisa que estou fazendo sobre o Brasil, vi que nos últimos dez anos, antes da China, já havia essa tendência de se apoiar mais em produtos primários. É claro que, com a China, isso se acentuou. Isso implica um problema no setor de manufatura porque seu peso no PIB brasileiro está diminuindo. Por outro lado, é bom para o Brasil exportar esses produtos primários porque favorece seu superávit comercial, ainda que, agora, esse superávit esteja baixando. Tanto é assim que a China está buscando agora um novo modelo porque está subindo o custo da mão de obra e vai aumentar ainda mais uma vez que o porcentual de jovens está diminuindo em relação ao número total de habitantes.

Além disso, mais da metade das exportações chinesas são feitas por empresas estrangeiras que tem se aproveitado do baixo custo da mão de obra na China. Mas agora, com essa mudança desse custo, algumas empresas estrangeiras estão transferindo suas empresas para países mais baratos como Tailândia ou Malásia.

Você acredita que o Brasil e os demais países da América Latina estão preparados para esta mudança de modelo da China?

Estive em março na CEPAL e sei que há preocupação na América Latina sobre a possibilidade de redução das importações da China na região. Como eu disse, a China está mudando o seu modelo. Creio que a América Latina tem que levar isso em conta porque a China vai buscar outro tipo de produtos para este novo modelo baseado no crescimento do consumo interno. O Brasil sempre pensa na soja e nos produtos primários, mas creio que teria que perguntar o que mais poderia exportar para a China em meio a esta mudança radical da estrutura econômica chinesa.

O que o Brasil teria que fazer? Em que setores poderia ter uma vantagem comparativa? O que a China vai necessitar com este novo modelo?

É preciso estudar esta mudança e preparar uma estratégia. Vou citar um exemplo muito simples. Neste momento, a China importa leite em pó da Austrália, mas há algum tempo se deu conta de que há problemas de qualidade com esse produto.
Na China temos uma crescente classe média que só pode ter um filho e que, portanto, busca o melhor para seu filho, os produtos de máxima qualidade, Este é um setor de consumo interno que oferece muitas oportunidades. A China já importa alimentos, bebidas como vinho e outras coisas. Recentemente, no supermercado, pude comprar camarões importados da Argentina. Isso não se via antes nos supermercados. 

Neste sentido, pode-se dizer que hoje a vida cotidiana de um chinês tem a ver com a América Latina. Pela manhã toma um suco de soja ou de frutas importadas do Brasil, Chile e Argentina. Ao meio-dia, consome carne e vinho também importados desses países. E à noite a festa é regada com tequila mexicana. Todos esses produtos agroindustriais de consumo doméstico terão cada vez mais importância.

Esta é a mensagem que deixa para a missão liderada pelo governador do Rio Grande do Sul?

Sim. Essa missão chega em um bom momento porque acaba de terminar o plenário do Partido Comunista e está se trabalhando na segunda geração de reformas. É uma oportunidade única para examinar o que está ocorrendo na China depois dessa reunião e para ver que oportunidades oferece o mercado chinês. Será importante também para trazer informações para as empresas chinesas. As pequenas e médias empresas chinesas ainda não conhecem bem a América Latina. Elas precisam  ter maiores informações sobre que vantagens podem ter na região. Quanto ao que pode se exportar para a China, além dos exemplos que dei da vida cotidiana, há produtos como o cobre que se exporta como produto primário, mas que agora começa a ser exportado também como artesanato, que é outra coisa. Esta é outra mudança que o Brasil e o resto da América Latina devem fazer no perfil de suas exportações a China. Produtos com maior valor agregado.

Como é o protocolo que cerca uma visita como esta do governador do Rio Grande do Sul?

Tudo depende dos objetivos da missão. Se não há objetivos específicos, há muito protocolo, banquetes, recepções. Mas se há objetivos específicos sobre investimentos é possível ter encontros concretos com empresas.

Odebrecht arremata concessão de trecho da BR-163 em Mato Grosso


Empresa ofereceu proposta de tarifa de pedágio 52% abaixo do teto. Sete grupos disputaram leilão de trecho da rodovia em Mato Grosso.

Representantes da Odebrecht e ministro Cesar Borges na batida do martelo em leilão na Bovespa (Foto: Darlan Alvarenga/G1)
 Odebrecht S/A arrematou nesta quarta-feira (27) a concessão  do trecho da rodovia BR-163 em Mato Grosso com uma proposta de pedágio de R$ 0,02638 por quilômetro (ou R$ 2,638 para 100 quilômetros rodados). O valor representa um deságio de 52,03% em relação ao teto de R$ R$ 0,055 fixado pelo governo.
Na semana passada, a Odebrecht já tinha arrematado a concessão do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, em consórcio com a Chengi, de Cingapura.
Leilão da BR-163 em Mato Grosso (Foto: Editoria de Arte/G1)
Sete grupos participaram do leilão da BR-163. Os envelopes com as propostas foram abertos nesta manhã na BM&FBovespa, em São Paulo. A segunda maior proposta foi da Triunfo Participações e Investimentos S/A, com proposta de R$ 0,02970 e deságio de 46%. No último leilão de rodovia, foram 8 interessados.
Pelas regras do edital, foi declarado vencedor o grupo que ofereceu o menor valor para o pedágio que será cobrado dos motoristas.
O trecho que ficará sob concessão tem 850,9 quilômetros e vai da divisa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso até a cidade de Sinop (MT). O segmento atravessa 19 municípios, alguns deles que formam o coração produtivo do estado, como Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum. A rodovia federal é o principal canal de escoamento da safra agrícola, mas também a mais perigosa e a campeã em número de acidentes, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O prazo de concessão é de 30 anos. Nesse período, a concessionária terá que fazer obras de duplicação e manutenção da rodovia, além de implantar melhorias.
Ministro comemora
O ministro dos Transportes, César Borges, comemorou o deságio de 52% no leilão e avaliou que o resultado aponta que o apetite dos investidores continua existindo.

“Tenho certeza de que a Odebrecht irá cumprir muito bem o desejo de vermos nossa infraestrutura ampliada”, disse o ministro, ao comentar o resultado do leilão. “A tarifa de R$ 2,63 por 100 quilômetros é uma tarifa bastante razoável, portanto alcançamos a modicidade tarifária”, acrescentou.
A Odebrecht afirmou que o seu lance com deságio de 52% reflete a aposta da companhia no potencial do agronegócio brasileiro. “Talvez os nossos concorrentes acordaram um pouco tarde para isso”, afirmou o diretor Renato Mello. “Fomos estudar a logística, como é o movimento de grãos e chegamos à conclusão de que o potencial de crescimento do Mato Grosso está muito acima do PIB do país”, acrescentou.
Investimentos e duplicação
A previsão é que sejam investidos na duplicação e conservação da rodovia, entre outras melhorias previstas em contrato, cerca de R$ 3,6 bilhões ao longo da concessão. Pelas regras fixadas no edital, a cobrança de pedágio só pode ter início quando 10% das obras de duplicação previstas estiverem concluídas. O trecho da BR-163 deve ter nove praças de pedágios.

O trecho da BR-163 é o segundo a ser leiloado pelo governo dentro do Plano de Investimento em Logística (PIL). O primeiro foi o trecho da BR-050, entre Goiás e Minas Gerais,arrematado em setembro pelo consórcio Planalto, que ofereceu um valor de pedágio de R$ 4,534 para cada 100 quilômetros rodados, o que representou um deságio de 42,38%.
Os grupos que disputaram o leilão da BR-163 foram os seguintes:
- Consórcio Rota do Futuro: Ecorodovias infraestrutura e logística S/A;  Coimex Empreendimentos e Participações Ltda; Rio Novo Locações Ltda; Tervap Pitanga Mineração e Pavimentação; Contek Engenharia S/A; A. Madeira Indústria e Comércio Ltda; Urbesa Administração e Participações Ltda. - proposta de R$ 0,03977 por km (27,69% de deságio)
- Investimentos e participações em infraestrutura (Invepar): Invepar - proposta de R$ 0,03130 por km (43% de deságio)
- Consórcio integração: Fidens Engenharia S/A; Construtora Artepa M. Martins S/A; Via Engenharia S/A; Construtora Barbosa Mello S/A; Carioca Christiani-Nielsen Engenharia S/A. - proposta de R$ 0,03779 por km (31,29% de deságio)
- Companhia de Participações em Concessões (CCR): CCR - proposta de R$ 0,03545 por km (35,54% de deságio)
- Galvão Engenharia S/A: Galvão Engenharia - proposta de R$ 0,05335 por km (3% de deságio)
- TPI (Triunfo Participações e Investimentos S/A): Triunfo participações - proposta de R$ 0,0297 por km (46% de deságio)
- Odebrecht S/A: Odebrecht S/A - proposta de R$ 0,02638 por km (52,03% de deságio)
Novos leilões
O ministro Cesar Borges não quis fazer projeções sobre a manutenção desse patamar de ágio nos próximos leilões de rodovias, mas disse que o governo está confiante na atratividade das concessões.

“O governo caminha de forma firme e determinada no sentido de continuar o programa de concessões rodoviárias”, afirmou. “Temos procurado criar condições para que haja concorrentes e tarifas básicas atraentes. Espero que os próximos leilões tenham rentabilidades semelhantes, mas não posso avaliar se vai ser mais ou menos”, acrescentou.
Borges informou nesta quarta que o governo pretende realizar mais três leilões de concessão de rodovias federais neste ano. Até o momento, foram realizados dois: o da BR-050 e o trecho da BR-163 em MT.
O próximo leilão está marcado para o dia 4 de dezembro, quando será disputada a concessão de trechos das BRs 060-153-262, entre Brasília e Betim.  Para o dia 17 de dezembro está agendado o leilão do trecho da BR-163 em MS.
O último leilão do ano, o da BR-040, no trecho entre Juiz de Fora e Brasília, depende de liberação do Tribunal de Contas da União (TCU), cuja aprovação pode acontecer nesta quarta.
“A gente tem a expectativa de marcar o terceiro ainda hoje se for aprovado pelo TCU”, disse Borges. Confirmando esta expectativa, o ministro informou que a entrega das propostas para o o leilão da BR-040 será agendada para o dia 23 de dezembro e que o leilão será realizado “entre o Natal e o Ano Novo”, no dia dia 27 de dezembro.
Mudança no cronograma
O PIL foi lançado pelo governo federal em agosto do ano passado e prevê o investimento de R$ 133 bilhões na construção e reforma de rodovias e ferrovias no país. O programa é uma das apostas da presidente Dilma Rousseff para destravar gargalos de infraestrutura e aquecer a economia do país.

Apenas em setembro passado foi feito o primeiro leilão do PIL: o trecho da BR-050, entre Goiás e Minas Gerais. Junto com a BR-050, o governo pretendia leiloar trecho entre Espírito Santo e Minas da BR-262. A rodovia, porém, ficou de fora porque não recebeu proposta de investidores.
O revés levou o governo a anunciar uma revisão do cronograma dos leilões de rodovias do PIL. O ministro dos Transportes, César Borges, também admitiu que o governo pode adotar uma espécie de Parceria Público-Privada (PPP) para conseguir leiloar os pelo menos outros 4 trechos de rodovias federais incluídos no programa.
De acordo com o ministro, a avaliação do governo é que há um interesse reduzido dos investidores pelos trechos da BR-101 (BA), 116 (MG), 153 (GO-TO) e 262 (ES-MG). E, para torná-los mais atrativos, pode optar por dividir com a iniciativa privada os gastos com as obras de duplicação dessas rodovias.
Estão sendo analisadas duas opções para essas rodovias. A primeira é o repasse direto de recursos do Tesouro na concessionária para custear parte dos investimentos. A segunda prevê a execução de parte das obras via Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Sem uma solução como as PPPs, a única opção do governo seria elevar o valor do pedágio permitido nessas rodovias para atrair investidores. Mas essa saída, além de desagradar aos motoristas, também mancharia o programa de concessão de estradas adotado a partir de 2007, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que tem como prioridade a chamada modicidade tarifária, ou seja, tarifas mais baixas possíveis.

Petroleiros tentam derrubar leilão de gás na Justiça


O adiamento foi provocado por um pedido do ministro Marco Aurélio, que considerou inadequada a análise a poucas sessões do recesso do Judiciário

Ainda de ressaca pela intensa campanha salarial e as manifestações contra o leilão do campo de Libra, os petroleiros decidiram tentar derrubar o leilão de gás programado para quinta-feira (28) apenas na Justiça, informou nesta quarta-feira o diretor da FUP (Federação Única dos Petroleiros), José Maria Rangel.
Nenhuma manifestação está programada para a porta do evento, afirmou o sindicalista.
No leilão de Libra, em 21 de outubro, o governo colocou o Exército e a Força Nacional para garantir a venda, depois que os petroleiros ameaçaram interromper o leilão. Apesar das manifestações e também de ações na Justiça, o leilão de Libra foi realizado sem maiores problemas.
Rangel informou que entrou ontem com uma ação popular na 17ª Vara Cível da Justiça Federal do Rio de Janeiro contra a 12ª rodada de licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo), argumentando que o país não tem regras claras para a exploração de gás não convencional, foco do leilão de amanhã.
O gás não convencional não está solto no reservatório como o gás convencional, e precisa utilizar uma técnica de fraturamento da rocha, condenada por ambientalistas.
"Não temos legislação específica para o fraturamento, como fazer um leilão sem regras?", questiona Rangel.
A exploração do gás não convencional ganhou destaque nos últimos anos depois que os Estados Unidos intensificaram sua exploração, conseguindo com isso reduzir o preço do gás natural no mercado interno para cerca de um terço do preço no mercado internacional.
Além de perfurar mais poços do que a exploração convencional, a produção do gás não convencional requer a utilização de produtos químicos e um grande volume de água.
"Até hoje o povo do Tio Sam não sabe o que fazer para descartar essa água contaminada, após mais de 20 anos de exploração", alerta a FUP em seu site.
A própria diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, admitiu em entrevista à Folha esta semana que as regras para o fraturamento só devem ser publicadas no início do ano que vem. Ela descartou no entanto riscos ambientais, afirmando que a resolução que será emitida vai proteger o meio ambiente e a sociedade, apesar de publicada após o leilão.

Dilemas da opção energética

Jaciara Itaim

O desastre ocorrido em março de 2011 com a usina nuclear de Fukushima no Japão recolocou no centro do debate internacional a questão das alternativas para geração de energia em nosso planeta. Passados mais de 2 anos e meio da catástrofe, ainda se fazem sentir os efeitos provocados sobre a população próxima e distante do local da tragédia, bem como sobre o meio ambiente de uma forma generalizada. Radiação em níveis de letalidade, contaminação das águas e da atmosfera, enfim são inúmeras as conseqüências que terminaram por colocar em xeque, mais uma vez, a adoção desse modelo energético.
 
Esse foi o primeiro acidente de grande expressão do milênio, mas já havia sido precedido de uma série de outros de proporções também significativas nas últimas décadas. Foram casos como o de Three Mile Stone (1979, nos Estados Unidos), o de Chernobyl (1986, na antiga União Soviética) e também o nosso, aqui de Goiânia (conhecido como Césio 137, em 1987). Apesar de todas as advertências feitas pelos especialistas, pelos movimentos sociais e pela própria Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pouco foi sendo implementado pelos países no sentido de se promover uma mudança de rota.
 
Mudanças no nuclear após Fukushima
 
Causa estranheza tamanha passividade no trato de fonte tão perigosa para o futuro do planeta. Na verdade, tal lentidão só reforça a idéia de que as alternativas energéticas são definidas em razão dos interesses econômicos, militares e geopolíticos envolvidos com as opções apresentadas a cada momento. Não bastam estudos e evidências de natureza técnica a embasar uma ou outra hipótese. As decisões são tomadas na esfera da política, a partir do jogo de pressão dos interesses envolvidos.
 
O recurso generalizado e o desenvolvimento da tecnologia nuclear guardam relação íntima com a questão militar, mas essa opção também foi uma tentativa de resposta dos países europeus para escapar da dependência do petróleo importado e da antiga matriz da energia movida a carvão. Assim, a usina atômica era sempre apresentada como uma “solução racional” para um modelo que se revelasse independente dos combustíveis fósseis e adaptado para países que não contassem com as facilidades naturais da hidroeletricidade. As imagens e os rastros da hecatombe de Hiroshima e Nagasaki tampouco foram suficientes para demover a opção adotada por boa parte dos países europeus.
 
O poder dos grandes conglomerados petrolíferos no mundo reside na importância que esse importante combustível fóssil exerce ainda em nossos tempos. A matriz energética norte-americana é bastante dependente do óleo e os interesses econômicos da economia ligada a esse complexo têm retardado ao máximo a transição para um modelo que seja menos comprometedor do aquecimento global. A única variável que conseguiu promover algum tipo de mudança foi a elevação dessa matéria-prima estratégica, levada a cabo de tempos em tempos pela articulação das empresas e governos em torno da OPEP. Sob tais condições de elevação de custos da energia, são lançadas experiências como os combustíveis derivados da agricultura e agora, mais recentemente, a opção pelo gás de xisto.
 
O impacto de Fukushima foi de tal ordem que importantes países adeptos do nuclear estão começando a rever tal estratégia. A começar pelo próprio Japão e alguns países europeus liderados pela Alemanha, parece ter início um movimento de busca de recursos alternativos para manter tais sociedades em movimento. Porém, as economias que mais crescem nos tempos atuais ainda não alcançaram tal patamar de sofisticação para colocar em marcha sua matriz energética. A China, por exemplo, mal começa a se afastar do padrão mais comum do século XIX e já inicia a substituição do carvão como combustível pelo uso do petróleo e pela hidroeletricidade. Não por acaso, está localizada naquele país a maior usina desse tipo do mundo, a gigantesca Barragem 3 Gargantas.
 
Fontes alternativas: energia limpa e sustentável
 
Aos poucos começam a surgir outros meios de geração de energia, como a derivada de biomassa, a solar, a eólica, a das marés, entre outras. O problema é que tais novidades ainda não contam com capacidade e volume para gerar a quantidade de energia para manter o mundo em movimento, tal como atualmente ocorre. E muito menos para o processo crescente de incorporação de bilhões de indivíduos que ainda se encontram à margem de padrões mínimos de qualidade de vida civilizada. Os países e suas populações exigem atendimento à demanda reprimida de acesso e bens básicos de consumo e de energia no curto prazo.
 
Ora, frente a esse quadro de dificuldades enfrentadas pelos países em todos os continentes, a situação do Brasil pode até ser considerada “confortável”. Afinal, contamos com uma rede de rios que nos assegura - com bastante folga, inclusive - uma das fontes de energia renovável mais limpa e sustentável que se conhece. É claro que a tecnologia contemporânea deveria estar ao alcance de se construírem usinas hidroelétricas com menor comprometimento ambiental. Porém, é preciso ficar claro que alguma fonte de energia sempre será necessária para assegurar o desenvolvimento social e econômico em nossas terras. Não há discurso que se sustente para um projeto desenvolvimentista de sociedade sem que sejam apresentadas as fontes energéticas para viabilizar sua consolidação.
 
Desenvolvimento social e econômico requer mais energia
 
A questão é sensível e polêmica. Mas não existe caminho que consiga promover essa necessária inclusão em termos globais e que implique, ao mesmo tempo, a redução do consumo de energia. A idéia da economia do “decrescimento” ou da estagnação pode até ser válida para países que já alcançaram um padrão de desenvolvimento e infraestrutura para a maioria de suas populações. Em sociedades que já conhecem um padrão do tipo “Estado do bem estar”, onde a taxa de inclusão é bastante elevada, talvez seja até razoável se permitir esse tipo de iniciativa. Mas esses casos representam uma parcela ínfima da população carente no mundo contemporâneo.
 
Uma coisa é buscarmos padrões de produção e consumo que não sejam repetição do passado, onde a regra tem sido sempre a busca do lucro no curto prazo e nenhuma preocupação com a sustentabilidade em sentido amplo. O modelo é baseado no desperdício de matéria-prima e de energia, na obsolescência programada, no estímulo a consumismo desenfreado e irresponsável, entre outros fatores que beiram a irracionalidade. Porém, um elemento no debate é inelutável: não dá para contornar o fato de que as necessidades globais de energia tendem a aumentar ao longo das próximas décadas.
 
O sistema brasileiro está chegando ao seu limite de capacidade de geração de energia. Assim, quando se propõe a retomada da trilha do crescimento econômico é necessário também apresentar os mecanismos para suprir as carências e preencher os gargalos em termos de infraestrutura. E a questão energética está dentre as mais emergenciais. Se não queremos a retomada do projeto nuclear e tampouco o crescimento da participação das termoelétricas, o caminho passa pela continuidade das hidroelétricas e pela incorporação crescente de tecnologias alternativas, a exemplo da energia eólica, das marés e solar. Isso significa que a luta contra as injustiças e as irregularidades eventualmente cometidas em projetos, como parece ser o caso de Belo Monte, não deve ser confundida com a negação da usina hidroelétrica como fonte necessária para o suprimento de energia no atual estado das artes do setor.
 
Mudanças macro e micro: exemplo do chuveiro elétrico
 
Ao mesmo tempo, há inúmeras soluções e alternativas a serem implementadas para equalização do balanço entre fontes e usos de energia em nosso País. O consumo residencial responde por quase 27% do total da energia despendida. Isso significa que os programas de racionalização e de minimização de gasto de energia devem mirar também o consumo industrial e comercial. Mas ainda há espaços importantes para redução do uso associado ao desperdício, como bem ficou provado à época do nada saudoso apagão, quando as campanhas públicas tiveram o efeito positivo de mostrar que havia “gordura a queimar”.
 
Um ponto mais do que evidente - e incompreensivelmente pouco tocado - é relativo à utilização do chuveiro elétrico para aquecimento da água para banho da população. Trata-se de um dos mais irracionais e ineficientes sistemas de uso de energia para aquecimento de água. De alguma forma, uma jabuticaba energética. Mais de 90% das residências brasileiras se utilizam desse modelo, aparentemente “inofensivo”. No entanto, ele é um dos responsáveis pela necessidade de super-dimensionamento do modelo global de oferta de energia elétrica, apenas para atender ao pico de uso do banho, entre 18hs e 21hs. O uso do chuveiro representa 23% do total do consumo residencial – ou seja, quase 6% do total de energia elétrica do País.
 
Ora, para mudar esse hábito cultural existem alternativas sólidas do ponto de vista tecnológico e viáveis em termos econômicos. Trata-se do uso das placas solares no plano residencial, modelo com eficiência mais do que comprovada onde ele tem sido instalado. Basta um engajamento do diversos níveis de governo nesse projeto de substituição do chuveiro elétrico para que se tenha um efeito expressivo - e quase imediato - na redução do consumo de eletricidade.
 
Enfim, parece claro que a questão energética é também uma das dimensões de políticas públicas em que se mesclam algumas medidas de caráter micro com outras de natureza macro. A configuração das diferentes fontes de energia para a arquitetura de nossa matriz do futuro exige medidas a serem tomadas no curto prazo, com resultados que serão sendo alcançados ao longo do tempo. E isso vai desde a simples mudança de hábitos sociais e culturais, até o necessário investimento pesado em inovação, ciência e tecnologia.
 
* Jaciara Itaim é economista e militante por um mundo mais justo em termos sociais e econômicos.

FONTE: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Dilemas-da-opcao-energetica/7/29603

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

BB e Correios querem criar uma nova instituição financeira

Por Karla Spotorno e Carolina Mandl | Valor
SÃO PAULO  -  (Atualizada às 10h40) A parceria entre o Banco do Brasil (BB) e os Correios tem por objetivo a criação de uma nova instituição financeira, que “permitirá ampliar o portfólio de produtos e serviços oferecidos aos clientes do Banco Postal, além de gerar mais sinergia e eficiência à operação”. A explicação foi divulgada pela assessoria de imprensa do BB após fato relevante, que anunciou a negociação nesta segunda-feira.
Agência Brasil/ABr
“A implantação do novo modelo permitirá ao Banco Postal ampliar seu portfólio e estabelecer parcerias para que seus clientes acessem novos produtos e serviços, tais como outras linhas de crédito, seguros, capitalização, cartões pré pagos, consórcios, crédito rural, entre outros”, informou a assessoria do banco estatal.
Os estudos entre BB e Correios para criar um novo modelo de parceria no Banco Postal colocará fim à concorrência entre os bancos para explorar as agências dos Correios, informou Cléucio Nunes, vice-presidente dos Correios.
Segundo o executivo, um modelo societário é mais atrativo para os Correios, já que permite a perenidade no negócio. Cada acionista deve ter 50% da nova empresa. Pelo desenho atual do Banco Postal, a cada cinco anos os Correios realizam uma concorrência entre os bancos baseada no maior valor oferecido para explorar sua rede.
“Não temos dúvida de que a parceria é muito mais vantajosa do que o processo seletivo”, diz Nunes.
Um dos pontos que levaram Banco do Brasil e Correios a discutirem o novo modelo se deve à baixa retenção da clientela dentro do Banco Postal. O Banco do Brasil assumiu as agências dos Correios em 2012, depois de o Bradesco ter mantido esse contrato por dez anos.
Desde então, o Banco do Brasil conseguiu 2,2 milhões de clientes via Banco Postal, mas a retenção de clientes que era do Bradesco foi baixa. “É um modelo frágil. O banco anterior reteve seus clientes”, diz Alexandre Abreu, vice-presidente do Banco do Brasil.
Mesmo assim, o Banco do Brasil afirma que em cinco anos o investimento feito no Banco Postal se pagaria, mesmo sem a inclusão de novos produtos dentro da sociedade que está sendo discutida. “Está dando certo, por isso discutimos a ampliação do negócio”, afirma Abreu.
Até meados do próximo ano, o Banco do Brasil deve encerrar os estudos para a nova sociedade com os Correios. Segundo o BB, “estudos preliminares já realizados apontam a viabilidade, atratividade econômica e aderência estratégica do novo modelo. A conclusão dos estudos deve ocorrer no segundo semestre de 2014”.
O plano inicial é que o novo Banco Postal utilize as estruturas e os conhecimentos já existentes do BB e dos Correios, o que reduziria o volume de investimento necessário para expansão da rede física de atendimento do BB, bem como aqueles relativos à própria parceria.
Os Correios têm mais de 6 mil agências próprias, sem incluir as franqueadas. Com o acordo, o BB passaria a operar também nas franquias. A instituição postal está presente em 100% dos municípios brasileiros. Na atual operação com o Banco Postal, o Banco do Brasil passou a estar presente em 95% dos municípios brasileiros. Antes, só estava em 50% deles.
No comunicado, o BB lembra que a parceria atual tem natureza operacional regida por regulamentação específica de correspondente, o que restringe a ampliação dos negócios.
A concretização do novo modelo entre o BB e os Correios dependerá ainda das autorizações regulatórias do Banco Central, Cade e dos ministérios da Fazenda, das Comunicações e do Planejamento, entre outros.
No comunicado, o BB explica que a consideração de uma mudança no modelo de negócios entre as duas organizações só é possível dada a promulgação da Lei 12.490, de 16 de setembro de 2011, que permitiu aos Correios participar de empresas e desenvolver serviços financeiros.

Fonte:
http://www.valor.com.br/financas/3350212/bb-e-correios-querem-criar-uma-nova-instituicao-financeira#ixzz2lgSrErZu

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Apoiar Joaquim Barbosa foi das coisas mais baixas que FHC fez em sua vida

Apoiar a brutalidade de Joaquim Barbosa foi uma das coisas mais baixas que Fernando Henrique Cardoso fez em sua vida política. 

 

Paulo Nogueira

Divulgação
Não sei o que é pior no martírio de Genoíno: o silêncio de Lula ou a voz de Fernando Henrique.

Se Lula acha que basta dizer, privadamente, que está com Genoino, comete um grande engano.

Há situações que exigem bravura, e até o risco que a audácia traz sempre, e esta é uma delas.

Genoíno não pode ser triturado física e mentalmente sem que Lula se manifeste claramente em sua defesa.

Lula vai esperar que Genoíno morra para berrar sua solidariedade a um companheiro de tantas jornadas? Vai deixar que os carrascos liderados por Joaquim Barbosa comandem os acontecimentos e submetam Genoíno a uma tortura ainda mais infame que a que ele sofreu na ditadura?

Repito: ainda mais infame, porque teoricamente vivemos hoje uma democracia. E é essa democracia que vai matando Genoíno sob a omissão de tantos, e mais que todos Lula.

Não é um espetáculo edificante a falta de palavras de Lula, decerto. De certa forma, ela está no mesmo patamar das abjetas declarações de Fernando Henrique Cardoso sobre o deprimente espetáculo das prisões dos reus do Mensalão.

A quem FHC pensa que engana com aquela conversa de virgem num lupanar? Apoiar a brutalidade de Joaquim Barbosa foi uma das coisas mais baixas que FHC fez em sua vida política.

Octogenário, esperto, FHC não tem o direito de achar que alguém possa acreditar, como ele disse, que a Constituição foi defendida com as prisões.

Ora, FHC comprou a Constituição em 1997 para poder se reeleger. Como contou à Folha na época um certo “Senhor X” – que até os mortos do cemitério de Brasília sabiam tratar-se do deputado Narciso Mendes, do Acre – sacolas com 200 mil reais (530 mil, em dinheiro de hoje) foram distribuídas a parlamentares para que a Constituição fosse alterada.

Os detalhes oscilam entre a comédia e a tragédia, como contou Mendes. Os parlamentarem tinham recebido um cheque, como garantia. Comprovado o voto, os cheques foram rasgados e trocados por sacolas cheias de dinheiro, como numa cena de Breaking Bad, a grande série em que um professor de química com os dias contados vira um traficante de metanfetamina para garantir o futuro da família.

E sendo isso de conhecimento amplo, geral e irrestrito FHC defende, aspas, a Constituição que ele comprou há 16 anos?

FHC, no fim de sua jornada, lamentavelmente vai se tornando parecido com o sinistro Carlos Lacerda, o homem – ou o Corvo, como era conhecido --  que esteve por trás da morte de Getúlio e da deposição de Jango.

FHC, em nome sabe-se lá do que, se presta hoje a fazer o jogo de uma direita predadora que, à míngua histórica de votos, faz uso indecente de “campanhas contra a corrupção” para derrubar administrações populares.

Sêneca, numa de suas passagens mais inspiradas, disse o seguinte: “Quando lembro de certas coisas que disse, tenho inveja dos mudos”.

É uma passagem que se aplica perfeitamente a FHC.

Espremido entre a loquacidade falaz de um ex-presidente e o silêncio inexpugnável de outro, Genoíno vai vivendo seu martírio – o segundo numa vida só, o primeiro na ditadura, este nessa estranha democracia.

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Apoiar-Joaquim-Barbosa-foi-das-coisas-mais-baixas-que-FHC-fez-em-sua-vida/4/29602

Os 10 privilégios dos petistas presos

A começar, a prisão foi decretada em uma data toda especial. A última vez que tanta gente foi presa em um 15 de novembro foi em 1889. 

 

Antonio Lassance

Arquivo
É  grande e escandalosa a lista de privilégios a que José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares estão usufruindo em sua estada no Planalto Central.

1) A começar, a prisão foi decretada em uma data toda especial. A última vez que tanta gente foi presa em um 15 de novembro foi na própria Proclamação, em 1889. Os presidiários eram, em sua maioria, da Família Real, os Orleans e Bragança. Ou seja, a data não é para qualquer um.

2) Eles (os petistas, não os Orleans e Bragança) tiveram o privilégio de serem presos antes do fim do processo, o que também não é pra qualquer um.

3) Os três, como poucos, foram presos sem a expedição da carta de sentença, o que constitui uma ilegalidade.

4) A lei determina que o preso deve cumprir a pena em seu estado de origem, a não ser excepcional e justificadamente. Mas eles tiveram o privilégio de serem levados a Brasília, de jatinho, por ordem não de um juiz qualquer, mas de Sua Excelência Excelsa e Magnânima, o presidente do Supremo. A falta de um motivo declarado para essa operação espetaculosa gerou a estranheza de ministros do próprio STF, tamanho o... privilégio.

5) Condenados ao regime semiaberto, foram levados a um privilegiado estabelecimento prisional de regime fechado.

6) O fato provocou a hesitação do diretor do Complexo Penitenciário da Papuda em recebê-los. O impasse garantiu aos condenados o privilégio de ficarem mais de quatro horas dentro de um ônibus, aguardando uma decisão.

7) Para abreviar a demora e poupá-los do cansaço, eles tiveram o privilégio de passar o final de semana naquele mesmo aprazível estabelecimento, contrariando o regime semiaberto. Uma comentarista de TV, sem ruborizar, externou sua opinião de que isso não poderia ser considerado prisão, e sim “custódia”. Valeu pela tentativa.

8) Juristas como Dalmo Dallari, Hélio Bicudo, Ives Gandra Martins e Reginaldo Oscar de Castro consideram que a situação a que José Genoíno foi submetido fere as leis brasileiras e é uma clara violação aos tratados internacionais. Realmente, não é qualquer um que tem o privilégio de ter juristas desse naipe preocupados com suas condições. Não importa quais sejam as condições; o que vale é o privilégio de receber tais comentários.

9) Segundo o Instituto Médico Legal, Genoíno precisa de "cuidados específicos medicamentosos e gerais, controle periódico por exames de sangue, dieta hipossódica, hipograxa e adequada aos medicamentos utilizados, bem como avaliação médica cardiológica especializada regular". Por fazer uso regular de anticoagulante oral, deve ser submetido a exames de sangue periódicos para verificar sua coagulação sanguínea. É mesmo muita mordomia. Estão querendo fazer o Estado de babá.

10) Mas o cúmulo do privilégio quem teve não foi nenhum dos presos, e sim o senhor Henrique Pizzolatto, que garantiu o requinte de ter sua situação relatada pela comentarista de assuntos da Santa Sé, Ilze Scamparini. Graças a ela, veio a revelação de que a pronúncia correta dos zês de Pizzolato é a mesma da palavra pizza (tipo “pitzolato”). A primeira matéria foi feita pela repórter tendo justamente uma “pizzeria” ao fundo. De quem terá sido a tão sofisticada ideia? De todo modo, pelo didatismo, “grazie”!

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Os-10-privilegios-dos-petistas-presos/4/29590

Governador do Acre declara apoio à Telexfree, suspeita de pirâmide financeira

Às vésperas de decisão sobre processo contra a empresa, Tião Viana (PT) declarou que daria "testemunho" em favor à atividade em "qualquer tribunal"

 

Reprodução - 21.11.13
Governador do Acre, Tião Viana, declara apoio à Telexfree, suspeita de pirâmide financeira
O governador Tião Viana (PT), do Acre, saiu em defesa da Telexfree , acusada de ser uma pirâmide financeira com 1 milhão de associados no Brasil. As declarações foram dadas uma semana antes de o Judiciário decidir se manteria ou não o processo que pede a extinção do negócio, e o bloqueio de contas e atividades da empresa, determinado há 157 dias .
Viana, ex-presidente do Senado, disse ao diretor da Telexfree, Carlos Costa, que daria perante à Justiça “testemunho em favor dessa atividade”, segundo vídeo divulgado na quarta-feira (20) na página oficial da empresa em uma rede social. O encontro ocorreu na semana anterior, durante visita de Costa a Rio Branco.
“O que eu queria lhe dizer e que você [ Carlos Costa ] pode ter assim: ‘Olha, eu tenho, do governador do Acre, um testemunho a favor dessa atividade’", disse Viana a Carlos Costa. “E pode me usar em qualquer tribunal. Eu dizia o que eu lhe disse aqui, eu digo no STJ [ Superior Tribunal de Justiça ], eu digo em qualquer tribunal. Dou o testemunho. Porque eu não vi ninguém reclamar, como é que [ alguém ] vai ser contra?”
Viana vinha sendo acusado de ter sido o responsável pelas investigações contra a Telexfree, o que o governo nega.
O secretário de Comunicação do Estado do Acre, Leonildo Rosa, afirmou desconhecer a declaração de Viana, mas defendeu a possibilidade de o titular do Executivo fazer tais comentários.
"O governador tem as opiniões dele e, num Estado Democrático de Direito, tem o pleno direto de manifestar a opinião dele, como da mesma forma algumas pessoas têm direito de questionar a opinião dele", disse Rosa ao iG .
O secretário também afirmou que o assunto Telexfree mexe com "10% da população do Acre" e que, por isso, Costa foi recebido pelo governador.
"No entendimento do governador, esse é um assunto da Justiça, e o governador já falou várias vezes que ele não é contra [ a Telexfree ] porque ele entende que ninguém está sendo lesado até agora."
Críticas e ameaças
O Judiciário do Acre tem sido alvo de pesadas críticas por parte dos sócios e apoiadores da Telexfree desde que, em junho, determinou o bloqueio das contas e atividades da empresa em todo o Brasil. Responsável pela medida, a juíza Thaís Khalil, da 2ª Vara Cível, chegou a ser ameaçada de morte.
Deputados estaduais também têm feito desagravos à empresa. A Assembleia Legislativa do Acre fez uma sessão em apoio à Telexfree, no dia em que ocorreria uma audiência de conciliação presidida pela juíza. Segundo  o deputado Moisés Diniz (PCdoB), a empresa foi acusada de ser pirâmide porque "os bancos corriam risco de não ter mais dinheiro para financiar empreiteiras".
Em julho, o deputado Helder Paiva (PEN) já havia defendido a criação de uma comissão de parlamentares para visitar os magistrados do Tribunal de Justiça do Acre, após o bloqueio da empresa ser mantido por decisão do desembargador Samoel Evangelista .
As declarações de Viana se somaram ao coro a favor da Telexfree no momento em que a juíza Thaís Khalil se preparava para decidir se manteria o processo que pede a extinção da empresa e a devolução dos recursos os investidores. A ação foi movida pelo Ministério Público do Acre (MP-AC), que também foi responsável por solicitar o bloqueio provisório das contas e atividades.
Na última quinta-feira (21), a juíza  Thaís manteve a ação . Agora, terá de decidir se aceita os pedidos do MP-AC e condena a Telexfree ou se inocenta a empresa e põe fim ao caso. Dificilmente esse julgamento ocorrerá ainda em 2013.
Reprodução
Logotipos da Telexfree da Yonex BWF World Championships Paris 2010
Mudança de logotipo e de país
A ação contra a Telexfree atinge atualmente apenas as atividades da empresa no Brasil, onde ela foi fundada em 2010 com o nome de Ympactus Comercial. Seus proprietários, entretanto, buscam agora transferir a carteira de investidores captada no País para a Telexfree LLC, detida por eles nos Estados Unidos, e criada em 2002.
Em vídeo, o diretor da Telexfree no Brasil, Carlos Costa, disse que aceitaria pôr fim à Ympactus desde que os atuais contratos com a empresa pudessem ser ser cumpridos até o final e os associados, tivessem como alternativa “optar de participar na Telexfree americana.” O braço brasileiro também tenta transferir R$ 29 milhões para as contas nos EUA .
A Telexfree também anunciou que mudará a sua identidade visual. O anúncio foi feito no mesmo momento em que começou a circular na internet a comparação entre o atual logotipo da empresa e o de uma competição de badminton. Ambos são idênticos.
Procurada no início da noite, a Telexfree não comentou os fatos até a publicação desta reportagem.

Três Estados concentram mais da metade do PIB do país, diz IBGE 100

São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais foram responsáveis, sozinhos, por 53,1% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2011. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e são os mais recentes disponíveis.
O Estado com a maior economia do país é São Paulo (32,6%), seguido por Rio de Janeiro (11,2%) e Minas Gerais (9,3%). Em seguida, aparecem Rio Grande do Sul (6,4%) e Paraná (5,8%).

SP perde participação; Rio aumenta

A região Sudeste manteve-se no mesmo patamar de 2010, ao responder por 55,4% de participação no PIB brasileiro em 2011, mas houve uma mudança de peso entre os Estados.
São Paulo passou de 33,1% do PIB nacional em 2010 para 32,6% em 2011. Isso ocorreu porque a indústria de transformação brasileira atingiu, em 2011, sua menor participação na série (14,6% contra 16,2% em 2010). Com isso, o Estado teve perda de representatividade da indústria de transformação de 42% para 41,8%.
Já o Rio de Janeiro respondeu por 11,2% do PIB em 2011, um ganho de 0,4 ponto percentual em relação a 2010, resultado influenciado pela elevação do preço médio do petróleo. Com isso, houve aumento da participação de 35,3% para 39,8% da atividade da indústria extrativa fluminense.
Minas Gerais permaneceu com a mesma participação de 2010 (9,3%), uma vez que a indústria extrativa, que tem no minério de ferro seu principal produto, perdeu participação relativa no Brasil em função do ganho de representatividade dos Estados produtores de petróleo.

Sul e Nordeste perdem espaço; Norte e Centro-Oeste avançam

A região Sul, com participação de 16,2% no PIB, teve sua representação reduzida em 0,3 ponto percentual entre 2010 e 2011. O Rio Grande do Sul passou de 6,7% em 2010 para 6,4% em 2011. Santa Catarina ganhou 0,1 ponto percentual, ficando com 4,1%, e Paraná manteve o mesmo patamar de 2010: 5,8%.
A região Norte, com 5,4% do PIB em 2011, avançou 0,1 ponto percentual de participação entre 2010 e 2011. O ganho de participação da região ficou por conta do avanço de Rondônia, de 0,6% em 2010 para 0,7% em 2011, influenciado pelo impacto da construção das hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, no rio Madeira.
A região Nordeste reduziu sua participação em 0,1 ponto percentual em 2011, representando 13,4% do PIB. Dos Estados nordestinos, apenas Maranhão, Paraíba e Bahia alteraram suas participações no PIB brasileiro.
Maranhão (1,3%) e Paraíba (0,9%) avançaram cada um cerca de 0,1 ponto percentual. A Bahia perdeu 0,2 ponto percentual entre 2010 e 2011, passando de 4,1% para 3,9%.
Já a região Centro-Oeste avançou 0,3 ponto percentual em 2011, restabelecendo o nível de 2009 (9,6%). Goiás e Mato Grosso foram os Estados que mais contribuíram para este ganho de participação.
Goiás passou de 2,6% para 2,7% do PIB nacional em 2011, ganho de participação relacionado ao desempenho da indústria de transformação. 
Mato Grosso, com 1,7% do PIB em 2011, ampliou participação em 0,1 ponto percentual em relação a 2010. Este ganho está relacionado à expansão da agropecuária, que passou de 6,9% em 2010 para 8% em 2011, influenciada pelo aumento do preço do milho e pelo aumento da produção de soja.

PIB per capita do DF é três vezes maior que o nacional

Em 2011, sete Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Paraná) e o Distrito Federal apresentaram PIB per capita acima da média brasileira (R$ 21.535,65). 
O Distrito Federal, com o maior PIB per capita brasileiro, R$ 63.020,02, representou quase três vezes a média brasileira e quase o dobro da registrada em São Paulo (R$ 32.449,06), o segundo maior do país. 
Entre os Estados com menor PIB per capita, encontram-se Maranhão (R$ 7.852,71) e Piauí (R$ 7.835,75).