Raimundo Marinho
Jornalista
Não é o que efetivamente necessitamos nem desejamos, mas é o que
nos é oferecido. Falta ainda ser mostrado o que há, de fato, por trás
desse inusitado “Mais Médicos”. É sugestivo que um regime
reconhecidamente ditatorial e em condições piores que as do Brasil envie
tais profissionais para nos socorrer.
O que levaria o governo brasileiro a enfrentar os profissionais
locais por conta desse projeto? Se for o fato da maioria, infelizmente,
mercantilizar a medicina, acho correto. Em região miserável como a
nossa, os médicos, mesmo não tendo formação específica, não se conformam
em ganhar menos que a média de R$40 mil por mês, o que o poder público
não se dispõe a pagar.
Dr. Paulo e Dra. Maurisleydis - foto: site da Secretaria Estadual da Saúde |
O “Mais Médicos”, na medicina, compara-se ao sistema de cotas, na
Educação. O governo não investe na melhoria do ensino público e, para
conter a pressão social dos que estavam ficando de fora do ensino
superior por conta disso, criou a facilidade das cotas. Teve matriz
racial, pois o negro, de maioria pobre, não acessava a universidade por
falta de um ensino médio de qualidade.
O Brasil não precisa de mais médicos e sim de um sistema de saúde
devidamente equipado. Por que a medicina privada prospera em Livramento?
Porque nela há investimento, que encontra a correspondente demanda.
Então, é o que falta na saúde pública. Os cubanos não vão resolver a
falta de postos de saúde, de leitos no hospital, de UTI, de centro
cirúrgico.
Também não trarão melhoria na remuneração dos profissionais. Aliás,
eles próprios são mal remunerados e ainda repartirão o que ganharem com
o governo de origem, o que não deixa de ser uma forma enviesada de o
Brasil transferir dinheiro para a falida economia cubana.
O então presidente Lula dizia e o atual ex-presidente continua a dizer que “só critica o bolsa família quem nunca passou fome”. Também poderá dizer que “só critica o Mais Médicos quem pode pagar um plano de saúde ou tem dinheiro para consultar médico particular”.
E por que o Brasil, tão rico em arrecadações, tão próspero em
ladroagem e desvio do dinheiro público, não supre dignamente aquelas
necessidades? E sobre aqueles sofismas vai se assentando o não
desenvolvimento do país.
Mas isso não nos impede de acolher bem e dar as boas vindas às
doutoras cubanas. Que elas cuidem bem dos nossos pobres e tenham a
oportunidade de descobrirem que fora de Cuba também há morte!
O prefeito Paulo Azevedo esteve na solenidade de encerramento,
último dia 1º, das atividades preparatórias dos médicos que atuarão na
Bahia e deu as boas vindas à Dra. Maurisleydis Pérez, de Cuba, esperada
nesta segunda-feira em Livramento, onde chega cheia de expectativas.
Segundo matéria do site da Secretaria Estadual da Saúde, o prefeito
disse ser “importante criarmos um ambiente familiar, que elas se sintam
em casa e possam prestar um bom trabalho na nossa cidade”.
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