Sob comando de Graça Foster, estatal busca reduzir suas operações internacionais e concentrar os investimentos no pré-sal
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(Ricardo Moraes/Reuters)
Na gestão de Graça Foster, a Petrobras tem reduzido sua atuação na
área internacional e fechado representações no exterior. Em Portugal,
Austrália, Irã, Nova Zelândia, Turquia e Líbia as atividades
serão encerradas. Já na África, todas as seis representações da
companhia passarão ao guarda-chuva de uma joint venture criada com o
BTG, deixando o balanço da estatal mais leve. Quando a atual presidente
da estatal assumiu, em 2012, a Petrobras operava em 23 países. Hoje, o
portfólio foi reduzido para dezessete. Deve enxugar ainda mais quando
forem incluídas as seis unidades africanas que sairão do balanço da
companhia: Nigéria, Angola, Gabão, Benin, Namíbia e Tanzânia. Ainda há
atividades operacionais na Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai,
Colômbia, Peru, Venezuela, México, Estados Unidos e Japão.
"Fizemos muitas aquisições na área internacional antes do pré-sal,
quando o planejamento estratégico era crescer no exterior. E quando se
faz aquisição, traz-se junto algumas empresas que, isoladamente, não se
compraria", disse Graça, em entrevista à Agência Estado. Parte das
empresas existe apenas no papel; outras têm apenas escritório montado,
sem operação de fato. Ao todo, quinze empresas já foram extintas e
outras 38 serão encerradas até dezembro de 2015.
Graça cita como exemplo a aquisição da argentina Perez Companc, em
2002, por 1 bilhão de dólares, que trouxe à companhia um pacote de
exploração em três países (Peru, Equador e Venezuela), além de
hidrelétricas que não seriam compradas isoladamente. "Entraram várias
empresas que a gente certamente não compraria, empresas de geração de
energia elétrica, hidrelétricas enormes, de 600 megawatts".
Segundo fontes da companhia, houve também uma decisão de Graça de
manter maior controle sobre a área, alvo de investigações de autoridades
por suspeitas de superfaturamento e evasão de divisas, a exemplo da
refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Pouco após ser indicada à
presidência, Graça assumiu pessoalmente a direção da área internacional e
mudou os gerentes executivos desse departamento, colocando gente de sua
confiança. "(Essa área) está comigo, até segunda ordem. Estou aqui
aprendendo um monte de coisas", brinca a executiva.
Paraísos fiscais - Além dos dezessete países em que ainda tem
representação operacional, a Petrobras detém empresas em uma dezena de
países sem atividades operacionais desde 2012 ou que desempenham outros
papéis para o sistema. Entre eles, há alguns paraísos fiscais: Bahamas,
Curaçau, Equador, Espanha, Holanda, Ilhas Cayman, Ilhas Virgens,
Inglaterra, Trinidad e Tobago.
Parte é necessária, por exemplo, para operações de compra e venda de
petróleo no mercado internacional. Outras, no entanto, são uma incógnita
e seus balanços financeiros não podem ser acessados. A Petrobras alega
que, por terem sede no exterior, essas empresas não respondem às leis de
informações brasileiras. É o caso da Petrobras Américas, a unidade
americana, ou a PRSI, da Refinaria de Pasadena.
Hoje existem 120 empresas sob gestão da área internacional, contando a
holding controlada Petrobras International Braspetro B.V. (PIB BV), que
formará uma joint venture (50% cada) com o banco BTG, do bilionário
André Esteves, para exploração e produção de óleo e gás na África. ,O
negócio, de 1,5 bilhão de dólares, foi anunciado em junho deste ano e
ainda está em curso.
Pré-sal - A Petrobras vem diminuindo gradativamente sua
atuação internacional desde que descobriu o pré-sal. Além de investir
menos, a companhia tem vendido ativos no exterior para concentrar
esforços no Brasil. No ano passado, o plano quinquenal da estatal previa
desinvestimentos de 14,8 bilhões de dólares, incluindo algumas
operações financeiras. Neste ano, o plano de negócios 2013-2017 prevê
vendas de 9,9 bilhões de dólares.
Até outubro, foram vendidos 4,3 bilhões de dólares em ativos, a
maioria no exterior, informou em evento no mês passado a coordenadora de
relacionamento externo da área de Exploração e Produção corporativo da
Petrobras, Rafaela Monteiro. Em abril, a companhia vendeu uma
participação de 20% em seis blocos no Golfo do México, nos Estados
Unidos, recebendo 110 milhões de dólares, mais participação em um outro
bloco no país.
Em maio, foi vendida a participação de 12% em um bloco na Tanzânia
para a Statoil, com volume não divulgado. A venda de 100% das ações da
Petrobras Colômbia para a Perenco rendeu 380 milhões de dólares à
estatal brasileira em setembro passado, incluindo participações em onze
blocos e oleodutos. Em outubro, foi vendida participação de dois blocos
no Uruguai à Shell por 17 milhões de dólares.
(Com Estadão Conteúdo)
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