Um novo estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) diz que o
Brasil é o campeão em "desigualdade horizontal" na hora de pagar
impostos.
Ou seja, apresenta a maior diferença entre o que é cobrado a
trabalhadores com a mesma renda, apenas pelo regime fiscal escolhido.
Um trabalhador em uma empresa de um funcionário só, que paga o imposto
Simples como pessoa jurídica, contribui com o equivalente a um décimo do
que paga o assalariado de igual renda com carteira assinada.
Em outros países da região, a diferença é irrisória, como no Chile, ou de menos de 3 vezes, como no México.
O estudo de 388 páginas será lançado hoje na sede do banco em
Washington. Nele, confirma-se que o Brasil tem a maior carga tributária
da América Latina e que é o país do mundo em que são necessárias mais
horas para se preencher e pagar impostos (são 2.600 por ano).
"Sabemos que a Receita Federal brasileira é moderna e já usa vários
procedimentos on-line. Mas o sistema tributário é complexo demais, há 15
impostos aonde deveriam haver 3 ou 4. Só no consumo, há 5 impostos
incidindo sobre cada mercadoria", disse à Folha uma das autoras da pesquisa, a economista argentina Ana Corbacho.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
DISTORÇÃO
A crítica do estudo aos regimes simplificados de impostos em boa parte
da América Latina é que eles estão causando uma "distorção".
"Eles foram criados para simplificar a cobrança, mas hoje é cada vez
mais custoso atender a milhões de pessoas que optam por esse regime e
pagam muito menos que os assalariados de empresas grandes", diz
Corbacho.
"Há um impacto na produtividade, porque se incentiva o microempresário a
não crescer, quando sabemos que empresas maiores têm economia de
escala, podem compartilhar custos de contabilidade, recursos humanos,
acesso ao crédito, que essas empresas minúsculas não obtêm". Para ela, o
Simples deveria ser "transitório".
Simples deveria ser "transitório".
CESTA BÁSICA
A economista também critica a isenção de tributos para alguns produtos
apenas por estarem na cesta básica. Para ela, ao se tirar o imposto de
um alimento, quem mais se beneficia é quem mais compra em quantidade
esse alimento.
"O Estado arrecada menos e os ricos são mais beneficiados por um
subsídio", diz ela, que prefere redistribuição de renda por outros
meios, como "o Bolsa família brasileiro, o Oportunidades mexicano,
educação, saúde".
"De 100 isenções que estudamos no México, apenas 5 beneficiavam os mais
pobres", diz. Ela lembra que na Venezuela "o preço do combustível é
altamente subsidiado, o que favorece os mais ricos.
"Quanto mais pobre a família na região, menor a quantidade de carros e
maior o uso de transporte público. Pedágio urbano, como Londres e
Santiago do Chile já fazem, é mais eficiente."
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/05/1278706-imposto-de-trabalhadores-de-mesma-renda-pode-variar-ate-10-vezes-diz-bid.shtml
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