quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

No campo, a concentração das receitas é enorme

Levantamento mostra que 36% da receita do setor fica com apenas dez empresas, sendo quatro brasileiras


Alguns leitores poderiam esperar um comentário sobre aquela que seria a última sessão de cinema da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Bali, Indonésia.
Não o foi graças a alguns arremedos de acordos multilaterais, a serem maturados em prazos que vão de dois anos a sabe-se lá quando, e que beneficiarão gigantes do comércio mundial. Nisto, o Brasil representa menos de 2% no que importa, exporta, ou tanto faz.
Embora essa seja a pretensão desses eventos, não mudarão um centímetro da régua que delimita a segurança alimentar dos países pobres ou de produtores do setor primário.
Desperdício, má distribuição, concentração econômica e escandalosos subsídios, são os motores das corporações transnacionais e do sistema financeiro internacional que dividem a grana e o poder no planeta.
Mas a moçada aí deve ter ouvido o bater de bumbos das folhas e telas cotidianas. “Faziam cozinha” para o papel de vencedor que se deu o ministro de comércio da Índia, Anand Sharma, e o de conciliador do brasileiro Roberto Azevêdo, novo diretor-geral da organização, que foi às lágrimas.
Mudemos de tema.
Em outubro, a revista Globo Rural publicou edição especial com as 500 maiores empresas do setor de agronegócio. Se todos o fazem, por que o agro não o faria?
O termo, já dissemos, foi trazido para o Brasil, em meados da década de 1970, pelo falecido empresário Ney Bittencourt, dono da Agroceres, importante produtora nacional de sementes de milho, inconformado com a pouca bola que se dava à atividade agrícola primária.
Era necessário transformá-la e a ela agregar valor, divulgação e importância.
Algo como dizer que os versos imortais de Cartola, “Ah, essas cordas de aço/Este minúsculo braço/Do violão que os dedos meus acariciam”, (Cordas de Aço, 1976), pretendiam ampliar a magnitude da siderurgia.
No citado “Anuário do Agronegócio”, ficamos sabendo que, em 2012, as 500 maiores empresas do setor tiveram receita líquida de 514 bilhões de reais, sendo que 50 delas (10%) ficaram com 60% do bolo. Eita mundinho pequeno!
Das 50 maiores, 32 ficam nos estados de São Paulo e Paraná; 29 têm capital nacional e 21 estrangeiros. Os de fora detêm 60% da receita. Eita mundão bão!
Tudo claro. O planeta está assim e mais assim estão os países periféricos, hoje ditos emergentes.
Tomemos os dez maiores grupos, aqueles que mandam na parada. Juntos, eles tiveram 185,5 bilhões de reais de receita. Sacaram? 36% do total.
Pelo feito, creio que gostariam de ser citados: entre os nacionais, Cosan, JBS, BRF e Copersucar; os estrangeiros Cargill, Bunge, Nestlé, Casino/Pão de Açúcar, Unilever; e uma anfíbia, a belgo-brasileira AMBEV.
Uai, tá estranhando o quê? Não tem jogador de futebol que troca de cidadania para jogar na seleção de outro país?
Nossa mania de comer e beber é que faz o destaque. As dez produzem e distribuem alimentos. Mesmo as que se classificam como bioenergéticas, sempre foram as rainhas do açúcar.
Certa vez, citei aqui a batata cotada a 100 reais a saca de 50 kg. Fui contestado de que os agricultores, no campo, não recebiam isso. Verdade, embora eu tivesse me referido ao atacado. Hoje, na batata, sobra para o agricultor menos do que um real por quilo.
Como, às vezes, nos comentários, noto alguma confusão, sugiro um exercício. Comparem o valor recebido pelos bataticultores com o de um desses saquinhos de batata chips que vocês compram nos supermercados.
Entenderão o desempenho das empresas relacionadas no “Anuário do Agronegócio”.
Com a vantagem de que, para elas, nunca sobram os olhares preocupados de William e Patrícia, no Jornal Nacional. Estes ficam para produtores de tomate, feijão, banana e, eventualmente, o salário de um médico importado de Cuba.

Um comentário:

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