segunda-feira, 13 de junho de 2011

Banco Central eleva taxa Selic para 12,25% ao ano

O aumento da taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual já era esperado pelo mercado e está em linha com pronunciamentos do BC



Alexandre Tombini, presidente do Banco Central Decisão de elevar Selic em 0,25 p.p. está em linha com argumentação da última ata do Copom (Ueslei Marcelino/Reuters)

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou nesta quarta-feira em 0,25 ponto porcentual a taxa básica de juros da economia (Selic) para 12,25% ao ano. Foi a quarta alta seguida e a decisão, unânime. Para os economistas ouvidos pelo site de VEJA, a opção não surpreende e está de acordo com a ata da reunião anterior, divulgada em 28 de abril

Naquela ocasião, o BC afirmou que subiria os juros por tempo “suficientemente prolongado” para conter a escalada da inflação. A autoridade monetária destacou a importância das chamadas medidas macroprudenciais, como a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de crédito para pessoa física, como um instrumento complementar para desacelerar o consumo e diminuir as pressões de alta dos preços. Mesmo assim, ressaltou que a missão de trazer a inflação para a meta – que é de 4,5% neste ano, com tolerância de dois pontos porcentuais para cima e para baixo – está mais complexa do que parecia no início do ano. Por isso, o BC aponta a necessidade de um longo ajuste da Selic. Esta disposição foi reforçada em nota enviada à impresa sobre a decisão de juros desta quarta-feira. "Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012."

Repercussão – Para a economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli, as sinalizações do BC têm sido claras. “O ritmo de aumento dos juros passou de 0,5 p.p. para 0,25 p.p na última reunião do Copom e, considerando o que o Banco Central argumenta em suas atas, ainda veremos outras altas similares”, disse Maristella. A expectativa dos analistas, conforme a pesquisa semanal Focus realizada pelo próprio BC, é que a Selic termine 2011 em 12,50%. Já os especialistas que estão no chamado ‘top 5’ – grupo dos que mais acertam os indicadores econômicos – trabalham com uma projeção de 12,75% para dezembro. Em suma, o mercado aguarda, além da elevação desta quarta-feira, entre um e dois novos ajustes da mesma magnitude nos próximos meses.

A despeito da transparência da autoridade monetária em sua intenção de aumentar de forma progressiva os juros, boa parte do mercado aponta a existência de riscos nesta estragéia. “Para o governo, as medidas prudenciais têm se mostrado positivas. No entanto, minha visão é que são limitadas. Somente se aliadas a esforços mais amplos, como no setor fiscal, elas poderão conter a demanda”, completou.

“O cenário traçado pelo Banco Central, por enquanto, está se confirmando, mas exige cuidado, visto que a inflação se mantém acima da meta”, afirmou Cristiano Souza, economista do Santander. Para o analista, existem diversos sinais de que a demanda interna continua muito forte, o que exige acompanhamento permanente do BC sobre a evolução dos preços.

Ambos concordam ainda que o cenário internacional preocupa. Os preços das commodities, por exemplo, seguem em patamares bastante elevados, e pressionam a inflação no mundo inteiro.

Inflação – No país, por ora, a alta dos preços desacelera. O Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou arrefecimento e chegou a 0,47% em maio, 0,30 p.p. inferior ao dado de abril. No entanto, no acumulado dos 12 meses encerrados no mês passado, o índice da inflação oficial permanece acima do topo da banda estipulada pelo BC, que é 6,5%.

A menor inflação em maio decorreu, em grande parte, da entrada da safra de cana-de-açúcar que pressionou para baixo os custos dos combustíveis. Assim, o aumento da categoria de transportes passou de 1,57% em abril para 0,24% no mês passado. O movimento, segundo economistas, ocorre todo ano. “A desaceleração da inflação neste período do ano é normal, pois há interferência de efeitos sazonais no cálculo. O núcleo da inflação, no entanto, é elevado e preocupante. O setor de serviços está em 8,5%, muito acima do acumulado de 12 meses do IPCA. Este dado evidencia que ainda há um forte descompasso entre oferta e demanda”, explica Souza.

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