O que fazer em 2015
O
ESTADO DE S. PAULO
07
Setembro 2014 | 22h 00
O que prometem as equipes econômicas dos três principais candidatos
Marcio
Holland,
secretário de Política Econômica do governo Dilma Rousseff, não
vê necessidade de tarifaço em 2015 e acena com simplificação de
tributos para reduzir o Custo Brasil.
O
governo descarta um grande aumento de tarifas em 2015, tido
como inevitável pela oposição. Como vê a questão?
Não
vemos sentido em tarifaço para 2015. Os preços administrados
acumulam alta de 5% nos 12 meses até julho. A gasolina na refinaria
aumentou 31,5% entre janeiro de 2011 e julho de 2014. No mesmo
período, o IPCA teve alta de 22,3%. A boa política recomenda a
suavização dos reajustes.
Em
que escala a presidente, se reeleita, lidaria com as tarefas de
reduzir desigualdades e financiar o crescimento?
Buscar
a redução de desigualdades e ao mesmo tempo ampliar investimentos
não são tarefas excludentes. As políticas públicas têm levado o
País a níveis cada vez menores de desigualdades. Com a crise
de 2008, elas aumentaram na maioria dos países - e não no Brasil.
Temos que sustentar o tripé macroeconômico, com câmbio flutuante e
responsabilidade fiscal.
Cite
três ideias que a presidente pretende implantar para reduzir o
Custo Brasil.
Dar
continuidade ao que iniciamos, que é consolidar e ampliar as
concessões ao setor privado, ampliar investimentos em educação
e qualificação profissional e avançar na reforma tributária.
Será
mantida a atual política de créditos do BNDES para setores
específicos?
Há
confusão sobre o papel do BNDES em geral. Ele tem-se mostrado
vital na agenda de crescimento de longo prazo. Em torno de 52%
do BNDES vai para infraestrutura e 34% para micro e pequena
empresa.
Alexandre
Rands,
economista pernambucano, é auxiliar de Eduardo Giannetti da
Fonseca, que responde pelo projeto econômico de Marina Silva (PSB).
Ele prevê aumento de tarifas e defende mudar a “lógica de
funcionamento do Estado”.
As
oposições falam em um aumento de tarifas no início de 2015. O sr.
é a favor?
Sim,
aumentar o preço da gasolina e da energia. Não tem de ser tudo ao
mesmo tempo, é preciso ter uma previsão do impacto inflacionário,
mas a meta é realinhar os preços para que fiquem dentro do
que seria o preço definido pelo mercado.
Em
que escala um governo de Marina Silva lidaria com as tarefas de
reduzir desigualdades e financiar o crescimento?
Trabalhamos
com a ideia de que as duas coisas não são contraditórias. É
possível ter uma política de desenvolvimento e também promover a
distribuição de renda. Esta é a ideia: que os elevados índices de
crescimento promovam a igualdade de renda, investindo, por exemplo,
em educação.
Cite
três ideias de um governo Marina para reduzir o Custo Brasil.
Primeiro,
reforma tributária. Segundo, buscar a expansão da infraestrutura,
com maior ênfase em PPPs. A terceira seria a mudança da lógica do
funcionamento do Estado. Ele vai parar de funcionar como se fosse o
criador da sociedade e que esta funcione para satisfazê-lo.
Será
mantida a atual política de créditos do BNDES para setores
específicos?
A
estratégia será diferente. Não tem razão as taxas de alguns
empréstimos estarem tão baixas. Aumentá-las um pouco não vai
inviabilizar o investimento. Na verdade essa política é pura
transferência de dinheiro para empresários, não tem razão de
ser.
Arminio
Braga,
tido como eventual ministro da Fazenda de Aécio Neves, e Mansueto de
Almeida, seu auxiliar, preveem aumento de energia e combustíveis,
retomada do tripé macro e agências reguladoras fortes.
As
oposições falam em um aumento de tarifas no início de 2015. Como
seria?
Para
a energia, o reajuste já está definido pelas regras dos contratos
atuais. Para os combustíveis, nosso compromisso é ter uma forma
clara de reajuste e implementá-la rapidamente. A demora custa caro à
Petrobrás e ao Tesouro.
Em
que escala um governo de Aécio Neves lidaria com as tarefas de
reduzir desigualdades e financiar o crescimento?
No
caso do financiamento do crescimento, o aumento de investimento virá
por aumentos na poupança pública. Num primeiro momento, com mais
poupança externa, graças à recuperação de credibilidade da
economia. No caso das desigualdades, com maior crescimento podemos
aumentar os gastos sociais - Bolsa Família, educação básica e
saúde.
Cite
três ideias de um governo Aécio Neves para reduzir o Custo Brasil.
A
reforma tributária, já no início do governo. Adoção de marcos
regulatórios, fortalecendo as agências reguladoras. Recuperação
do tripé macro, com metas de recuperação do superávit
primário.
Será
mantida a atual política de créditos do BNDES para setores
específicos?
Essa
política de subsídios não se mostrou eficiente e tem elevado
custo fiscal. Só existe porque o governo não paga a conta. É uma
forma de compensar o fracasso do governo nas reformas. É um
esqueleto para o próximo governo.
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