segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Imagem do Brasil para estrangeiro limita investimentos, indica estudo

A percepção que os estrangeiros têm do Brasil no que se refere a investimentos é a quarta pior em um ranking de 13 países, declinando em relação a 2011, quando o país era o 6º pior colocado em um ranking de 14 países, de acordo com estudo realizado pela Brasil Investimentos & Negócios (BRAiN).
Apesar de o país ter registrado forte avanço nos investimentos estrangeiros diretos (IED) nos últimos anos – apenas no ano passado, o crescimento foi de 37% em relação a 2010 –, a pesquisa mostra que o Brasil é menos estudado para aplicações do que outros emergentes, como China, Índia, Rússia e Cingapura.
Segundo Paulo Oliveira, diretor presidente da BRAiN, o Brasil ainda precisa aprimorar questões relacionadas à conectividade, à burocracia e à tributação, embora tenha apresentado melhora nos ambientes macroeconômico e institucional.
“As mudanças nas regras de cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), por exemplo, assustam o investidor. Não fica claro para ele qual é a política do país no que se refere à tributação e isso gera insegurança”, afirma. “O Brasil precisa aprender a se vender melhor.”
O estudo da BRAiN mostra que o Brasil é visto como o país de menor volatilidade econômica entre os pesquisados e avançou no quesito segurança jurídica, ao passar da terceira pior posição para a quarta este ano. Mas ainda é avaliado como o pior para se abrir um negócio. Além disso, a estabilidade monetária também preocupa os estrangeiros, que colocam o país na segunda pior posição na escala entre 14 nações analisadas.
“A projeção para a inflação no Brasil nos próximos cinco anos é elevada para os padrões internacionais e está acima da meta. Isso desperta dúvidas quanto ao comportamento da inflação no futuro.”
O Boletim Focus, do Banco Central, mostra que a mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem constantemente superado o centro da meta de 4,5% estabelecida pelo governo. As estimativas apontam alta de 5,44% em 2013, de 5,28% em 2014 e de 5% em 2015 e em 2016.

Crédito fraco
Mas a maior fraqueza do Brasil, para Oliveira, está no campo das dívidas corporativas. O Brasil é o país que menos utiliza debêntures como instrumento de captação de recursos e também é o que menos faz uso de crédito a pessoas jurídicas. “O mercado de debêntures ainda é fraco porque as empresas não emitem o papel devido ao seu alto custo. Agora, com a Selic caindo, abre-se uma oportunidade para mudar essa situação.”
“O Brasil é robusto em investimento produtivo, mas ainda é pouco conhecido pelos investidores de mercado de capitais. O país começou a se abrir há pouco tempo e ainda há barreiras a serem superadas”, diz Oliveira. Ele lembra que o país recebeu o grau de investimento, selo que atesta baixo risco, em 2008, ano em que estourou a crise financeira global, o que prejudicou a atração de recursos.
A partir do momento em que o Brasil estabelecer claramente sua agenda de investimentos em infraestrutura, diz Oliveira, o país conseguirá atrair mais recursos. Citando dados do Boston Consulting Group, ele destaca que a demanda de investimentos por países emergentes nos próximos 30 anos é estimada em US$ 25 trilhões, sendo US$ 5 trilhões para o Brasil. “A maior parte desse dinheiro terá que vir do mercado de capitais, porque o governo não tem como prover esse montante de recursos.”
Para Oliveira, enquanto o cenário internacional permanecer incerto, os investimentos no Brasil deverão ficar aquém de seu potencial. “Mas, quando esse temor se dissipar, o investidor vai buscar mais oportunidades e o Brasil e a China serão os principais destinos entre os emergentes”, prevê o executivo.

Fonte: http://www.valor.com.br/brasil/2859586/imagem-do-brasil-para-estrangeiro-limita-investimentos-indica-estudo

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