quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Grécia vai continuar preocupando o mundo esta semana

A crise não dá trégua aos gregos. Há meses que um dia muito negativo como esta segunda-feira prenuncia a gota d’água para o país que tem uma dívida pública praticamente impagável, um orçamento que não fecha e uma sociedade cansada de remar contra um maremoto.
A pressão sobre o governo grego conseguiu fazer com que os governantes do país encontrassem novas fontes de recursos para cobrir um buraco de cerca de 2 bilhões de euros no orçamento. Com mais impostos sobre as grandes propriedades e redução de salários dos parlamentares, a Grécia pode ter conseguido um pouco  mais de oxigênio para sua sufocada economia.  Tudo ainda depende de aprovação do parlamento, o que alimenta a insegurança sobre o país.
O mercado financeiro do mundo todo sofreu neste início de semana, e no Brasil não foi diferente. A bolsa de valores brasileira já vem sentindo há mais tempo o agravamento da crise na Europa. O dólar custou a reagir, mas agora incorpora com mais força o movimento das moedas no mercado internacional.
A moeda americana vem se valorizando na medida em que o euro se enfraquece com a piora na Europa. Nesta segunda-feira, o euro caiu mais um pouco em relação ao dólar, e está na maior baixa em relação ao iene, moeda japonesa, dos últimos dez anos. Ao final do dia dos mercados, a moeda europeia reverteu um pouco o movimento de queda com rumores na imprensa internacional de que a China estaria interessada em ajudar a Itália, comprando títulos da dívida pública do país, que sente mais intensamente o contágio da crise na Grécia.
No Brasil o dólar atingiu a maior cotação do ano, ultrapassando R$ 1,70 pela primeira vez em 2011. Boa parte dessa valorização acompanha o que acontece no exterior. A aversão ao risco só aumenta e investidores estrangeiros estão retirando recursos do Brasil e outros países, na maioria dos casos, para aportar no “píer” dos Estados Unidos, ainda o porto mais seguro do mundo.
No mercado de derivativos, os investimentos em dólar caíram pela metade nos últimos dois meses. Eram US$ 24 bilhões no início de julho, agora somam pouco mais de US$12 bilhões. Uma parte disso pode ser creditada às medidas do governo para barrar a valorização do real, aumentando imposto sobre as operações no mercado futuro de dólar.
A Grécia vai continuar preocupando o mundo esta semana. Para receber uma nova parcela de ajuda da União Europeia e do FMI, o país precisa cumprir o que prometeu mas não está conseguindo entregar todos os itens do combinado com os credores.
Além disso, as últimas previsões dão conta de que a Grécia terá crescimento negativo de 5% em 2011, e não de 3% (também negativo) previstos anteriormente. Isso significa que o país está mesmo em recessão, o que piora ainda mais a capacidade de recuperação.
Os ministros das Finanças do G7, grupo dos mais ricos,  se reuniram na cidade francesa de Marselha neste fim de semana para tentar evitar uma iminente catástrofe econômica global. Do encontro, o mais marcante foi o mau humor e impaciência dos líderes americanos e britânicos para lidar com o jeito “europeu” de salvar o continente.
“Setenta e cinco por cento do que vem acontecendo de pior na economia mundial são por causa da zona do euro”, teria dito uma autoridade dos EUA ao final de uma das rodadas de negociações, azedando o consenso para uma saída menos calamitosa da situação dos países europeus envolvidos na crise mundial.
A responsabilidade pelo salvamento é jogada nas mãos do Banco Central Europeu, mais pressionado a continuar comprando papéis das dívidas da Itália e Espanha para evitar um contágio ainda mais grave dos bancos que carregam títulos da dívida da Grécia. O mercado financeiro já espera um rebaixamento da classificação de risco, pela agência Moody’s, dos principais bancos franceses por causa da exposição aos papéis gregos
Muitos noticiários internacionais já dão como certo o calote da Grécia e discutem de que forma que ele poderia se dar. A questão agora não é mais “se” o país vai deixar de pagar sua dívida, e sim, como e quando vai fazê-lo. O que reforçou essa probabilidade foram as declarações do governo da Alemanha, de que o país já teria um plano contra o calote grego, com garantias aos bancos alemães que tenham papeis públicos da Grécia em seu balanço.
Um artigo publicado no jornal inglês “The Telegraph” avalia que França e Alemanha têm nas mãos uma “bomba” programada para explodir num dos piores momentos para os dois países. O dilema entre manter a unidade monetária sem forçar uma unidade fiscal entre os países membros, diz o artigo, seria escolher entre “salvar o Euro e destruir os países, ou salvar os países e destruir o euro”.

Fonte: http://g1.globo.com/platb/thaisheredia/2011/09/12/dolar-reage-ao-medo-da-grecia/

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